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segunda-feira, 30 março 2020 08:57

Os dilemas de Nyusi

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Se o Presidente Nyusi decretar o Estado de Emergência, vamos morrer de fome, e, se não decretar, vamos morrer de "couve-di-dezanove". Duma ou doutra forma, o Pé-Ere será insensível. É esse o grande dilema do Presidente Filipe Nyusi. Nyusi está perante uma equação trigonométrica do segundo grau com senos e cossenos e tangentes e cotangentes. E a calculadora científica da presidência não aguenta.

 

O dilema aqui não é da decisão que o Pé-Ere vai tomar, mas do seu remorso em saber que, em condições normais, essa equação era desnecessária. Nyusi é presidente de 28 milhões de habitantes, espalhados por 800 mil metros quadrados, que têm apenas dois mil testes e um único laboratório para fazer testes de corona. Um exagero para baixo. Então, nem val'apena falar de ventiladores médicos!

 

Nyusi sabe que o dinheiro das dívidas ocultas dava para comprar 100 testes com dez litros de reagente, mil máscaras, cinco mil barras de sabão Maeva, três mil luvas e cinco bidões de álcool-gel para cada moçambicano. E ainda um laboratório em cada quarteirão, um hospital em cada bairro e um ventilador para cada família.

 

É um grande dilema! Nyusi sabe que certos cidadãos (que ele bem conhece) foram "az-europas" fazer fiado em nome do povo dizendo que iam comprar barcos com tecnologia para pescar atum. Levaram o dinheiro e zwiiiii... sumiram. Sumiram, não! Ficaram aqui mesmo a esfregarem na cara do povo: a comprarem Ferrari's e Bugatti's para os seus amigos e pitinhas, a viverem em todos os condóminos da cidade ao mesmo tempo, a bombarem festas tipo nas novelas. Dinheiro que era para pescar peixe para vender "txilaram" com ele todo. Até marandzas iam gamar na França. Comiam na África do Sul, arrotavam nas Maldivas e palitavam em Dubai.

 

Nyusi não sabe o que fazer porque sabe que esses gajos (que ele bem conhece) compraram uns barquitos que nem conseguem carregar as suas próprias âncoras; sabe que o irmão de Ndambi vendeu-lhe fisgas e disse-lhe que eram armas. E hoje estamos aqui, sem barcos, sem atum, sem armas, nem dinheiro de sobra. "Niwalile puluvi", como se diz em bom chuabo. É do conhecimento de todos que com aquele empréstimo só podemo-nos gabar de termos criado um tabuleiro invejável de gatunos de alto quilate e um país especializado em travar com jantes nas curvas e descidas em direção à ponte.

 

Agora o Presidente Nyusi está engasgado. Não sabe se decreta o tal Estado de Emergência ou não. Outros países que não se especializaram em produzir ladrões em série tomaram decisões sem titubear. Aqui vai-se morrer a mesma, de fome ou de Corona, e Nyusi terá que carregar o peso de cada morte para o seu travesseiro. Não é fácil! 

 

Se, ao menos, tivéssemos aplicado o dinheiro das dívidas ocultas na pesca de atum de verdade. Hoje estaríamos a falar em distribuir 30 kilos de atum para cada família por semana e ninguém estaria a falar em morrer de fome. Estaríamos a falar de uma quarentena farta de atum. Era só xima com atum, arroz com atum, mandioca com atum, inhame com atum, abóbora com atum, batata com atum, tudo-da-machamba-com-atum. Mas nada, os putos pagaram na mola e foram fornicar xawalas na França. Os únicos ventiladores que Nyusi está a ver são de ar condicionado dos Lamborghinis do Florindo.

 

Enfim, o presidente Nyusi está num turbilhão de dilemas. Um país sem comida e sem armas, mas que tem "mangau" no banco dizendo que ia produzir comida e se defender. Ninguém está disposto em nos emprestar dinheiro porque ficamos com a fama de caloteiros e, para piorar, os insurgentes estão a brincar com os badalos do Estado no Norte do país. Que dilema, hein!!!

 

- Co'licença!

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