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Política

A Renamo exige que o Governo reveja com urgência as “nomeações interinas” de oficiais oriundos da sua guerrilha para o quadro de dirigentes superiores na estrutura das FADM, anunciada na terça pelo Ministro da Defesa Nacional, Salvador Ntumuke.

O ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, considera que a melhoria da eficiência das infraestruturas de transporte, com vista a tornar os produtos africanos mais competitivos nos mercados globais, constitui o principal desafio económico dos países do continente, que estiveram reunidos, nos dias 8 e 9 de Dezembro, em Sharm el Sheikh, no Egipto, para projectar soluções conducentes ao seu desenvolvimento. Denominado “Fórum África 2018”, o encontro tinha como lema “Liderança Corajosa e Compromisso Colectivo, Promovendo Investimentos Intra-Africanos” e por objectivo ajudar os países participantes a projectarem soluções inovadoras para estimular investimentos, bem como acelerar o desenvolvimento inclusivo do continente africano. Durante o fórum, Moçambique partilhou a sua experiência no desenvolvimento das infraestruturas de transporte e expôs o potencial existente para os investidores desta e de outras áreas, tendo em conta o seu papel na cadeia logística dos países do "hinterland", particularmente os da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). 

Os embaixadores Mirko Manzoni (Suiça), Dean Pittman (EUA), António Sanchez Benedito Gaspar (Uniao Europeia) e o Alto Comissariodo Botswana, Gobe Pitso, encontraram-se ontem com o General Ossufo Momade, Coordenador Interino da Renamo em Gorongosa. De acordo com uma nota enviada à “Carta”, e assinada por Manzoni, Chefe do Grupo de Contacto, o encontro foi “uma oportunidade para trocar pontos de vista sobre temas de relevo, nomeadamente o processo de paz em curso, DDR e as eleições”.

Membros da Assembleia Municipal de Quelimane, na Zambézia, estão a convocar-se, informalmente, para uma greve, nesta quarta-feira, para alegadamente reclamarem contra atrasos no pagamento de subsídios e do décimo terceiro salário, antes das festividades do natal e do fim do ano. Uma mensagem de texto anônima, que circula de membro em membro, a que "Carta" teve acesso, indica que a greve, com início às 5 horas da manhã de hoje, culminará com o encerramento de todos os sectores que funcionam no edifício do Conselho Municipal.

euronet simoEm vez de liberalizar, como está a fazer Angola, o Banco de Moçambique (BM) transferiu ontem o monopólio do serviço interbancário de uma empresa portuguesa, a BizFirst, para uma americana, a Euronet Wordwilde Inc. O contrato foi assinado num ambiente pesado, sem pompa e com pouca circunstância. O BM delegou uma Directora (e não um administrador ligado ao pelouro) para assinar pelo banco, no caso Luísa Navela, do Gabinete de Assessoria Jurídica.

A avaria momentânea na tarde de ontem, na Beira, da segunda aeronave da Ethiopian Airlines Mozambique (EMA) começa a levantar dúvidas sobre o grau da sua preparação para iniciar operações em Moçambique. A avaria de ontem foi confirmada à “Carta” por Redi Yusuf, o CEO da EMA. Ele disse que a aeronave, um Bombardier Q 400, ficou paralisada por cerca de 3 horas na placa do Aeroporto Internacional da Beira. “Queríamos assegurar que está tudo bem em termos de segurança”, disse Redi. Ele estava visivelmente transtornado e não quis detalhar as causas da avaria, mas acrescentou que se tratava de algo semelhante ao que aconteceu em Tete: a danificação de uma válvula do sistema hidráulico.

 

Ontem, na Beira, os passageiros da EMA estavam agastados. Não esperavam que a subsidiária de uma gigante africana da aviação, a Ethiopian Airlines, entrasse em Moçambique com o pé esquerdo. Muitos utentes haviam respirado de alívio. Mas agora começam a torcer o nariz. A avaria da Beira foi resolvida em poucas horas. Não teve a mesma dimensão que aquela que se verificou na segunda aeronave da EMA em Tete, também um Bombardier. Em Tete, a reparação da aeronave foi conseguida no fim do dia seguinte, na quarta-feira da semana passada. Porquê? Porque a peça relevante, um switch electrónico, componente do sistema hidráulico, teve de ser trazida da Etiópia. Chegou a Maputo num voo ET e foi levada à Tete pela Solenta, que opera a FastJet.

 

A avaria de Tete foi, para alguns especialistas do sector, reveladora do nível de “improvisação” da EMA nas suas operações em Moçambique, não por causa da avaria em si mas pelo tipo de resposta que a companhia deu. De acordo com testemunhos colhidos pela “Carta”, os passageiros estiveram durante horas à fio no aeroporto de Chingodzi à espera de serem acomodados num hotel; a EMA não tinha um autocarro para transportá-los nem sequer acordos prévios com hotéis da cidade para acomodarem seus passageiros em casos similares; para o hotel de recurso, encontrado à última hora, os passageiros viajaram num autocarro da LAM; no aeroporto de Chingodzi, quando a avaria se deu viram-se o comandante e a tripulação a carregarem malas.

 

Estes factos confirmam aquilo que “Carta” apurou de fontes fidedignas. Que a EMA começou a operar em Moçambique sem uma estrutura condizente com os requisitos exigidos pelos MozCars, o conjunto de regras para licenciamento de operador de linha área de acordo com a legislação nacional, inspirada nas normas da ICAO. A EMA, disse uma fonte, ainda não tem em Moçambique diretores para Manutenção, Operações, Segurança e Qualidade. O improviso que se verificou em Tete decorre dessas lacunas.

 

Na semana passada, a avaria de Tete causou um profundo mal-estar nos círculos mais restritos do Ministério da Defesa Nacional. No voo, que seguiria depois para Nampula, estavam 7 altas patentes do Comando do Exército, que viajavam para a capital nortenha de Moçambique. Os generais iam participar nos preparativos da cerimónia de encerramento do Décimo Curso de Oficiais na Academia Samora Machel, que seria presidida pelo PR. Os generais acabaram sendo transportados num Antonov das Forças Armadas. Os passageiros que pernoitaram em Tete fizeram-no porque a EMA terá recusado uma oferta da LAM de transportá-los no mesmo dia para Maputo.

 

A colaboração entre as duas empresas é tida como não sendo das melhores. A EMA parece estar a rejeitar colaborar com a LAM naquelas áreas onde ela tem alternativas, como no “handling” fora de Maputo, nomeadamente em Tete e em Quelimane, onde trabalha com a Moz Jet.  "O handling" em Maputo é feito pela MHS (uma parceria entre a LAM, os Aeroportos e a Rogers Aviation). Para resolver a avaria de Tete, a EMA teve de mandar vir um óleo com a classificação de “dangerous good”, o qual poderia ter sido adquirido localmente. “Carta” espera uma entrevista com o CEO da EMA prometida para os próximos dias. 

 

Uma das questões colocadas por escrito é por que é que a EMA não tem um hangar próprio em Maputo, para usar nas suas operações de manutenção. Uma fonte disse-nos que a EMA tenciona usar os hangares da LAM mas as duas ainda não chegaram a acordo porque, alegadamente, a LAM está a exigir prova de que os aviões estão segurados em nome da EMA. O nível de improviso da EMA está a levantar suspeitas sobre a sua estratégia: deixar cair a FastJet e ficar preparada para agarrar o enorme mercado que aí vem depois de Final Investment Decision dos projetos do gás do Rovuma. E também a aparente noção de que eles vieram para cá prestar um favor a Moçambique. (M.M.)