Director: Marcelo Mosse

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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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A Ethiopian Mozambique Airlines (EMA) arrancou suas operações no país com dois aparelhos Bombardiers Q400 New Generation, de 70 lugares, matriculados em seu nome, mas sua estrutura logística é toda da Ethiopian Airlines, que opera com o código de vendas ET 071. No Aeroporto de Mavalane, a venda de bilhetes é feita nos balcões da Ethiopian. Todo o pessoal comercial é da empresa de bandeira da Etiópia. Gestores e pilotos começaram a trabalhar alegadamente sem visto laboral.  E o código de vendas coincide com o da ET. A EMA (uma empresa direito moçambicano, parceria entre a Ethiopian Airlines Group, com 99%, e a Malawian Airlines, com1%) opera em Moçambique com suporte total da companhia de bandeira doutro país, levando a que especialistas do sector considerem que este é um caso único em África de alegada cabotagem (situação em que uma operadora estrangeira entra noutro país para fazer transporte aéreo em rotas domésticas).

 

Cabotagem?

 

“Não, a EMA é uma empresa de direito moçambicano”, afirma perentoriamente o Comandante João Abreu, Presidente do Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM), órgão regulador do sector. Abreu rechaça quaisquer alegações sobre um eventual relaxamento do Estado para permitir a entrada da Ethiopian em Moçambique, numa situação que pode levar a falência ou regeneração das Linhas Áreas de Moçambique (sociedade anónima entre o Estado moçambicano, com 80 %, e a Vintelam, o grupo de trabalhadores da companhia, com 20%).

 

O processo de certificação da EMA, diz Abreu, levou 9 meses, tendo seguido os passos exigidos para que a empresa satisfizesse todos os requisitos da legislação nacional. Em 2011, através do Decreto 39/2011, de 2 de Setembro, o Governo liberalizou o espaço aéreo para que empresas estrangeiras viessem cá disputar o exíguo mercado doméstico de pouco mais de 700 mil passageiros por ano. Para além da LAM e da Mex (uma subsidiária da primeira) já estava a voar no eixo dorsal das rotas domésticas (Maputo-Beira-Nampula-Pemba) a Fastjet, operada pela Solenta, também uma empresa de capitais estrangeiros. A certificação de um operador aéreo envolve um check list que contém critérios de legalidade, de idoneidade financeira, de estudo de mercado, de operações, manutenção e segurança. Isso tudo foi verificado minuciosamente, diz Abreu.

 

Na quinta feira passada, a EMA fez um voo inaugural para Beira. E no sábado arrancou seu serviço regular com voos para Beira, Nampula, Pemba. Sua frota ainda é limitada a dois aviões e a base das suas operações será mesmo Maputo, e não Nacala, como foi ruidosamente ventilado pelo PCA dos Aeroportos de Moçambique, Emanuel Chaves, há dois meses atrás. Ontem, Chaves disse à “Carta” que  a Ethiopian desistiu de montar sua base operacional em Nacala pois não obteve uma coisa que procurava: facilidades fiscais inerentes à Zona Económica Especial. Para beneficiar dessas facilidades, a EMA tinha de estar baseada em Nacala e manter fortes ligações empresariais com a economia local. Mas ela está essencialmente voando longe dos ares do “elefante branco” da cidade portuária. 

 

O início das operações da EMA no sábado foi interessante. O balcão da Ethiopian, onde a EMA vende as passagens sob o código ET estava apinhado. É o único ponto de vendas em Maputo. Ontem, no mesmo balcão, o serviço da EMA estava um caos. Parecia uma típica empresa moçambicana. “Não há sistema”, diziam os funcionários. Ninguém soube explicar a razão da falha do sistema informático. No balcão estavam apenas dois funcionários, manipulando um único computador. Esse balcão da Ethiopian localiza-se no Terminal 2, para voos internacionais. Os passageiros para voos domésticos têm de se deslocar para esse terminal, adquirir a passagem e regressar para embarcar na doméstica. Um mal menor. O preço da EMA compensa, como vamos ver. Pelo menos bate os da LAM. 

 

Por isso, a vinda da EMA está a ser aclamada por uma boa parte dos consumidores, que querem eficiência e melhores preços. E também algumas compras locais. Há coisas garantidas. “Carta” apurou que o catering da EMA vai ser fornecido pela SMS (LAM e Aeroportos controlam a empresa em partes iguais), o que é uma boa perspetiva para a empresa, que nos últimos anos viu sua capacidade de produção cair drasticamente. Uma das razões desse descalabro eram as dívidas da LAM. Garantida também está uma maior competição nas tarifas. Ontem, era praticamente substancial a diferença entre a EMA e a LAM, em termos de tarifas. “Carta” fez reservas para Maputo/Nampula/Maputo e Maputo/Tete/Maputo, para 5 dias. 

 

Na LAM, a primeira estava a 21.380,00 Mts e na EMA a 19.207, 00 Mts. No segundo caso, a LAM estava a cobrar 28.808,00 Mts e a EMA 17.842, 00 Mts. Um funcionário da EMA disse à “Carta” que a perspetiva é venderem passagens à metade dos preços da LAM. A operação com o código de vendas ET implica que todos os pagamentos feitos eletronicamente sejam diretamente canalizados para as contas da empresa-mãe, em Addis-Abeba, ficando pouco na banca local. Um dado notável é que os preços da EMA estão indexados ao USD. Ou seja, toda a reserva é calculada em USD embora seja paga em Mts. O efeito da entrada da EMA no bolso do consumidor vai ser imediato e, pelo menos ao nível das tarifas, um enorme desafio para a LAM. A EMA já bate a LAM no preço. Mas ainda não na eficiência.

 

As duas companhias vão lutar aguerridamente para controlar maior porção do osso do eixo dorsal. É provável que o espaçamento dos seus voos no “time slot” venha a ser mínimo. Para já, não há margens estabelecidas acima do mínimo dos 2 minutos que o Aeroporto de Mavalane estipula para partidas e chegada de aeronaves. Em tudo o resto, de acordo com Emanuel Chaves, as duas companhias podem competir.  O terminal doméstico tem 14 balcões de “check in” e 4 portas de embarque. “Check in” e embarque podem acontecer ao mesmo tempo. Isso depende da capacidade de “handling” que, no caso de Maputo, existe. Problemas identificados anteriormente como, por exemplo, a diminuta sala de embarque em Nampula e a falta de escadas na Beira estão, para Chaves, ultrapassados. Ele lembra que o aeroporto de Nampula tem um restaurante no primeiro andar (que pode servir de sala de espera) e que, no caso das escadas, os Bombardiers da EMA vêm com elas incorporadas. Na semana passada, e antecipando a entrada da EMA no mercado, o DG da LAM, João Pó Jorge, veio dar perspetivas animadoras para a companhia, as quais passavam por uma substancial redução de custos, e eventualmente uma injeção de fundos do maior acionista, o Estado. Até que ponto o Estado está interessado numa LAM competitiva, essa é ainda uma incógnita.

 

Apanhado no fogo por causa do seu papel de regulador, João Abreu garante que não houve e nem está a haver qualquer favorecimento das autoridades à Ethiopian. Para Abreu, a EMA vender bilhetes no balcão da Ethiopian não é um grande drama.  “É apenas um arranjo comercial”. E o uso pela EMA do código de vendas ET é “pacífico”.  A Mex também usa o código TM, da LAM, rebate ele. Abreu não gosta de ouvir a ideia de que a EMA é apenas um ardil de nome usado pela Ethiopian para dominar os céus de Moçambique, fazendo jus à sua visão estratégica 2025: dominar os céus de África. Moçambique seria um passo nessa direção, a seguir ao Togo e ao Malawi. A diferença é que nestes dois países, a Ethiopian entrou nas estruturas acionistas das empresas locais de bandeira, para robustecê-las.

 

No caso de Moçambique, ela aparece como o principal suporte de um projeto de “capitais privados estrangeiros” local em direta competição com a principal linha aérea do país.  Abreu diz que a competição é saudável e que, da sua parte, ele não fez mais do que aplicar a legislação. E destaca o facto de que a EMA vai trazer mais do que transporte: manutenção, fabricação de peças e formação.  Seja como for, perante um concorrente robusto, o futuro da LAM está com os gestores da empresa. Mas parece fundamental o Governo clarificar o que quer fazer dela: deixá-la sucumbir ou recuperá-la para se alavancar no boom do gás do Rovuma.

 

(Marcelo Mosse, com Marta Afonso)

 A intenção de Elias Dhlakama, irmão do falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de concorrer à presidência do maior partido da oposição caiu por terra ontem no último dia do seu Conselho Nacional, na serra da Gorongosa, em Sofala. O Conselho, que marcou a data do Congresso da “perdiz” para 15 de Janeiro, aprovou uma directiva eleitoral que praticamente afasta Elias Dhlakama da corrida. Os novos critérios de elegibilidade dos candidatos a Presidente da Renamo estabelecem duas condições prévias: o candidato deve ter passado por cargos de direção anteriores, nomeadamente ter sido Secretário Geral ou Delegado Político Provincial. Elias Dhlakama não foi nem uma nem outra coisa. Ontem, quando a directiva estava a ser discutida nos seus pontos cruciais, Elias tentou usar da palavra mas foi, alegadamente, impedido. Ele não é membro do Conselho Nacional, tendo participado no evento como convidado.

 

O afastamento precoce de Elias Dhlakama, que era acusado de querer transformar a Renamo num “regulado”, abre portas para uma ascenção suave de Ossufo Momade à Presidência. Momade já foi as duas coisas. Outro putativo candidato, que reúne uma das condições agora impostas, é o actual Secretário Geral, Manuel Bissopo, de quem se diz ter aderido à corrente liderada por Ossufo, numa cedência de que se desconhece o “quid pro quo”. Essa corrente é apoiada pelo generalato acantonado na serra. Aliás, os novos critérios que excluem Elias Dhlakama, uma alta patente do exército governamental (na reserva e não na reforma, estando, portanto, ainda coberto pelos impedimentos legais decorrentes sua condição de reservista, um dos quais é o impedimento de participar em actividade política), foram estabelecidos dias antes do início do Conselho, de acordo com fontes internas da Renamo

 

Foi numa reunião dos generais da Renamo na véspera do Conselho. Entre os presentes nessa reunião, estavam dois generais que são  alegadamente anteriores à Afonso Dhlakama na Renamo, uma vez que terão entrado nos tempos de André Mantsagaísse, o primeiro líder do antigo movimento rebelde. Os dois generais, cuja voz é orienta as decisões do braço armado da Renamo, terão argumentado contra a candidatura de Elias, que tem como único elemento de apelação o facto de ser irmão de Afonso. Analistas em Maputo crêem que a intenção de Elias Dhlakama foi tomada com o fundamento no laço de sangue com Afonso Dhlakama e, a partir daí, no pressuposto de que seria útil para a Renamo a capitalização do nome Dhlakama, devido à sua ampla inserção no eleitorado. Mas o argumento foi chumbado. Um sobrinho de André Mantsagaíssa teria argumentado amiúde que, se a relação de parentesco com um anterior líder fosse para ser considerada neste processo, então ele também podia candidatar-se.

 

Os dois controversos critérios foram acolhidos por unanimidade no Conselho. A imposição dos generais parece decorrer da percepção segundo a qual, Elias Dhlakama, para além do nome, não tem o perfil desejado para quem deve liderar o partido: uma pessoa de fortes convicções e que sabe ouvir e tambėm usar a linguagem belicista de Afonso Dhlakama. Desde Maio na serra, Ossufo Momade conseguiu fazer desvanecer o manto de suspeita até então existente entre ele e o generalato. Agora, tudo indica que Momade vai ser o candidato único quando o Congresso se reunir dentro de 45 dias. A Renamo parece pretender começar o ano já com um Presidente, para vincar, logo desde o inicio de um ano com eleições presidenciais, a ideia de que o partido já tem um líder. (Carta)

 

PS: Duas fontes da Renamo acabam de informar-nos que houve um entendimento de última hora e que ED vai concorrer. Estes dados carecem de confirmação.

Samito Machel acaba de descartar completamente uma intenção de concorrer, como independente, às eleições presidenciais de 2019, pondo fim a rumores que circulam nas redes sociais apontando nesse sentido. Em Lisboa, onde participou numa homenagem ao pai organizada pela Câmara de Comércio Moçambique-Portugal, no ISCTE, Samora Júnior disse: “O meu projeto era para 2018. Não foi possível realizá-lo e neste momento estou a olhar para outras oportunidades. (...) . Não tenho planos”. A entrevista foi concedida à Radio DW, da Alemanha.

Em Agosto, quando a Frelimo indicou Eneas Comiche para seu cabeça de lista nas recentes eleições autárquicas em Maputo, Samora Júnior ainda tentou uma chance fora do partido, nomeadamente através de uma associação cívica de nome AJUDEM. O ato foi visto como uma desobediência à Frelimo. Apesar de os estatutos do partido não impedirem a participação cívica de seus militantes noutras organizações cívicas, Samora Machel manifestou a intenção de lutar por um lugar de poder contra o candidato da Frelimo. Em reação, surgiram correntes de dentro do partido a sugerir a expulsão do filho de Samora das suas hostes.

Em Lisboa, nessa entrevista para a DW, Samora Júnior clarificou: Eu continuo na atividade política, como já estava antes das eleições de 2018. Como sabe, sou membro do partido FRELIMO, sou membro do Comité Central – órgão máximo do partido – e é lá onde eu pratico a atividade política. Portanto, em nenhum momento virei as costas. A FRELIMO é o meu partido. Simplesmente não concordei com a maneira como o meu nome foi afastado da lista dos pré-candidatos à cabeça de lista por parte do partido. Não tive explicações porquê que isso aconteceu e eu achei que não devia virar as costas aos meus apoiantes que muito deram para que o meu processo fosse em frente. E a convite da AJUDEM, eu decidi concorrer pela sociedade civil”.

Sua exclusão do processo eleitoral, através de uma decisão ilegal da CNE, chancelada pelo Conselho Constitucional, foi um dos momentos mais negros do pleito de Outubro. Sobre os órgãos de gestão e justiça eleitoral, Samora Machel foi taxativo: Eu acho que houve ali uma mão obscura que não permitiu que eu concorresse. Houve algumas artimanhas dos órgãos que tutelam o processo eleitoral”.  Olhando para dentro do partido, Samora Júnior diz que a Frelimo “é um movimento dinâmico e acredito que os militantes vão operar as mudanças necessárias para que o partido se torne mais aceitável junto do eleitorado, para que novas ideias possam ser aceites também internamente e permitam mais dinamismo e mais participação dos militantes”. Esta entrevista foi dada à DW no intervalo da homenagem em Lisboa. Samora Júnior concedeu também uma entrevista de estúdio à RDP África, a qual será difundida na tarde de segunda feira. A versão em texto dessa entrevista será publicada na “Carta de Moçambique”. (Carta)

A sul africana Tongaat Hullet inaugurou ontem em Xinavane uma nova refinaria de açúcar branco, representando um investimento de cerca de dois mil milhões de Meticais. A capacidade atual de refinação de açúcar branco em Moçambique é de cerca de 20 000 toneladas/ano, mas estima-se que o consumo do mercado nacional seja de 70 000 toneladas/ano. A maioria das necessidades de açúcar refinado de Moçambique é importada. A capacidade de produção desta refinaria, cuja construção foi concluída em Outubro de 2018 é de 90 mil toneladas por ano e será suficiente para atender à demanda local projetada para os próximos 7 a 10 anos.

A refinaria foi projetada pelo Grupo de Tecnologia da Tongaat Hulett (TG). A TG projeta e vende equipamentos de processamento de açúcar há mais de 30 anos e detém 11 patentes em 22 países, incluindo a tecnologia GREEN (Greatly Reduced Equipment Needs).  A construção da refinaria teve a duração de 18 meses e criou 605 postos de trabalho directos de curta duração, o que equivale a um total de 430 729 horas/homem. Os cidadãos moçambicanos ocuparam 436 dos 605 postos criados. A refinaria irá contar com 90 colaboradores permanentes na sua fase operacional.

 A conclusão da refinaria de açúcar, em Xinavane, reforça a posição da Tongaat Hullet como o principal investidor da indústria açucareira em Moçambique.  O açúcar refinado será do tipo industrial e terá a certificação de segurança alimentar FSSC 22000. O açúcar branco é necessário para produzir refrigerantes, laticínios, cerveja, doces e produtos de confeitaria. Prevê-se que o aumento da disponibilidade de açúcar branco contribua para o crescimento destas indústrias em Moçambique. A Refinaria de Xinavane, localizada a cerca de 150 quilómetros do porto de Maputo, está bem posicionada para exportar excedentes de açúcar branco para os mercados regionais africanos.(Carta)

A paridade entre o Metical e o USD, atualmente negociado a uma média de 61.5, deverá continuar oscilando nesses patamares por vários meses antes de cair de volta para o nível de 60. A estabilização deverá acontecer no próximo ano, quando forem tomadas as decisões finais de investimento nas áreas 1 e 4 da Bacia do Rovuma. Estes dados constam da mais recente análise do Standard Bank Research Group cobrindo alguns países africanos. A secção de Moçambique e Angola foi elaborada pelo economista chefe do banco em Moçambique, Fáusio Mussá. De acordo com a análise, qualquer atraso nas decisões de investimento final terá um potencial para aumentar a pressão sobre a balança de pagamentos.

De acordo com a análise, “o Metical permanece apoiado por um câmbio bruto relativamente estável e reservas de perto de 3.1 bilhões de USD, o que representa 6,8 meses de cobertura de

A CTA está insatisfeita com o ritmo de pagamento das dívidas do Estado para com vários fornecedores do sector privado. O Diretor Executivo da CTA, Eduardo Sengo, disse à “Carta” que o processo de validação e pagamento das dívidas está a ser feito de forma morosa e "sinuosa". "A validação e pagamento está a ser feita a uma empresa  de cada vez cada vez e com muitas discussões e retórica. Como consequência recebemos todos os dias empresas que se queixam do processo e pedem a nossa intervenção. Mas a CTA não intervém na negociação direta das empresas, mas sim por todas as empresas", disse Sengo.

De entre os vários requisitos que tornam o processo de validação e pagamento da dívida moroso, Eduardo Sengo apontou a certificação da existência de faturas, notas de entrega e autos de medição, verificação física do fornecimento dos bens e comprovação efetiva da prestação do serviço, devendo a verificação física ser compulsória para os processos sem o visto prévio do Tribunal Administrativo, bem como a certificação da razoabilidade de preços. A CTA não sabe quantas empresas já receberam, mas sabe que, a nível central, há 577 empresas que estão na fila de espera. (E.C.)

Abdul Carimo Essau, o Presidente da Comissão Nacional de Eleições, disse ontem uma mentira de todo o tamanho sobre a eleição de Marromeu na passada quinta feira: que a contagem dos votos nas mesas começou imediatamente após o fecho das urnas. Quem esteve atento à cobertura televisiva na noite de 22 de Novembro viu coisas sinistras. As mesas de Assembleia de Voto estavam vazias e a contagem só começou efetivamente depois das 20 horas. Até lá, os membros das mesas haviam sumido, alegando que foram comer.

Ninguém realmente sabe o que aconteceu com as urnas naquele intervalo de tempo. Mas Carimo tentou ontem passar uma esponja sob essa nódoa intensa das eleições de Marromeu onde, de acordo com os resultados divulgados pela CNE, a Frelimo e a Renamo saíram empatadas: a nova Assembleia Municipal será composta por oito membros da Frelimo, oito da Renamo e um do MDM. Por outras palavras, a Frelimo não poderá passar nada através da Assembleia sem o consentimento de pelo menos um único membro do MDM.

Os resultados divulgados oficiais deram vitória à Frelimo, com 8 395 votos correspondente a 45,78%, contra 8349 votos equivalentes a 45,53% da Renamo, e 1594 votos similares a 8,69% do MDM. Ou seja, uma diferença de 0.25%, num total de 46 votos que separa a Frelimo e a Renamo. Abdul Carimo disse que as eleições decorreram num ambiente “pacífico e ordeiro”. “As eleições de Marromeu realizaram-se dentro do ambiente previsto e as situações que ocorreram foram de pouca expressão, até porque não recebemos nenhuma reclamação nas mesas por parte dos delegados dos partidos e nem dos observadores”, disse Carimo.

Este facto foi desmentido por sete vogais da CNE e pelo dois mandatários dos partidos concorrentes, nomeadamente, a Renamo e o MDM. André Magibiri, mandatário da Renamo, disse que a CNE devia ter vergonha do que estava a fazer, porque mentiu. “O que acabamos de assistir nesta sala, chama-se centralização nacional e apuramento geral do roubo de votos que aconteceu no município de Marromeu. Não tem outro nome. O próprio Presidente da CNE mentiu perante todos nós. Ele afirmou que o apuramento iniciou logo após o encerramento das mesas. Isto não é verdade. Eu estava em Marromeu, onde pura e simplesmente os membros das mesas ficaram sentados, em vez de fazerem a contagem dos votos (…). Não podemos estar aqui a mentir ao público”, reiterou Magibiri.

Por sua vez José de Sousa, mandatário do MDM, lamentou a atitude do Presidente da CNE, chamando de “lastimável mentira e pura vergonha”. Para Sousa, Abdul Carimo devia ter evitado, proferir incongruentes mentiras. Numa reacção à “novela eleitoral” em Marromeu, Fernando Mazanga, vogal da CNE pela Renamo, disse que estranhava o que acabava de acontecer naquele momento. Mazanga informou que o Presidente da CNE, durante a última reunião plenária daquele órgão, na terça-feira, apresentou uma proposta de recontagem dos votos, mas curiosamente na hora de votar absteve-se.

Mazanga referiu que, durante a reunião, sete vogais votaram a favor da proposta de recontagem feita pelo Presidente da CNE, rejeitando uma proposta alternativa que apontava para a validação dos resultados. Ele revelou que houve alguma coação contra certos certos provenientes da sociedade civil que foram forçados a votar pela validação dos resultados. Questionado por “Carta” sobre o tipo de coação, Mazanga não detalhou a natureza da intimidação.

Na plenária de terça feira, alguns vogais apresentaram uma contestação contra a validação do apuramento central, manifestando também sua indignação com a postura de Carimo. Entre os nomes que subscreveram a contestacao constam os de Meque Brás, Fernando Mazanga, Latino Ligonha, Celestino Xavier, Barnabé Ncomo, Apolinário João e José Belmiro, indicados pela Renamo e pelo MDM. O jornalista Salomão Moyana, que entrou na CNE pela mao de Afonso Dhlakama, não tomou posição.

Alcido Nguenha, representante da Frelimo, felicitou a CNE e o STAE pelo “excelente trabalho” em Marromeu. No entender de Nguenha, as eleições foram livres, justas e transparentes. No meio de acusações, lamentações e felicitações dos partidos políticos, os resultados das eleições de Marromeu foram ontem encaminhadas para o Conselho Constitucional (CC). 

Entretanto, o Tribunal Distrital de Marromeu indeferiu o pedido da Renamo de impugnação dos resultados, alegadamente por não ter sido feito previamente. Magibiri diz que isso não constitui  verdade. Diz que tem provas concretas de que os resultados de 22 de Novembro foram produzidos no gabinete. Segundo ele, os representantes dos partidos políticos não tiveram as atas das mesas porque alegadamente os presidentes das oito mesas fugiram antes do término da contagem, o que levou a Renamo a abrir um processo-crime no Comando Distrital da Policia de Marromeu. (Omardine Omar)                 

sexta-feira, 30 novembro 2018 03:08

Celso Correia exulta com combate a caça furtiva

O cerco contra a caça furtiva no país está apertando. Esta a mensagem que o Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, transmitiu ontem em Maputo na Reunião Anual das Áreas de Conservação. Correia afirmou que, nos últimos nove meses, o nível da caça furtiva decresceu e aponta a Reserva do Niassa como a que apresenta o índice mais alto dessa redução, na ordem dos 73%, como resultado do destacamento de uma unidade especializada das forças especiais para compor o comando conjunto “que inclui fiscais do estado e dos concessionários privados”, afirmou.

Nos últimos quatro anos, 1513 indivíduos foram detidos, indiciados de caça ilegal, e foram apreendidas 497 armas de fogo. Nesse período, foram também destruídos 348 acampamentos de caçadores furtivos em todo o país. Houve a desativação de 41.967 armadilhas e a apreensão de 5992 Kg de marfim. Os números  ilustram o trabalho desencadeado. Correia destacou particularmente a apreensão de um contentor com 3487 kg de marfim e 216 kg de cornos de rinoceronte no Porto de Maputo. O governante realça a formação do pessoal do sector envolvido no combate a caça furtiva. Disse que foram formados 609 fiscais entre líderes de patrulha, agentes de polícia de proteção dos recursos naturais e meio ambiente. (Carta)  

sexta-feira, 30 novembro 2018 03:00

Jovem engenheira de Nampula vence prémio da ONU

Uneiza Aly Issufo, natural e residente em Nampula, é um bom exemplo de que a persistência e entrega são o caminho para a glória. Aos 30 anos de idade, venceu o prémio Empretec Women in Business Awards 2018, conferido pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento do Comércio, entregue em Outubro passado em Genebra. Empreendedora e Engenheira de Construção Civil, Uneiza Issufo venceu o prémio por via da sua empresa Cons Moz Ltd. Uneiza nasceu numa família de empreendedores. A mãe em vida foi professora de português. O pai é um empreendedor nato na área de carpintaria e agricultura, tendo sido inclusive proprietário de uma fábrica de processamento de castanha de caju.

A paixão pelo empreendedorismo é como que uma herança, explicou Uneiza. Como mulher e engenheira, no início da sua carreira optou por abraçar pequenas obras (construção e conclusão de casas) mas viu várias portas se fecharem, primeiro por ser jovem e segundo por ser mulher, até que um dia uma porta se abriu tendo-lhe sido confiados alguns serviços dos quais hoje se orgulha. “Neste percurso, recebi muitos não mas fui persistente e corri atrás do sim. Arregacei as mangas e fui trabalhar”, sublinhou. Uneiza é a primeira moçambicana a ganhar o galardão. (M.A)

sexta-feira, 30 novembro 2018 03:00

Em Moçambique já houve mais elefantes que pessoas

Foram lançadas, esta quarta-feira, 28 de Novembro, em Maputo, duas obras literárias da autoria de Ricardo Barradas, nomeadamente “Ilha de Moçambique, estórias da sua história” e “Memória dos elefantes de Moçambique”, cuja edição contou com o apoio da Gapi-Sociedade de Investimentos. A primeira obra representa um contributo para as comemorações dos 200 anos de elevação da Ilha de Moçambique à categoria de cidade, enquanto a segunda faz alusão à forma como o comércio do marfim foi, para além do comércio do ouro e dos escravizados, um importante motor do desenvolvimento de Moçambique; o massacre de elefantes e respetiva violenta agressão ambiental, ocorrida no nosso País, especialmente nos séculos XVII e XVIII.

Ricardo Barradas contou que começou a escrever a “Memória dos Elefantes” há, sensivelmente, seis anos, quando começou a ter pretensões de ser escritor. “Apercebi-me que em Moçambique antes de se designar Moçambique, existiam milhões de elefantes. Os demógrafos têm capacidade de fazer retroprojeções e estão em acordo que Moçambique, no século XVI, tinha apenas um milhão de habitantes pelo que chegou a haver mais elefantes do que homens”, disse, acrescentando que motivou-lhe a ideia de que realmente o País esteve povoado de elefantes, que ainda por cima, foram alvos de uma carnificina.

Na ocasião, o escritor ofereceu 100 exemplares das suas obras à Gapi, destinadas às instituições de ensino superior: “Se o objectivo é que os jovens leiam estas obras, a Gapi tem condições para fazer a sua distribuição às universidades ao longo do País”, afirmou Ricardo Barradas. Ao proceder à apresentação dos livros, Álvaro Carmo Vaz, professor catedrático da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), considerou que no livro “Ilha de Moçambique, estórias da sua História”, o autor leva-nos a uma viagem fascinante ao longo de onze capítulos, iniciada com uma descrição da Ilha de Moçambique na época em que foi elevada à categoria de cidade.

“No segundo livro, Memória dos Elefantes de Moçambique, é mais breve do que no anterior, uma monografia, onde se percebe que confluem dois amores de Ricardo Barradas: a Ilha de Moçambique e a Natureza, esta corporizada nestes magníficos animais que vemos, horrorizados, à beira da extinção no nosso País, perante o que não sei se é impotência, complacência ou cumplicidade de demasiada gente”, observou Álvaro Carmo Vaz.  Por sua vez, o presidente da Comissão Executiva da Gapi, António Souto, referiu-se às razões que levaram a instituição que dirige a associar-se a este projecto literário, tendo realçado o facto de o escritor dedicar as suas obras aos jovens.

“As estórias, que Ricardo Barradas partilha, têm o fascínio de nos levar para o tempo em que, atravessando o Índico, donos de pangaios e caravelas iniciaram a globalização desta parte do continente africano, através do controlo da ilha que viria a ser a terra de Mussa Al-Mbique”, indicou António Souto, realçando a forma simples e de fácil leitura como as estórias são apresentadas, o que despertou o interesse da Gapi, na motivação cultural de uma geração que hoje se globaliza, através da web e de smartphones. Enquanto instituição financeira de desenvolvimento, a Gapi, conforme sublinhou, tem vindo a conduzir, há mais de dez anos, programas especificamente focados na juventude e na necessidade de se criar uma nova geração empresarial.

São programas que preparam jovens no âmbito da iniciativa empresarial privada e da descoberta de oportunidades de novos negócios. Importa realçar que Ricardo Barradas nasceu em Maputo, em 1948. Concluiu o curso de Medicina em 1975 e trabalhou nos hospitais centrais das cidades de Nampula, Beira e Maputo, durante 25 anos, primeiro como cirurgião geral e depois como cirurgião plástico. “Ilha de Moçambique, estórias da sua história” e “Memória dos elefantes de Moçambique” são os seus primeiros livros publicados.(Carta)