Os resultados de apuramento distrital revelam que houve enchimento generalizado de urnas em todos os distritos, tanto através da introdução física de boletins de votos extras nas urnas ou através da adulteração de editais de apuramento parcial, atribuindo a Filipe Nyusi mais votos do que os depositados nas urnas. E 19, dos 138 distritos tiveram uma afluência de acima de 75 por cento e mais de 80 por cento dos votos foram para Filipe Nyusi.
Em Gaza, muitos dos fantasmas votaram – houve assembleias de voto sem filas ao longo do dia, mas mostram altos índices de participação e quase todos votos para a Frelimo. E, em todo o país, há mais votos para Presidente do que para a Assembleia da República e os votos extras são todos para Nyusi – provavelmente resultado de muitas pessoas em todo o país terem introduzido boletins de voto extras nas urnas. Há pessoas que foram encontradas com boletins de voto extras e durante as contagens houve relatos de vários boletins de voto dobrados juntos, sinal de que foram introduzidos juntos.
Houve muitas formas de má conduta nessas eleições, agravadas por restrições ilegais à observação independente. O Boletim, na sexta-feira, escreveu sobre o papel do “controlo descentralizado e da intimidação”. Um importante líder da sociedade civil foi assassinado pela polícia; líderes do partido da oposição foram mortos a tiros. A União Europeia falou de “clima de medo”. As leis foram violadas e a intimidação foi intensificada, começando com o recenseamento, que incluía eleitores fantasmas em Gaza e limitações de recenseamento na Zambézia.
As restrições ilegais à credenciação da observação e os delegados dos partidos tornaram muito mais difícil monitorar a votação, a contagem e a movimentação dos boletins de voto para os distritos. Os delegados dos partidos foram detidos por reclamar sobre o enchimento das urnas ou intimidados para permanecer calados.
O enchimento das urnas é apenas uma pequena parte de uma fraude generalizada e que teve muitas formas. No entanto, as nossas tabelas (encurtador.com.br/anqJX e encurtador.com.br/nFIX1) de 138 dos 160 distritos apresentam uma ideia sobre fraudes que é significativamente grande e permitem fazer uma estimativa inicial do impacto de enchimento das urnas. Estimamos que houve pelo menos 282.000 votos falsos para Filipe Nyusi introduzidos nas urnas.
Ressalvamos que estes são apenas os aspectos que são imediatamente notáveis nos números e não minimizam outras formas de fraude que também possam ter aumentado o número de votos para Nyusi. Um relatório mais detalhado e abrangente será publicado no final da semana, mas publicamos uma estimativa rápida aqui, com base na análise de três fontes diferentes que deram votos falsos a Nyusi, nomeadamente: mais nas eleições presidenciais do que nas eleições legislativas, distritos com afluência impossivelmente alta e número de Eleitores fantasmas de Gaza que realmente votaram.
Votos a mais para Presidente
Nossa primeira verificação foi onde havia votos a mais nas urnas, porque as pessoas introduzem votos extras com pressa e a prioridade é garantir mais votos para o presidente, deixando para o segundo plano os votos para as eleições legislativas. Os dados de 138 dos 160 distritos mostram que Filipe Nyusi obteve 267 mil votos a mais nas eleições presidenciais do que a Frelimo nas eleições legislativas. Mas também observamos que havia 147 mil votos em branco e inválidos nas eleições legislativas, sugerindo que essas pessoas podem ter votado no presidente, mas colocando um voto em branco ou inválido na urna das legislativas. Restam 120 mil votos (cerca de 1 por cento do total) não contabilizados, o que sugere que sejam boletins ou votos adicionados ao total presidencial, sem adicionar os mesmos para as legislativas. Mas isto deixa de fora aqueles casos em que houve adição de votos tanto para a Frelimo como para o seu candidato presidencial.
Afluência muito alta
Existe apenas um distrito com uma participação inferior a 30 por cento. A participação nacional é de cerca de 52 por cento e a votação geralmente tem o que é chamado de “distribuição normal”, o que significa que a participação deve mostrar a mesma distribuição acima e abaixo 52 por cento. Portanto, qualquer distrito com uma participação acima de 75 por cento é suspeita. Um número incrível de 19 dos 138 distritos tem uma participação acima de 75 por cento, e Nyusi ganhou em todos estes distritos com mais de 80 por cento.
Os oito distritos com maior participação são os mesmos que tiveram enchimento de urnas nas eleições passadas, seis em Gaza e dois em Tete. Em Gaza, são Chigubo (97 por cento de participação, 100 por cento para Nyusi), Chicualacuala (96 por cento, 99 por cento), Mabalane (92 por cento, 99 por cento), Mapai (91 por cento, 99 por cento), Guijá (90 por cento, 98 por cento) e Massingir (88 por cento, 99 por cento).
Em Tete, os dois distritos notórios são Zumbo (91 por cento de participação, 89 por cento para Nyusi) e Changara (86 por cento, 96 por cento). Outros com mais de 75 por cento de participação incluem KaNyaka na cidade de Maputo, Funhalouro em Inhambane, Muanza em Sofala e Tambara em Manica.
Se assumirmos que todos os votos acima de 75 por cento da participação são enchimento de urnas para Nyusi, o total é de 46 mil votos.
Fantasmas de Gaza
Estimamos que 235 mil dos eleitores fantasmas – pessoas a mais recenseadas acima do número de adultos em idade eleitoral – estavam em quatro distritos: Bilene, Chibuto, Chókwè e Mandlacazi. Em Chókwè, a participação neste ano foi a mesma de 2014, por isso assumimos que a mesma proporção de fantasmas votaram. Mas nos outros três, a participação foi significativamente baixa, muitos fantasmas não votaram. Estimamos que nesses quatro distritos 118 mil fantasmas votaram.
Combinando as três fontes de enchimento de urnas, votos a mais para Nyusi nas assembleias de voto, mais de 75 por cento de participação e os eleitores fantasmas em Gaza, estimamos que houve pelo menos 282 mil votos extras para Nyusi – 5 por cento do total dos votos.
25 Mil votos da oposição invalidados
Finalmente, analisamos votos inválidos. Os boletins de voto de oposição geralmente são inutilizados com uma marca de tinta ou impressão digital extra para torná-los inválidos. A percentagem média de votos inválidos nos 138 distritos é de 3 por cento.
Portanto, presumimos que qualquer distrito com 6 por cento ou mais de votos inválidos tenha visto uma fraude significativa. Dos 138 distritos, 20 têm 6 por cento ou mais de votos inválidos, chegando a 11 por cento em Nacala-a-Velha (Nampula) e N'gauma (Niassa). Se assumirmos que votos inválidos acima de 3 por cento nesses distritos foram roubados da oposição, o número de votos roubados é de 25 mil (Boletim CIP)