A ladroagem dos 2.2 mil milhões de dólares ainda nāo conheceu desfecho na tenda da BO, mas o que vai acontecendo cá fora… é de bradar os céus. Todos vimos e ouvimos em directo o que aconteceu na “tenda das revelações”, os interrogatórios, os embaraços, prisões e tudo o que não se pode desejar a alguém. Vimos e temos estado a ver. Mas parece que nada nos amedrontou; nada nos chamou à consciência. Como parece que não nos amedronta o julgamento que está a decorrer na Ka-Tembe, em que se julga a ladroagem de 113 milhões de meticais dos pobres mineiros, com o envolvimento da ex-ministra Helena Taipo. Talvez porque este julgamento nos mandindindis está propositadamente a decorrer às escondidas! Não nos assusta nada! Continuamos a ladroagem! Continuamos o assalto à coisa pública! Continuamos a gatunagem, o esbulho, o abocanhamento!... Eixxxxiiiiiii!
Tu cá, tu lá, somos brindados com notícias de ladroagem de todo o tamanho!
Sentados nas nossas pobres poltronas, é-nos dito que 16 milhões de meticais do Estado são entregues a uma empresa de construção civil de um reputado deputado sem concurso público, para o “acondicionamento” de uma casa da sua ex-chefe! Que descaramento! Sem concurso! Acondicionamento! Que quer dizer “acondicionamento”?
Sentados nas nossas pobres salas, salas “não acondicionadas”, é-nos dito que 270 milhões de meticais (leu bem, compatriota, 270 milhões de meticais) estão a ser entregues a Manuel Chang em aquisição de um edifício para a justiça… sem concurso público! Eixxxiii… sem concurso! E quem faz isso? É quem justamente devia contribuir grandemente para se evitar
que estes assaltos macabros acontecessem!
Sentados nas nossas casas “não acondicionados”, ė-nos dado a saber que 301 milhões de dólares americanos com que a Comunidade Internacional tentou ajudar o Povo Moçambicano a fazer face à pandemia da COVID-19 foram usados de qualquer maneira.
Foram esbulhados, assaltados, ladroados, gatunados, avacalhados, abocanhados… Muito desse dinheiro foi entregue a empresas para despesas não elegíveis para aqueles fundos; muito desse dinheiro foi entregue a empresas sem concurso público! Sem concurso público.
Muito desse dinheiro foi entregue sem a obrigatória prėvia fiscalização do Tribunal Administrativo, ou depois sem a também obrigatória fiscalização sucessiva, post factum!
Outrossim, pagamentos indevidos foram feitos; e, para apimentar, muito desse dinheiro foi usado para pagamentos sem justificativos! Sem justificativos. E quem fez isto? Entidades governamentais.
Justamente aquelas que deviam zelar para o bem uso da coisa pública! E, note-se, tratava-se de dinheiro que outros povos, em solidariedade para com o povo moçambicano, desembolsou para que não sucumbissemos da COVID-19! É com esse dinheiro que nos banqueteamos! Nos locupletamos!… Só dá vontade de chorar, tirar lágrimas mesmo!… Algo prescrito na lei, é obrigação, foi bem pontapeado justamente por quem tem a obrigação de promover o bom uso dos fundos públicos. Pegamos nos 301 milhões de dólares… tal como quando o camião gigante tomba no meio da estrada nacional número um!... assaltamo-los!
E a nossa ladroagem não conhece interesse nacional. Na Defesa, há também regabofe. Sete mil militares fantasmas! 7000! Continhas rápidas, simuladas: se um militar tem um salário base de seis mil meticais; multiplicando 7000 por 6000, teremos 42 milhões de meticais por mês. E se multiplicarmos os 42 milhões de meticais por 12 meses, teremos 504 milhões de meticais que vão para bolsos de ladroes. São abocanhados, assaltados, esbulhados, roubados! Quem são esses sete mil militares? Como é/foi possível tal acontecer? Como é que podemos vencer o terrorismo com este tipo de falcatruas? Afinal, a nossa Defesa e todas as suas hierarquias não se devia concentrar na guerra contra o terrorismo, gerindo o mais eficazmente possível os recursos que se diz parcos de que dispomos? Triste. Assim, não construímos país nenhum!
Os exemplos de tanta ladroagem junta são imensos e… incríveis! Mas… o último que não arrepia menos é o reportado da INAE - Inspecção Nacional das Actividades Económicas, instituição zeladora do cumprimento da lei nas actividades económicas!... Um diretor, veja-se só, o director, não técnico, tentou ladroar dois milhões de meticais a um comerciante alegadamente em situação irregular. No lugar de esse valor reverter a favor do Estado… lá tentava ele, o director, não o técnico, que o valor fosse para seu bolso!
Compatriotas, vamos para onde com isto tudo?
ME Mabunda