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Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
Redacção

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terça-feira, 19 fevereiro 2019 09:18

Gregório, Rosário e Inês presos na cadeia civil

As autoridades judicias distribuíram os suspeitos das dívidas ocultas, sobre quem recaiu a medida de prisão preventiva, por dois estabelecimentos prisionais com base no critério do seu vínculo ao Estado. Ou seja, todos os que são agentes do Estado, como Gregório Leão, António Carlos Rosário e Inês Moiane, foram aprisionados no estabelecimento preventivo da cidade de Maputo, localizado na avenida Kim Il Sung, no coração da capital, onde vão permanecer os 90 dias do prazo legal da prisão preventiva.

 

Os restantes arguidos, que não têm qualquer vínculo com o Estado, nomeadamente Teófilo Nhangumele, Bruno Tandane, Sérgio Namburete e Sidónio Sitoi, foram levados para a cadeia da Machava (estabelecimento penitenciário da província de Maputo). Eventualmente, e com base no mesmo critério, Ndambi Guebuza também deverá ser conduzido à Machava, se lhe for dado tratamento igual ao que é imposto aos restantes suspeitos, coisa que não aconteceu quando ele foi detido no sábado. Em vez da esquadra localizada no Porto de Maputo, Ndambi foi levado à Segunda Esquadra da PRM, na Julius Nyerere. No sábado e domingo, teve direito à visita do pai e a uma troca de colchão. No domingo foi-lhe permitido que passasse algumas horas no pátio, porque já não estava a aguentar permanecer tantas horas confinado numa cela(Carta)

terça-feira, 19 fevereiro 2019 09:07

Os advogados das “dívidas ocultas”

Entre os advogados dos arguidos das “dívidas ocultas”, que se apresentaram no tribunal representando seus constituintes nas audiências de legalização de prisão no sábado e ontem, segunda-feira, há cabelo branco e sangue novo. Abdul Gani Hassan, uma velha raposa da litigância em processo penal, é o advogado de Gregório Leão e António Carlos Rosário, os dois “siseiros” detidos. Há uma afinidade que parece ter sido central para a escolha de Gani Hassan: os três são da Zambézia. Mas Gani Hassan é um experiente criminalista que tem também em mãos, neste momento, a defesa do antigo PCA da LAM, José Viegas, no chamado caso Embraer. É uma figura sobejamente conhecida nas barras, incisivo e arrojado.

 

Inês Moiane, secretária particular do Presidente Armando Guebuza na Ponta Vermelha, escolheu o advogado Alexandre Chivale, um conhecido guebuzista de convicções inabaláveis. Chivale (apontado por Guebuza como membro do Conselho Superior da Magistratura Judicial) é assistido por Isálcio Mahanjane, uma jovem figura em ascensão, também ele guebuzista, vai defender, por assim dizer, a prata da casa. 

 

Ndambi Guebuza também está na sua carteira de clientes. “Carta” sabe que o conhecido "lobbista" empresarial Sérgio Namburete tem também como defensor a dupla Chivale/Mahanjane. Faz sentido. Namburete acabou sendo arrastado para o processo na sequência de ter recebido uma transferência da Privinvest a pedido de Inês Moiane, de valores que não conseguimos apurar mas dos quais ele, Namburete, ficou com 10%.

 

 No sábado, foi presença visível no tribunal, a figura de Adriano Boane, antigo Secretário Geral da PGR nos tempos do juiz Augusto Paulino. Afinal, Boene não estava numa missão da PGR. Ele é o defensor de Sidónio Sitoi, um “construtor civil” que terá recebido valores nas suas contas a pedido de um dos principais arguidos. Estão também no processo os advogados Paulo Nhancale, um antigo defensor de direitos humanos, na LDH de Alice Mabote (em representação de Bruno Tandane), e Carlos Santana, um discreto advogado, experiente, que vai tentar mostrar a “inocência” de Teófilo Nhangumele.  

 

No sábado, no Tribunal, compareceu também um jovem advogado que se identificou aos seus pares como sendo representante de Olívio Catela, que acabara de ser detido naquele mesmo dia. É provável que Catela tenha sido presente ontem ao juiz de instrução criminal, tal como Ndambi Guebuza. (M.M.)

terça-feira, 19 fevereiro 2019 08:19

Galp leva electricidade a seis mil moçambicanos

A Fundação Galp, em parceria com o FUNAE  – Fundo de Energia, inaugurou, no Sábado, dia 16 de Fevereiro, em Chissinguana, Distrito de Búzi localizado na Província de Sofala, a sua primeira Aldeia Solar em Moçambique. Este projecto beneficia mais de 1.400 habitantes daquela comunidade com a electrificação de 62 infraestruturas, incluindo residências, bancas de comércio, secretaria administrativa da aldeia, hospital e iluminação pública.

 

Trata-se da primeira fase do projecto Energiza que a Fundação está a levar a cabo no centro e norte do país. Ao todo, estão previstas quatro aldeias solares: duas em Sofala, uma em Cabo Delgado e uma em Manica. A iniciativa prevê a instalação de sistemas solares fotovoltaicos e o acesso a energia eléctrica naquelas comunidades.

 

Esta é a primeira vez que a luz eléctrica chegará a estas comunidades. Ao todo serão beneficiados seis mil moçambicanos que, desta forma, passam a ter assegurado um bem essencial em escolas, unidades de saúde e nas suas próprias casas.

 

O investimento, de 600 mil euros (40 milhões de MT), vai gerar aproximadamente 50 KWh de energia eléctrica de origem renovável, marcando uma nova era naquelas comunidades que não tinham acesso a energia.

 

Tendo em conta que 64% dos moçambicanos vive em zonas rurais e sem acesso a energia, projectos desta natureza têm um forte impacto na vida das comunidades, não só do ponto de vista social mas também no desenvolvimento da própria economia local. Ao proporcionar o acesso a energia sustentável a milhares de pessoas, a Fundação Galp está não só a melhorar a qualidade de vida destas populações, mas também a melhorar os serviços prestados em infraestruturas comunitárias.

 

Apostada num futuro energético mais sustentável, a Fundação manifesta as suas preocupações ambientais e assume o compromisso de continuar a desenvolver projectos que visam o acesso universal a fontes de energia limpa.

 

“Projectos como o Energiza, em Moçambique, são o espelho fiel da missão que defendemos na Fundação Galp – energia que cria futuro. Neste caso, ao presenciar a mudança estruturante que estamos a fazer nestas comunidades e nestas pessoas, sinto-me especialmente orgulhosa por podermos contribuir de forma tão premente”, disse a Directora-geral da Fundação Galp, Joana Garoupa, na cerimónia de inauguração da primeira aldeia solar.

 

António Saíde, PCA do FUNAE referiu que “este é mais um dos muitos projectos que responde ao Plano Quinquenal do Governo 2015-2019, que visa o alargamento da rede de distribuição e fornecimento de energia. Portanto, é louvável que este apoio da Galp em desenvolver este projecto em parceria com o FUNAE, para a expansão da electricidade para diversos pontos do nosso país”.

 

De acordo com Alberto Mondlane, Governador da Província de Sofala “a população da localidade de Chissinguana já pode beber água gelada e assistir televisão. Isto marca um passo importante para este distrito, nasce uma nova oportunidade para que os pequenos produtores possam alargar a sua escala de produção, abre-se o espaço para que mais pessoas possam ter acesso a educação no período nocturno, assim como, para que os jovens desta zona do país possam empreender e encontrar formas mais ajustadas de interagir com outras instituições públicas e privadas, gerando rendas e criando poupança. (Carta) 

“Não basta prender o ‘peixe miúdo’, nem deve haver intocáveis neste processo”, afirmou o presidente da Renamo, Ossufo Momade, quando através de uma teleconferência a partir da Serra de Gorongosa dava a sua opinião sobre as detenções a que se tem assistido desde a semana finda em Maputo, de indivíduos supostamente implicados no escândalo das “dívidas ocultas”.

 

Para o líder do maior partido da oposição em Moçambique, todos os envolvidos no calote devem ser recolhidos à cadeia “porque os moçambicanos exigem que a lista daqueles que planearam e executaram o roubo ao Estado Moçambicano deve envolver os graúdos, sem contemplações”.

 

A não permissão da entrada dos jornalistas nas salas onde os detidos são ouvidos também mereceu uma forte crítica por parte de Ossufo Momade, apesar de ser um imperativo plasmado na lei. “Estamos todos atentos à situação actual do nosso país, onde nos últimos tempos assiste-se a um teatro de prisões e audições até aos sábados, com a imprensa sem poder exercer a sua actividade, sinal grave da falta de credibilidade do sistema de justiça que foi capturado pelo poder político do regime”, afirmou o timoneiro da “perdiz”.

 

Não interferência do Presidente da República

 

Nesta fase em que decorre o processo de detenções, no qual poderão estar envolvidos mais membros do partido Frelimo e não só, Momade apelou ao Presidente da República para não interferir. O Presidente da Renamo é de opinião que o partido no poder, liderado por Filipe Nyusi, está fortemente associado aos roubos que ocorreram relacionados com as ‘dívidas ocultas’. Para efeitos de esclarecimento, apelou para não qualquer interferência nos órgãos da justiça e, por conseguinte, que sejam entregues todos os envolvidos.

 

Devolução dos bens usurpados

 

Momade também defendeu uma linha de pensamento que começa a ser predominante entre a opinião pública, que é da devolução, pelos envolvidos no caso das ‘dívidas ocultas’, dos bens usurpados. “É preciso que os prevaricadores sejam responsabilizados criminalmente, e que devolvam o dinheiro roubado”, afirmou.

 

Questionando os passos seguidos pelas estruturas judiciais após as detenções, Momade Ossufo disse que esperava que não servissem apenas para enganar os cerca de 28 milhões de moçambicanos, numa tentativa clara de ‘branquear’ o já obsoleto regime.

 

Terrorismo em Cabo Delgado

 

Momade Ossufo manifestou a sua indignação face ao cenário que se vive em Cabo Delgado, sublinhando que as mortes continuam a ocorrer “e o Governo, na pessoa do Ministro da Defesa Nacional, diz que a situação está controlada”. O líder da Renamo questionou se “a situação está controlada quando os cidadãos são assassinados e cortados aos pedaços à luz do dia?” Para Momade, desde há muito tempo que as Forças de Defesa e Segurança mostram-se incapazes e desnorteadas para travar a onda de “terrorismo” em Cabo Delgado. Acrescentou ser urgente que as FDS se concentrem em estratégias e inteligência que contribuam para estancar os actos macabros que estão acontecendo em Cabo Delgado, onde cidadãos indefesos são agredidos. (S.R.)

O Ministério dos Recursos Minerais e Energia assinou com a IGNITE Moçambique um acordo que vai permitir o fornecimento, durante os próximos três anos, de electricidade a 300 mil casas a nível de todas as províncias de Moçambique, abrangendo 1,8 milhões de pessoas que vivem nas zonas remotas do país. O fornecimento será feito através da instalação de sistemas residenciais de energia solar, o que significa que em média mais de 600 mil pessoas (cerca de 100 mil agregados familiares) irão receber electricidade a partir da altura em que o projecto- a ser desenvolvido pela IGNITE em parceria com o Ministério dos Recursos Minerais e Energia- for implementado.

 

No âmbito do programa entre o Ministério dos Recursos Minerais e Energia e a IGNITE espera-se que 1.2 milhões de crianças passem a ter acesso à electricidade segura, sustentável e mais económica, em substituição da energia pouco confiável como petróleo de iluminação ou carvão natural.

 

A IGNITE Power, uma plataforma com vasta experiência na distribuição e financiamento de sistemas solares rurais, apresenta um dos mais rápidos crescimentos em África com o sistema de pagamento móvel Pay-As-You-Go. A empresa está presente no Ruanda e na Serra Leoa, entre outros países.

 

Promoção de ENERGIA PARA TODOS

 

Conforme referiu Max Tonela, Ministro dos Recursos Naturais e Energia, “este acordo é mais um avanço decisivo no cumprimento dos nossos objectivos de promoção de ENERGIA PARA TODOS que o Presidente da República lançou em Novembro do ano passado, o qual prevê que em 2030 todos os moçambicanos tenham acesso à energia eléctrica ”. Ainda de acordo com o titular da pasta dos Recursos Minerais e Energia, “a IGNITE Moçambique foi escolhida como parceira após um longo e trabalhoso processo de avaliação com as nossas equipas do Ministério e do Fundo Nacional de Energia, o FUNAE, e pela sua capacidade financeira, soluções solares avançadas e experiência a implementar projectos de eletrificação em larga escala”. (Carta)

A pesca ilegal nas águas territoriais de Moçambique provoca ao Estado moçambicano um prejuízo de aproximadamente 60 milhões de USD por ano.Esta informação foi facultada aos participantes na conversa aberta que o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas (MIMAIP) manteve hoje (18) com aramadores nacionais, dirigida pelo respectivo titular do pelouro, Agostinho Mondlane, com objectivo de abordar questões relacionadas com a gestão de pescarias.

 

No evento foi opinião comum que a pesca ilegal no nosso país é na maioria das vezes protagonizada no mar e em águas interiores por operadores não residentes e residentes nas mais variadas escalas, como a industrial, semi-industrial e artesanal. No ano passado foram instaurados 738 processos relativos a infracções no sector das pescas praticadas por operadores artesanais, semi-industriais e industriais, o que culminou com o pagamento de multas no valor total de110.640.977 Mts. As principais infracções cometidas foram maioritariamente de pesca sem licença, e uso de artes não correspondentes às especificações prescritas. Também esteve em destaque a pesca de espécies com tamanhos inferiores aos pesos e dimensões mínimos autorizados,  bem como a actividade pesqueira praticada em zonas proibidas. É opinião unânime que as fiscalizações feitas no mar, terra, porto e centro de pesca não são medidas suficientes para minimizar a pesca ilegal, tendo em conta a dimensão da costa moçambicana, estimada em 2.780 Km de comprimento.

 

A fiscalização feita com base no programa denominado VMS, via satélite, em parte acaba por ser desvantajosa em virtude de incidir apenas nas embarcações licenciadas. Essa foi, aliás, uma das inquietações colocadas ao Governo pelos armadores que marcaram presença na sala onde decorreu a conversa entre o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas (MIMAIP) e os aramadores nacionais. Os armadores quiseram saber por que razão devem ser vigiadas as embarcações licenciadas e não as que não estão devidamente registadas?

 

O Instituto Nacional de Inspecção do Pescado (INIP) anunciou que o aumento nas exportações de peixe diverso, caranguejo vivo e kapenta, atingiu 67% e 20 % respectivamente, em relação à quantidade total exportada. Também assistiu-se a uma redução da quantidade ecxportada de amêijoa, gamba e camarão, em 317%, 18% e 17% respectivamente. Todos estes dados são referentes ao período de 2017/18. Em 2018, os sub-sectores industrial, semi-industrial e artesanal contribuíram com 1% respectivamente.

 

Mercado nacional abocanhou 96% do pescado

 

Da produção total, 96% do pescado foi destinada ao mercado nacional, e apenas 4% foi certificado para exportação. De acordo com o INIP, a pesca artesanal contribui com a maior fatia nas exportações. Das estatísticas de certificação concluíu-se que o grosso da produção destinada ao mercado nacional carece de certificação sanitária, e que existem muitos focos de venda de pescado que atentam contra a saúde pública. (S.R.)

A Região Metropolitana de Maputo  (Marracuene, Maputo Cidade, Matola e Boane)  tem registado nos últimos cinco anos uma fraca precipitação, com origem nas prolongadas secas na zona sul do país, províncias de Maputo e Gaza em particular. Tal fenómeno voltará a acontecer este ano, o que reduzirá para 80% a capacidade de abastecimento de água à regiäo.

 

Na opinião dos operadores do sector de águas, Moçambique enfrentou a “pior seca nos últimos 30 anos”. Devido ao reduzido volume do precioso líquido, a empresa Águas da Região de Maputo só consegue distribuir cerca de seis mil metros cúbicos por hora, correspondentes a uma satisfação de 60%, contra os 10 mil metros cúbicos/hora que seriam necessários. Esta quebra foi provocada pela existência de pouca água na bacia do rio Umbeluzi, onde se localiza a barragem dos Pequenos Libombos. Esta infra-estrutura é a principal fonte de abastecimento de água à zona do Grande Maputo.

 

De acordo com dados ontem tornados públicos em Maputo pelo director geral da empresa Ara-Sul, Hélio Banze, por falta de chuva nos últimos cinco anos a barragem dos Pequenos Libombos não consegue produzir água para um armazenamento acima dos 30%, o que equivale a 110 milhões metros cúbicos para uma albufeira que armazena cerca de 400 milhões cúbicos.

 

Restrições continuam

 

Neste momento, a barragem dos Pequenos Libombos tem capacidade para armazenar 82 milhões metros cúbicos. No entanto, para gerir aquela quantidade de água destinada ao abastecimento da Zona Metropolitana nos próximos 12 meses, Hélio Banze diz que “decidimos restringir a satisfação da demanda em 80%”, situação que irá manter-se até ao final da presente época chuvosa que termina em Março próximo.

 

O gestor da Ara-Sul referiu ainda que terminada a época hidrológica, no próximo mês será feita uma nova avaliação para se decidir sobre as medidas a serem tomadas visando o abastecimento de água nos meses subsequentes.

 

As restrições e falta de água no Grande Maputo afectam sobretudo os bairros periféricos, como é o caso de Chiango na cidade de Maputo, que mesmo com a rede instalada não tem água. Entre outros bairros atingidos incluem-se Machava e Tsalala na Cidade da Matola.

 

Facturação sem água

 

Apesar da falta de água e consequentes restrições, os consumidores abrangidos queixam-se do facto de receberem facturas para pagar mesmo sem terem beneficiado do precioso líquido fornecido pela Águas da Região de Maputo. Sobre essa matéria, o PCA (Presidente do Conselho de Administração) daquela empresa, José Ferrete, pede aos clientes para se dirigirem aos postos de atendimento a fim de informar sobre essa situação, pois só assim o pessoal da Águas da Região de Maputo poderá procurar soluções técnicas. “Só nos casos em que tecnicamente não for possível fornecer água a esses clientes é que nós optamos, como último recurso, por suspender a facturação”, frisou Ferrete.

 

Face à escassez de água, os operadores do sector apelam à população para o seu uso racional. (Evaristo Chilingue)

 

terça-feira, 19 fevereiro 2019 06:33

Os temores de Ndambi Guebuza

Ontem foi um dia agitado no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. Jornalistas de diversos órgãos de comunicação social estavam preparados para captar imagens e confirmar que o filho mais velho do antigo estadista moçambicano, Armando Emílio Guebuza, tinha sido detido de facto como fora anunciado sábado último pelos órgãos de informação nacionais e estrangeiros.

 

A partir de aproximadamente 07h30 os jornalistas começaram a concentrar-se em frente ao edifício do tribunal, com um cenário que testemunhava a dimensão do evento: Câmaras de filmar montadas, máquinas fotográficas prontas a entrar em acção, celulares preparados para eventuais gravações e captação de imagens de qualquer “suspeito” que por ali passasse. E não era caso para menos. Estava em causa um fenómeno, o das “dívidas ocultas”, que já é considerado o maior escândalo financeiro em África desde 1960.

 

A ansiedade de uma longa espera

 

Tudo a postos. Olhares tensos, ansiedade em alta. Os chamados “homens do quarto poder” tinham-se espalhado ao longo da Avenida 25 de Setembro, além dos que estavam concentrados do lado de fora na área frontal do Tribunal. O tempo escoava, preguiçosamente. Desde as 7h30 até cerca das 11h40 que “todo o mundo” continuava atento. Uns iam-se divertindo com a captação de imagens dos vários carros das instituições judiciais (PRM, SERNAP, SERNIC e PGR) que chegavam ao tribunal com reclusos de luxo e pilha-galinhas para serem julgados ou apresentados aos juízes de instrução processual. Durante quase quatro horas as conversas foram girando descontraidamente à volta das “dívidas odiosas” e de outros assuntos.

 

No edifício do tribunal havia duas portas e, o que ninguém estava à espera, uma delas em reabilitação, enquanto a outra levava à 7ª, 9ª e 10ª Secções. Era numa destas secções que se realizaria a audição de Ndambi Guebuza, a “estrela” que nos atraíra para aquele local. As portas abertas não constituíam motivo para qualquer tipo de preocupação. Toda a gente acreditava que seria usada a porta do palácio da justiça ou a principal, por onde entraria, não triunfante, mas tentado esconder o máximo possível a cara.

 

A primeira hipótese vingou, pois por volta das 11h40 surgiu um aparato policial com os membros que o compunham a imprimir uma celeridade desusada aos seus passos. Tudo foi tão rápido que os jornalistas não tiveram tempo de identificar com antecedência a porta, que até estava “acidentalmente” escancarada, utilizada pelo primogénito de Armando Emílio Guebuza para entrar no tribunal. Quando os distraídos jornalistas se deram conta já era tarde, Ndambi Guebuza estava na sala de espera, denominada “cela”.

 

Braço de ferro entre a segurança e os jornalistas

 

O que se seguiu foi um braço de ferro entre a segurança e os jornalistas. A equipa de segurança pedia a estes últimos para se retirarem do local onde se encontravam. Ordem cumprida, mas mesmo assim com os visados a procurarem as melhores posições que lhes permitissem não perder de vista o desenrolar dos acontecimentos. Todas as atenções estavam viradas para a tal “cela” onde Ndambi tinha entrado. Das 11h40 até 12h20 foi um jogo de emoções, inteligência e força, porque em causa estava a confirmação da detenção do filho mais velho de Armando Guebuza, The best counterfeit id websites can take as brief period as 24 hours. When you send the installment — with additional charges for the rush conveyance — you can get your hands on that record in a matter of moments. In the event that you want that phony permit immediately, sending for a phony one is an optimal arrangement. We can convey what you want when you really want a phony permit so reach out to us. num país que bastas vezes já deu provas de que a justiça é mãe para uns, e madrasta para outros.

 

Os advogados, Alexandre Chivale e Isálcio Mahanjane, iam circulando de um lado para outro. Estava tudo agitado na “casa da justiça”. Nem o procurador do Ministério Público e outros funcionários do tribunal conseguiam fingir. Cada um com motivos suficientes para  a dor e revolta que sentia, estávamos todos nós ali, destemidos, assistindo ao que até há bem pouco tempo ninguém imaginaria: O filho de um antigo Presidente da República na “cela”, para a legalização da sua detenção.

 

Por fim, a tão aguardada hora

 

Finalmente chegou a tão aguardada hora. O juiz do processo das “dívidas ocultas” na fase de instrução, Délio Portugal, estava à espera. O que a segurança iria fazer, ninguém sabia. A surpresa aconteceu quando começou a montar-se um cordão composto por 10 a 15 pessoas, entre polícias, oficiais do tribunal e da PGR, para “proteger” Ndambi Guebuza, que segundo a investigação americana repartiu 50 milhões de USD com Bruno Tandane e Teófilo Nhangumele, tendo o “trio” interagido directamente com um dos cérebros da operação que terminaria no endividamento de Moçambique que constará nos anais da história como o pior desastre económico-financeiro que alguma vez aconteceu ao nosso país.

 

Felizmente, o cordão da segurança não impediu que os jornalistas captassem imagens e cumprissem com a sua missão de informar. Foi por volta das 12h25 que Ndambi Guebuza entrou na sala 9 de audições do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, anexa à 10ª secção de audiências, para se fazer presente ao juiz a fim de este decidir sobre a medida de coação a aplicar-lhe. Volvidas três horas de uma longa espera, as movimentações estranhas foram retomadas. Uma fonte que declinou identificar-se contou à “Carta” que a audição já tinha terminado, o que pouco depois foi por nós confirmado porque o advogado do indiciado já se encontrava no recinto do tribunal fazendo contactos, e disposto a dar entrevistas.

 

Ndambi Guebuza teme pela vida

 

Alexandre Chivale, advogado de Ndambi Guebuza, confirmou à imprensa que o juiz Délio Portugal decretou prisão preventiva do seu constituinte, mas que o processo era uma “encomenda politica”. Segundo Chivale, tudo terá começado em 2015 com difamações à família Guebuza nas redes sociais e por outras vias, seguindo-se o assassinato bárbaro de Valentina Guebuza e a suposta tentativa de envenenamento de todos os membros da família através de um pudim contaminado por pesticidas orgânicos fosfóricos.

 

Até aqui não se sabe o que aconteceu com o processo, perguntou Chivale. Ainda segundo Chivale, Ndambi Guebuza teme pela vida, tendo pedido ao advogado para informar que este processo é uma encomenda politica, alegadamente por haver alguém interessado em usar a família Guebuza para vencer eleições, e que quer salvar a pele. “Se o objectivo é sacrificar a família Guebuza por causa das eleições, que ele seja o único e último sacrificado”, afirmou Chivale, acrescentando que tudo o que está a acontecer é uma estranha coincidência desde 2015.

 

A luta pela saída de Ndambi do tribunal

 

Terminada a sessão de audiência, voltou-se ao exercício inicial. Como sair das instalações do Tribunal Judicial? Era a questão que se colocava. Havia um batalhão de jornalistas preparados para o que desse e viesse. Várias tentativas foram ensaiadas para despistar a classe do quarto poder, mas em vão. Uma hora depois, mais um cordão com cerca de 20 a 25 pessoas retirou apressadamente Ndambi Guebuza do tribunal. Mas desta vez ele não escapou às flashes dos fotojornalistas e dos camera man.

 

Depois de todo este aparato, importa questionar porquê tanto tratamento VIP para alguém que apesar de gozar da presunção de inocência até provem o contrário, aos olhos dos milhões que ficaram prejudicados com a sua atitude não merece um tratamento que se poder dar a um criminoso vulgar? Para quê esconder a cara da vergonha que não existiu na altura da “divisão das galinhas”?

 

Onde está a “perseguição política”?

 

Só para terminar: Onde está a “perseguição política” quando existem provas palpáveis na posse da justiça norte-americana e da nossa camaleónica PGR de que o crime existiu de facto? Ish! Alguém nos pode responder? (Omardine Omar)            

 

terça-feira, 19 fevereiro 2019 06:27

AdeM lança campanha para o uso racional da água

Uma campanha de sensibilização para o uso racional da água e promoção da adesão às boas práticas, que podem ajudar a gerir este precioso recurso, foi lançada, na segunda-feira, 18 de Fevereiro, em Maputo, pela empresa Águas da Região de Maputo (AdeM), no âmbito das suas acções de responsabilidade social corporativa.

 

No âmbito desta iniciativa, a AdeM vai desenvolver acções de sensibilização na região onde opera, designadamente, nos municípios de Maputo e Matola, bem como na Vila de Boane.

 

Trata-se de uma medida que visa mitigar a falta de água, derivada da escassez da chuva, que afecta, especificamente, a região sul do País nos últimos anos, o que tem levado a empresa Águas da Região de Maputo a apelar para uma melhor gestão no fornecimento e consumo da água a todos os níveis.

 

Ao proceder ao lançamento formal da iniciativa, o administrador  para a Área Comercial e Desenvolvimento de Negócio da AdeM, Estaline Machohe, explicou que, com a incerteza e imprevisibilidade do melhoramento da situação, a empresa vê-se na necessidade de reforçar as medidas que assegurem um consumo responsável da água, através da disseminação de informação, com a realização da sensibilização denominada "Campanha para o uso racional de água".

 

Esta campanha, conforme sublinhou Estaline Machohe, vai disseminar, através de diversas actividades, informações que visam incutir uma nova atitude na utilização e poupança de água com a divulgação, através dos órgãos de comunicação social, com o propósito de alcançar o maior número de pessoas, dos mais diversos estratos sociais.

 

“Pretendemos, deste modo, sensibilizar para o uso racional da água e promover a adesão às boas práticas que podem ajudar a gerir este precioso recurso, em especial na situação de escassez que se vive actualmente”, frisou.

 

Para melhor efectivação desta campanha, o administrador  para a Área Comercial e Desenvolvimento de Negócio da AdeM apelou para a denúncia de actos de roubo e vandalização, ligações clandestinas e todos actos que concorrem para a danificação dos materiais, cuja reposição tem custado à empresa somas elevadas de dinheiro, impossibilitando assim a concretização de outros projectos pré-definidos para o provimento de água para o abastecimento à população.

 

Importa realçar que, nos últimos anos, a região sul do País tem estado a registar escassez de chuvas, devido à ocorrência do fenómeno El Niño, situação que se reflecte no baixo caudal do rio Umbelúzi, onde se localiza a Barragem dos Pequenos Libombos.(FDS)

Será conhecido dentro dos próximos dias, após realização das eleições internas partidárias, o nome do próximo secretário-geral da Renamo que vai substituir Manuel Bissopo, recentemente exonerado juntamente com outros quadros do maior partido da oposição, pelo respectivo presidente Ossufo Momade.

 

No uso das prerrogativas que lhe são conferidas pelos estatutos da “perdiz”, Ossufo Momade exonerou 16 membros da Renamo que vinham desempenhando diferentes funções no partido. Para além do secretário-geral, foram exonerados Mateus Augusto do cargo de chefe do Gabinete do Presidente, Inácio João Reis do cargo de chefe de Departamento de Mobilização. Eduardo Namburete deixou de ser chefe do Departamento das Relações Exteriores, e José Manteigas já não ocupa o cargo de chefe adjunto daquele mesmo Departamento.

 

Novas nomeações

 

Para ocupar 12 dos 16 cargos agora disponíveis, e usando das mesmas prerrogativas estatuárias que lhe são conferidas pelo partido, Ossufo Momade procedeu a novas nomeações, ficando por preencher quatro vagas. Destaque vai para a nomeação de Viana da Silva Magalhães, que passa a desempenhar as funções de chefe do Gabinete do Presidente do Partido, e de Inácio João Reis, que ocupará o cargo de chefe do Departamento de Mobilização. José manteigas, actual porta-voz da Renamo, vai acumular este cargo com o de chefe do Departamento da Informação. Foram também nomeados quadros para exercerem funções de assessores políticos no Gabinete do Presidente do Partido.

 

2019: Ano de “muitos desafios”

 

Para Momade Ossufo, “o ano de 2019 é de muitos desafios”. Salientou que o partido “tem vindo a tomar medidas para tornar a nossa estrutura político-administrativa mais operativa e funcional. Queremos aumentar a eficácia das nossas actividades, e estamos cientes de que os nomeados irão desempenhar as suas funções com zelo, responsabilidade, competência e no espírito de concórdia no seio da família Renamo”.

 

Em alusão aos órgãos autárquicos recentemente empossados, no âmbito das eleições para as diferentes funções nas mesas das assembleias autárquicas, o presidente da Renamo disse que a postura e atitude do partido “não atribuem importância a quem o tenha apoiado ou deixado de apoiar”. (S.R.)