Moçambique está entre 16 países que correm “alto risco de apresentar níveis crescentes de fome aguda”. A informação consta da nova “Análise de Alerta Precoce de Pontos de Insegurança Alimentar Aguda”, publicada na última sexta-feira, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA), consultada pela ONU News, agência de Notícias das Nações.
De acordo com o documento, a situação é impulsionada por uma combinação de factores, incluindo recentes episódios de expansão e intensificação da violência, deslocação de civis e interrupção de sistemas e mercados alimentares.
A Análise, refira-se, apresenta 20 países com maior risco de insegurança alimentar aguda, destacando-se quatro países com áreas que estão na eminência da fome, cujas condições agravarão em meses: o Burquina Faso; o nordeste da Nigéria; o Sudão do Sul; e o Iêmen. Sublinha que, em Outubro, mais de 1 milhão de pessoas ficaram em situação de insegurança alimentar aguda de emergência.
Segundo a ONU News, o relatório destaca que o plano de resposta à pandemia do novo coronavírus levou a um apelo de emergência de 68,1 milhões de USD, tendo-se conseguido um financiamento de 19,4 milhões de USD, equivalentes a 28,5%. Por seu turno, a resposta ao terrorismo na província de Cabo Delgado requer, diz o documento citado pela ONU News, 35,5 milhões de USD e só teve 78,6% dos fundos.
A Análise revela que o número de pessoas que enfrentam uma crise ou emergência alimentar pode ter chegado a 1,7 milhão, entre Outubro de 2019 e Fevereiro de 2020, sendo que a última análise em sete distritos das províncias de Tete e Cabo Delgado estima que 285 mil pessoas necessitarão de uma emergência alimentar entre Outubro e Novembro.
“A situação pode piorar nos próximos meses com o possível alastramento da Covid-19. A insegurança alimentar aguda elevada também é uma preocupação em outras partes do país, incluindo o sul e o centro, onde o acesso aos alimentos baixou com a fraca produção”, destaca o documento da FAO e PMA, consultado pela ONU News.
“Com a dependência de Moçambique das importações de alimentos e produtos básicos e exportações de matérias-primas, os preços da comida subiram com as restrições relacionadas à pandemia”, acrescenta, sublinhando: “os níveis persistentes de alto endividamento podem limitar a capacidade fiscal do país de reagir a problemas internos e crises externas”.
Para as agências da ONU, há uma necessidade de se tomar medidas urgentes para evitar uma “grande emergência” nos próximos três a seis meses. “Um evoluir da situação em países de maior risco dependerá da dinâmica dos conflitos, dos preços dos alimentos e da miríade de impactos da pandemia Covid-19 em seus sistemas alimentares, chuvas e resultados de colheita”. (Carta)