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segunda-feira, 03 fevereiro 2025 15:56

Tensão pós-eleitoral: Morrumbala volta ser palco de terror e…Manuel de Araújo culpa PRM e SERNIC

Morrumbala170222

 

A vila autárquica de Morrumbala, na província central da Zambézia, voltou a ser palco de luto e terror, quase dois meses depois dos tumultos verificados naquela parcela do país, caracterizados pela destruição de diversas infra-estruturas públicas, com destaque para o Tribunal Distrital, Posto Policial e uma penitenciária.

 

Na manhã do último domingo, um grupo de indivíduos, ainda por identificar, decapitou um membro da Frelimo, identificado por Henriques Sebastião Soares, e deixou a sua cabeça em plena praça pública. As autoridades suspeitam que o acto macabro tenha sido cometido pelos famosos “naparamas”.

 

Vídeos amadores partilhados nas redes sociais mostram grupo de jovens a passear na vila de Morrumbala, empunhando armas de fogo e catanas, em uma acção idêntica à que se vê na província de Cabo Delgado, desde 2017. Até ao momento, não são conhecidas as razões da barbárie.

 

A Polícia da República de Moçambique (PRM), a nível da província da Zambézia, diz estar a fazer um trabalho de inteligência para identificar e responsabilizar os protagonistas. “São indivíduos que cometeram assassinatos em Luabo, no ano passado”, afirma o porta-voz da PRM, na Zambézia, Miguel Caetano.

 

Quem também diz não conhecer as razões do terror vivido em Morrumbala é o Governador da província da Zambézia, Pio Matos, que considera o assassinato do seu “camarada” como um “acto bárbaro, nojento e desumano”.

 

Para o Governador da Zambézia, o comportamento apresentado pelos assassinos “revela extremidade”, para além de ser “um sinal de que o respeito pela vida, pelo bem público e pelo bem privado está sendo violado”. “Ninguém tem o poder de tirar a vida de alguém”, atira o governante.

 

No entanto, o Edil de Quelimane, Manuel De Araújo, afirma que as acções testemunhadas em Morrumbala derivam da “caça ao homem”, supostamente protagonizada pela PRM, em coordenação com o SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal).

 

“O Governador [da Zambézia] pediu a nossa mão, mas ele tem que dar esse primeiro passo, informando ao Senhor Comandante da Polícia para deixar de perseguir aos moçambicanos. Tem havido caça ao homem nesta província e é a Polícia da República de Moçambique e o SERNIC que têm estado a caçar jovens e mulheres. E o povo, que não vê a protecção do Estado, acaba se protegendo. Se queremos paz, o primeiro que deve baixar armas é o Senhor Comandante Provincial e o Chefe do SERNIC”, defendeu, esta manhã, Manuel de Araújo.

 

Segundo Manuel De Araújo, ainda ontem houve assassinato de três régulos, no distrito de Namacura. “Quem os assassinou? É extremamente importante que a nossa Polícia respeite os direitos humanos. Em Moçambique não há pena de morte, mas a nossa Polícia assassina cidadãos”, sentenciou o político, defendendo que os actos testemunhados na vila da Manhiça, na passada quarta-feira “é resultado da revolta popular”. (Carta)

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