Localizado em Maluana, no distrito da Manhiça, província de Maputo, o Parque de Ciência e Tecnologias, uma infra-estrutura avaliada em 25 milhões de USD, não está efectivamente a desenvolver a investigação científica, promoção de inovação, geração do conhecimento e desenvolvimento do capital humano.
Em causa, está o facto de o Parque, gerido pela estatal Empresa Nacional de Parques de Ciências e Tecnologias (ENPCT), não estar a acomodar satisfatoriamente empresas de base tecnológica, bem como de produtos e serviços de investigação científica e de inovação que possam ser usados não só em Moçambique mas também no estrangeiro.
Informações colhidas no local, junto do recém-nomeado Presidente do Conselho de Administração da ENPCT, Julião Cumbane, apontam que o Parque alberga apenas três empresas desde a sua inauguração, em 2014.
“Neste momento, clientes que estão connosco são três empresas. Mas, potencialmente, estão a chegar outros”, afirmou Cumbane sem precisar a data de instalação de outras firmas.
Com base em dados divulgados no Relatório e Contas da ENPCT, referente a 2018 e publicado em 2019, o “elefante branco” pode dever-se à falta de um Plano de Negócios que possa orientar as actividades da instituição.
Devido a este factor, o relatório afirma que a companhia registou, no ano antepassado, 18 milhões de Meticais negativos de lucro, contra 31 milhões de Mts também negativos do ano anterior, 2017.
Além disso, o Conselho Fiscal da empresa denuncia no relatório que a ENPCT não apresenta uma estrutura económica e financeira adequada por não dispor de uma boa capacidade para uma possível liquidação das suas obrigações de curto prazo, pois, apenas consegue cobrir apenas 77% das mesmas. Conforme noticiamos há meses, o órgão mostra ainda que aproximadamente 96% dos activos totais da Empresa são financiados pelos capitais próprios, o que significa que a organização depende excessivamente dos capitais próprios para desenvolvimento das suas actividades.
Todavia, falando a jornalistas, à margem de uma visita feita pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), o PCA da ENPCT assegurou que a instituição que dirige irá ainda este ano ultrapassar os referidos desafios pelo comprimento da missão da Empresa.
“Em relação à captação de receitas, estamos neste momento numa campanha de publicitação dos serviços que a empresa pode fornecer para que a instituição possa passar a captar mais receitas, o que não se fazia muito no passado. Em relação ao Plano de Negócio, também será fechado ainda este ano”, afirmou Cumbane.
Para além dessas actividades, durante a visita com a CTA, a instituição assinou um memorando de entendimento que visa o povoamento daquele local para incubar empresas e dinamizar startups ligadas ao sector. Com base nesse acordo, Cumbane espera que se desenvolvam diversos projectos naquela majestosa infra-estrutura instalada numa área de 950 hectares que actualmente abrigam um “elefante branco”. (Evaristo Chilingue)