A Cidade de Maputo, capital da República de Moçambique, celebrou, este domingo, 132 anos após a sua elevação à categoria de cidade, uma decisão tomada a 10 de Novembro de 1887, pelo então governo português.
Actividades desportivas e recreativas marcaram as festividades do dia do maior centro urbano, financeiro e mercantil do país, cuja sua “idade mais avançada” transporta consigo “velhos problemas”, desde a falta de transporte até ao crescimento desordenado da cidade, passando pela má gestão dos resíduos sólidos, falta de manutenção das vias de comunicação e a contínua “legalização” do comércio informal.
Num dia de festa, “Carta” saiu à rua para ouvir alguns munícipes em relação ao dia-a-dia da sua cidade e todos foram unânimes em afirmar que a mesma está a desenvolver, porém, apontando a falta de transporte como o desafio ainda actual no mais importante centro urbano do país.
Pedro Júlio é um dos residentes da também chamada cidade das Acácias e aponta a gestão dos resíduos sólidos como uma das batalhas ganhas, visto que, há alguns anos, “era difícil circular comendo alguma coisa na rua por conta do cheiro nauseabundo que se fazia sentir”.
Quem também vê melhorias na gestão de resíduos sólidos e águas negras é Anita Sitoe, que aponta as microempresas, contratadas para garantir a limpeza dos bairros periféricos, como sendo responsáveis pela “beleza” dos bairros suburbanos. Entretanto, aponta a falta de transporte como o maior desafio.
Mesmo desafio é apontado por Samuel Banze, que defende o aumento do número de autocarros por ainda registar-se problemas neste capítulo. Banze mostrou-se ainda preocupado com o comércio informal, que continua a crescer nas principais avenidas da capital do país, sob olhar impávido das autoridades municipais. A fonte entende ainda que o problema poder estar associado à falta de condições nos mercados, pelo que recomenda a sua reabilitação.
Comiche aponta a limpeza como maior desafio
Entretanto, enquanto os nossos entrevistados apontam a gestão dos resíduos sólidos como uma das “batalhas” ganhas, o Presidente do Conselho Autárquico da Cidade de Maputo aponta exactamente a “limpeza” como o maior desafio da urbe. Eneas Comiche diz ainda haver enormes desafios para tornar a cidade mais limpa.
“O problema não é limpar, mas sim é como produzimos o lixo e sabermos reutilizar o lixo. Temos de repensar sobre como fazer melhor gestão dos resíduos sólidos com envolvimento de todos, através da educação cívica nas escolas”, explica.
Falando, este domingo, na Praça dos Heróis Moçambicanos, após a deposição da coroa de flores naquele local, Comiche disse existir, na capital do país, “muito transporte”, porém, “há necessidade de se criar melhores condições de mobilidade, de modo que haja faixas dedicadas aos transportes de passageiros e também haja cumprimento de horários e deve haver melhorias nas estradas a nível dos bairros para garantir melhor mobilidade”.
“Estamos a prever a construção de um metro de superfície e esperamos que nos orgulhemos da cidade que temos, visto que ela se tornou mais acolhedora, mais habitável e para que aqueles que nos visitam continuem a encontrar motivos para elogiar”, disse o Edil, reiterando o sonho do seu antecessor, David Simango. (Marta Afonso)