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quinta-feira, 23 maio 2019 06:11

Makondes no Quénia protestam contra mobilização para recenseamento eleitoral

Pouco tempo depois de lhes ter sido concedida a cidadania queniana, a comunidade Makonde local opôs-se contra acções de mobilização que visavam sensibilizar os seus membros a recensearem-se para votarem nas eleições gerais deste ano em Moçambique, seu país de origem.

 

Liderados pelo presidente da Comunidade Makonde no Quénia, Thomas Nguli, eles acusaram a Embaixada moçambicana em Nairobi de estar por detrás dessa campanha visando arregimentar eleitores na região de Kwale, onde a maioria deles está estabelecida.

 

Alguns makondes, falando separadamente a partir das cidades de Kwale e Makongeni, numa semana em que os makondes tornaram-se a 43ª etnia do Quénia, depois que o governo concordou em emitir para eles bilhetes de identidade, alguns membros da comunidade disseram que se opõem fortemente ao recenseamento moçambicano pois correm o risco de perder a sua nova cidadania queniana.

 

Eles disseram que não estavam dispostos a votar nas eleições de Outubro em Moçambique, uma vez que já se estabeleceram no Quénia e que apenas alguns elementos “descontentes” estavam caindo naquilo que consideraram como uma isca dos moçambicanos.

 

"Estou advertindo os meus colegas a serem cautelosos e evitarem cair na armadilha de votar em Moçambique. Corremos o risco de perder a cidadania queniana, pela qual lutamos arduamente terminando longos anos de vida como cidadãos sem pátria”, disse Nguli, observando que seu reconhecimento como quenianos fora concedido sob a condição de aderirem estritamente aos requisitos daquela cidadania.

 

Ele admitiu que a questão dividiu a comunidade em duas facções, e considerou os que estavam a favor de recensear-se uma "minoria de equivocados”. De acordo com Nguli, a maioria os makondes que nasceram no Quénia opõe-se ao recenseamento para votar nas eleições moçambicanas.

 

Nguli disse que as campanhas da Embaixada moçambicana para que eles se registem começaram na semana passada com promessas de que receberão passaportes para facilitar o seu regresso de volta à Moçambique. Mas ele denunciou que o governo moçambicano só lhes quer usar num ano eleitoral em Moçambique.

 

Os makondes vivem em Gasi, Mwangwei e Ramisi, na região de Kwale. Também podem ser encontrados nos condados de Kilifi e Taita-Taveta. A maioria deles veio para o Quénia para trabalhar nas plantações de sisal e açúcar. Acabam de conquistar a cidadania queniana depois de muitos anos lutando por esse estatuto. (James Muchai, KNS, Kenya News Agency)

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