O sector da saúde registou, entre 2018 e 2019, um total de 52.169 casos de violência doméstica, o que representa um aumento em 12% relativamente ao período anterior.
A informação foi partilhada, esta quinta-feira (05), pela Ministra da Saúde, Nazira Abdula, no âmbito da Reunião Nacional de Género e Resposta à Violência Baseada no Género, que decorreu na capital do país, sob lema “Melhorando a Integração de Género e Resposta à Violência rumo ao Acesso Universal à Saúde”.
Segundo Abdula, não são apenas os dados sobre violência doméstica que registaram aumento, mas também os da violência física, que saíram dos 18.305 registados, em 2018, para 20.839 reportados este ano, o que representa uma subida de 13,8% e a violência sexual registou um aumento de 4,7%.
Para estes resultados, justifica a Ministra, tem contribuído os prestadores de cuidados de saúde, visto que são o primeiro ponto de contacto dos sobreviventes/vítimas.
De acordo com a governante, o MISAU tem o desafio de criar condições para que as vítimas de violência encontrem serviços de qualidade no sector da saúde, de modo a prevenirem-se de doenças de transmissão sexual, gravidezes indesejadas, bem como condições de tratamento, tendo em conta o tipo de violência.
Por seu turno, a Representante da Organização Mundial da Saúde (OMS), Djamila Cabral, explicou que uma das consequências da desigualdade de género é a violência que a cada ano afecta 1,4 milhão de pessoas em todo o mundo.
Dados da OMS apontam ainda que 38% dos homicídios entre mulheres são cometidos por um parceiro íntimo ou um ex-parceiro e que uma em cada três mulheres é vítima de violência física ou sexual, assim como um quarto de todas as crianças são vítimas de violência física e 20% das raparigas são abusadas sexualmente.
Para Djamila Cabral, estes dados são assustadores, visto que a grande maioria destas violências são causadas pela diferença do poder entre os homens e as mulheres. (Marta Afonso)