Os milhares de deslocados que se encontram na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, são submetidos a vários tipos de humilhação e extorsão sempre que são encontrados pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) nas ruas e avenidas daquela urbe sem documentos de identificação.
A informação consta de um relatório de pesquisa apresentado há dias pela Universidade Católica de Moçambique (UCM). Segundo Fanito Salatiel, durante a pesquisa, a equipa da UCM teve de intervir diversas vezes para impedir a extorsão e detenção ilegal dos deslocados que, na sua maioria, apenas conseguiram salvar a roupa com que cobriam os seus corpos nos dias em que sofreram ataques terroristas.
Os agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) e os elementos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) são apontados como os protagonistas destes casos de violação dos direitos humanos.
Aliás, os pesquisadores sublinham que o facto não ocorre apenas na cidade de Pemba, mas também no Centro de Acolhimento de Deslocados, no distrito de Metuge. Aos pesquisadores, conta Salatiel, os deslocados garantiram que sempre que deixam o Centro de Acolhimento, são exigidos documentos de identificação pelos agentes da PRM e pelas FADM, sendo que, na ausência destes documentos, são extorquidos ou detidos ilegalmente.
Refira-se que a pesquisa foi realizada, no âmbito da iniciativa “Caravana Jurídica”, que visa emitir documentos de identificação para os deslocados. Até ao momento, a iniciativa abrangeu 7 mil pessoas, das 20 mil previstas. (O.O.)