Decorreram, semana finda, em todo o país (menos em alguns pontos das províncias de Cabo Delgado e Sofala, assolados pelo terrorismo e cheias, respectivamente), os exames finais da 10ª e 12ª classes, referentes ao ano lectivo de 2020, ano marcado pelas restrições causadas pela pandemia do novo coronavírus.
De um acto de avaliação de “competência” dos alunos, os exames finais podem ter sido focos de propagação do novo coronavírus. Relatos que nos chegam da província de Maputo não são animadores. Segundo alguns professores, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), a nível daquela província, não criou condições adequadas para a protecção desta classe profissional, tendo juntado estes nos famosos “centros de correcção dos exames”.
Conforme soubemos, os professores até pediram, junto das direcções das suas escolas, que não fossem aglomerados nos centros de correcções (que juntam três escolas e o maior número possível de professores de cada uma das oito disciplinas examinadas), porém, debalde.
Para a sua protecção, cada professor conta, segundo eles, com uma máscara “conseguida à sua maneira” e o álcool em gel (disponível na escola) para a desinfecção das mãos. Para agravar a situação, dizem, estabelece-se um horário que obriga o professor a passar refeições preparadas e servidas em precárias condições, pois, as escolas não dispõem de condições mínimas para a confecção dos alimentos.
Na sua colocação, os professores dizem não se recusar a corrigir os exames, apenas querem evitar a ida aos centros de correcção até porque estes, segundo eles, não evitam as fraudes, mas as legitimam, pois, os alunos vão ao exame já conhecendo o enunciado e o respectivo guião de respostas.
Esta é a triste, grave e preocupante realidade que se vive em todo o país, numa altura em que a pandemia do novo coronavírus propaga-se a uma velocidade da luz. Num momento em que o Estado endurece as medidas restritivas, onde se inclui o recolher obrigatório (na área metropolitana de Maputo), era suposto que também se criasse condições para garantir segurança para os funcionários da educação, neste caso, os professores.
Com a pandemia a assolar o país, desde Março de 2020, era expectável que o MINEDH tivesse criado um sistema fiável e seguro de correcção dos exames finais, sem que os professores estejam aglomerados. Não causará estranheza, nos próximos dias, se ouvirmos que as escolas estão a registar surtos de Covid-19, pois, o MINEDH não criou condições adequadas para que os professores trabalhassem em segurança. Aliás, há quem acredite que os números apresentados pelo Chefe de Estado, em relação ao número de professores e alunos infectados, não espelham a realidade, pois, nunca houve campanhas de testagem, que pudessem desvendar o véu da Covid-19, nos estabelecimentos de ensino.
Um professor devidamente identificado