“Manteremos em vigor todas as medidas anunciadas anteriormente, o que significa que as escolas e os locais de culto continuarão fechados”. Muito bom!
Manter as escolas fechadas e condicionar a sua abertura à criação de condições de higiene e segurança para as crianças é de longe a decisão mais sábia e lúcida do Presidente da República Filipe Nyusi, mas é uma meia-decisão. Faltou, quanto a mim, o essencial do discurso. O Presidente da República perdeu a oportunidade de pôr os pontos nos 'is' em relação ao futuro do ano lectivo 2020. É que todos sabemos que não iremos a tempo de criar condições de retorno às aulas em tão curto espaço de tempo. Ou seja, não teremos essas condições neste 2020.
Por isso, o discurso do Presidente Nyusi peca por não deixar claro como fica o ano lectivo 2020. Ainda vamos a tempo de melhorar as condições das escolas e reabrirmos o ano lectivo 2020? Ainda há essa esperança ou queremos arrastar até Dezembro o assunto esquivo das propinas? É que, enquanto o ano lectivo 2020 continuar uma incógnita, continuaremos a pagar metade das propinas de crianças que estão sentadas em casa. Este ano é feriado. No fim de tudo vamos ver que este ano vai-se anular naturalmente... sem esforço. Mesmo que retornemos em Agosto ou Outubro, não iremos alcançar as metas (se é que existem) em três meses. Educação não é brincadeira!
O governo tem de decidir em anular o ano lectivo 2020 de uma vez por todas sem evasivas nem subterfúgios. Não há mais tempo. Não adianta vir com essa de rever o calendário escolar porque já não é mais possível. Sejamos honestos! Não há mais truques nem acrobacias. Anula-se o ano lectivo e o governo apoia as escolas privadas com linhas de crédito sem juros ou sei-lá-das-quantas. Percebe-se que esse titubear tem muito a ver com a pressão das escolas privadas e não com o interesse no ensino público. Percebe-se que o governo está enrolado. Essa enrolação atrapalha o seu foco, principalmente dos governos provinciais e locais. Os Secretários de Estado, os Governadores, os Presidentes dos Conselhos Autárquicos, os Administradores, os Chefes dos Postos Administrativos, os Chefes das Localidades, etecetera, vão gastando recursos e tempo preparando uma escola que não vai abrir neste ano, quando deviam estar focados em estratégias urgentes de prevenção e mitigação dos impactos da Covid-19 nas suas circunscrições.
Haja coragem, senhor Presidente! Até quando vamos pagar propinas sem que as nossas crianças estejam a estudar?! Até quando essa enrolação?! Não seria melhor anular-se o ano lectivo para nos prepararmos melhor para o próximo?! Há que ainda acredita que iremos criar as condições necessárias em duas semanas e retornarmos às aulas em Agosto?! Ou precisa marcar um dia específico para se dirigir a nação apenas para dizer que 2020 é nulo?!
- Co'licença!
Um amigo, que de tanto ouvir projectos e cifras de milhões de dólares americanos que circulavam nas habituais rondas de conversa das sextas-feiras, entre um grupo de amigos, decidiu levar uma máquina de calcular para uma dessas rondas. Chegado o dia e cada vez que um dos amigos vocifera os milhões de dólares ele apontava na máquina. Na hora do fecho da conta do bar, ele fechou a das cifras milionárias: em três horas de conversava circularam na mesa perto de trezentos milhões de dólares americanos. Um valor tão alto, mas insuficiente para saldar a conta do bar que rondava os três mil meticais. E mais uma vez, a conta não fora saldada, adiando-a para um tempo incerto.
O amigo contou-me a estória a propósito das visitas de auscultação feitas por governantes em início de funções e que mereceram atenção no meu texto passado (Protocolo para o início de funções de governação. Existe?). Estas visitas e as conversas das cifras milionárias não têm nenhuma diferença, pois ambas pecam pelo excesso de intenções e na hora da verdade a lamentação de sempre: não há verba para tanto verbo. Agora imagine o meu amigo, o da máquina calculadora, na comitiva das visitas de auscultação e anúncio de intenções desse tipo de governantes. À estes lembrar de que os anos de governação não são para auscultações, são para realizações mesmo de que isso custe alguma cedência para a máxima de que “O político vive de promessas e fica com as remessas”. De toda maneira não há regra sem excepção, justificando assim a auscultação de determinado assunto e caso ela tenha sido planificada.
Grosso modo, a fase de auscultações e de promessas encerra na campanha eleitoral e a tomada de posse inaugura a de resultados ou, no mínimo, de passos firmes nesse sentido. Exemplos disso, felizmente, existem e um deles vem da capital do país. Quando foi do anúncio público municipal sobre a retirada voluntária de vendedores informais de locais impróprios, em particular na baixa da cidade, o Município de Maputo, respondendo aos que reclamavam a intempestividade da medida, defendeu que a decisão era o corolário de um processo de articulação e não o seu início. Possivelmente, suponho, que o início, pelo menos público, tiver lugar com a campanha eleitoral, o momento em que o actual edil da capital auscultara e prometera aos munícipes “txunar” Maputo. Em menos de um ano alguns resultados são visíveis. Alguns possam estar a dizer que a pandemia Covid-19 deu um empurrão no caso da venda informal. Óptimo. Até que faz algum sentido, mas o empurrão só ajuda quem de facto estiver preparado e no caso para saldar a conta/promessa e não para adiá-la.
Voltando aos governantes das boas intenções e nada acontecer, e mesmo a fechar, vai um pouco de frustração com a fé: tinha tanta, mais tanta fé que por esta altura do ano, início do segundo semestre, a conta das promessas eleitorais de 2019 começasse a ser saldada, mas, pelos vistos, está a aumentar, incluindo com a pressão da pandemia da Covid-19. O mesmo acontece com a conta do bar da malta do meu amigo da calculadora: de tempos em tempos é pedida e o pagamento adiado. Isto até ao dia em que dono do bar disser: “C'est fini!”.
Pretende-se com este artigo fazer uma análise superficial da situação desportiva em Moçambique. Como é sabido, em Moçambique às práticas desportivas (informais, formais, lazer e recreação), ultimamente têm vindo a crescer, pese embora os níveis de participação estejam longe dos desejáveis.
Moçambique na alta competição apresenta no pódio números pequenos em modalidades desportivas em competição mundial e, nas que alcançam esse estatuto, o número de atletas é igualmente reduzido (hóquei em patins e canoagem só pra citar). Os êxitos individuais em competições internacionais (Jogos Olímpicos, Mundiais ou Campeonatos Africanos), são devidos, na sua maioria, à “surpresas”, circunstancialmente emergentes de contextos particulares e normalmente não contínuos (só para fazer menção, no Atletismo já não ganhamos nada de “vulto” desde a retirada da atleta Lurdes Mutola), que não reflectem nem podem assegurar ao país um nível representativo estabilizado.
A situação desportiva é um dos conceitos-base da gestão do desporto que possibilita conhecer, analisar e compreender a realidade de um dado contexto desportivo e num determinado momento, feita através da identificação dos seus elementos desportivos, para-desportivos e extradesportivos, que servem de base para a tomada de decisão relativamente às políticas e projectos a implementar (Pires, 2007).
Existem muitos indicadores, só para elucidar, números de sócios, números de praticantes, números de modalidades praticadas, dirigentes, técnicos, orçamento e números de instalações desportivas. Dentre esses a oferta desportiva é o mais relevante indicador da sua situação desportiva e, o acesso a direito ao desporto não basta, é imprescindível a criação de condições materiais e de vários outros factores (condições materiais, dinâmica estrutural e relacional das entidades).
Neste caso, é imprescindível que a oferta desportiva em Moçambique para a população seja oferecido pelo governo, pelas organizações desportivas e o pelo sector empresarial, o que vai permitir na planificação dos serviços desportivos tendo em conta vários critérios e totalmente entregue ao mercado e a livre iniciativa, com um sistema regulador e de avaliação geral, diversificada e ao alcance de todos.
Em Moçambique, verifica-se uma marginalização por parte de muitas organizações desportivas dos escalões de formação. Se não prepararmos o futuro de amanhã, não poderemos sequer definir objectivos e trabalhar em prol desses mesmos. Na mesma senda, denota-se de forma generalizada pouca preocupação em cativar os atletas o mais cedo possível (escolas de formação), de modo a garantir uma continuidade na formação de atletas, os nossos atletas aparecem ao acaso, sem domínio de fundamentos técnicos e tácticos na maior parte deles.
Tal como se pode verificar, muitas organizações desportivas possuem ou movimentam apenas uma modalidade, não proporcionam a prática de nenhum tipo de modalidade ou exercício físico de carácter amador ou não-federado.
Muitas actividades desportivas não são praticadas de forma oficial na maior parte do país, muitas delas estão concentradas na capital do país, em cidades e vilas municipais, como é caso de hóquei em patins, canoagem, boxe, etc., e as não-federadas são muito difíceis de ser quantificadas.
Como é do conhecimento geral, a maior dificuldade centra-se na área financeira, o reduzido apoio e as desproporções existentes entre o futebol e as restantes modalidades. A maior fonte dos financiamentos provém de fundos públicos, uma parte quase insignificante do sector privado e, quase nada dos associados (através das quotas).
Pode-se salientar ainda que a maioria das organizações com instalações desportivas, foram herdadas da era colonial e em péssimas condições de manutenção e conservação. Recentemente, ficou-se a saber, através de diferentes órgãos de comunicação social, que o país não tem instalações desportivas com padrões aceites internacionalmente, caso concreto do futebol. A maior parte das organizações desportivas não possuem sedes próprias, pois ou é alugada ou é cedida, o que se revela como um enorme entrave ao desenvolvimento das organizações e do desporto no geral. As instalações desportivas ou a falta delas, continuam a ser uma das razões que têm condicionando o desenvolvimento desportivo sustentável. Como se não bastasse muitas delas não possuem escalões de formação, os dirigentes não possuem habilitações em gestão do desporto, números insignificantes de treinadores e técnicos desportivos com qualificações técnicas exigidas.
Portanto, olhando de forma superficial para a situação desportiva em Moçambique, permite-nos dizer, com algum a vontade que, o desporto nacional não tem um plano estratégico de desenvolvimento muito claro. Sendo assim, esta realidade permite-nos estabelecer alguns objectivos estratégicos para a sua melhoria, que passam por promover e desenvolver de forma sustentada, a prática de quase todas as modalidades desportivas em ambos sexos e escalões em quase toda a extensão territorial do país, promover o aumento significativo de praticantes, principalmente, nos escalões de formação, estimular e monitorizar o desenvolvimento técnico dos jogadores, garantindo as condições necessárias para o desenvolvimento da excelência desportiva nos vários escalões competitivos, adoptar programas de apoio financeiro aos clubes com projectos desportivos nos escalões de formação e incrementar competições para todos os escalões, de forma continuada e adequada ao nível competitivo.
Saudações desportivas!
Bernardino “Guy” Armindo, Julho 2020
Tudo começou na semana passada quando recebi uma chamada de um número estranho. Eram por aí 6 horas da manhã.
- Alô!
- Alô! Bom dia doutor Juma! (Estranhei! Ninguém me trata com essas mordomias académicas. Era uma voz femininamente lírica, com sotaque afinado, timbre de single malt 'Glenfiddich' seco. Animava ouvir).
- Bom dia! Olha, minha senhora, esse 'doutor' não é necessário. Na verdade, nunca me tratam assim. Não estou acostumado. Fico impotente. Não sei como reagir. (Fui afável. Falava e sorria para exibir boa educação).
- (Sorriu...) Desculpa o incómodo, doutor! Eu sou 'Fulana'. Vivo em Pemba. Quem me deu o seu número foi a 'Beltrana', amiga de 'Sicrano'. Então, vi umas vagas de emprego na empresa 'Xis' (uma empresa do ramo do gás), então, perguntei se alguém conhecia alguém lá e a minha amiga 'Beltrana' ligou ao 'Sicrano' que lhe enviou o seu e ela me passou e disse que o podia contactar por este número.
- Okey! Agora já entendo o 'doutor'. Faz sentido. A senhora falhou no número. A senhora queria ligar para o doutor Juma M****e (aprendi com Eme-Pesa) da empresa 'Xis'. Eu conheço essa pessoa, mas não sou eu. Quem me dera! O 'Sicrano' que deu o número a sua amiga se enganou. Acho que tem os dois Jumas no celular e se enganou ao dar o número a sua amiga. Infelizmente, não sou eu! Queria poder ajudá-la.
- Opahhh! Desculpa!
- Sem stress!
- Desculpa mesmo! Obrigada!
Fim de conversa.
Fim de conversa e início do meu martírio. Já lá vai uma semana que recebo em média 3 chamas por dia confundindo-me com o doutor Juma. Todos os dias. Todos mesmo. Maior parte, mulheres. No princípio, eu até me divertia. Sei-lá... fazia charme. Acho que elas também se encantavam com o meu sotaque chuabo-macua misturado com 'Impala' de milho e cannabis revoada. Ficávamos numa cavaqueirazinha por uns minutinhos. Mas, hoje, ando exausto com essas chamadas. O meu número está em transmissão comunitária num autêntico efeito dominó. Ontem foram diagnosticadas 4 chamadas positivas só a tarde. Um homem de Maputo e três mulheres, de Lichinga, de Pemba, e uma que desconheço a origem (essa então não lhe dei 'taime', lhe despachei logo).
Estou a sofrer há uma semana. Já tenho medo de atender números desconhecidos. Agora, já não sou mais educado com elas, nem afino mais o português. Falo como 'manharinga' mesmo... de Bajone. A partir de amanhã vou começar a insultar. Não aguento mais! Rezo para que esse recrutamento termine logo.
Mas, em todo o caso, só queria partilhar um pouco convosco a relação entre o gonazololo, o 'Gillette' e as vagas de emprego. Se eu que sou o falso doutor Juma me ligam todos os dias, imagina o verdadeiro então! Se o doutor Juma sozinho recebe tantas chamadas, imagina os outros doutores da tal empresa! Vou-te contar! O jogo está muito agressivo, pessoal. Nos meus tempos de juventude, quando víamos vagas, corríamos para internet-café actualizar o 'Cê-Vê' e enviar, enquanto os responsáveis do 'Ere-Aga' iam preparando as perguntas para os candidatos na entrevista, e a seleção acontecia numa mesa. Hoje, tudo mudou: os candidatos correm a farmácia para comprar raspadores de virilha, enquanto os do 'Ere-Aga' vão ingerindo doses do elixir libidinoso, e o recrutamento é peito-a-peito. Esta é a verdade nua e crua: vender gonazololo em Cabo Delgado para entrevistas de emprego. Definitivamente, uma verdade mais nua do que crua.
De resto, tirando a calamidade da insurgência, Cabo Delgado pode vir a ser o maior mercado de viagras e "Gillettes" do mundo. Nuno Rogeiro tem aqui uma soberba oportunidade de escrever 'O Cabo do Gonazololo'. Para um bom empreendedor, meia palavra basta! O mercado é promissor.
- Co'licença!
O retorno às aulas revela, quanto a mim, que, afinal de contas, essa cena de "crianças são flores que nunca murcham" era coisa de papá Samora só. Para esses titios de hoje em dia, enquanto estiver em jogo uma bolada, as crianças são crianças que murcham - sim! Aliás, para eles, nem são crianças. Também nunca foram flores, nem como figura de estilo, talvez como uma figura apenas sem estilo algum.
Romantismos à parte, a retoma do ano lectivo também revela uma falta de objectivos, metas e indicadores na educação. É que normalmente, a educação e a saúde são os pilares do Estado, mas o sector de educação é aquele que não deve ser exageradamente abalado por adversidades naturais ou humanas porque é um sector que deve ser edificado com objectivos, metas e indicadores muito bem definidos e claros. Esta nossa educação, hoje mais do que nunca, está a revelar-se um autêntico negócio da China. Uma 'granda' pirataria. Não tem rumo. Não sabe onde vai. Só está a andar... para atrás. Não creio que em 3 - 4 meses iremos atingir os objectivos que tinham sido traçados para 10 meses. Não creio que iremos atingir as metas definidas em apenas 3 - 4 meses. Não estou a ver uma criança da 1ª classe a assimilar a matéria do ano todo em apenas 3 meses.
Isso é também viver de aparência. Mandar as crianças à escola mecanicamente para todas passarem de classe automaticamente para mostrarmos que também estamos a forjar o homem novo aparentemente. Se em 4 meses já é impossível assimilar a matéria, imagina, então, os do curso nocturno que irão estudar somente aos fins-de-semana durante 3 meses, ou seja, 12 semanas! Se em 10 meses de aulas escrevem "exkenci", "massaroca", imagina em 3! Se sem corona os professores não entram na sala, imagina com corona.
O Ministério da Educação diz que as aulas serão interrompidas caso se registe um caso positivo de Covid-19 numa determinada escola e todos os alunos e professores dessa escola ficarão em quarentena. O mesmo vai acontecer àquelas escolas que se encontrarem numa comunidade/bairro/povoação onde se registarem casos positivos. Sério! Me belisque! Estou a sonhar! Fez-me rir quando vi comunicado da Direcção Provincial de Educação convocando os professores de Mocimboa da Praia, Muidumbe, Macomia, Nangade, para uma reunião para esta semana com agenda única - retorno às aulas. Até parece uma armadilha. Parece um comunicado dos próprios insurgentes.
Está provado que este 2020 é ponte. É feriado. É fim-de-semana longo. Então, minha opinião seria "eskencermos" o ano lectivo para nos organizarmos melhor para o próximo ano. Mas, também quando penso nisso, fico com um pé atrás: se não nos organizamos em 540 meses de independência, vamo-nos organizar em 3!
- Co'licença!
Desponta o interesse pelo início das funções de governação (ministerial e afins) a propósito das actuais romarias mediáticas de auscultação, ditas de conhecimento do terreno, por parte de alguns dos governantes. Não são os primeiros que assim procedem, mas espero que sejam os últimos, pois tal procedimento só aumenta o coro das lamentações e o tamanho das promessas, abrindo espaço para uma, e na certa, avaliação negativa do desempenho face aos resultados e metas, ora empolados por declarações típicas de uma campanha eleitoral.
O fundamental: urge uma outra forma e profícua para o início de funções governativas. Mas antes, talvez a mudança comece pelos critérios de indicação de governantes. Por exemplo, para o actual elenco ter-se-á perguntado se cada governante reunia as qualidades requeridas para os desafios do sector em pauta? A base da pergunta e a resposta pressupõem existir um conhecimento prévio do sector, o que aniquila – para ser mais claro – com a necessidade de visitas de auscultação em início de mandato. Uma vez definido o perfil do cargo, segue a consulta aos potenciais candidatos, recaindo a escolha no que tiver dado mais garantias, tomando este, já empossado, o seu tempo e talento a analisar a papelada do sector. Depois, e do que lhe cabe fazer, enquanto instituição, vê o que existe e falta, e se existe, como reforçar, e se falta, que alternativas existem, articulando, obviamente, com outros e afins sectores do executivo. O exercício culmina com um relatório onde o governante descreve como pensa executar, e com sucesso, as suas funções durante o mandato.
Em seguida, e numa audiência solicitada ao Presidente da República (PR), apresenta e defende as suas ideias, obtendo deste a concordância e a promessa de que terá o seu total apoio. E caso assim não seja, a visita pode ser aproveitada para rogar-lhe que indique uma outra pessoa. Em caso de continuidade, e já com total conhecimento da profundidade do mar versus o calado requerido, efectua as visitas ao sector para partilhar como pensa levar o navio à bom porto. Em cada visita, dependendo da instituição, é importante que o governante se faça acompanhado do respectivo dossiê e de quadros com a devida sensibilidade, alargando o leque a outras pessoas de valia técnica e estratégica quer no activo ou na reforma quer públicos ou privados. fazer frente
No final das visitas, o governante elabora um plano/relatório definitivo de seguimento, incorporando as respectivas adaptações e apesenta-o em reunião do Conselho Coordenador (CC) que conte, fora o próprio sector, com outras instituições relevantes, entre públicas e privada. Depois do CC é que o governante começa de facto (e sem gravata) a sua função, assegurando assim alguma legitimidade, confiança e a mobilização dos que fazem parte e que também interagem no sector. Não sei o tempo para este exercício, mas acredito, e seria óptimo, que fosse em menos de seis meses e de intenso trabalho. Depois e na primeira visita do PR às províncias, este participaria em alguns eventos que testemunhassem avanços, como por exemplo, a assinatura de alguns acordos para a viabilização de determinados projectos, poupando ao PR, em tempos de início de governação, de uma segunda campanha eleitoral.
Dito o essencial, termino com o Secretario de Estado do Desporto (SED): se o que o SED tem feito - visitas de auscultação e anúncio de intenções – o faça por obrigação protocolar de início de governação não me resta mais nada que o perdoar e pedir que faça um trabalho de lobby e advocacia intragovernamental para que assim não seja no futuro. E se for por iniciativa própria, perdoo-o na mesma e peço que o SED pergunte ao timoneiro do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural como ele consegue fazer diferente. O recurso ao SED foi apenas para mediatizar a mensagem do texto, atendendo ao facto do SED, Gilberto Mendes, ser a mais antiga e popular figura pública de toda a máquina executiva e ao leme de um sector que se lida com multidões e emoções da pátria. Duvido que perca o lugar de SED por conta disso.