Moçambique vai repatriar o mais breve possível os cerca de treze mil refugiados moçambicanos no Malawi, devido à violência pós-eleitoral no país. Milhares de moçambicanos, maioritariamente dos distritos de Morrumbala, na Zambézia, e Mutarara em Tete, cruzaram a fronteira para Malawi, num cenário de convulsão pós-eleitoral para escapar à violência e morte.
A informação foi inicialmente prestada pela presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, e secundada pelo Alto-Comissário de Moçambique no Malawi, Alexandre Manjate.
O diplomata moçambicano garantiu o compromisso do governo de tudo fazer para uma maior celeridade no retorno dos refugiados às suas zonas de origem, que desde Dezembro do ano passado cruzaram a fronteira para o distrito de Nsanje, no Malawi.
Explicou que, desde a sua chegada a Nsanje, as autoridades malawianas desdobraram-se a todos os níveis na criação de condições básicas de sobrevivência dos refugiados moçambicanos em centros de acolhimento, não obstante os desafios enfrentados. O processo contou com o apoio de alguns parceiros internacionais, como o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e das organizações não-governamentais locais.
“O Alto-Comissariado de Moçambique assim como o Consulado Geral em Blantyre vão continuar a acompanhar de perto a situação deste grupo de moçambicanos para garantir toda a assistência necessária para que o seu regresso se efective o mais breve possível”, disse Alexandre Manjate.
INGD oferece apoio humanitário
Na última sexta-feira (31), o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) entregou 72 toneladas de produtos diversos aos refugiados moçambicanos no Malawi, como parte dos esforços do governo para mitigar a crise humanitária.
O donativo, constituído por trinta toneladas de arroz, igual quantidade de farinha de milho, dez toneladas de feijão e duas toneladas de sal foi entregue pela Presidente do INGD, Luísa Meque, durante a visita ao acampamento de Nyamithuthu em Nsanje, que acolhe parte dos refugiados moçambicanos.
Na mesma ocasião, Meque entregou 650 unidades compostas por lonas, tendas e redes mosquiteiras. Recorde-se que o governo do Malawi afirmou há dias que o fluxo de refugiados moçambicanos fugindo da violência pós-eleitoral no seu país está a exercer pressão sobre os recursos públicos, como os serviços de saúde.
O Comissário do Departamento dos Refugiados, Ignacio Maulana, frisou que os refugiados moçambicanos no distrito de Nsanje enfrentam desafios críticos no acesso a serviços essenciais, como abrigo, suprimentos alimentares e assistência médica.
Face à situação, a comunidade humanitária no Malawi, em colaboração com o Departamento de Refugiados, organizou uma consulta multi-sectorial sobre a gestão dos refugiados moçambicanos.
Entre outros pontos, a reunião enfatizou a necessidade de esforços concertados entre todas as partes interessadas, incluindo ministérios, departamentos e agências governamentais, organizações não-governamentais e doadores internacionais na gestão dos refugiados moçambicanos.
O grupo fugiu do país após protestos pós-eleitorais depois que o Conselho Constitucional confirmou a vitória do candidato presidencial do partido Frelimo, Daniel Chapo, nas eleições de 9 de Outubro. A violência pós-eleitoral em Moçambique também está a causar tensão nos países vizinhos. Além do Malawi, E-swatini, antiga Suazilândia, também recebeu centenas de moçambicanos.
No entanto, as mais recentes cenas de violência registadas em Morrumbala poderão eventualmente retardar o repatriamento dos refugiados moçambicanos que cruzaram a fronteira para Nsanje. (Carta)