A indicação de Marcelino Gildo Alberto para PCA da Electricidade de Moçambique (EDM) foi considerada positiva por fontes da indústria ouvidas por “Carta”. Gildo substitui o Eng. Aly Sicola Impija, um quadro da empresa que havia sido elevado à liderança, em Janeiro de 2019, depois de vários meses de indecisão do Governo em indicar Carlos Yum para o lugar deixado vago pelo economista Mates Magala, que fora contratado para uma posição de relevo no Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
Marcelino Gildo é também quadro da empresa e já chegou a Administrador para a área de Desenvolvimento de Negócios (área que até ontem estava sob a batuta de Carlos Yum, nomeado pelo Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, para dirigir o Projecto de Mphanda Kuwa).“A saída de Sicola revela um desconforto dos accionistas (o Estado). A não ser que lhe queiram elevar a uma posição de maior relevância”, comentou uma das fontes.
A EDM tem grandes desafios pela frente. Sua actual visão, elaborada no consulado de Magala, aponta para a “energia para todos” em 2030. É uma visão ambiciosa, que coincide com a perspectiva do Governo. Para chegar lá, a EDM precisaria de estabelecer 450 mil ligações por ano. É improvável que isso estivesse a acontecer.
Mateu Magala foi um grande reformista. Quando saiu, ele deixou a empresa bem posicionada para altos voos na região. Só não conseguiu terminar o grande “calcanhar de aquiles”: o sector de “procurement”, nelvrágico; alias é onde o valor acrescentado é realizado.
Mas, dizem fontes internas, ao invés de prosseguir no mesmo sentido reformista, a empresa passou por alguns tumultos na sua governação e gestão de pessoal. Logo que tomou posse, Sicola tentou alterar a sua estrutura orgânica, criando novos pelouros não previstos nos estatutos e sem consulta. Alegou que tinha o suporte do IGEPE, mas o processo foi interrompido.
Magala instalara a prática de concursos públicos altamente competitivos, até com respaldo internacional, mas Sicola “rasgou” essas boas práticas. Depois fez uma mudança de cadeiras a nível das direções, por nomeação. Mudou no “procurement”, na gestão de Pessoal e Recursos Humanos, na Ética e Provedoria Geral, e algumas posições regionais, mas nunca ficou clara a pertinência das mudanças. Alguns dos visados haviam alcançado essas posições por via de concursos aturados. Por outro lado, a reforma do “procurement” não foi avante e a comunicação deteriorou-se, tanto internamente como no diálogo com os parceiros de cooperação, que financiam grande parte dos projectos da empresa.
Com a subida de Marcelino Gildo, comentou uma das fontes, a empresa foi entregue a boas mãos. “É inteligente, já foi administrador e domina todo o ecossistema a volta da elétrica nacional”. (M.M.)