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terça-feira, 10 setembro 2019 05:02

Rede alerta para financiamento insuficiente ao apoio humanitário em Moçambique

O financiamento à assistência humanitária nas zonas afectadas pelos recentes ciclones e secas em Moçambique continua a ser insuficiente, anunciou a Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (rede Fews, sigla inglesa), que agrega organizações norte-americanas.

 

"A assistência alimentar de emergência está em transição para a assistência de recuperação precoce nas áreas afectadas pelos ciclones, no entanto, o financiamento é insuficiente para atender à necessidade […], atendendo apenas a 40 por cento da necessidade estimada", lê-se no mais recente relatório sobre Moçambique consultado esta segunda-feira pela Lusa.

 

O retrato está alinhado com o mais recente feito pelas Nações Unidas, em Julho, segundo o qual são necessários 440 milhões de dólares (388 milhões de euros) para apoio a 2,4 milhões de pessoas e só 45 por cento está garantido pela comunidade internacional.

 

Por outro lado, o financiamento da assistência "para as áreas do sul afectadas pela seca é limitado", refere a rede Fews, sendo que esta região precisa de ajuda acrescida durante a estação de pousio, de Outubro a Janeiro, realça-se no documento.

 

Ainda assim, olhando para o mapa de necessidades, a assistência humanitária em andamento e a recente colheita acima da média têm minimizado os problemas.

 

Numa escala de 01 a 05 (que vai de risco mínimo até fome, respectivamente), regista-se uma situação de crise (nível 03) que cobre áreas afectadas pelos ciclones Idai e Kenneth, no Centro e Norte de Moçambique.

 

O mesmo grau de dificuldade preenche zonas do mapa a Sul, devido à seca, e na costa Norte, por causa do conflito em Cabo Delgado, detalha a Fews.net.

 

Em Outubro, as zonas em crise (nível 03) devem alastrar-se, à medida que "muitas famílias pobres ficarem sem alimentos, nem fontes de rendimento" até nova época agrícola, podendo ser necessária "assistência alimentar humanitária urgente", nota a rede Fews.

 

De acordo com previsões internacionais, "é provável que a temporada de chuvas 2019/20 comece tarde com chuvas acima da média no Norte e abaixo da média na região Sul".

 

"Prevê-se que tal retarde a actividade agrícola, bem como a disponibilidade de alimentos frescos", acrescenta.

 

Prevê-se que o fenómeno El Niño (conjugação cíclica de fenómenos meteorológicos que pode provocar cheias ou secas) seja neutro, sem influência nas condições sazonais.

 

Nos mercados moçambicanos monitorizados pela rede, o preço do milho, em Julho, estava bem acima (quase 45 por cento) dos preços dos últimos anos e 20 por cento acima da média de cinco anos.

 

Ainda assim, no médio prazo, os preços do milho, farelo e arroz permaneceram relativamente estáveis.

 

A rede Fews Net foi criada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em 1985 para apoio à tomada de decisões na gestão de apoio humanitário. (Lusa)

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