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segunda-feira, 02 novembro 2020 09:36

Salvar a EDM ou sufocar os cidadãos com alto custo de energia: um dilema para o Governo

O custo actual de energia para as famílias e empresas é deveras elevado, entretanto, a empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM) diz que a tarifa que vigora é insustentável e, como consequência, tem acumulado muitos prejuízos.

 

Para reverter o cenário, em novo Plano de Negócios (2020-2024), a EDM diz (com todos os fundamentos que abaixo alistamos) que, nos próximos tempos, pretende reajustar as tarifas, facto que irá certamente encarecer ainda mais a energia. Todavia, para que o desejo da empresa seja realizado, cabe o aval do Governo, através do Conselho de Ministros. Urge salvar a EDM, mas a verdade é que isso irá reflectir-se no bolso do cidadão e dos agentes económicos.

 

Salvar a EDM ou sufocar os cidadãos com alto custo de energia é um autêntico dilema para o Governo. A cada dia, os cidadãos clamam pelos altos custos de energia. As empresas também. O clamor não se cinge no preço, mas também na qualidade. Mas, perante esse contexto, a EDM diz que quer reajustar a actual tarifa de energia, alegadamente porque está a sufocar a empresa.

 

Em geral, a empresa mostra, em novo Plano de Negócios, que despende muito com a compra e distribuição de energia, mas com as vendas recebe abaixo dos custos de aquisição e fornecimento.

 

Num quadro comparativo dos últimos cinco anos, a EDM ilustra os prejuízos que tem acumulado com a insustentabilidade da tarifa aplicada. Em 2015, aponta a empresa, o custo médio de fornecimento de energia situava-se nos 11.16 cêntimos de USD por Quilowatt-hora (c-USD/Kwh), contra um preço médio de venda (insustentável) fixado em 7.46 c-USD/Kwh.

 

Cinco anos depois, a EDM, reporta que a situação se agravou, em parte com o incremento da compra de energia a fornecedores independentes. O quadro ilustra que, em 2020 corrente, a EDM gasta 13.76 c-USD/Kwh para fornecer energia, mas recebe muito abaixo do que despende, 11.19 c-USD/Kwh.

 

Num outro desenvolvimento, a EDM mostra, em Plano de Negócios, que se, em 2015, a margem de venda de energia caiu para 40% (contra os 65% de 2014), em 2019, a margem de venda deteriorou-se ainda mais para 30%.

 

Face a esse quadro, a empresa pública de electricidade clama pelo reajuste tarifário nos próximos tempos. Para o segmento de clientes regulados, está previsto um aumento acumulado da tarifa de venda de energia em cerca de 31% no período de cinco anos, da actual tarifa média de 8 MT/kWh, em 2019, para 10.5MT/kWh, em 2024, resultantes dos ajustamentos tarifários médios previstos.

 

Para os clientes especiais (ou não regulados e/ou grandes empresas), a EDM projecta aumentos acumulados da tarifa de energia, na ordem dos 26% ao longo dos cinco anos, sendo que a tarifa média passará dos actuais 7.0MT/kWh, em 2019, para 8.9MT/kWh, como resultado de aumentos previstos.

 

Por fim, no seguimento de exportação, a empresa espera que o reajuste seja revisto em cerca de 34%, passando de 4.11 MT/kWh, em 2020 para 5.50 MT/kWh, em 2021, seguido de 12%, de 2022 para 2023.

 

Todavia, esses reajustes dependerão do aval do Executivo que está ciente do quão elevado é o actual custo de energia para as famílias e empresas. (Evaristo Chilingue)

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