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terça-feira, 22 outubro 2019 06:54

Duas em cada três crianças no mundo vivem mal alimentadas, revela UNICEF

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revela que duas, em cada três crianças, no mundo, vivem mal alimentadas e, pelo menos, uma em cada três crianças menores de cinco anos sofre de desnutrição crónica, sendo que um número alarmante sofre as consequências de um sistema alimentar que não tem em conta as suas necessidades.

 

A informação consta de um relatório intitulado “a situação mundial da infância 2019, crianças alimentação e nutrição”, divulgado semana passada pela organização, no qual sublinha que, em Moçambique, particularmente nas áreas rurais de difícil acesso, algumas comunidades estão em passos de condições críticas de desnutrição, caso um desastre os atinja.

 

Para UNICEF, as más práticas alimentares no país começam nos primeiros dias de vida de uma criança. Embora o aleitamento materno possa salvar vidas, os dados revelam que apenas 42 por cento dos recém-nascidos com menos de seis meses de vida são amamentados exclusivamente com o leite de peito e um número crescente de crianças são alimentadas com substitutos do leite materno (ou fórmula infantil).

 

De acordo com o documento, à medida que as crianças crescem, sua exposição a alimentos pouco saudáveis é bastante alarmante, em grande medida, impulsionada pela comercialização e publicidades inapropriadas, a abundância de alimentos ultra-processados, tanto nas cidades como também em zonas rurais e ao aumento do acesso à comida rápida (fast food) e a bebidas altamente açucaradas.

 

O estudo afirma ainda que 42 por cento dos adolescentes em idade escolar em países de baixa e média renda consomem refrescos com açúcar pelo menos uma vez por dia e 46 por cento come fast food pelo menos uma vez por semana. Entretanto, essas taxas sobem para 62 por cento e para 49 por cento, respectivamente, para adolescentes em países de alta renda.

 

O relatório indica, igualmente, que há graves crises alimentares causados por desastres relacionados ao clima. A seca, por exemplo, é responsável por 80 por cento dos danos e perdas na agricultura, alterando drasticamente os alimentos disponíveis para crianças e famílias, bem como a qualidade e o preço desses alimentos. A segurança alimentar piorou em Moçambique, afectando o preço dos alimentos básicos.

 

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o preço do milho aumentou e permanece mais alto em comparação com o mesmo período do ano passado nas províncias afectadas pelo ciclone em Cabo Delgado, Manica e Nampula.

 

O argumento da UNICEF para uma boa nutrição não se limita apenas em promover uma melhor saúde e desenvolvimento para as crianças. A desnutrição, de acordo com as evidências nacionais, restringe o desenvolvimento económico de Moçambique, prejudicando o potencial das pessoas para contribuir com maior produtividade do país, bem como contribuindo para uma perda de produtividade devido a doenças e absentismo no local de trabalho. (Marta Afonso)

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