Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI

Economia e Negócios

O Director para África do Instituto Real de Relações Internacionais britânico considerou que a acusação judicial norte-americana no âmbito das dívidas ocultas em Moçambique fará o Governo focar-se no pagamento da dívida soberana. A acusação pela Justiça norte-americana está a ter um impacto significativo na política moçambicana, mas ainda é cedo para dizer que isso vai fortalecer ou enfraquecer o Presidente Nyusi e as derradeiras consequências na política interna", disse Alex Vines, da Chatham House, acrescentando que a primeira consequência é o Governo dar prioridade e "focar-se no pagamento dos títulos de dívida que estão em negociação com os credores, deixando para segundo plano os outros dois empréstimos sindicados".

 

Se o antigo ministro das Finanças de Moçambique Manuel Chang, atualmente detido em Joanesburgo à espera de uma decisão judicial, for extraditado para os Estados Unidos, "os seus aliados podem opor-se, na Assembleia Nacional, a quaisquer pagamentos, usando a soberania como justificação", acrescentou o académico que segue a política moçambicana há décadas.

 

O segundo dos três impactos principais da detenção de Chang, segundo Alex Vines, é que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) vai ter mais dificuldade em usar as empresas públicas para financiar o partido, sendo o terceiro a "diminuição da visibilidade e da ambição política dos indivíduos proeminentes associados ao escândalo das dívidas públicas". Para o diretor para África da Chatham House, há um significativo descontentamento público sobre a crise da dívida, e isso "explica parcialmente a mudança de voto para a Renamo nas eleições municipais de 2018, e é um claro aviso para a Frelimo que há uma parte importante do eleitorado que está a mudar o seu apoio para a Renamo, não por apoio ao partido, mas como forma de protesto pela inabilidade do partido no poder responsabilizar os envolvidos neste escândalo".

 

O Presidente Nyusi pode, ainda assim, "virar estas acusações a seu favor e recuperar o apoio dos eleitores se mostrar que apoia os esforços judiciais para responsabilizar os dirigentes da Frelimo que abusaram da sua posição durante o mandato do Governo anterior neste escândalo da dívida", conclui Alex Vines. A dívida oculta de Moçambique, no valor de 2.200 milhões de dólares (1.920 milhões de euros), representa metade do custo total do país com as dívidas, apesar de valer menos de 20% do total em termos absolutos e está em investigação pelas autoridades norte-americanas, por suspeitas de corrupção, que levou à detenção do antigo ministro das Finanças de Moçambique.

 

Além do antigo ministro das Finanças moçambicano, a investigação que está a ser realizada pela justiça norte-americana levou à detenção de outros três antigos banqueiros do Credit Suisse, em Londres, e de um intermediário libanês da Privinvest, no aeroporto de Nova Iorque. A 'dívida oculta' é a expressão utilizada para denominar os empréstimos feitos no princípio desta década a três empresas públicas: a Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), a Mozambique Asset Management (MAM) e a ProIndicus, três entidades tuteladas pelo Ministério da Defesa e que apresentaram projetos de segurança marítima, usando o Credit Suisse e o VTB como parceiros financeiros. (Lusa)

Na sequência de um encontro mantido com a CTA, o lobby empresarial local, um grupo de altos oficiais da Autoridade Financeira de Macau e do Banco Nacional Ultramarino (BNU), também de Macau, anunciou, esta sexta-feira, em Maputo, a pretensão de introduzir a moeda chinesa, o Renminbi (ou RMB, ou Yuan), nas transacções comerciais entre entidades da China e de Moçambique e em investimentos projectados para o nosso país. A moeda chinesa já é usada no Brasil e em Portugal

 

 Se a intenção for concretizada, Moçambique será o primeiro país do continente africano a utilizar o RMB, num momento em que o volume de negócios e investimentos entre os dois países tende a aumentar. "Escolhemos Moçambique porque sabemos que o país tem muitos projectos de infraestruturas da China, exportações, e muitos recursos naturais que nos próximos anos receberão investimentos vindos da China”, afirmou Sam Tou, do BNU.

 

 Para o Presidente do Pelouro de Política Financeira da CTA, José Caldeira, a pretensão é bem vinda. Caldeira, no entanto, mostrou-se cauteloso: “Temos pouca experiência de utilização da moeda, por isso aconselhamos o grupo a ter um contacto com o Banco de Moçambique para a liberalização das transacções financeiras”.

 

A intenção do grupo chinês é que o RMB, em franco crescimento, passe a ser uma opção relativamente a outras moedas estrangeiras usadas no país, como o Dólar e Rand. (Evaristo Chilingue

segunda-feira, 14 janeiro 2019 06:06

Inflacção em 2018 esteve abaixo dos 4 por cento

A inflacção em Moçambique (2018) foi de apenas 3,52%, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), baseados nos índices de preços ao consumidor das três maiores cidades (Maputo, Nampula e Beira). Apesar dos temores de uma gritante especulação durante a recente época festiva, a inflacção em Dezembro foi de apenas 0,37%. Houve alguns aumentos de preços no mês, nomeadamente feijão manteiga (24,9%), peixe seco (20,6%), tomate (12,1%), coco (6,1%), cebola (2,6 %) e vinho (9,9 %).

 

Apesar da tendência de agravamento nestes produtos, o preço da maioria dos bens permaneceu estacionário ou caiu, com destaque para a queda nos preços de peixe fresco (3,9%), limões (24,2%) e petróleo (0,8%). Uma taxa anual de 3,52 % pode ser considerada uma vitória significativa na luta do Banco de Moçambique para controlar a inflacção. Recorde-se, em 2017, a inflacção foi de 5,66% e, em 2016, atingiu 25,26%.

Ao longo do ano, a inflacção permaneceu baixa. Chegou a 1% num único mês. Em dois meses, Junho e Julho, a inflacção foi negativa, com uma queda de preços de 0,12 e 0,18. As tendências da inflacção foram diferentes nas grandes três cidades: é mais caro viver em Maputo do que noutras partes do país. A inflacção em Maputo (2018) foi de 4,33 %. Na Beira, foi de 3,76%, e em Nampula, 1,74 %. (Carta)

A consultora norte-americana Fitch Solutions colocou, esta semana, Moçambique na terceira posição num índice que mede o risco e a recompensa de investimento, entre os 14 países da África subsahariana avaliados e no 23º lugar numa lista global de 68 países, devido às boas perspectivas de exploração de gás natural. De acordo com a análise feita pela Fitch Solutions, a qual a agência Lusa teve acesso, “a posição reflecte a perspectiva de evolução positiva para a exploração do gás natural em Moçambique, assegurada principalmente pelos bons resultados nas reservas de gás e no crescimento da produção de hidrocarbonetos, nos quais o país se situa notavelmente acima da média regional”.

 

No estudo, a consultora constatou ainda que a boa posição de Moçambique no índice deve-se ao ambiente de negócios positivo e competitivo, bem como a limitada intervenção do Estado no sector do gás e petróleo.

 

Face a avanços no sector e a aproximação de decisões finais de investimento de algumas das grandes empresas de exploração de gás natural no mundo, a Fitch Solutions antecipa “um enorme aumento na capacidade de produção de gás natural liquefeito nos próximos anos, o que vai assegurar a posição do país como um dos grandes produtores mundiais nesta indústria e sustentar o crescimento das despesas de capital na África Subsaariana na próxima década”. A consultora Fitch Solutions é detida pela mesma entidade que tem a agência de “rating”. (Carta)

O Banco de Moçambique multou seis dirigentes e ex-administradores do já extinto “Nosso Banco”, pelo seu papel no seu colapso em 2016. Cada um dos seis vai pagar uma multa pecuniária de 500.000 Mts. Os seis estão impedidos de exercer quaisquer funções de gestão ou de se sentar nos órgãos de qualquer banco moçambicano ou outra instituição financeira nos próximos três anos.Um comunicado do banco central indica que os multados são Mussá Tembe, que era o Director Executivo do Nosso Banco, e os administradores Francisco Mazoio, Presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que era o maior acionista do banco, Adelino Buque, Tomas Sando e Jaime Mutolo.

 

Também foi multado um Administrador não-executivo, Mariano Matsinha, ex-Ministro da Segurança, e ex-membro da Comissão Política da Frelimo. O comunicado não mencionou quaisquer sanções contra o presidente do Nosso Banco, João Loureiro, ou contra os outros quatro membros não executivos do conselho. “Nosso Banco” é o único banco moçambicano que já foi liquidado.

 

O Banco de Moçambique ordenou a liquidação em Novembro de 2016, quando revogou sua licença por aquilo que chamou de degradação contínua dos principais indicadores prudenciais e de rentabilidade, particularmente uma fraca capitalização e uma estrutura financeira insustentável, bem como sérios problemas de liquidez e gestão. “Nosso Banco”, detido em 77,2% pelo INSS, tinha, para além da sede três agências,  oito ATMs em Maputo. (Carta)

O grupo holandês Mammoet organizou uma frota de veículos especializados que, acompanhada da respectiva tripulação, irá ficar estacionada em Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, informou o grupo em comunicado. O Director-Geral da Mammoet South and East Africa, Davide Andreani, recorda no comunicado que o grupo tem estado a operar há algum tempo em Moçambique, se bem que na base de projectos específicos, sendo que agora irá ter uma presença permanente.

 

O grupo não-cotado, com sede em Utrecht, especializou-se no transporte de cargas de grandes dimensões ou de grande volume, estando presente no continente africano há mais de 50 anos, comercializando as suas soluções de transporte nos sectores da energia, petroquímica, minas e infra-estruturas.

 

Também o grupo belga Sarens abriu uma sucursal e armazém em Moçambique, nos arredores de Palma, igualmente na província de Cabo Delgado, antecipando o início da exploração de grandes depósitos de gás natural em dois blocos marítimos na bacia do Rovuma.

 

O grupo Sarens, à semelhança do Mammoet, tem operado em Moçambique apenas na base de projectos específicos, dispondo agora de uma presença permanente além de uma frota de veículos. A construção do armazém, num lote de terreno com 5600 metros quadrados, deverá iniciar-se em breve, sendo que o grupo dispõe já no local de veículos todo-o-terreno de 100 toneladas e outros de 120 e de 60 toneladas, bem como equipamento adicional. O grupo Sarens tem sede em Wolvertem, incluindo as suas áreas de actividade o transporte de grandes cargas e aluguer de guindastes bem como o fabrico de equipamento diverso. (macauhub)