Imaginem que estamos em período de eleições presidenciais e legislativas, concretamente em campanha eleitoral! Façam de conta que o Coronavírus é RENAMO, Eme-Dê-Eme, PIMO, PAHUMO, AMUSI, ou sei-lá esses partidinhos que surgem menstrualmente em tempos de campanha eleitoral! Imaginem que a comunicação do Estado de Emergência feita na segunda-feira a noite era tempo de antena da FRELIMO e que Filipe Nyusi estava a falar como presidente e candidato da gloriosa e cinquentenária FRELIMO!
É só uma imaginação, não custa nada. Ninguém vai morrer por isso! Continuando, imaginem, então, que o conteúdo principal da comunicação de ontem a noite era simplesmente golear a oposição com uma derrota esmagadora, retumbante, convincente e qualquerizante!
Estamos juntos até aqui!?! Okey!!! Então, imaginem a quantidade de apoio que o partido FRELIMO teria recebido até ao meio-dia de ontem, terça-feira, vindo dos empresários e membros do partido FRELIMO espalhados pelo país! Imaginem malta Eme-Bê-Esse, Lalgy, Gulamo, Sidat, Abdula, Yunusso, Noormamad, Moti, etecetera, etecetera, etecetera! Imaginem os leilões de cadeiras, canetas, camisetas autografadas, bonés, etecetera, etecetera, etecetera. Imaginem só! Imaginem quanto dinheiro o partido não teria hoje para erradicar a oposição!
Já-tão a imaginar né!?! Agora imaginem qual seria a manchete desta semana na mídia! Imaginem as análises dos ANAListas! Imaginem as esteiras dos Gustavos, dos Juliões, (mais quem?) desta vida no "Feicibuque"! Imaginar não paga imposto, então, imaginem!
Agora parem de imaginar. Caiam na real! Acordem! Olhem para o Coronavírus como pandemia! Olhem para o desespero do Presidente Filipe Nyusi! Olhem para a sua solidão! Olhem para o silêncio dos empresários! Procurem aqueles que pagam cadeiras de tábua a nove milhões, canetas a um milhão, camisas autografadas a sete milhões, bonés a três milhões, etecetera!
Olhemem para a Cê-Tê-A! Aquela associação de lobistas que estão em todas as viagens do Chefe do Estado para o estrangeiro. Aqueles que recebiam dinheiro do Estado até bem pouco tempo. Aqueles que ofereceram ao pai de Boustani um Mercedes Benz, modelo Esse-350, avaliado em duzentos mil euros, em 2014. Aqueles que "sabiamente" condecoram todos os Chefes de Estado no poder com medalhas por melhoramento do ambiente de negócios em Moçambique. Aqueles cujo presidente (falecido) ia buscar dinheiros do cofre dos já pobres e sofridos trabalhadores para comprar seus aviões e montar suas empresas.
Em outros quadrantes, neste momento de crise, os empresários se dispõem ao seus governos. Empresas privadas estão a ajudar o governo com produtos de higiene, até com ventiladores. As CLINICA(RE)S se predispõem a receber seus compatriotas doentes. Não há mãos a medir. Não é tempo de contabilizar ganhos.
Mas, também - a verdade seja dita - nesses outros quadrantes, há EMPRESÁRIOS no verdadeiro sentido do termo. Pessoas que fazem negócios de verdade, que não precisam de ter cartão vermelho para o serem. Empresários de sucesso de lá não precisam ser filhos nem amigos dos Chefes de Estado.
Mas, também - outra verdade - nesses outros quadrantes, o Estado não fica a dever todos os lucros dos empresários durante anos. Os concursos públicos ganham-se justamente, e paga-se o que deve ser pago. Não se deixa o empresário na corda bamba. Lá o negócio é "win-win".
Mas é melhor voltarmos a imaginar. Imaginar é bom! Eu já estou a imaginar um jantar de gala de angariação de fundos para o partido onde o filho do Gulamo de Nacala, o Gulamozito - mais conhecido por Gula - comprou todo o Coronavírus de Moçambique, e, no dia seguinte, a sociedade civil começou a fazer cartas abertas ao presidente da FRELIMO por ter vendido um bem público sem concurso. A imaginação é a nossa maior riqueza. Graças a Deus isso ninguém nos roubam!
- Co'licença!