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terça-feira, 07 maio 2019 08:17

Ecos do CC: o que pensam Tomáz Salomão, Conceita Sortane e Alcinda Abreu sobre "caso Samito Machel?"

A reunião do Comité Central do partido no poder, a Frelimo, foi, sem margem para qualquer dúvida, “ensombrada” pelo caso que tem na figura do filho do primeiro presidente do país, Samora Machel Jr., o principal protagonista. “Carta” ouviu, logo após o fim dos trabalhos, alguns militantes de proa do partido sobre um caso que ainda não conheceu o seu desfecho. Trata-se de Tomaz Salomão, Alcinda De Abreu e Conceita Sortane, todos membros da Comissão Política. 

 

 

Tomaz Salomão 

 

Disciplina partidária: “Somos um partido. Um dos princípios da existência do partido, desde a fundação é a disciplina. Onde o colectivo se sobrepõe ao Tomaz. O colectivo sobrepõe-se a minha forma de ser. Esta é uma equipa, onde os interesses da colectividade se sobrepõem a todos os outros interesses. Para que isso aconteça é fundamental que a disciplina prevaleça”.

 

Espaço de debate da sua defesa dentro do partido: “Quem foi que disse que aquilo é a defesa dele? Quem foi que disse que aquilo é a defesa dele? Ele falou aqui na sala. Samora Machel Jr. falou aqui na sala. Foi-lhe dado espaço e tempo para ele falar e falou. E é aqui o fórum em que ele deve falar. A frente dos seus camaradas. Não sei se é a sua posição. A posição que conta para mim é aquela que ele disse ali na sala”.

 

Violação dos estatutos: “Ele violou”. Concorda que ele deve ser sancionado? “Concordo que deve ser ouvido pelo Comité de Verificação. Seja ouvido em primeiro lugar. Tu não podes sancionar alguém sem ouvi-lo, em primeiro lugar. Seja ouvido em primeiro lugar. Isso eu concordo.”

 

Hipótese de uma eventual expulsão: “Não estou a discutir isso. Os membros do Comité de Verificação é que vão recomendar aos membros do Comité Central o que se faz a seguir. Não está nem dentro e nem fora de hipótese. Ele deve ser ouvido pelo Comité de Verificação. E o Comité de Verificação pediu tempo para tratar do assunto e foi-lhe dado esse tempo”.

 

Não se revê nas notas constantes da defesa de Samito? “Vocês tiveram acesso, eu nem li o documento. Nem me dei o serviço de ler o documento”. Diz, por exemplo, que o presidente devia ser suspenso do partido por ter violado os estatutos… “Eu não li o documento, meu amigo. Não li o documento. Porque o sítio para falar é este aqui (Comité Central). Não aquilo que leio no jornal. Não e não. Ele é membro do Comité Central e o sítio para ele vir falar é aqui na sala. E eu não li o documento. Foi o que eu disse. Este membro do Comité Central vai falar aqui no CC. E é aí no Comité Central que tenho a oportunidade de fazê-lo perguntas. Não na base do que leio no jornal”.

 

Foi questionado? “Obviamente. Obviamente. Sim. Eu, Tomaz Salomão, não li o documento. Não li e nem vou ler.”

 

Eventual reivindicação de algo: “Qual reivindicação? Qual reivindicação? Falou aqui na sala. Qual reivindicação. A falta de espaço para apresentar as suas ideias, por exemplo… Qual espaço? Qual espaço? Membro do CC. Fala na reunião do CC. Qual é o espaço que quer? Membro do CC fala na reunião do CC. Membro do partido fala na célula. São os nossos espaços. Eu tenho problemas, eu vou à célula do partido. Qual é o outro espaço que eu quero?”

 

 Conceita Sortane

 

Disciplina partidária: “Cada membro tem o dever de respeitar a disciplina partidária. Uma boa conduta de um membro da Frelimo é sempre um bom exemplo para o povo moçambicano. Quando o membro da Frelimo tem um comportamento desviante, até se questiona se, de facto, este é mesmo membro da Frelimo. Há dúvidas. Isto para dizer que o nosso comportamento, a nossa maneira de ser e estar, o cumprimento das nossas directivas, dos nossos regulamentos, determinam também o comportamento de toda a sociedade”.

 

Existência de membros que não respeitam a disciplina partidária: “Olha, numa família, isso é normal. Isso é normal. Há. Alguns podem aparecer, mas nós não nos concentramos muito neles. O que nós fazemos é recuperá-los, endireitá-los e estarem dentro dos parâmetros.

 

Eventual expulsão dos não-alinhados: “Tudo depende da análise que se faz de cada caso. Depende da gravidade. Depende do problema. Depende da forma como o problema pode ser a analisado e concebido. Então, cada caso é um caso”. 

 

Alcinda de Abreu

 

Coesão interna e respeito pela disciplina partidária: “Mas, o que é facto é que na natureza tudo se transforma. Este mundo é um mundo em mutação. Você próprio, o que é hoje, amanhã pode não ser. Vai nascer barba, vai nascer um cabelo branco. Nada permanece na mesma. Mas, o que permanece na mesma, na Frelimo, é o mesmo ideal. Os princípios, os valores e os objectivos, da independência total e completa da Frelimo. São estes os elementos que permanecem”

 

Respeito pela disciplina partidária: Em relação a problemas disciplinares, nós vemos mesmo numa família, filhos que saíram da mesma mãe e do mesmo pai, há um que comete indisciplina e outro é muito certinho e estuda bem. Faz tudo bem, segue os valores daquela família e o outro desvia-se. É normal, onde há pessoas, haver diferenças de carácter, de comportamento e atitudes. E o que é importante aqui é que cada um, mesmo que venha desavindo nas suas ideias, quando chega aqui nesta sala é uma escola de aprendizagem. Ouve ideias de um e de outro camarada. Muitos camaradas falaram. Todos que quiseram falar falaram. E vai ouvindo. No meio do método primordial da Frelimo de que crítica e auto-crítica, que a unidade se constrói na crítica e auto-crítica construtivas. Nós conseguimos fazer a coesão interna.”

 

Estágio do partido após a sessão: “A Frelimo sai reforçadíssima, unida e estamos alinhados. Como ouvimos o grito das mulheres, que se juntou ao grito dos jovens, depois aos dos combatentes e dos restantes membros do Comité Central”.

 

Possíveis exigências depois da sessão: “Como disse, os membros da Frelimo são seres humanos”. (Ilódio Bata)

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