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quinta-feira, 13 agosto 2020 07:13

OMR defende aumento do apoio financeiro do Governo às empresas para conter agravamento da pobreza

Olhando para a magnitude do choque da crise pandémica que levou o Banco Mundial a cortar o crescimento da actividade económica de Moçambique deste ano para 1.3%, muito abaixo da previsão pré-Covid-19 de 4,3%, o Observatório do Meio Rural (OMR), defende que o Governo deve injectar mais verbas na linha de financiamento de 1.6 mil milhões de Meticais às empresas, como forma de conter o agravamento da pobreza.

 

Em estudo que faz micro-simulações dos impactos da Covid-19 na pobreza e desigualdade, em Moçambique, a organização concluiu que, face ao choque pandémico na economia, o poder de compra das famílias poderá reduzir entre 5 a 10% (cenário optimista) e 14.7 milhões de moçambicanos poderão ser arrestados para a pobreza, contra 11.8 milhões de pessoas contabilizadas, em 2015, pelo Instituto Nacional de Estatística.

 

Num segundo cenário, moderado, o estudo da autoria dos investigadores e académicos, Ibraimo Mussagy e João Mosca, revela que, com a crise, o poder de compra das famílias poderá reduzir entre 10 a 15% e, como consequência, 15.8 milhões de pessoas irão viver na pobreza. No pior cenário, a análise aponta que o número de pessoas pobres vai aumentar para 17.6 milhões e a redução do consumo deverá situar-se entre 15 a 20%.

 

Em termos percentuais, os resultados das micro-simulações com base no critério nacional indicam que a pobreza, a nível nacional, poderá aumentar para 75.5%, 77.7% ou 81.7%, para cada um dos três cenários, respectivamente, um retrocesso de mais de vinte anos.

 

Apresentado esta terça-feira (11), num seminário virtual, pelo economista Ibrahimo Mussagy, o estudo revela ainda que, por efeitos da Covid-19, os índices de desigualdade (calculados com base no índice Gini, que determina que 0 representa total igualdade e 1 total desigualdade) poderão aumentar dos 0.470 registados 2015 para 0.478, 0.484 ou 0.504 em cada um dos três cenários.

 

No cenário optimista, o estudo revela que uma contracção do rendimento mais baixa coloca Niassa com um nível de pobreza de 70.6%, exactamente igual ao índice de pobreza registado nesta província durante a primeira avaliação feita em 1997.

 

Por outro lado, a análise concluiu que a província da Zambézia, que tem sido uma das províncias mais pobres, não só pelo nível da concentração populacional (sete pessoas em cada agregado familiar), mas também pelas recentes cheias e ciclone que afectaram a província, originaram um incremento de 2.8% do seu nível inicial de pobreza registado em 2015.

 

A tendência dos índices de pobreza das províncias menos pobres, tais como Tete, Manica, Sofala, Maputo Província e Maputo Cidade mantém-se praticamente a mesma, onde para Maputo Província e Maputo Cidade, os índices de pobreza não atingem 30%, enquanto nas outras províncias Tete, Manica e Sofala no primeiro e segundo cenários, as taxas de pobreza registam aumentos, mas não chegam a 50%.

 

No terceiro cenário, a província de Tete regista um índice de pobreza de 59.1%, relativamente alto se comparado com as outras províncias com menor incidência de pobreza registada em 2015.

 

Como forma de evitar essas previsões, Mussagy defendeu, em seminário, a reabertura da economia para um novo normal, bem como a injecção de mais verbas para robustecer ainda a linha de crédito recentemente lançada pelo Governo, avaliada em 1.6 mil milhões de Meticais e disponibilizada pelo Banco Nacional de Investimento (BNI).

 

O economista disse ser necessário o Governo mobilizar mais fundos para aumentar a capacidade de apoio às empresas. Em contrapartida, exortou às empresas maior celeridade na devolução dos valores emprestados para que mais negócios possam ser apoiados.

 

O grito da OMR junta-se ao da Administração do BNI, que desde o anúncio da linha afirma que a verba é muito insuficiente para satisfazer a todo o tecido empresarial nacional afectado pela crise pandémica e acredita que futuramente o Governo venha aprovar fundos adicionais. (Evaristo Chilingue)

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