Tertúlia com a estilista Isis Mbanga "Conversa para enganar o Tempo".
Biografia da estilista:
Isilda da Conceição Ginote Mbanga é uma estilista criativa, apaixonada pela moda desde sempre. É autora da obra literária sobre moda em Moçambique, “Retalhos de Tecido e Arte” lançada em 2009. Com o seu DNA criativo diferenciado, levou o nome de Moçambique a vários cantos do mundo: EUA, Portugal, França, Bélgica, Níger, Congo, Botswana, Namíbia, África do Sul, Zimbabué e Suazilândia (actual Reino de Eswatini).
Participou em 6 edições do Mozambique Fashion Week e apresentou mais de 10 desfiles individuais. São mais de 13 anos retalhando um sonho. É Presidente da Associação Moçambicana de Estilistas – AME e foi membro de direcção da Sociedade Moçambicana de Autores – SOMAS. Com o Ministério da Cultura, colaborou em 4 edições do Festival Nacional de Cultura, como Chefe da Comissão de Moda. Fez a sua formação em moda em Paris, com o apoio da Cooperação Francesa. O seu maior sonho é ver a moda moçambicana verdadeiramente sustentável para os criadores.
(18 de Junho, às 18Hrs no Centro Cultural Brasil-Moçambique)
A Fundação Fernando Leite Couto (FFLC) entregou nesta quinta-feira (25), à Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), em Maputo, 3 milhões de Mts e 90 mil USD para a apoiar a reabilitação da Escola Primária Completa Heróis Moçambicanos, na cidade da Beira, e a Escola Primária Completa Monte Siluvo, no Distrito de Nhamatanda, que em conjunto albergam 2.500 crianças.
O valor foi desembolsado aquando da assinatura de um memorando de entendimento no qual a FFLC se comprometeu a junto dos seus parceiros e amigos em todo mundo, fazer a recolha de fundos para aliviar o sofrimento das vítimas do ciclone IDAI.
No memorando, a CVM assumiu o compromisso de empregar o valor para exclusivamente apoiar a reabilitação das referidas escolas. Na ocasião, o Secretário-geral da CVM, Alfredo Timóteo agradeceu o gesto, tendo realçado que com a iniciativa vai permitir que milhares de crianças voltem à escola e com as condições necessárias para a aquisição de mais conhecimentos.
“Louvamos este gesto e acreditamos que muitos irão seguir o exemplo da Fundação, pois as duas escolas são uma parte das várias que foram destruídas. Se todos contribuirmos, engradecemos o nosso país e a nossa solidariedade interna fica mais significante”, acrescentou Alfredo Timóteo.
Por sua vez, o Presidente do Conselho de Administração da FFLC, Fernando Amado Couto prestou o seu agradecimento aos diversos amigos e parceiros da Fundação que de modo individual ou colectivo, contribuíram na concretização desta iniciativa. Explicou que quando a CVM identificou aquelas escolas, de imediato a FFLC solidarizou-se. Contudo “nós não podemos ficar apenas pelas cidades. O país é grande e os moçambicanos, estejam onde estiverem, merecem o nosso apoio sem nenhum tipo de discriminação”, disse Fernando Couto. (Carta)
O lixo que, devido a uma aparente saturação da lixeira de Hulene, os camiões depositam quase ‘em cima’ da avenida Julius Nyerere, tem estado na origem de alguns acidentes e engarrafamentos que se registam naquela via de acesso à capital, sobretudo nas horas de ponta. Um dos catadores de lixo contactado pela nossa reportagem admitiu que, de facto, a lixeira de Hulene está saturada. Culpou a edilidade de Maputo por insistir em continuar a depositar os resíduos sólidos naquele local, e não pôs de lado a hipótese de se repetir a tragédia que há um ano, no mesmo sítio, matou mais de 17 pessoas.
De acordo com a nossa fonte, que declinou identificar-se, na avenida Julius Nyerere (em frente à lixeira de Hulene), os acidentes de viação ocorrem com frequência porque automobilistas e peões disputam a estrada que se vai tornando cada vez mais pequena por causa do lixo que nela é acumulado. Outro catador de lixo com quem conversámos, que disse chamar-se Filipe Hussene, reconheceu que “estamos a colocar as nossas vidas em risco. O pior é que quando nos acontece alguma coisa enquanto organizamos o lixo, o município não se responsabiliza”.
Segundo a mesma fonte, “os carros ficam horas na fila para entrar na lixeira, à espera da indicação de um lugar para depositarem os resíduos, mas por causa da demora acabam por despejá-los do lado de fora”. Luiz Massango, que também se dedica àquela actividade, disse não ter dúvidas de que a intenção do município é encerrar a lixeira de Hulene o mais rapidamente possível, sublinhando, no entanto, ser necessário ter em conta que para muita gente a lixeira de Hulene é fonte de rendimento. “Trabalho aqui há mais de oito anos. Sou pai de três meninas, e a minha família depende daquilo que consigo com as actividades que desenvolvo neste local”, confessou Luiz Massango, visivelmente preocupado com o seu destino caso a lixeira seja encerrada “de um dia para o outro”.
‘Impossível’ não passar por cima do lixo
Alguns automobilistas por nós contactados na avenida Julius Nyerere (próximo da lixeira de Hulene) falaram da ‘ginástica’ a que são forçados diariamente para esquivar dos peões. “Até finais do ano passado era possível fazer ultrapassagens neste local, mas hoje em dia a guerra que travamos é encontrar pelo menos um lugar por onde passarmos sem que seja por cima do lixo, o que é praticamente impossível”, queixou-se Lourenço Macamo, motorista do‘chapa’ na rota Xipamanine/Magoanine.
Para Maria Sinai, que vive em frente à lixeira de Hulene, é penosa a situação enfrentada diariamente pelos habitantes das redondezas daquele local, sobretudo ao anoitecer quando chegam os carros do Conselho Municipal e começam a depositar resíduos sólidos no meio da estrada. “Nem sempre isso é feito de propósito. É porque os próprios contentores vão transbordando, enquanto os automobilistas fazem a manobra”, afirmou Sinai.
Decorreram mais de quatro décadas desde que o lixo começou a ser acondicionado naquele sítio, não sendo por isso de estranhar que já esteja saturado, com todos os riscos para a saúde que daí resultam, principalmente na época chuvosa como neste período. De acordo com o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, é estimado em aproximadamente 89,3 milhões de meticais o valor necessário para custear as despesas relacionadas com o enceramento da lixeira de Hulene. Para um esclarecimento sobre a provável data de enceramento da lixeira de Hulene, a “Carta” contactou o Conselho Municipal de Maputo. Ficámos a saber que, neste momento, estão em curso intervenções pontuais visando tratar do lixo para que ainda neste semestre aquela lixeira seja transferida para o Aterro Sanitário de Matlemele. (Marta Afonso)
A Tmcel (Moçambique Telecom, SA) restabeleceu, integralmente, os serviços de voz, internet e linha fixa no distrito do Búzi, uma das zonas mais afectadas pelo ciclone Idai, na província de Sofala.
Para possibilitar maior fluidez nas comunicações, por parte da população, aquela empresa pública de telefonia móvel disponibilizou, igualmente, o acesso grátis de voz, válido para todas as operadoras, a partir de cabines instaladas no posto policial daquele distrito.
Recorde-se que, neste âmbito de solidariedade social, para com as populações vítimas do ciclone, a Tmcel já havia disponibilizado ao Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), meios de comunicação, constituído por 50 telemóveis, para comunicações de voz e mensagens, contendo crédito no valor de cinco mil meticais cada, e ainda recargas no valor de 100 mil meticais, destinadas às equipas operativas do INGC posicionadas nos locais da tragédia.
Adicionalmente, a operadora pública de comunicações disponibilizou uma linha verde gratuita (823441), através da qual os cidadãos podem contactar o INGC para reportar ocorrências ou solicitar assistência e informações. (FDS)
A eléctrica estatal EDM recrutou 300 homens de apoio para acelerar a reposição de energia em vários pontos de Sofala e, particularmente, na cidade da Beira, segundo apurámos de fonte da empresa. Os homens já se encontram no terreno a trabalhar. Uns irão apoiar o pessoal da EDM na limpeza das vias por onde passam as linhas de transporte de energia e outros serão envolvidos em questões técnicas específicas da própria rede eléctrica. "Estes que irão apoiar na área técnica são indivíduos com os quais já trabalhamos aqui na EDM e tem conhecimento que os permite trabalhar nesta área", disse a fonte. Os contratos são de uma duração limitada.
EDP manda dois especialistas
Por sua vez, a companhia eléctrica portuguesa EDP enviou a Beira dois especialistas do sector que irão apoiar a EDM no que for necessário. Os dois especialistas chegaram ontem à Beira e este domingo visitaram parte da infraestrutura eléctrica que sofreu duramente com a passagem do ciclone tropical IDAI.
Perguntamos a um oficial sénior da EDM o que eles traziam. "Eles trazem conhecimento e isso é muito importante", disse a fonte. Até agora a EDM só recebeu apoio de Portugal com a vinda daqueles dois técnicos, que irão permanecer na Beira o tempo que for necessário.
Vasco Moreira, da EDP, disse que estariam na Beira o tempo que for necessário. "Estamos aqui para ajudar e dar o nosso contributo no que podermos, iremos trabalhar com a EDM para saber das necessidades da empresa neste momento", disse Moreira.(Carta)
Corpos mal conservados, alguns deles espalhados pelo chão, parturientes que perdem a vida na sala de espera, bebés recém-nascidos que só sobrevivem poucas horas, eis o chocante cenário que se assiste no Hospital Central da Beira (HCB), desde a madrugada do dia 14 de Março. E parte do seu laboratório está danificada. O número de doentes continua a disparar. Uma solução de atendimento alternativo que o HCB encontrou foi a de disponibilizar ‘kits’ com material para primeiros socorros, permitindo que os feridos tratem das mazelas por si mesmos, descongestionando o hospital.
A penosa situação a que estão sujeitos os pacientes no Hospital Central da Beira, é caracterizada por Felipe Danúbio, Director do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), como um “um verdadeiro caos”. Acrescentou que isso deve-se ao elevado número de feridos que chegam a cada minuto, razão por que neste momento o HCB está a ‘rebentar pelas costuras’.
No tocante à conservação de corpos, Felipe referiu que o CICV solicitou a colaboração de um especialista sul-africano em medicina forense, para trazer uma quantidade considerável de medicamentos usados para conservar corpos, apoiando assim as equipas dos Médicos Sem-Fronteiras que se encontram na Beira.
Quanto à quantidade de óbitos, ele disse que essa era uma situação inevitável por causa da fase de agitação em que o Hospital se encontra. Com os centros de saúde fechados, todos os doentes confluem ao HCB, praticamente a única unidade hospitalar em funcionamento, com a ajuda de um gerador. O ciclone IDAI deixou sequelas profundas na estrutura física do Hospital Central da Beira.
E a moral do pessoal médico que lá trabalha está em baixa, disse-nos um funcionário. Eles também foram vítimas e precisam de apoio psicológico. Danúbio diz que no Hospital Central da Beira faltam recursos humanos e medicamentos. O HCB é único capaz de dar resposta aos milhares de afectados, nomeadamente um excessivo número de feridos, para além dos doentes lá internados sofrendo das mais diversificadas enfermidades. (Marta Afonso)
Beira foi a partir de aproximadamente 14h00 desta quinta-feira (14) a principal vítima da fúria do ciclone tropical Idai, caracterizado por chuvas intensas e ventos cuja velocidade pode chegar até 200km/hora, quando ainda se encontrava a cerca de 100km da capital provincial de Sofala.
“Não dá para sair, nem andar”, ou “está-se mal, já nem há ‘chapas’ (transportes semi-colectivos de pasageiros), foram as palavras usadas por alguns munícipes beirenses para descrever o cenário criado pelo Idai na Beira nesta quinta-feira à tarde. Como consequência dos efeitos destruidores do ciclone tropical Idai ainda na sua fase preliminar, tanto na zona de cimento como nos bairros circundantes da segunda maior cidade moçambicana viam-se árvores e postes de transporte da energia eléctrica tombados. Até o Estádio Municipal, ‘joia da coroa’ do edil beirense, Daviz Simango, construído recentemente no popular bairro suburbano da Munhava, não escapou aos devastadores avisos de aproximação do Idai daquela que no passado já foi chamada “cidade do futuro”.
Nesta quinta-feira a cidade da Beira ficou com várias das suas infraestruturas destruídas, e o pior não aconteceu porque muitos munícipes cumpriram com as orientações previamente transmitidas pelas entidades competentes, com destaque para o Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC), no sentido de abrigar-se em locais seguros.
Ainda na Beira, onde pelo menos até às primeiras de hoje continuava a chover intensamente, as previsões indicavam que a fase mais intensa do Idai iria ocorrer por volta das 05h00 desta sexta-feira (15). Na manhã de quinta-feira viam-se membros da Polícia Marítima a monitorar o movimento das pessoas ao longo da costa, alegadamente como medida de prevenção. O ciclone Idai chegou à capital de Sofala numa altura em que havia maré baixa.
Com a finalidade de minorar os efeitos da passagem do ciclone tropical Idai pela Beira, o Conselho Autárquico desta cidade, através da entidade que gere o Saneamento Básico e Gestão das Águas Pluviais, accionou diversos equipamentos para abertura do canal nas comportas do Desaguadouro de Palmeiras. A iniciativa tem como objectivo facilitar o rápido escoamento das águas pluviais na zona continental da capital de Sofala durante e após a queda das chuvas.
A partir das 11h00 de quinta-feira, o Governo da província de Sofala decretou um recolher obrigatório abrangendo os distritos de Muanza, Cheringoma, Búzi, Dondo e Beira. Também se decidiu pelo encerramento temporário das aulas, e todos os alunos foram aconselhados a permanecer em casa, sem descurar a adopção das necessárias medidas de segurança.
Para Niassa, as previsões indicavam que seriam afectados os distritos de Madimba, Cuamba, Mecanhelas e Metarica. O chefe do departamento técnico e porta-voz do Instituo Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) naquela província, Nelson Jossamo, disse que a população deve retirar os seus bens das zonas propensas às inundações.
O Instituto Nacional de Meteorologia prevê a continuação de chuva moderada a forte, acompanhada de trovoadas e ventos, nas províncias do Niassa e Cabo Delgado. Na quinta-feira (14) no Município da capital zambeziana, por causa do ciclone tropical Idai foi interdita a circulação de embarcações privadas na travessia Quelimane-Recamba.
Contrariamente à anterior previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), a situação na província da Zambézia é descrita como calma, de um modo geral, exceptuando o distrito de Chinde de onde foram veiculadas notícias sobre desabamento de várias habitações, para além de pessoas sitiadas. (Carta)
Reagindo ao Prémio Formiga que lhe foi atribuído pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Filipe Nyusi afirmou que a distinção não era oportuna porque não cumpriu na íntegra o que prometeu aquando da sua investidura como Presidente da República.
O prémio em causa, que foi entregue ao Chefe de Estado durante a XVI Conferência Anual do Sector Privado (CASP), é um reconhecimento ao contributo dado por personalidades e/ou individualidades para a melhoria do ambiente de negócios em Moçambique.
No discurso que proferiu quinta-feira última (15) na abertura oficial do CASP-2019, Nyusi recuou no tempo afirmando que a 15 de Janeiro em 2015, quando foi investido no cargo de Presidente da República, prometeu aos milhões de moçambicanos que o seu Governo assumir-se-ia como parceiro estratégico na afirmação de uma classe empresarial moçambicana mais ampla e robusta. No entanto, reconheceu que quando faz uma avaliação das acções levadas a cabo no cumprimento da sua promessa chega à conclusão de que ainda não fez muito. “Por isso, mesmo se tivéssemos tido uma consulta prévia talvez diríamos que para o Prémio Formiga ainda não era o momento, porque nós queremos fazer muito mais”, sublinhou. Mesmo assim, a classe empresarial representada pela CTA diz ser legítima a atribuição do Prémio ao Presidente da República, tendo em conta o seu importante papel na promoção de reformas que contribuem na melhoria do ambiente de negócios em Moçambique, atraindo mais investimentos para o país e, consequentemente, para a sua subida no ranking do Doing Business.
Entre as acções desenvolvidas por Filipe Nyusi, o presidente da CTA, Agostinho Vuma, destacou “o cometimento demonstrado na introdução do novo modelo de diálogo Público-Privado, no qual o Primeiro-Ministro passou a liderar o processo, com a coordenação técnica do Ministério da Indústria e Comércio, que tem sido crucial para os passos significativos que o país tem dado no desenvolvimento do nosso sector empresarial e na abertura do país para novos investimentos”.
Agostinho Vuma frisou que o novo modelo do diálogo Público-Privado é uma referência internacional que serve de inspiração mesmo para os países mais cotados no ranking internacional. (Evaristo Chilingue)
Vendedores informais continuam obstinadamente a inundar o passeio que parte do mercado Xiquelene, passando pela avenida Julius Nyerere, até quase à Praça do Destacamento Feminino, obrigando munícipes e automobilistas a digladiarem-se pela ocupação da estrada. Sem deixar sequer uma nesga de espaço ao longo do passeio em questão, os vendedores informais aglomeram-se exibindo os mais variados produtos praticamente misturados na mesma ‘montra’, que incluem roupa, sapatos, mariscos, tomate, plásticos, legumes e muitos outros.
Um automobilista ouvido pela nossa Reportagem, Carlos Mondlane, afirmou que o Município de Maputo deve esforçar-se por retirar “de uma vez para sempre”os cidadãos que vendem produtos nas bermas das estradas, “porque isso até põe em perigo a própria vida deles e dos peões que podem ser atropelados a qualquer momento”. Segundo Mondlane, “é difícil conduzir aqui na Julius Nyerere, perto de Xiquelene, sobretudo nas horas de ponta quando há mais movimento. Somos obrigados a redobrar a nossa atenção porque as pessoas quase que vendem os seus produtos na estrada. Isso já é demais”. Sem deixar de condenar o comportamento dos vendedores, Gabriela Monteiro questionou a acção da Polícia Municipal que no seu entender devia retirar as pessoas da estrada porque estão a pôr em risco as suas vidas e a dos que terão de ir lá para fazer compras.
O novo destino dos informais de Xiquelene
“Carta” apurou de uma fonte ligada à Vereação de Mercados e Feiras da Cidade de Maputo que existe no Centro Transmissor de Laulane um espaço que antes era da empresa Aeroportos de Moçambique, mas que foi atribuído ao Conselho Municipal para albergar os vendedores informais do Xiquelene. A mesma fonte garantiu estarem a ser envidados esforços para que os informais que operam no passeio de Xiquelene sejam retirados de lá o mais cedo possível. De acordo com o trabalhador da Autarquia de Maputo ligado à Vereação de Mercados e Feiras contactado pelo nosso jornal, nos próximos dias a Edilidade maputense vai inaugurar o Monumento da Praça dos Combatentes.
Alguns informais disseram estar preocupados com o facto de ainda não lhes ter sido atribuído um espaço pelo Município onde possam continuar a exercer o seu trabalho. Acrescentaram que não sabem se o espaço em causa será suficiente para albergar todos os vendedores, mas enquanto a hora de sair do actual local não chega prometem prosseguir com uma actividade que, conforme realçaram, garante o sustento deles próprios e das respectivas famílias. Cláudia Marisa, também ela vendedora informal no mercado do Xiquelene, afirmou que “todos os dias pagamos o valor da taxa ao Município, mas continuamos na rua correndo o risco de sermos atropelados.” (Marta Afonso)
Os nomes dos três arguidos que falta deter no processo da justiça dos Estados Unidos da América (EUA) contra o chamado caso das dívidas ocultas de Moçambique vão ser revelados nos próximos dias. A Agência Lusa teve hoje acesso ao documento da ordem do juiz para que sejam publicamente revelados todos os dados selados no despacho da acusação, cuja última versão pública é de 19 de dezembro de 2018. Assim, o juiz William Kuntz ordena que sejam anulados todos os segredos constantes da acusação e que sejam disponibilizados publicamente todos os nomes e respetivos mandados de detenção.
A justiça norte-americana já fez cumprir cinco mandados de detenção internacionais e aguarda por outros três arguidos, dos quais dois foram antigos funcionários do Governo moçambicano. A decisão foi tomada depois do pedido da Procuradoria-Geral dos Estados Unidos da América (EUA), inserido a 06 de março, que argumentava que “cinco arguidos do caso foram presos devido às acusações dos EUA”, num caso que tem, no total, oito arguidos e vários outros suspeitos.
“O governo acredita que todos os restantes arguidos [três] estão conscientes das acusações contra eles e, portanto, as acusações não precisam de continuar seladas”, pode ler-se no pedido dos advogados da acusação.
Os procuradores declararam que vão apresentar provas contra todos os suspeitos durante o julgamento e que a defesa de Jean Boustai, principal suspeito do caso e o único que se encontra detido nos EUA, pediu uma cópia da acusação original para a preparação antes do julgamento.
O processo aberto pela justiça norte-americana em dezembro é o primeiro de uma série de ações judiciais internacionais sobre antigos membros do governo de Moçambique, bancos, banqueiros e negociadores internacionais depois da descoberta de uma dívida de 2.200 milhões de dólares (1.920 milhões de euros) nas contas públicas de Moçambique, por empréstimos internacionais às empresas moçambicanas Proindicus, EMATUM e MAM.
Até ao momento, foram já formalmente acusados cinco suspeitos: o ex-ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang, o negociador libanês Jean Boustani que era executivo do Privinvest Group, uma ‘holding’ sediada em Abu Dabi detentora de um estaleiro naval, e três antigos banqueiros que intermediaram empréstimos superiores a dois mil milhões de euros com garantia estatal de Moçambique: o neozelandês Andrew Pearse, antigo diretor do banco Credit Suisse, o britânico Surjan Singh, diretor no Credit Suisse Global Financing Group e a búlgara Detelina Subeva, vice-presidente deste grupo.
Andrew Pearse, Surjan Singh e Detelina Subeva aguardam em liberdade condicional no Reino Unido, enquanto Manuel Chang está detido na África do Sul com pedidos de extradição para os Estados Unidos e para Moçambique.
O caso das dívidas ocultas de Moçambique está a ser investigado pelo tribunal federal dos EUA no distrito leste de Nova Iorque, Brooklyn, e baseia-se no código dos Estados Unidos do Ato das Práticas de Corrupção Estrangeiras (FCPA, na sigla em inglês), que condena o pagamento de subornos a membros de governos, além de processar os arguidos por lavagem de dinheiro, fraude, corrupção e outros crimes financeiros.
As dívidas ocultas do Estado moçambicano atingiram cerca de dois mil milhões de dólares após várias transações internacionais no período entre 2013 a 2016, adquiridas aos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB junto de investidores de todo o mundo e dirigidas às empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM, acentuando uma crise financeira pública que levou Moçambique a entrar em incumprimento no pagamento aos credores internacionais.(Lusa)