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BCI
quinta-feira, 10 fevereiro 2022 05:46

Tribunal já retirou três advogados do julgamento das dívidas ocultas

Três advogados que defendem parte dos 19 arguidos do caso das “dívidas ocultas”, cujo julgamento decorre no Estabelecimento Penitenciário Especial da Machava (vulgo B.O.), recinto emprestado à 6ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, já foram ordenados a abandonar definitivamente a sala de audiência, desde o início da maratona, a 23 de Agosto de 2021.

 

A primeira vítima do juiz Efigénio José Baptista foi o advogado Alexandre Chivale, que assistia os réus António Carlos do Rosário, Maria Inês Moiane e Elias Moiane. Chivale foi convidado a abandonar a “tenda da B.O.” no passado dia 15 de Outubro, a pedido do Ministério Público por entender que este patrocinava causas contra o Estado moçambicano, enquanto era membro do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE). O Ministério Público entendia ainda haver conflito de interesse pelo facto de o advogado ser administrador de uma empresa usada para a lavagem do dinheiro do calote.

 

O pedido do Ministério Público foi atendido pelo Tribunal e Alexandre Chivale tornou-se no primeiro causídico a ser afastado do julgamento. No seu lugar, o Tribunal nomeou o advogado Isálcio Mahanjane para prestar assistência jurídica aos constituintes de Alexandre Chivale.

 

Quatro meses depois, mais dois advogados foram expulsos e não mais poderão assistir o seu constituinte. Trata-se de Salvador Nkamate e Jaime Sunda, ambos advogados de Manuel Renato Matusse, antigo Conselheiro Político de Armando Emílio Guebuza, ex-Presidente da República, que foram expulsos na passada sexta-feira por alegado desrespeito ao Tribunal.

 

Por ser uma audiência contínua (apenas é interrompida devido à hora), o juiz entende que os dois advogados não mais devem regressar à tenda, pelo que Manuel Renato Matusse deverá constituir, em cinco dias, um novo mandatário judicial.

 

Jurista ouvido pela “Carta” explica ser normal a troca de advogados no decurso de um processo judicial, incluindo no desenrolar do julgamento. No entanto, entende que num processo desta natureza (mediático), e tendo em conta os factores que levaram à expulsão de Salvador Nkamate e Jaime Sunda, a situação pode beliscar ainda mais a imagem do juiz e colocar em causa todo o processo de produção de prova.

 

Sublinha ainda que, caso Efigénio Baptista não pondere algumas situações que se verificam no calor dos debates, corre o risco de perder o controlo do julgamento e cair num total descrédito perante a sociedade que, até ao momento, tem elogiado o seu trabalho. (Carta)

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