Não devia porque esses “frelimos” e o Estado que dirigem abandonaram o homem. Marcelino vive uma velhice penosa. Indigna para quem lutou toda uma vida para sermos o Moçambique que somos. Podemos cantá-lo hoje com todos os decibéis de nossas cordas vocais, mas isso não vai esconder uma tamanha vergonha deste Estado: o abandono a que votou o velho combatente.
Para quem está perto dele, é penoso ver como Marcelino vive hoje: sem uma cadeira de rodas condigna, sem fisioterapeuta ou psicólogo para lhe ir aparando as dores físicas e mentais. Mas agora que celebra 90 anos, vai aparecer todo o mundo falando dele.
Ora Marcelino não precisa desse falatório. Vão obrigá-lo a sair para cerimónia pública, expondo sua penosa velhice. Ora, Marcelino não precisa de corte de bolo. Precisa que lhe dêem conforto. Precisa que lhe deixem morrer com dignidade. E não na miséria a que está votado. Hoje, a Frelimo e o Estado vão celebrar Kalungano mas, ao mesmo tempo, deixá-lo morrer na miséria. Uma vergonha da nossa memória colectiva. Uma vergonha nacional!