No Buzi o tecido social foi profundamente carcomido mas nas tessituras da sua recomposição há um ingrediente insondável. A viela central é a feitoria de todos os que insistem em vender para quem nada compra. Entre os pouquíssimos negócios, o homem da padiola se destaca. Quando as pessoas procuram comida, o homem vende zips. Sim zips!
É provável que as calças dos homens tenham rompido a braguilha no dia dos remoinhos cortantes do IDAI e que tudo a água arrastou, afetos, sonhos e roupas também. Mas os do Buzi lutam por recompor a vida e o homem vende zips para esse desiderato.
Um sujeito que perscrutava o nosso espanto, apaziguou-nos. No abrir e fechar de zips estava uma diversão favorita dos locais. E apontou-nos as dezenas de crianças de tenra idade enfileiradas para receberem suplementos nutritivos do Ministério da Saúde. Era como que uma meia palavra para bom entender. Engoli em seco e pensei no amor que entrelaça os homens e fecunda almas. Mas e se não houvesse zips? (Marcelo Mosse)