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terça-feira, 18 agosto 2020 06:35

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Há 2500 anos Hipócrates disse: “Que o teu alimento seja o teu medicamento”. A OMS define a Saúde como “situação de perfeito bem-estar físico, mental e social”, e doença o inverso, ou seja, “perturbação do bem-estar físico, mental e social”.

 


Os Livros Sagrados dizem: “não há doenças para as quais a natureza não tenha solução”. 75% das doenças têm a ver com:


• Degradação do ambiente e acesso ao saneamento (água e esgotos);
• Higienização, alimentação, nutrição são os factores que influenciam o gráfico da saúde/doença;


Esta reflexão visa contribuir para uma nova abordagem. Temos o defeito histórico de desvalorizar o conhecimento indígena, aceitando todas “recomendações” provenientes de influenciadores cujos resultados nestas e outras matérias têm sido catastróficos.


De forma geral, na vida “nem tudo que brilha é ouro” e cada vez mais na ciência moderna. A competição egocentrista de países, aliados, instituições e, principalmente, das multinacionais produtoras de alimentos e fármacos tem levado o mundo a caminhos contrários. Na década de 70, a reputada Diet Standard American-SAD dos USA proibia o consumo de carnes, ovos, laticínios e óleo de coco, entre outros. Todavia, recomendava o maior consumo de hidratos de carbono, açucares, grão pobres como o milho, óleos vegetais, através da célebre dieta “HCLF” da autoria de Ancel Keys.


Um estudo da National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), realizado de 1965 a 2000, revela que a sociedade americana teve um aumento substancial das doenças “gémeas” Diabetes tipo 2 e Obesidade, consequente da obediência às instruções da “US Dietary Guidelines” que define as linhas orientadoras oficiais do governo US todos os cinco anos.   


Hoje, a comunidade científica acusa Ancel Keys de ter estado ao “serviço” da poderosa indústria alimentar, sugerindo uma dieta que envenenou a população mundial.


De acordo com as estatísticas da OMS, pela primeira vez na história da humanidade desde o ano 2000 há uma inversão na longevidade.


Esta pandemia (COVID-19) veio provar que os moçambicanos e os africanos no geral têm capital natural. A fim de capitalizar, temos de REVERTER alguns “princípios” usados até à data que norteiam a política da saúde. Preservação da Saúde através da Educação, ao invés do foco no tratamento fármaco químico.


Se considerarmos que:


• A maior dificuldade na preservação da saúde é a falta de EDUCAÇÃO.
• A maior parte, senão todos os vírus, bactérias, fungos, parasitas foram importados.
• A maior parte dos países “exportadores” das causas dessas doenças quase erradicaram-nas através da educação dos seus cidadãos.
• A maior parte das constipações e gripes este ano reduziram em aproximadamente 90% devido à eficiente comunicação e educação como prevenção da COVID-19;
• A maior parte do confinamento, com restrições noturnas, proporcionou maior convívio familiar, mais qualidade nutricional e maior repouso;       
• A maior acção de quem governa é estimular a imunidade, o valor superlativo na preservação da saúde;
• A  maior virtude nesta batalha é o respeito pelo meio ambiente, o investimento que os governos e os cidadãos no mundo devem fazer, com resultados imediatos na saúde; 


Acções imediatas:


• Orientar as políticas para a PREVENÇÃO EDUCANDO ao invés do tratamento farmacológico químico, que cria um círculo vicioso de empobrecimento;
• Fazer um guião do que não se deve fazer, cuja lista é menor do que se deve fazer: por exemplo: regulamentar a quantidade de sal no pão, consumo de açúcar e óleos alimentares ; 
• Fazer um guião nutricional pragmático, respeitando o poder de compra, a cultura, disponibilidade dos alimentos, a culinária e a gastrotécnia ;
• Quebrar o círculo ilusório de alguns investimentos (refrigerantes e outros produtos açucarados, tabaco, bebidas alcoólicas, salgados, plásticos poluentes, etc.) cujas contribuições fiscais são irrisórias comparativamente com os danos imensuráveis na saúde pública;
• Cobrar uma sobretaxa de acordo com nível percentual de açúcar, álcool, sal, nicotina, chumbo, etc., contido nos produtos, bem como proibir publicidade, patrocínios de (ir)responsabilidade social para desencorajar o consumo;
• Aproveitar programas como o Sustenta para redirecionar a produção agrícola e agroindustrial, para uma produção e consumo moderno e sustentável, como por exemplo produtos orgânicos;
• Proibir a exploração (destruição) florestal para exportação, um dos maiores crimes ambientais pós-independência. Como se explica que se abatam e vendam milhões de arvores que levaram entre 70 a 100 anos para crescer por aproximadamente 250,00 USD cada. Quantas gerações ficam sem esse recurso?
• Potenciar através da educação e cadeia de valor a extracção de riqueza da floresta, como por exemplo apicultura e os seus múltiplos derivados, chá medicinais e nutritivos, cascas e seivas milagrosas, peças industriais minúsculas de madeiras semipreciosas e preciosas para exportação, cujo rendimento de 1 metro cúbico supera o valor de 25 metros cúbicos  de toros “vendidos” também para exportação.
Com estas propostas, o governo poderá reduzir os gastos no actual sistema de saúde, oferecendo aos jovens maiores capacidades cognitivas, redução de doenças crônicas (morbidade), reduzindo o absentismo, com perdas imensuráveis na economia das famílias e país. Por outro lado, maior produção, produtividade e riqueza real.
Não sendo uma solução mágica, pode ser uma via para reduzir a nossa dependência, possibilitando-nos maior proximidade à nossa cultura e tradições.

GOVERNO que não preserva a Saúde e vida dos seus cidadãos, não governa!
“Quem não sabe de onde vem, não saberá por onde ir” .
A luta Continua,
Amade Camal

Fontes e referências:
OMS e-Library of Evidence for Nutrition Action (eLENA) 
Comer Bem de Dra. Alexandra Bento
Vida, Saúde e Tempo de Dr. Manuel Pinto Coelho
Etnobotânica da Aldeia de Canhane de Dra. Telma Faria
https://health.gov/dietaryguidelines/

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