Passam cinco meses, desde que a cidade da Beira, capital provincial de Sofala, acolheu a conferência de doadores, organizada com o intuito de angariar fundos para garantir a reconstrução das zonas afectadas pelos Ciclones Idai e Kenneth, entre Março e Abril último. Porém, até ao momento, os 1.2 mil milhões de USD anunciados naquela conferência pelos parceiros de cooperação ainda não foram canalizados ao Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclone, tudo porque os doadores ainda insistem em desembolsar os valores mediante a apresentação de projectos específicos a ser financiados.
À “ Carta”, o Director do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclone, Francisco Pereira, disse que os projectos estão ainda a ser elaborados pelo Governo de Moçambique, em particular pelos seus Ministérios e pelos agentes de implementação, prevendo que os mesmos estejam prontos entre finais do primeiro trimestre e princípios do segundo trimestre de 2020.
Segundo Pereira, após a elaboração, os projectos serão entregues aos doadores para a sua devida apreciação, aprovação e consequente desembolso do valor. Até lá, a instituição responsável em repor as infra-estruturas públicas e privadas destruídas pelos dois ciclones terá de se contentar com as garantias dadas pelos doadores.
Dados apresentados esta quarta-feira, no “Seminário Técnico-científico sobre Mudanças Climáticas: Experiências e Perspectivas pós-Idai e Kenneth”, indicam que, dos 1.2 mil milhões de USD prometidos pelos doadores, apenas 1.03 mil milhões de USD foram confirmados pelos doares, faltando por confirmar 170 milhões de USD.
Conforme explicou Pereira, após a conferência, o Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones foi atrás de cada um dos doadores pedir uma espécie de “declaração de compromisso” de “doação”, tendo recebido garantia de desembolso de um valor abaixo do prometido. Entretanto, Francisco Pereira garantiu que alguns projectos já estão a ser executados com apoio do fundo de emergência.
Por sua vez, a Representante do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones, no Seminário desta quarta-feira, em Maputo, Nádia Adrião, garantiu que depois da elaboração do Plano de reconstrução, o Gabinete teve compromissos avaliados em 1.4 mil milhões de USD, pelo que, até ao momento, regista um défice global de 1.8 mil milhões de USD, do total necessário, avaliado em 3.2 mil milhões de USD. Porém, dos 1.4 mil milhões, a responsável não clarificou a proveniência dos restantes 200 milhões de USD.
Acrescentou também que a instituição tem garantia de fundos que serão disponibilizados, através da assinatura de acordos de financiamento que aguardam a realização dos dispositivos legais (acordos de retrocessão, opinião legal), correspondentes a 468 milhões de USD. (Marta Afonso)