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terça-feira, 29 outubro 2019 05:53

Índia trava investimentos adicionais na Área 1 de gás natural de Moçambique

O Governo da Índia travou investimentos adicionais de uma das petrolíferas estatais que faz parte do consórcio da Área 1 de gás natural de Moçambique para poder averiguar o negócio, avançou ontem a agência de notícias indiana PTI.

 

"O Governo está a estudar os investimentos estatais da Bharat Petroleum (BPCL) num bloco de gás em Moçambique e ainda não deu a aprovação formal para a empresa fazer gastos adicionais", escreve a agência indiana, num texto em que cita fontes ligadas ao negócio.

 

Em causa, estão 2,2 a 2,4 mil milhões de dólares adicionais para desenvolvimento da Área 1, refere, sendo que a Índia será um dos países que estará entre os principais consumidores do gás natural moçambicano.

 

O investimento global na Área 1 deverá ascender a cerca de 23 mil milhões de dólares e é liderado pela petrolífera francesa Total - que em setembro comprou a quota de 26,5% que pertencia à Anadarko, que arrancou com o projeto.

 

A Bharat é sócia no consórcio da Área 1 com uma quota de 10% desde 2008, mas averiguações na Índia sugerem que podia ter ficado logo na altura com 20%, só que deixou que esse remanescente passasse por outras mãos - o grupo de indústrias indianas Videocon - até ser comprado por outra empresa estatal, a ONGC Videsh - braço internacional da Oil and Natural Gas Corporation.

 

A Bharat comprou a sua quota de 10% em agosto de 2008 por 75 milhões de dólares.

 

"Fontes privadas disseram que a Anadarko havia originalmente oferecido uma participação de 20% na Área 1 à BPCL, mas a empresa estatal comprou apenas metade dela e o restante foi adquirido pela Videocon", refere a PTI.

 

Em 2013, a Videocon vendeu a mesma participação para a ONGC Videsh por 2,475 mil milhões de dólares, acrescenta - sendo que a ONGC Videsh já tinha adquirido 10% à Anadarko.

 

O Governo da Aliança Democrática Nacional (NDA, sigla inglesa), no poder desde 2014, "critica os quase seis mil milhões gastos pelas empresas do setor público indiano na participação de 30% na Área 1 em Moçambique", em negócios fechado durante a governação da Aliança Progressista Unida, escreve a PTI.

 

O executivo argumenta que "a queda dos preços do petróleo e do gás não justificava investimentos tão grandes".

 

A decisão final de investimento do consórcio da Área 1, momento que no setor é considerado como aquele em que o investimento se torna irreversível (com financiamentos e outros contratos fechados), foi concretizada numa cerimónia realizada em junho em Maputo.

 

A Total lidera o consórcio com 26,5%, ao lado da japonesa Mitsui (20%) e da petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo participações menores à indiana ONGC (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%). Os projetos de gás natural devem entrar em produção dentro de aproximadamente cinco anos. (Lusa)

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