Essa nova moda de exibir falsas vidas largas nas redes sociais um dia vai nos matar. Não entendo qual é a sensação de mostrar ao mundo uma vida de rei que na realidade não se tem. Qual é a tesão de fazer "show off" com molhos de dinheiro que não nos pertence? O que se ganha exibindo um carrão ou um casarão que não é nosso? Não entendo! Juro que não entendo! Na semana passada, "Carta" seguiu o rasto de Shakira Júnior Lectícia, uma figura que, durante quase um ano, exaltou a insurgência em Cabo Delgado por via de uma conta no Facebook. Ele/a fazia o seu trabalho criminoso publicando fotos que presumivelmente não eram suas. Nas fotos aparecem jovens (homens e mulheres) exibindo vidas largas com molhos bastante volumosos de dinheiro em notas grandes.
Ora, feita a devassa dos factos, concluiu-se que, afinal de contas, as fotos exibidas eram de pessoas alheias ao perfil de Shakira e, pior, as vidas largas das tais fotos não passavam de mero exibicionismo. Ou seja, Shakira usou fotos de pessoas que exibiam dinheiro que não lhes pertence nos grupos de WhatsApp como se elas tivessem ganho aquele dinheiro matando pessoas e incendiando casas em Cabo Delgado. Quando os "show offistas" são encontrados não dizem coisa com coisa.
Por exemplo, Shakira divulgou no seu perfil fotos de João Álvaro, um jovem de 23 anos, que trabalha na cidade da Beira, neste momento, exibindo um molho saturado de notas de mil meticais. Confrontado, "Álvaro revelou que o dinheiro não era seu, mas dum amigo que pretendia levantar 20 000 Mts mas que, devido às limitações das ATM, decidiu transferir metade para a sua conta. Quando os dois conseguiram juntar os 20 000 Mts, deixaram-se fotografar" e partilharam num grupo de "lifestyle" (Carta, 14/12/2018).
E agora, isso é bom? Valeu a pena ter exibido dinheiro que não lhe pertence? Valeu a pena ser confundido com bandido? Assim está bom?! Irmãos, não vale a pena exibir "Deus no comando" quando, na verdade, não está no comando. Amanhã Ele pode querer tirar satisfação e não sabermos o que dizer. Não vale a pena aderir a grupos de partilha de informação duvidosos e sem prévio consentimento. Bandidos estão aos montes nessas redes.
Azar não custa, mas pode-se evitar.
- Co'licença!
Publicado em 17-12-2018
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- Senhora Luísa, você tentou uma vez candidatar-se a candidato a presidente da República, depois não conseguiu. Como é que se sentiu após essa derrota?
- A vida é composta de batalhas intermináveis. Aliás, já ao sairmos do ventre da nossa mãe, recebemos imediatamente esse aviso através da pancadinha que nos dão no rabinho, e choramos. O normal seria sorrirmos ao ver a luz do sol pela primeira vez, mas não é isso que acontece, choramos de susto e medo perante os verdugos que nos aguardam, disfarçados no imenso brilho do próprio universo.
- Mas qualquer batalha perdida deixa em nós uma dor!
- Eu acerdito que você já assistiu a grandes jogos de futebol, e nesses jogos deve lembrar-se de ter visto um grande golo marcado por um jogador genial, mas o árbitro entende anular esse tento que até pode ser de antologia. Por isso, ao entrarmos para grandes desafios, temos que contar com aqueles que têm o machado na mão, prontos para decapitarem-nos.
- Então sabia que podia perder naquele jogo de candidatura a candidato a presidente da República, onde pontificavam nomes avultados, não propriamente por aquilo que fizeram para o desenvolvimento do país, mas por outrios motivos!
- Em todas as minhas lutas contei sempre com o inesperado. A vida em si é inesperada. O próprio Jesus sabia que iria lhe acontecer o pior, mas veio a terra enfrentar os chacais e jamais deixou de lutar.
- Continua a acreditar que um dia pode vir a ser Presidente da República?
- O objectivo da minha vida não se circunscreve ao poder. Há várias frentes de luta, e a de presidente é apenas uma delas.
- Mas a Luísa Diogo queria (quer) ser Presidente da República!
- Há coisas que você só pode fazer tendo o poder na mão.
- Mas a senhora está no poder!
- O problema não é estar no poder. É ter o poder na mão.
- Há uma contradição nas suas palavras, e pela forma como fala deixa-nos perceber que afinal há uma espécie de obsessão dentro de si nesta luta!
- Se há alguma obsessão dentro de mim, é no sentido de que o meu desejo fervoroso é lutar para que algumas pessoas deixem de pensar que este país é deles sozinhos.
- É isso que lhe move na luta por ter o poder na mão?
- O que me move é a luta pela justiça, pelo respeito aos direitos dos cidadãos. É isso que me move.
- Os seus camaradas não têm conseguido isso?
- Eles combateram um bom combate, mas a partir de um determinado momento degeneraram, e precisam de descansar. Então precisamos todos nós, de um novo paradigma.
- E acha que esse novo paradigma está nas suas mãos?
- (Risos)
- Senhora Luísa, você teve momentos de pico, continua a ser uma mulher respeitada, é temida por aqueles que não querem novas luzes. Não receia que amanhã possa sair do cume onde está, para o sopé?
- Primeiro, não sabia que eu era temida por aqueles que não querem novas luzes, você é que está a dizer-me agora. Outrossim, nós vivemos entre os cumes e os sopés, segundo o escritor Lucílio Manjate, e eu subscrevo. Jesus Cristo foi aviltrado, achincalhado, pisado como areia, mas há uma coisa que não conseguiram tocar nele, a alma. Então se Jesus, que é uma Pessoa Grandiosa, chegou a ser puxado até ao nível do chão, quem sou eu para não ser posto a rastejar. Mas podem acreditar, a minha alma é inabalável. Continuo a acreditar na vitória dos meus propósitos.
- Moçambique tem futuro?
- Moçambique sempre teve futuro, o que acontece é que estamos ainda no alto-mar, a ser abalroados. Mas lá chegaremos, nem que seja a bordo de uma mwadia (canoa).
- Há quem diz que essa mwadia é a Luisa Diogo!
- (Risos) Nunca ouvi essa professia
* Entrevista imaginária
* Entrevista imaginária
A TOTAL, uma empresa petrolífera francesa, suspendeu a continuação do projecto de gás em Afungi, Cabo Delgado, alegando razões de força-maior (insegurança). Da decisão seguems, em jeito de ecos e raparos, algumas e breves notas.
Eco 1. Por conta das consequências nefastas que advirão da decisão da TOTAL, a classe empresarial nacional veio a terreiro, e bem alto, falou da profundeza das àguas em que se viram mergulhados os empresários, apontando para um naufrágio estimado em milhões de dólares americanos. Até aqui tudo bem (mal), mas para a posteriedade fica o seguinte reparo: alguém lembra-se de gritos quando a torneira de Afungi estava a jorrar? .
Eco 2. Ainda na senda da suspensão, quem ainda não se pronunciou é a entidade responsável pela elaboração do “Modus Operandi” do Fundo Soberano, mormente a condução da sua fase da ascultação pública. Sobre o silêncio, e para a posteriedade, vai o reparo: será que o processo de elaboração do quadro operacional do Fundo Soberano também foi suspenso?
Eco 3. Na mesma semana da decisão da TOTAL , não passou despercebido o anúncio de mais uma doação (e no quadro da ADIN, Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte). Fala-se em mais de um bilião de dólares americanos. É muita massa, mas que dá muita massada (uma delas a burocrática) e pelo histórico das doações é mais um adiamento do desenvolvimento e da afirmação da soberania. Contudo, fora este entretanto, e em jeito de raparo para a posteriedade, dói que o país não possa financiar o seu desenvolvimento com fundos da sua riqueza e no lugar ter que mendigar/depender da caridade (problemática) de terceiros.
Certamente que existem outros ecos e reparos, mas por enquanto estes são os que me ocorrem e para a posteriedade, em jeito de fecho, vai, à francesa , o reparo-maior:“Cest la vie!”.
Risco é a probabilidade de um evento geralmente prejudicial e previsível acontecer.