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quarta-feira, 15 março 2023 06:27

Polícia inviabiliza cortejo fúnebre de AZAGAIA, mas acaba mobilizada

policia azagaia min

As cerimónias fúnebres do rapper Edson da Luz, mais conhecido por AZAGAIA, não foram marcadas apenas por momentos comoventes e de exaltação à obra do artista, mas também por episódios tristes e caricatos, que só são vistos em países ditatoriais.

 

O principal momento caricato foi protagonizado pela Polícia da República de Moçambique (PRM), através da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), que inviabilizou o cortejo fúnebre do rapper, que partia do Paços do Conselho Municipal da Cidade de Maputo até ao Cemitério de Michafutene, no distrito de Marracuene.

 

O caso aconteceu por volta das 12:00 horas, na rua do Farol, nas proximidades do Palácio da Ponta Vermelha, a residência oficial do Chefe de Estado e sua família. O cortejo fúnebre partia da avenida 25 de Setembro, com destino à Avenida Julius Nyerere, para depois seguir pelas avenidas Eduardo Mondlane, da Tanzânia, 24 de Julho e, por fim, de Moçambique.

 

No entanto, quando a viatura que transportava os restos mortais do AZAGAIA, ladeada por centenas de fãs e admiradores do rapper, deslocava-se à Avenida Julius Nyerere, através da Rua do Farol, foi barrada por três carros blindados e mais de duas dezenas de agentes da UIR, munidos de armas de fogo e gás lacrimogénio.

 

O caricato momento durou mais de 30 minutos e levou a viúva de AZAGAIA e suas filhas a descerem do carro para negociar com os “implacáveis” agentes da UIR. Porém, nem com os pedidos da família enlutada, a Polícia mudou a sua opinião, tendo ordenado o cortejo fúnebre a regressar à Avenida 25 de Setembro para tomar um novo trajecto.

 

A ordem foi acatada pela família de AZAGAIA, mas não foi bem acolhida pelos seus fãs, que insistiam em continuar com o trajecto previamente definido. A UIR usou da sua musculatura e lançou gás lacrimogêneo para dispersar as pessoas. As razões daquele episódio caricato não foram explicadas à comunicação social.

 

Entretanto, depois de demonstrar musculatura, os mesmos agentes viram-se na obrigação de garantir segurança aos restos mortais de AZAGAIA e da sua família, tendo chamado para si a responsabilidade de escoltar o cortejo fúnebre, embora não se tratasse de uma cerimónia de Estado.

 

Três carros ligeiros da marca Mahindra e três carros blindados foram colocados à disposição da família da Luz e acabaram sendo cruciais para desbloquear a Estrada Nacional Nº 1, nos bairros George Dimitrov, Zimpeto (na cidade de Maputo) e Cumbeza (no distrito de Marracuene), onde a população tomou de assalto a estrada para ver passar o cortejo fúnebre do “herói” do povo.

 

Aliás, não só a Polícia acabou mobilizada, como também os militares, que prestaram vénia ao artista. Imagens captadas pelas televisões que faziam a transmissão em directo do cortejo fúnebre mostram militares de diferentes unidades, espalhados ao longo da EN1, a prestarem a sua vénia ao “herói do povo”. (Abílio Maolela)

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