Está decidido e “não há mais que recuar”. Hoje, 07 de Novembro de 2024, é o chamado “Dia D”, o dia em que está agendada a “grande marcha” sobre a capital do país, convocada pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, no encerramento da terceira fase da greve geral, marcada por manifestações populares em protesto aos resultados eleitorais, raptos, sequestros e violência policial.
A “grande marcha”, tal como é apelidada por Venâncio Mondlane, foi reafirmada ontem pelo candidato presidencial em mais uma comunicação virtual, feita através da sua página oficial do Facebook.
“Amanhã [hoje], estamos firmes! A partir das 07h00, começamos a ocupar as principais avenidas da Cidade de Maputo”, reafirmou o político, enumerando, de seguida, as avenidas a ocupar, nomeadamente, as Avenidas de Moçambique, Eduardo Mondlane, 25 de Setembro, 24 de Julho, Joaquim Chissano, Julius Nyerere, Mao Tse Tung e da Marginal.
Segundo o candidato presidencial, que reclama vitória nas eleições presidenciais de 09 de Outubro, o dia 07 de Novembro de 2024 “é o dia que Deus preparou para nós para que o povo tome o poder”, de modo a se reconhecer que o poder e a soberania residem no povo.
A “grande marcha”, recorde-se, foi anunciada pelo candidato no passado dia 30 de Outubro, durante a convocação da terceira fase das manifestações populares, que teve seu início no dia 31 de Outubro e que encerra hoje. No total, segundo o político, as manifestações serão realizadas em quatro fases, sendo que, até ao momento, se desconhecem as medidas a serem implementadas e quando a mesma terá lugar.
Para Venâncio Mondlane, a “grande marcha” representa o fim da humilhação, do roubo e do assassinato do povo moçambicano, assim como do “terrorismo do Estado”. O político afirma que a ocupação das avenidas de Maputo terá lugar “até que tudo o que estamos a reivindicar seja satisfeito”, nomeadamente, a justiça eleitoral, a garantia nacional de se acabar com os raptos e sequestros, partidarização do Estado e o terrorismo. “Vamos poluir a cidade de Maputo com banhos de multidão até devolverem a vontade do povo”, adverte.
Numa comunicação de pouco mais de 48 minutos, o candidato suportado pelo PODEMOS reagiu também à conferência de imprensa do Ministro da Defesa Nacional que, nesta terça-feira, ponderou a mobilização de militares “se o escalar da violência continuar”.
“Se o escalar da violência continuar, não se coloca outra alternativa, senão mudarmos a posição das forças no terreno e colocarmos as Forças Armadas a proteger aquilo que são os fins do Estado”, afirmou Cristóvão Artur Chume, em conferência de imprensa onde disse estar a se assistir ao “recrudescimento de actos preparatórios com intenção firme e credível de alterar o poder democraticamente instituído e o funcionamento normal das instituições do Estado e privadas”.
Para Venâncio Mondlane, o uso de militares para defender o Governo é mais uma violação da Constituição da República, visto que a soberania reside no povo (que está nas ruas), pelo que as Forças Armadas têm o dever de defender o povo. Acrescenta ainda que as armas dos militares fazem falta em Cabo Delgado e não na Cidade de Maputo.
O político criticou também o facto de o Ministro da Defesa Nacional ter lamentado apenas a morte do agente do SERNIC (apedrejado no Município da Matola após assinar menor) e ter-se mantido em silêncio em torno das dezenas de mortes de civis, baleadas por agentes da Polícia, incluindo do SERNIC.
“O povo está nas ruas não só por causa do Venâncio, o Venâncio é apenas um vaso que foi usado para ser um altifalante, mas o sentimento do povo é o que estamos a ver na rua”, defende o político, reiterando a presença de militares ruandeses em Maputo e denunciando o bloqueio ilegal de suas contas bancárias, incluindo móveis, pelo Governo moçambicano. (Carta)