Moçambique assinala, no próximo domingo, 04 de Outubro, a passagem do 28º aniversário, após a assinatura dos Acordos Gerais de Paz, celebrados na cidade de Roma, capital italiana, em 1992. Os acordos, lembre-se, foram assinados por Joaquim Alberto Chissano, então Presidente da República, e Afonso Macacho Marceta Dhlakama, falecido Presidente da Renamo, tendo em vista o término da guerra civil, que opôs a Frelimo e a Renamo, durante 16 anos.
Em comunicado de imprensa, recebido esta quinta-feira, a Nova Democracia (ND), uma nova força política nacional, afirma tratar-se de uma data “relevante para a nação moçambicana”, cujo momento (da assinatura do acordo) foi caracterizado por “alegria e entusiamo” entre os moçambicanos.
Porém, passados 28 anos, diz a formação política, o país vive uma paz “simbólica e esquisita”, devido à “longa espera por uma verdadeira paz”, pois, “já foram assinados três acordos de paz, sendo o último no ano 2019, o que demonstra uma ausência de paz verdadeira”.
“Que paz é esta, quando a instabilidade militar prospera na zona centro do país, matando cidadãos inocentes e destruindo seus bens? Que paz é esta, quando o terrorismo destrói a província de Cabo Delgado e mata os nossos compatriotas? Que paz é esta, quando académicos, jornalistas e activistas são perseguidos, baleados e torturados? Que paz é esta, quando jornais são queimados?”, questiona o partido liderado por Salomão Muchanga, para quem a ausência de paz não se manifesta apenas em conflitos armados.
“Lembramos que a pobreza, a miséria e a fome são arquitectadas como forma de fazer do cidadão um escravo fraco, apático e dependente. Isso também é ausência de paz!”, considera.
Para a Nova Democracia, Moçambique “é um país rico”, onde se devia viver em paz, mas “está a ser brutalmente esvaziado pelos sedentos do poder”. “Em Moçambique haveria mais empregados do que desempregados, mas o sistema bloqueia as oportunidades e as saqueia, com o fim de alimentar o campo de florescimento da violência contra o cidadão e as liberdades democráticas”, acrescenta.
“A paz que queremos não é esta, onde há crise em quase tudo e confiança em quase nada e onde já se privatizou o erário e as políticas baseadas na exclusão. Queremos, sim, uma paz que signifique justiça social, onde o Estado se reencontre com os Direitos Humanos e se construa uma Nação inclusiva baseada no protagonismo da sua cidadania”, defende aquela formação política, para quem a paz se constrói com base nas políticas públicas focadas nos meios de vida do cidadão. (Carta)