Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI

Crime

Com o caso do jornalista Amade Abubacar votado ao esquecimento, sem contar com outros assuntos de extrema relevância no nosso meio jornalístico, o SNJ (Sindicato Nacional dos Jornalistas) teve esta quinta-feira, 11 de Abril (Dia do Jornalista Moçambicano), o descaramento de aparecer publicamente com elogios para uma classe a que não liga importância.

 

Abubacar está desde há meses privado de liberdade numa cela na cadeia da capital provincial de Cabo Delgado, Pemba, sem que se vislumbre uma data para o seu julgamento. Amade Abubacar foi detido, alegadamente por ter violado o ‘segredo do Estado’, quando num dos distritos daquela província entrevistava pessoas fugindo dos ataques protagonizados pelos insurgentes. Não houve um único dia em que o SNJ aparecesse publicamente a defender o inditoso jornalista de Cabo Delgado, o que claramente constitui uma demonstração da subserviência daquele Sindicato ao poder!

 

Não é de admirar tal silêncio do SNJ no “caso Abubacar”, pois exceptuando raros casos ‘festivos’ como o de hoje, ou em esporádicas situações de alguma tragédia, quando emite choramingueiros comunicados vazios de conteúdo, aquele Sindicato para mais nada serve. Contrastando com as ‘críticas’ que amiúde tem lançado aos órgãos de informação independentes, acusando-os de não respeitar a ética ou deontologia profissional, e de se imiscuírem na vida alheia (entenda-se crítica a certos comportamentos e atitudes de alguns dirigentes, que chocam com a postura que estes devem manter perante o público), o SNJ hoje fala do “envolvimento ético dos jornalistas na busca da verdade”.

 

Em alusão ao trabalho da classe jornalística moçambicana relacionado com a passagem, em meados de Março último, pela região centro de Moçambique do ciclone Idai, o ‘nosso’ SNJ diz que foi o trabalho dos jornalistas nacionais que permitiu à comunidade internacional ter conhecimento do que estava a acontecer no nosso país. Como que movido por um súbito ‘peso de consciência’, o SNJ reconhece que o Dia do Jornalista Moçambicano deve ser motivo de reflexão sobre as (precárias) condições em que os profissionais da comunicação social trabalham! (Humberto Mandlate)

Constituído arguido num dos processos autónomos das “dívidas ocultas”, e ouvido em perguntas na passada sexta-feira, o Dr Ernesto Gove, antigo Governador do Banco de Moçambique, teve dificuldades em encontrar um advogado que lhe acompanhasse à PGR. As primeiras sumidades contactadas não estavam disponíveis. Consta que acabou ficando com um decano criminalista, sobejamente conhecido nas barras. Mas não é certo! O visado negou que seja ele.

Os ataques militares protagonizados por um grupo de insurgentes, na província de Cabo Delgado, revelam estar longe de cessar. Nesta terça-feira (02), os insurgentes atacaram uma base militar, em Maculo, no distrito de Mocímboa da Praia, e dois militares das Forças de Defesa e Segurança (FDS) morreram tendo outros ficado feridos. Segundo apuramos, o ataque decorreu no período da noite, quando as FDS preparavam um perímetro de segurança, e durou 15 minutos. Na ocasião, os insurgentes furtaram uma quantidade significativa de material bélico, fardamento militar e produtos alimentares. Entretanto, fontes ouvidas pela “Carta”, na madrugada da quarta-feira (03), disseram que a aldeia acima mencionada sofrera mais um ataque, onde duas pessoas foram decapitadas e seus órgãos genitais do corpo, uma prática recorrente, nos últimos tempos.

 

Fontes de “Carta” afirmaram ainda que os corpos esquartejados foram repartidos em cinco pedaços. A mesma fonte realçou, igualmente, que esta prática é recorrente, desde os finais do ano, tendo já sido replicada em Meluco, na semana passada, quando três mulheres foram encontradas sem as respectivas gargantas e órgãos genitais. A mesma situação verificou-se em aldeias do distrito de Palma, em ataques recentes. (Paula Mawar e Omardine Omar)

Resultou em 50 mortos e 13 feridos nas hostes dos insurgentes em Cabo Delgado a intensificação, nas últimas semanas, da ‘caça’ que lhes é movida pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) nos distritos de Macomia, Mocímboa da Praia e Nangade, agora em cooperação com curandeiros locais. "Carta" apurou que, há dias, os militares seguiram as peugadas dos insurgentes antes de lhes montar emboscadas em zonas estratégicas onde houve troca de tiros.

 

Entretanto, durante o último fim-de-semana, seis pessoas foram mortas e várias casas incendiadas no posto administrativo de Iba, distrito de Meluco. De acordo com informações facultadas à “Carta”, cerca de 70% dos residentes de Iba refugiaram-se na vila-sede do distrito de Macomia, por lá haver uma forte presença das FDS.

 

As nossas fontes disseram que, aquando do ataque a Iba, os soldados do exército nacional estavam a uma distância de aproximadamente 40km, o que terá facilitado a penetração dos atacantes. Mesmo após a sua chegada àquele posto administrativo, as FDS tiveram dificuldades em localizar os insurgentes por alegadamente estes terem melhor domínio das matas de Cabo Delgado.

 

O nosso jornal também apurou que, em algumas aldeias de Cabo Delgado, está a desenvolver-se uma parceria entre anciãos que lá vivem e membros das FDS. Um ancião contou que tal parceria deve-se ao facto de os insurgentes protagonizarem ataques usando ‘magia negra’. Para contrariar este fenómeno, os curandeiros das aldeias uniram-se e juntamente com as FDS decidiram adoptar uma estratégia visando anular a ‘magia negra’ do inimigo. Depois do pacto entre as FDS e residentes das aldeias de Macomia e Mocímboa da Praia, incluindo ‘curandeiros’, os insurgentes foram desbaratados quando lá pretendiam protagonizar ataques. Idêntica situação aconteceu no mês de Dezembro de 2018 no distrito de Nangade.

 

Por causa da cooperação entre as FDS e os ‘curandeiros’, contam as nossas fontes, os homens que espalham terror em Cabo Delgado foram alegadamente reconhecidos por alguns membros da comunidade ao entrarem numa das aldeias de Nangade. A população não perdeu tempo, fazendo justiça pelas próprias mãos. Na mesma ocasião foram mortos seis dos atacantes. Um sobreviveu.

 

Achando ‘pouco’ o que tinha feito aos insurgentes, a população deslocou-se aos locais de residência dos respectivos familiares, obrigando-os a sair de lá e queimando as suas casas. A partir daí nunca mais se registou um único ataque nas aldeias de Nangade. (Paula Mawar e Omardine Omar)  

O rombo financeiro no Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças (CEDSIF), em Setembro, e que já levou a oito detenções, começou a ser julgado, há pouco mais de duas semanas, no meio de suspeitas de condutas estranhas por parte da Procuradora Arlete Machava e do Juiz Eusébio Lucas. O CEDSIF sofreu, em 2018, um rombo de 8 milhões de Mts, numa trama que envolveu 2 funcionários da instituição, 2 agentes do SERNIC, 3 empresários do ramo gráfico e 1 técnico bancário. Três dos envolvidos encontram-se a responder em liberdade.

 

A fraude verificou-se no dia 07 de Setembro. Felisberto Manganhela, um técnico de informática da instituição, entrou no sistema do CEDSIF, onde permaneceu cerca de 12 minutos, tendo extraído da plataforma de pagamentos electrónicos no aparelho do Estado, eSISTAFE, uma ordem de pagamento no valor 2.450.120,00 Mts a favor da empresa Anderson Jav Services. Ele serviu-se da senha de uma funcionária habilitada para o seu uso, Nurbibi Lacman. Manganhela fez pagamentos indevidos em quatro tranches, sempre usando a senha de Nurbibi Lacman.

 

Em Dezembro de 2018, um dos pagamentos foi feito a favor da empresa ‘Resgráfica Sociedade Unipessoal’, no valor de 2.032.000,00 Mts. Outro pagamento, de 3.035.600,00 Mts, reverteu supostamente a favor da TRIANA, mas o verdadeiro destinatário no sistema bancário era a empresa Anderson Jav Services.

 

O julgamento do caso arrancou no passado dia 13 de Março, no Tribunal Distrital de KaLhamanculo, agora a funcionar nas instalações do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, mas, segundo “Carta” apurou, o CEDSIF não esteve representado, na qualidade de instituição queixosa e assistente. Sem qualquer tipo de explicação, a entidade não foi notificada. Nurbib Lacman, detida no âmbito do desfalque, afirmou, em tribunal, que nunca soube que o sistema tinha sido invadido por intrusos, alegadamente, porque o sistema não permite verificar o histórico de actividades.

 

Por sua vez, Felisberto Manganhela confessou ser o “mastermind” do roubo, usando uma senha de Nurbib Lacman. Manganhela disse, em tribunal, que foi ele quem fez pessoalmente a planificação financeira, o cabimento orçamental e os pagamentos indevidos, negando qualquer ligação com Nurbib Lacman e outros suspeitos. As diligências feitas pela “Carta” junto do CEDSIF para tentar perceber os contornos do processo resultaram em fracasso, mas alguns técnicos da instituição, ouvidos a título individual e sob anonimato, disseram que as alegações de Lacman e Manganhela podiam ser facilmente rebatidas em tribunal.

 

Disseram que o sistema permite a verificação do histórico das entradas, por um lado. Por outro lado, garantiram que era impossível que um único técnico fizesse tais operações sozinho, uma vez que, elas envolvem três tipos de processos, os quais, no CEDSIF, estão distribuídos em igual número de áreas, ou seja, comunicações, desenvolvimento de sistemas e distribuição. De acordo com fontes próximas ao processo ouvidos pela “Carta”, tanto Nurbib como Manganhela podem estar a ocultar os verdadeiros mandantes do rombo, os quais, acredita-se, continuam activos dentro CEDSIF. O caso está a ser julgado sem que diligências cruciais, como a manipulação solitária do processo por parte de Manganhela, sejam realizadas, essenciais para ele mostrar como terá agido sozinho no roubo. Numa segunda sessão do julgamento do caso, que ocorreu a 21 de Março, a nossa equipa de reportagem foi escorraçada da sala de audiências a mando do Juiz Eusébio Lucas, com o apoio da Procuradora Arlete Machava. (Omardine Omar)

Os rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF, sigla em Inglês) estão a mudar suas bases da República Democrática do Congo para uma parte “volátil” do norte de Moçambique, escreveu ontem o jornal ugandês Daily Monitor, citando uma autoridade em antiterrorismo.

 

O alto funcionário, que preferiu o anonimato, disse que o grupo incorporou a facção Madinat Tawhid-wa-Muwahidin (MTM), que agora é aliada do Al-Qaeda, fundado por Osama bin Laden. “Suspeitamos que o MTM, que também está a lutar contra o Governo de Moçambique, é liderado por um ugandez associado à "ADF".

Pág. 48 de 58