O partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) garante estar em condições de controlar os votos em todo o território nacional, durante a votação do próximo dia 9 de Outubro. A garantia foi dada esta segunda-feira pelo mandatário do candidato presidencial Venâncio Mondlane, Elvino Dias.
Falando momentos depois de entregar duas denúncias à Procuradoria-Geral da República (uma contra a Comissão Nacional de Eleições e outra por ilícitos eleitorais cometidos pela Frelimo), Dias afirmou que o PODEMOS tem delegados suficientes para controlar todas as Mesas de Voto do país.
Segundo o advogado, para além de delegados de candidatura, o PODEMOS tem igualmente uma tecnologia que irá permitir o controlo total e cerrado do escrutínio e garantir resultados fiáveis, em todo o território nacional.
“Nós estamos aqui a concorrer, não apenas como simples candidatos, mas sim para ganharmos as eleições. O PODEMOS é um partido altamente organizado e estamos estruturados do topo à base para permitir que, em tempo real, tenhamos o processo devidamente controlado”, afirmou Elvino Dias.
Lembre-se que cada partido concorrente às VII Eleições Gerais (Presidenciais e Legislativas) e IV Provinciais (da escolha do Governador e dos Membros das Assembleias Provinciais) tem direito a um delegado de candidatura em cada Mesa de Voto, com responsabilidade de acompanhar a votação, assim como a contagem dos votos e o apuramento dos resultados. (Carta)
Uma camioneta da comitiva de campanha eleitoral do Podemos, partido político que apoia a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, ardeu na madrugada desta segunda-feira (23) no distrito de Mabote, província de Inhambane. A viatura seria usada ontem numa marcha no comício eleitoral do Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique, no mercado central daquele ponto do país.
Falando à AIM, a responsável pelo Gabinete de Estudos e Acções Jurídicas do Podemos, Judite Simão, explicou que o incêndio ocorreu por volta da madrugada. “Entramos por volta das 20 horas com os nossos conteúdos de publicidade do candidato presidencial Venâncio Mondlane e do partido Podemos numa hospedaria e quando estávamos já a dormir, por cerca das três horas (madrugada) fomos surpreendidos pelos guardas a gritar: rápido, está a queimar”, explicou a fonte à AIM.
Disse que a viatura estava próxima do local onde dormiam e, por isso, foram obrigados a evacuar rapidamente do quarto onde, momentos depois, deram-se conta da viatura já em chamas. “As chamas estavam bem altas, talvez seis metros de altura, a queimar tudo que tinha lá dentro, e viam-se vestígios de combustível na viatura”, contou Judite Simão, que esteve no local.
Simão, que também é jurista, falou de danos avultados e um prejuízo material de cerca de um milhão de meticais (aproximadamente 16 mil USD).
Segundo a fonte, “o som estava lá, todas as quatro colunas grandes queimaram com todo o material”. “Felizmente, conseguimos rapidamente lutar para tirar o gerador antes que explodisse, um gerador grande que comporta cerca de 20 litros de gasolina”, acrescentou.
Disse que o tanque de combustível da viatura corria o risco de arder, bem como as outras viaturas que estavam próximas da camioneta. “Teríamos morrido, pois todos nós estávamos nos quartos bem ao lado do local onde as viaturas estavam estacionadas, e não temos dúvidas de que isto foi premeditado porque as colunas estavam todas a cheirar gasolina”, avançou.
Face ao sucedido, o partido emitiu um comunicado de imprensa onde descreveu a situação como “limitação do exercício de actividade política e tentativa de assassinato”. “A natureza e a intensidade do incêndio indicam uma clara tentativa de limitar a liberdade de actividade política, com o potencial de causar danos materiais e, possivelmente, humanos”, refere o comunicado.
De acordo com o documento, “este acto não é apenas uma agressão à nossa comitiva, mas um ataque à democracia e ao direito à livre expressão e a formação política previstos na Constituição da República de Moçambique”. “Apelamos à paz e reconciliação reafirmando o nosso compromisso com um processo eleitoral justo e transparente”, sublinha o comunicado. (AIM)
A falta do Acordo de Gestão entre o Governo e o Banco de Moçambique para a operacionalização efectiva do Fundo Soberano está a atrasar as actividades dos órgãos de supervisão de consulta do Executivo, cujas actividades dependem do funcionamento dos órgãos de gestão do “banco” das receitas do gás natural do Rovuma.
Constituído há quase 60 dias, o Comité de Supervisão do Fundo Soberano foi o primeiro órgão a entrar em funcionamento, porém, as suas actividades se têm limitado a reuniões e a trabalhos de indução, uma vez ainda não haver matéria para fiscalização por falta de órgão de gestão.
O Comité de Supervisão é um órgão independente do Fundo Soberano com competência para controlar e acompanhar as matérias referentes às receitas da entidade; os depósitos na conta transitória; a alocação das receitas ao orçamento do Estado e ao Fundo; e supervisionar a gestão do Fundo. O órgão é composto por nove membros, sendo que, até ao momento, ainda não tem presidente.
Já há 12 dias, o Governo anunciou a composição do Conselho Consultivo de Investimento, um órgão de consulta do Governo sobre a Política de Investimento do Fundo Soberano. O órgão é constituído por sete membros e será dirigido por Omar Mithá, Presidente do BNI e Conselheiro do Presidente da República. O órgão ainda não tomou posse.
Em conversa com “Carta”, a Directora Nacional de Políticas Económicas e Desenvolvimento no Ministério da Economia e Finanças, Enilde Sarmento, garantiu que os instrumentos de gestão do Fundo Soberano já estão prontos, estando em análise pelo Conselho de Ministros (Governo), órgão responsável pela sua aprovação.
No entanto, sem avançar quaisquer datas para sua celebração, Sarmento assegura que o Acordo de Gestão será assinado brevemente. Refira-se que o Acordo de Gestão estabelece os termos e as condições para a delegação de responsabilidade do Governo ao Banco Central para a gestão operacional do Fundo Soberano de Moçambique. O documento deverá igualmente “desvendar” quanto o Governo deverá pagar ao Banco de Moçambique pela gestão do Fundo.
Refira-se que, até ao fim do primeiro semestre deste ano, a Conta Transitória, uma sub-conta da Conta Única do Tesouro (CUT), contava com um total de 114 milhões de USD, o correspondente a 7.285,74 milhões de Meticais, proveniente das receias cobradas pela exportação do gás natural do Rovuma desde o início das operações, em 2022.
De acordo com a alínea a) do número quatro, do artigo oito da Lei n.º 1/2024, de 9 de Janeiro, que cria o Fundo Soberano de Moçambique, nos primeiros 15 anos de operacionalização, 40% das receitas é que vão efectivamente para a entidade e 60% para o Orçamento do Estado. Isto é, do montante já disponível, 60% será canalizado para o Orçamento do Estado e 40% é que será destinado ao Fundo Soberano. (Carta)
“A PGR [Procuradoria-Geral da República], neste momento, é um braço intimidatório do partido Frelimo. O partido Frelimo abusa da Procuradoria-Geral da República. Se não é uma Procuradoria parcial, não pode ser flexível em notificar candidatos que nada fizeram e ser vagarosa em notificar os infractores”.
Esta é a convicção do mandatário do candidato presidencial Venâncio Mondlane em relação à actuação do Ministério Público na fiscalização das irregularidades cometidas pelos concorrentes às eleições de 9 de Outubro próximo, cuja campanha eleitoral está em curso e que termina em 12 dias.
Em causa está o facto de a PGR ainda não ter instaurado qualquer processo-crime e muito menos se pronunciado publicamente em torno dos ilícitos eleitorais que vêm sendo cometidos pelo partido Frelimo e o seu candidato a Presidente da República durante a campanha eleitoral, em quase todo o país.
Entre os ilícitos eleitorais cometidos pela Frelimo na presente campanha, segundo o advogado Elvino Dias, está o uso de meios públicos, com destaque para funcionários e viaturas do Estado, e a destruição dos materiais de propaganda dos partidos da oposição.
Sobre a arregimentação de funcionários públicos, o mandatário de Venâncio Mondlane cita, por exemplo, o caso do Director Distrital da Educação da Massinga, província de Inhambane, que obrigou seu subordinado a ir fazer campanha eleitoral a favor da Frelimo. Cita também o uso do avião presidencial em viagem privada de Daniel Chapo ao Ruanda, tal como as visitas frequentes do Secretário-Geral da Frelimo ao Palácio da Ponta Vermelha, residência oficial do Presidente da República.
Como forma de testar a imparcialidade do Ministério Público, o mandatário de Venâncio António Bila Mondlane submeteu duas denúncias àquela entidade, uma delas relacionada com os ilícitos eleitorais. “Queremos que a PGR se pronuncie sobre estes aspectos de uso de bens públicos para fazer campanha eleitoral da Frelimo. Exigimos que a PGR instaure os respectivos processos criminais, com vista a responsabilizar os infractores, um dos quais Daniel Chapo e o seu partido”, atirou.
O advogado que acompanha Venâncio Mondlane nas suas batalhas desde a Renamo denunciou também uma tentativa de assassinato dos membros do PODEMOS, ocorrida na madrugada desta segunda-feira, no distrito de Mabote, província de Inhambane, onde desconhecidos atearam fogo numa viatura usada para campanha daquele partido político, tendo causado alguns danos materiais. “O objectivo dos malfeitores, que não tenho dúvidas que são da Frelimo, era único: de matar os nossos colegas”, defende Elvino Dias, sublinhando que a denúncia se baseia em factos públicos e que mereceram condenação por parte da sociedade.
A segunda denúncia visa a Comissão Nacional de Eleições (CNE), que deliberou pelo uso das urnas usadas nas eleições autárquicas (não transparentes e com ranhuras que permitem introdução de mais de um voto), o que contraria o estabelecido no novo pacote eleitoral, que preconiza o uso de urnas transparentes e com ranhuras “anti-enchimento”.
Este facto, defende Elvino Dias, “denuncia a pretensão da CNE em querer defraudar o presente processo eleitoral. Entendemos que a CNE viola, de forma flagrante, uma lei que foi aprovada pela Assembleia da República. Sabemos que, na hierarquia das normas, as da Assembleia da República prevalecem sobre as provenientes de qualquer órgão”, pelo que “não vai ser uma deliberação da CNE que vai colocar em causa uma lei que foi aprovada por 250 deputados”.
Para Elvino Dias, o argumento apresentado pela CNE, segundo o qual, os órgãos eleitorais não teriam tempo suficiente para implementar todas as alterações impostas pelo novo pacote eleitoral, visto que o concurso para o fornecimento das novas urnas levaria 90 dias, não convence.
“Exortamos a PGR, enquanto garante da legalidade, para fazer o uso do artigo sexto da sua lei orgânica para notificar a CNE a se conformar com a lei eleitoral. Pedimos para que a mesma agilidade que a Procuradoria demonstrou ao notificar o nosso candidato por razões fúteis, tenha para notificar a CNE por razões úteis”, defende Elvino Dias. (Carta)
Dois indivíduos que, há dias, estiveram no Posto Administrativo de Mucojo para o exercício da actividade pesqueira foram capturados, esta segunda-feira (23), por membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) nos arredores da sede do distrito de Macomia, em Cabo Delgado.
Fontes narraram à "Carta" que as autoridades suspeitam que os detidos sejam colaboradores de grupos terroristas, alegadamente porque foram àquela zona depois de ter sido decretada uma ordem de evacuação de civis para áreas mais seguras.
As fontes informaram ainda que os indivíduos foram encontrados em suas palhotas na aldeia Machova, a dois quilómetros de Macomia-sede. As autoridades tiveram informações que os dois indivíduos vendiam peixe trazido de Mucojo.
Mariamo Jamili, uma residente local, confirmou a detenção dos indivíduos, avançando que só pessoas que se consideram corajosas têm ido à pesca em Mucojo. "As pessoas corajosas podem ir lá. Dizem que não há ninguém, mesmo assim as pessoas vão por causa da fome. Como se sabe, as famílias deslocadas estão entregues à sua sorte [não há como fazer machamba porque ainda é prematuro]. Então, as pessoas arriscam-se para chegar a Mucojo, pescam às pressas e regressam", narra a fonte.
Na semana passada, o Governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, afirmou que a situação em Mucojo era estável, mas ainda assim não aconselhou o retorno de civis àquela zona. Tal como Valige Tauabo, o Major-general Freitas Norte, das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, também destacou que a costa de Macomia, incluindo Mucojo, Pangane e Quiterajo, foi verificada, indicando baixa probabilidade de circulação de terroristas, excepto casos esporádicos por motivos logísticos. (Carta)
O Presidente moçambicano anunciou a angariação de “mais de 500 milhões de dólares” no diálogo de alto nível sobre a Iniciativa do Miombo, floresta que abrange 11 países da África austral, realizado segunda-feira em Nova Iorque.
“Conseguimos convencer o mundo que é preciso proteger o Miombo. Para tal é preciso recursos, mas colocamos, com humildade, que é preciso que a gestão seja com a máxima transparência, porque o Miombo não pertence só a Moçambique”, disse Filipe Nyusi, numa conferência de imprensa de balanço da visita de quatro dias que realizou a Nova Iorque.
Essa visita, em que participou também na Cimeira do Futuro promovida pelas Nações Unidas, terminou com o diálogo de alto nível sobre a Iniciativa do Miombo, que juntou na cidade norte-americana dezenas de empresários norte-americanos doadores do projeto e governantes africanos, incluindo os chefes de Estado do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, e do Malaui, Lazarus Chakwera.
“Ali ficou claro que acima de 500 milhões de dólares [o apoio financeiro dos doadores], mas não me parece que o número vá parar por aí. Por isso é que digo que é preciso criar um mecanismo de gestão, porque é um projeto regional”, insistiu Nyusi, garantindo que, agora, o “Miombo está no mapa do mundo”. “É um projeto não político, sustentável e universal”, afirmou.
A Floresta de Miombo cobre dois milhões de quilómetros quadrados e garante a subsistência de mais de 300 milhões de habitantes de 11 países da África austral, incluindo pastagens tropicais e subtropicais, moitas e savanas. Constitui o maior ecossistema de florestas tropicais secas do mundo e enfrenta atualmente, entre outros, problemas de desflorestação.
O Governo moçambicano, que lidera este processo, esperava mobilizar investimentos para proteger a Floresta do Miombo estimados no plano de ação em 550 milhões de dólares (495 milhões de euros), dos quais 153 milhões de dólares (138 milhões de euros) foram garantidos desde 2022, tendo agora somado mais 500 milhões de dólares (450 milhões de euros).
De acordo com o Governo moçambicano, que desenvolveu o plano de ação do projeto, as iniciativas previstas assentam sobretudo no mapeamento e recuperação das áreas mais afetadas pela desflorestação, mas também na fiscalização e no desenvolvimento de projetos de geração de renda alternativos à exploração florestal.
A iniciativa em defesa do Miombo foi dinamizada nos últimos anos por Filipe Nyusi, que cumpre o último mandato no cargo e não se recandidata às eleições gerais de 09 de outubro. Com o aproximar da hora da saída garantiu que é uma “corrida de estafetas”.
“Nós corremos e entregamos. Depois alguém continua (…). Até ao último dia tenho que correr, para ver se entrego numa meta adiantada, porque se eu deixo numa meta atrasada, quem continua vai ter que recuperar o tempo perdido”, disse.
Os 11 países da África austral abrangidos por aquela área natural adotaram verbalmente, em 17 de abril, numa conferência realizada em Washington, a Carta de Compromisso da Floresta do Miombo, a qual prevê um fundo a sediar em Moçambique.
O documento integra, na introdução, “os pressupostos para a sua adoção, reconhecimento do impacto do desmatamento, baixo financiamento, necessidade de financiamento à escala e colaboração entre as partes” no âmbito da também designada iniciativa do Miombo.
A segunda parte desta carta refere o compromisso das partes, destacando “o apoio à iniciativa público-privada que estimula o desenvolvimento sustentável. A terceira e última parte do documento apresenta o mecanismo de financiamento da Iniciativa do Miombo, onde se debate a necessidade de criação de um fundo para implementação da “Declaração de Maputo”, de 2022.
Palavra suaíli para ‘brachystegia’, miombo é um género de árvore que inclui um grande número de espécies e uma formação florestal que compõe o maior ecossistema florestal tropical em África, sendo fonte de água, alimento, abrigo, madeira, geração de eletricidade e turismo.
A Declaração de Maputo sobre a Floresta do Miombo, assinada, além de Moçambique e Angola, por Botsuana, Maláui, República Democrática do Congo, República do Congo, Namíbia, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, estabelece desde 2022 prioridades para a gestão e governação sustentáveis dos recursos naturais dos ecossistemas do Miombo. (Lusa)
Sinopse do livro:
Um professor decide abandonar a vila de Mutaratu e a sua categoria de funcionário de Estado para tentar a sorte numa outra região projectada para ser o El Dorado do seu país. Reclama da estagnação na carreira, perseguição dos colegas que impedem a sua filha de ingressar no ensino primário, falta de reconhecimento dos políticos, a quem serviu ao longo de vários anos.
Entretanto, entre a expectativa e a realidade vai uma longa distância. A sua família é desafiada pelas circunstâncias a filiar-se aos Peregrinos da Sobrevivência, enquanto a promessa de emprego do amigo e deputado Foraz dos Anjos, tarda a concretizar-se.
Francisco Panguana Jr. desafia o leitor a uma digressão pelas páginas desta conversa, onde a inveja, a intriga e o conflito armado são cartões de visita, num campo narrativo onde a esperança cumpre o seu dever de ser a última a morrer, enquanto o sonho de Chico Albuquerque palpitar.
(24 de Setembro, às 18h00 na Fundação Fernando Leite Couto)
Indivíduos desconhecidos desenterraram o corpo de uma adolescente de 17 anos, sepultado no dia anterior na cidade da Beira, província de Sofala e posteriormente mantiveram relações sexuais com o cadáver e depois o abandonaram com as pernas abertas e coberto com uma capulana.
O caso foi descoberto nas primeiras horas da última sexta-feira, quando um dos coveiros do cemitério Chamba 1, no bairro de Inhamizua, deparou-se com um cenário assustador e ficou surpreso porque foi ele quem preparou o local onde o corpo foi enterrado.
No local, com a campa aberta e o caixão vazio, o coveiro ligou para o pai da adolescente e pediu que fosse ao cemitério com muita urgência. Já no local, o pai e a comunidade ficaram chocados com a situação, registada num cemitério privado, onde a cerimónia de enterro tinha acontecido normalmente.
O pai da falecida mostrou-se chocado e questionou o motivo que levou essas pessoas a cometerem este acto macabro. “Que mal eu fiz para essas pessoas fazerem isso com a minha filha que já está morta e ainda é violada? Eu só queria enterrar a minha filha para ela ficar em paz, que maldade eu fiz?”.
Refira-se que a adolescente teve uma morte súbita depois de muito tempo a sofrer de asma. O corpo da adolescente foi enterrado na última quinta-feira e nas primeiras horas da sexta-feira foi encontrado morta. (Carta)
Uma nova pesquisa do Centro de Integridade Pública (CIP) aponta a empresa de mineração Haiyu Mozambique Mining, localizada no distrito de Angoche, Nampula, como responsável por crimes ambientais que afectam gravemente as comunidades locais.
O estudo, realizado entre Março e Setembro de 2024 e lançado na passada sexta-feira (20) na cidade de Nampula, evidencia impactos sociais, económicos e ambientais negativos decorrentes das actividades de exploração de areias pesadas.
O CIP alerta que essa actividade está a intensificar desigualdades sociais e a aumentar a pobreza nas regiões afectadas. Mery Rodrigues, pesquisadora do CIP, destacou que a empresa não respondeu a solicitações de esclarecimento sobre os danos ambientais observados, como o plantio de casuarinas, que prejudica o desenvolvimento de outras espécies nativas.
O director do CIP, Edson Cortez, enfatizou que os problemas sócio-económicos e ambientais decorrentes da mineração de areias pesadas não se limitam a Angoche, mas se estendem a várias províncias do país.
Cortez criticou a falta de fiscalização eficaz das autoridades e a ausência de transparência nas operações das empresas, apontando que as comunidades frequentemente ficam sem informações sobre os impactos da mineração.
Em resposta às acusações, um responsável da Haiyu Mining, Juyi Li, afirmou que as questões levantadas foram resolvidas desde 2017 e que a empresa está comprometida com a recuperação das áreas degradadas.
Segundo Li, a comunicação com as comunidades locais é constante e a pesquisa do CIP é baseada em dados desactualizados. (Carta)
As eleições em Moçambique estão marcadas para 9 de Outubro e a oposição avança que não vai tolerar o tipo de fraude do ano passado. A Frelimo conta com um candidato relativamente jovem, o partido PODEMOS apoia o independente Venâncio Mondlane, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) está esperançoso e a Renamo não pretende permanecer na oposição para sempre.
Essa é a disputa quádrupla pelo cargo mais alto enquanto Moçambique caminha para eleições presidenciais e legislativas de 9 de Outubro. As eleições locais do ano passado foram repletas de controvérsias e fraudes eleitorais, levadas aos tribunais.
Este ano houve receios adicionais de que a Renamo, que só foi reintegrada à sociedade sob o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). No entanto, o seu líder, Ossufo Momade optou por permanecer na corrente dominante. Ele concorre contra o candidato independente Venâncio Mondlane, Lutero Simango do MDM e Daniel Chapo da Frelimo de 47 anos de idade, que nasceu dois anos após a independência de Portugal.
Momade diz que desta vez a oposição não vai tolerar fraude eleitoral
“Quando vamos às eleições, eles (Frelimo) provocam fraudes, e desta vez (2024), se provocarem fraudes, se não concordarem comigo, terão de concordar com a população moçambicana. Não vou aceitar fraudes, porque não nascemos para fazer oposição, também queremos governar", disse num comício em Cabo Delgado no início deste mês.
Cabo Delgado é uma província volátil, rica em gás e a parte mais subdesenvolvida do país. Relatos em Moçambique dizem que o Presidente Filipe Nyusi e Ossufo Momade realizaram uma série de reuniões este mês, nas quais houve a garantia de eleições livres e justas. Chapo, ex-governador da província de Inhambane, está aproveitando a história revolucionária do partido.
Depois de vencer as internas, ele foi acompanhado pelo Presidente Filipe Nyusi por toda a região, onde se encontrou com chefes de Estado que têm laços estreitos com Maputo. Em junho e julho, a dupla Chapo-Nyusi se encontrou com o presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, Paul Kagame do Ruanda e João Lourenço de Angola, o líder do único país de língua portuguesa no sul da África.
Há cerca de uma semana, agora sozinho no comando da sua campanha, Chapo fez uma visita de cortesia ao presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em Pretória. Chapo considerou a reunião proveitosa e "alinhada com o projecto de levar Moçambique adiante".
Chapo também está trazendo grandes nomes do cenário nacional A ex-primeira-dama de Moçambique e também da África do Sul, Graça Machel, apoiou a candidatura de Chapo. Numa mensagem de vídeo partilhada em Moçambique, Graça Machel disse: "Camarada Chapo, és o meu candidato. És o candidato de toda a família Machel, não só por seres o candidato do Partido Frelimo, mas sobretudo, porque nos identificamos com a forma como estás a renovar o contrato com o povo."
Graça foi esposa de Samora Machel, o presidente fundador de Moçambique. Ele morreu num acidente aéreo em Mbuzini, na África do Sul, em 19 de Outubro de 1986. O filho de Samora Machel, também conhecido por Samora Machel Júnior "Samito", também expressou o seu apoio a Chapo.
Há cerca de duas semanas, Chapo levou a sua campanha para Malehice, distrito de Limpopo, na província de Gaza. É a área de residência do ex-presidente Joaquim Chissano. Chissano compareceu ao comício e pediu ao povo que "votasse no Chapo e o apoiasse porque ser presidente não é fácil".
Venâncio Mondlane, um dos candidatos presidenciais aposta em acabar com a corrupção e negociar melhores acordos com investidores internacionais. Durante um comício em Angónia, na parte norte da província de Tete, Mondlane disse: "Esta tentativa de vender Moçambique acabou, e estou aqui para dizer àqueles que desejam vender o país."
Ele acrescentou que o conflito em Cabo Delgado se deve à falha do governo em resolver as queixas locais e garantir contratos comerciais sólidos. O MDM, uma dissidência da Renamo, era amplamente visto como o segundo maior partido político antes da chegada da Renamo à política civil'.
Durante uma série de comícios em Malema e Ribaué, na província de Nampula, Lutero Simango disse que, se fosse eleito, o seu partido colocaria a criação de empregos no centro de seu governo. Todos os candidatos culpam os 49 anos da governação da FRELIMO pelos problemas do país.
Em 2022, o país foi atormentado pelo escândalo dos títulos do atum que levou o ex-ministro das finanças Manuel Chang a ser extraditado da África do Sul para os Estados Unidos da América para enfrentar acusações de corrupção.
Segundo estatísticas oficiais, mais de 17 milhões de eleitores foram registados para votar, incluindo 333.839 na diáspora. (News24)