A saga das contas da LAM deve suscitar em Moçambique um novo ângulo de discussão sobre as temáticas da integridade, da ética corporativa, da complaince e da anti-corrupção: quem audita os auditores?
Depois da denúncia dos gestores da Fly Modern Ark, que gerem a LAM, os os partners da EY deviam vir a público explicar como foi possível fazerem vista grossa às contas da companhia, levando-a a aproximar-se da insolvência quando esse não era o caso; como foi possível esconderem um montão de aspectos incorretos de gestão, branqueando toda a alegada corrupção e incompetência?
Este caso volta a colocar dúvidas sobre a integridade das firmas de auditoria em Moçambique. Quem as audita? Quem as regula? Quem vela pela sua complaince com as boas práticas?
Quem desmonta sua tamanha opacidade?
Depois do desastre da KPMG na África do Sul, chegou a altura de Moçambique debater a integridade dos braços locais das Big Four do sector (EY, Delloit, KPMG e PwC). Ou, dentro em breve, seremos empurrados a ir contratar auditores no estrangeiro. Chega de silêncio. Do silêncio complacente da sociedade!
Marcelo Mosse