Director: Marcelo Mosse

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Redacção

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quinta-feira, 14 março 2019 14:57

Cinema / Ama-San

Ama-San é um documentário realizado e escrito pela cineasta Cláudia Varejão e protagonizado por Mayumi Mitsuhashi, Masumi Shibahara e Matsumi Koiso. Um mergulho, a luz do sol do meio-dia atravessa a água a pique. O ar que está nos seus pulmões terá que chegar até que se consiga arrancar o haliote. Estes mergulhos são dados no Japão há mais de 2000 anos pelas Ama-San. O Filme foi vencedor da 14ª Edição do Prémio Melhor Filme de Competição Nacional no Doc Lisboa (2016). Interpretado em Japonês e com legenda em Português.

 

Nota Biográfica: Cláudia Varejão nasceu no Porto (Portugal) e estudou cinema no Programa de Criatividade e Criação Artística da Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com a German Film und Fernsehakademie Berlin, na Academia Internacional de Cinema de São Paulo Brasil e fotografia na AR.CO, em Lisboa. É autora da curta -metragem documental Falta-me/Wanting e da triologia de curtas-metragens de ficção Fim-de-semana/Weekend, Um dia Frio/Cold Day e Luz da Manhã/Morning Light. No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos é a sua estreia em longa-metragem.

 

(18 de Março, às 18Hrs no Centro Cultural Franco-Moçambicano)

quinta-feira, 14 março 2019 14:53

Música / Kuphatima Ka Mweti

No âmbito do Mozambique Afro Swing Exchange a Hodi Maputo Afro Swing convidam a um grande concerto musical com a Banda Hodi e Afro Swing Band Project. Mozambique Afro Swing Exchange é um intercâmbio cultural de âmbito internacional que anualmente junta artistas Moçambicanos e participantes internacionais oriundos dos quatro cantos do planeta para celebrar, promover a paz e a diversidade cultural no Mundo. 

 

(15 de Março, às 21 Horas na Ponta Do Ouro)

A Águas da Região de Maputo (AdeM) está a testar, desde o dia 6 de Março, o sistema de furos subterrâneos, com capacidade de produção de mais de 2.000 metros cúbicos por dia, concebido para incrementar, numa primeira fase, o volume de água fornecida às zonas críticas da Área Operacional de Laulane, nomeadamente os bairros da Costa do Sol, Mapulene e Chiango. Composto por quatro furos, que produzem em média 25 metros cúbicos por hora cada, uma casa de bombas de controlo e um clorificador, bem como uma conduta com 200 milímetros de diâmetro e com 1.5 quilómetros de extensão (que parte do campo de furos até ao centro distribuidor), o sistema foi construído no espaço pertencente aos Aeroportos de Moçambique, no bairro de Laulane.

 

A par dos testes, decorre neste momento a instalação do sistema de telemetria, que vai tornar possível o controlo remoto (da produção e elevação da água) a partir do centro distribuidor. Em termos de melhorias, conforme explicou Roberto Tchale, gestor técnico da Área Operacional de Laulane, o sistema vai permitir o incremento de mais duas horas de distribuição às zonas críticas. “Com o regime de escassez que se regista actualmente, que ditou o fornecimento intercalado do precioso líquido, o incremento de mais duas horas é muito bom, pois muitas famílias vão deixar de percorrer longas distâncias à procura de água”, disse Roberto Tchale.

 

Ainda no que diz respeito aos benefícios, concretamente para a AdeM, o gestor técnico da Área Operacional de Laulane referiu que, com a operacionalização do sistema, a empresa vai melhor servir os utentes. Importa realçar que, para além dos bairros da Costa do Sol, Mapulene e Chiango, este sistema já está a beneficiar, ainda na fase de testes, também o bairro do Ferroviário, totalizando mais de 12.200 clientes. A Área Operacional de Laulane abastece os bairros do Ferroviário, Laulane, Hulene A e B, Polana Caniço, Mavalane, Costa do Sol, Mapulene e Chiango. Os três últimos, apesar de fazerem parte da zona baixa, são tidos pela empresa como “zona crítica” por estarem na extremidade da rede.(FDS)

Já podem ser consultados, desde hoje, nas páginas web do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (Mireme) e do Instituto Nacional de Petróleos (INP), os Contratos de Concessão de Pesquisa e Produção de Petróleo entre o Mireme e as companhias petrolíferas ExxonMobil (americana), Eni (italiana) e a Sasol (sul-africana).  O Governo moçambicano e o consórcio liderado pela multinacional norte-americana ExxonMobil assinaram em Outubro do ano passado três (3) contractos de concessão, no âmbito do quinto concurso, para três áreas para pesquisa e produção de petróleo em Moçambique, um (1) com a Eni e um (1) com a Sasol.

 

As áreas de pesquisa são as seguintes: "offshore" Delta Zambeze Z5-C, "offshore" Angoche - A5-B e "offshore" Angoche - Z5-D, nas províncias de Nampula, Sofala e Zambézia, norte e centro de Moçambique, que serão operadas por um consórcio que, além da ExxonMobil, inclui a empresa russa Rosnef e a Empresa Moçambicana de Hidrocarbonetos (ENH); offshore Angoche A5-A, a ser operada pela Eni, num consórcio que inclui a Sasol e a ENH; e onshore PT5-C, operado pela Sasol.

 

Eis os endereços: www.mireme.gov.mzwww.inp.gov.mz, (http://www.inp.gov.mz/en/Policies-Legal-Framework/Exploration-and-Production-Contracts).  (Carta)

O caso Samito Machel não vai ser debatido na reunião do Comité Central da Frelimo, que inicia no dia 22 de Março. A estratégia da Comissão Política, que despoletou o caso disciplinar contra o filho do antigo Presidente Samora Machel, parece ser esta: dar a impressão de que Samito pode ser expulso, como se propala, mas depois não fazer nada. E empurrá-lo para a “irrelevância política”. Eis como as coisas estão.

 

Na segunda-feira, Samito Machel foi ouvido pela "comissão de instrução" nomeada pela Comissão Política para instruir seu caso disciplinar. A comissão é composta pelo conhecido advogado Filipe Sitoe e por Francisco Cabo. Foi a primeira audição de Samito no processo. Nos estatutos da Frelimo, casos disciplinares não são instruídos de forma sumária; há sempre espaço para contraditório. Filipe Sitoe e Francisco Cabo transmitiram a Samora Júnior os elementos de indiciação e no final deram-lhe um prazo de 15 dias para responder. Ou seja, ele foi ouvido no dia 11 e deverá responder, ainda em sede de contraditório da comissão de instrução, até o dia 26 de Março.

 

Quando muitos esfregavam as mãos na perspectiva de uma sessão do Comité Central barulhenta com este caso na berlinda, a Frelimo tratou de marcar o seu passo de uma forma lentíssima. Os 15 dias dados para sua resposta foram calculados milimetricamente. Quando esse prazo esgotar, o CC já estará terminado, com o assunto da “expulsão” de Samito passando praticamente ao lado de todos os debates. Ontem, Samito Machel embarcou para Londres, em negócios, mas regressará ainda a tempo de participar nas reuniões do CC.  Sentar-se-á à mesma mesa que seus correligionários, muitos dos quais não lhe poupam a atitude de ter tentado desafiar a Frelimo, partido onde foi nado e criado, nas recentes eleições locais de Outubro.

 

Desde essa altura que se estabeleceu na opinião pública (e no seio de correntes internas) a convicção de que uma eventual expulsão teria lugar agora em Março. Mas os efeitos previsíveis dessa expulsão nunca terão sido devidamente analisados. E se ele avançar sozinho, criando seu partido?, eis a questão que começou a inquietar as hostes, numa altura em que rumores começaram a surgir de forma mais frequente dando conta de que Samito podia estar a cogitar, uma vez expulso, criar um partido que lhe colocaria como o fiel da balança num parlamento a ser formado depois das eleições de Outubro deste ano.

 

Embora Samito Machel nunca tinha assumido essa pretensão, a perspectiva começou a ser vista com cautela nalguns círculos restritos do partido e agora, com o refrear do processo expurgatório, a Comissão Política deixa clara uma coisa: expulsar Samito neste momento dar-lhe-ia tempo para ele se preparar para uma caminhada política alternativa. Então, melhor deixá-lo em “banho-maria”, arrastando uma decisão final sobre o caso para a véspera ou mesmo para depois das eleições (nomeadamente até a realização da próxima sessão do Comité Central). Até lá muito pode acontecer, incluindo uma reaproximação entre partes desavindas em função do papel que couber num futuro governo da Frelimo. (Marcelo Mosse)

quinta-feira, 14 março 2019 08:42

LAM cancela voos por força do ciclone IDAI

A LAM – Linhas Aéreas de Moçambique emitiu um comunicado informando aos seus clientes e público em geral que os voos referentes ao 14 de Março, quinta-feira, tendo como destino ou partida as cidades da Beira, Quelimane e Chimoio, estão cancelados devido a passagem do ciclone “IDAI”, que deverá afectar as zonas centro e norte do país, a partir de hoje.

 

Em relação a Nampula, a mesma medida deverá afectar os voos do período da tarde, nomeadamente para voos de chegada ou partida de e para aquele destino. No dia 15 de Março, sexta-feira, no período de manhã, serão cancelados os voos de/para Beira e Chimoio. A LAM, contudo, acrescenta que está a envidar esforços no sentido de transportar, logo que a situação se normalizar,  os passageiros que serão afectados. (Carta)

Foi de 100 milhões de USD o investimento aplicado na nova fábrica de cerveja da Heineken inaugurada esta quarta-feira (13) pelo Presidente da República em Bobole, distrito de Marracuene, perante aproximadamente 500 convidados. A nova Cervejeira, que na sua fase de construção (a primeira pedra foi lançada em Dezembro de 2017) empregou mais de 2 mil pessoas, conta actualmente com 200 trabalhadores, dos quais 96% são moçambicanos que passaram por uma formação nos últimos 12 meses.

 

De acordo com dados tornados públicos, a juntar-se à ‘Txilar’ outras marcas internacionais como Heineken, Amstel, Sagres e a Strongbow sairão da Cervejeira ora inaugurada, com capacidade para produzir 0.8 milhões de hectolitros. Foi em 2016 que a Heineken, uma das mais prestigiadas marcas do mundo, iniciou as suas actividades em Moçambique. Na altura abriu um escritório de vendas e marketing, para importação de marcas internacionais.

 

A principal aposta da companhia é ser um parceiro de peso no crescimento em Moçambique, tendo em conta que actualmente o consumo de cerveja ronda os 10.5% ‘per capita’. Segundo Jean-François Van Boxmeer, CEO da Heineken, a população moçambicana é jovem e vibrante. Boxmeer adiantou que no nosso país as perspectivas económicas são encorajadoras, e “o mercado de cerveja tem grande potencial de crescimento”. A actual cerveja “Txilar” da Heineken é feita de milho produzido no distrito de Catandica, província central de Manica. Esta situação, conforme referiu Jean-François Van Boxmeer, poderá favorecer mais de mil agricultores. Filipe Nyusi destacou o impacto que a fábrica inaugurada em Bobole vai ter na economia nacional.

 

Para o Chefe do Estado, o empreendimento representa um investimento directo estrangeiro capaz de impulsionar a produção do milho e da mandioca em Moçambique. Com tal iniciativa, será melhorada a renda de muitos moçambicanos, para além de futuramente poder-se alargar a base tributária. Outra vantagem que poderá ser trazida pela Cervejeira da Heineken inaugurada em Bobole é de transformar os agricultores de subsistência em comerciais.

 

Heineken para patrono do Moçambola

 

Com base na obrigação da Responsabilidade Social que cabe aos grandes projectos no nosso país, o Presidente da República pediu ‘polidamente’ aos gestores da Heineken para que ponderem a possibilidade de aquela empresa ser patrona do Moçambola, a prova máxima do futebol nacional. A proposta de Filipe Nyusi surge na sequência das dificuldades financeiras que a Liga Moçambicana de Futebol (LMF) está a enfrentar para realizar um campeonato com 14/16 equipas em que jogam ‘todos contra todos’. Ainda na sua intervenção,Filipe Nyusi  referiu-se à necessidade de a Heineken estabelecer ligações com outras indústrias que produzem matéria-prima de bens e serviços usadas naquela unidade fabril, a fim de garantir incorporação de maior conteúdo local. (Marta Afonso)

“A proposta legislativa, se for definitiva aquela que foi partilhada, contém erros ortográficos, gramaticais, de sequência lógica, contrária à nova mas promitente legística moçambicana, e pretende erradamente ser uma tentativa de implantar neófita doutrina. As leis do pacote não constituem um fio condutor lógico e coerente, enfermando de escusadas repetições (na mesma lei e nas demais) que tornam ininteligíveis os comandos”, diz Teodoro Waty sobre o Pacote Legislativo da Descentralização, que vai a debate na Assembleia da República.

 

Para Waty, trata-se de “uma esperança adiada”, pois esperava-se que do pacote viessem respondidos, no mínimo, problemas de natureza vária como os de saber quais (i) as formas de controlo, decisão e responsabilização, (ii) dos recursos financeiros a disponibilizar, (iii) do património, (v) do endividamento, (vi) da(s) política(s) económica(s)1, (vii) da democracia interna a instalar nas instituições, (viii) dos direitos do homem, no que toca à liberdade e à prestação ou participação em cada nível descentralizado, (ix) dos conflitos decorrentes da inter-relação e coordenação, (x) dos conflitos de poderes financeiros, e (xi) da insuficiência da articulação do sistema jurisdicional.

 

O especialista em Direito acrescenta que “este pacote legislativo afora a lei do sistema eleitoral, longe de trazer a esperança da clareza e segurança jurídica e, porque não, política, vem carregado de sombras de dúvidas para o futuro da política, da administração e do Direito porque as formulações legais propostas, de modo imperfeito, não respondem adequadamente às dúvidas trazidas pela Constituição”, pois parece que o Governo não se deu conta da necessidade de considerar que: A República de Moçambique está com uma descentralização mais acentuada e complexa do que a ensaiada na abortada “distritalização” de 90 do século passado; os denominados Órgãos de governação descentralizada passam a ter território e população, antes pertencentes ao Estado e às autarquias; em 2024, Órgãos de governação descentralizada provinciais (os Conselhos Executivos províncias e os Governadores) vão dar-se conta de que não dispõem de território nem população e que não têm autoridade sobre os Administradores que estarão vinculados a programas sufragados pelos seus eleitores; O Secretário de Estado não pode superintender em Distritos, Postos Administrativos, Localidades e Povoações que, constitucionalmente, não mais existem como Órgãos Locais do Estado e entre outros. Expostos os argumentos, Waty remata que da descentralização preconizada na Constituição não se prefigura uma réplica da Administração Central para que se tomem decisões mais próximas dos administrados e mais adaptadas às necessidades locais. “A descentralização prevista consiste em criar ou reconhecer a existência de uma colectividade, distinta do Estado, no plano jurídico, beneficiária de uma personalidade moral e jurídica, titular de direitos e de obrigações, ao mesmo título das pessoas físicas”..

 

Na visão de Waty, as províncias e os distritos descentralizados não pertencem à administração indirecta, mas formalmente à autónoma. E mais adiante defende, juridicamente, que “sendo igualmente verdade que num Estado unitário, como é o caso de Moçambique, o Estado é a única autoridade disponente de poder constituinte, legislativo (ao menos o originário) e de poder jurisdicional, ao admitir a existência de entes descentralizados, o Estado assume-se sem órgãos locais, valendo saber se os Secretários de Estado não deviam ter sido previstos a fazer as vezes daqueles”. A dita descentralização, como foi desenhada, operou, segundo Waty, uma desmultiplicação que recorta, segmenta, estratcifica e divide em múltiplas territorialidades com contornos específicos, lógica própria talvez não adequada ao propósito interventor do Estado que parece subjacente do pacote legislativo. Isso pode ter uma implicação no futuro, pois “esta desmultiplificação de centros e periferias, feita através de desterritorialização provavelmente, venha a exigir a reterritorialização através da regionalização”.

 

No contexto deste pacote, futuramente, isso em 2024, daqui a cinco anos Moçambique apenas terá (três) níveis territoriais descentralizados: “Autarquias, Distritos e Províncias que exigirá um exercício de democracia em vestes novas que não pode operar em velhos odres, antes exigindo capacidade e tacto para gerir o diálogo e a tolerância, não como um favor que se faz aos outros, mas como um imperativo de sobrevivência política da espécie que quer exercer o poder”. O pacote legislativo possui pequenas “falhas”, tendo em conta que a perspectiva hermenêutica de Waty não demonstra o conhecimento, capacidade e vontade de um poder central verdadeiramente cúmplice de uma verdadeira e séria descentralização como expressão de uma nova e pujante democracia. “A descentralização é que foi ensaiada no pacote, concentrou-se na administração, esquecendo a planificação financeira que nos confronta com a capacidade de divisão por muitos de tão pouco ou quase nada”, conclui Waty. (Carta)

Em Moçambique os traficantes de drogas consolidaram o seu domínio sobre o mercado através de uma relação caracterizada por troca de favores com políticos. Financiar campanhas eleitorais e patrocinar figuras políticas para a sua ascensão ao poder constituem elementos cruciais para a lavagem de dinheiro da droga.

 

Esta é uma das conclusões contidas num estudo apresentado esta quarta-feira (13) em Maputo da autoria da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado. De acordo com Peter Gastrow, um dos autores do estudo em Moçambique os submundos do crime organizado estão ligados à elite política. Na opinião de Gastrow, no nosso país há um cenário perfeito para a circulação de drogas “porque os criminosos financiam políticos”.

 

De acordo com aquele pesquisador, o nosso país evoluíu nos últimos tempos em termos de facilidades para o tráfico devido à sua localização na costa oriental de África, onde estão situados países como Somália, Quénia, Tanzânia e África do Sul, principais rotas do tráfico de drogas, particularmente a heroína, proveniente do Afeganistão. No estudo apresentado esta quarta-feira, as cidades de Pemba, Nacala, Nampula, Angoche e Maputo são citadas como sendo epicentros de entrada e circulação de drogas, através dos seus portos, maioritariamente com destino para a RAS. Peter Gastrow revelou que entre 2016 e 2017 a produção de drogas aumentou significativamente, chegando a render cerca de 300 milhões de USD no corredor Tanzânia-Moçambique-Quénia.

 

Entretanto, o jurista Abdul Carimo, antigo juiz e primeiro vice-presidência Assembleia da República (AR), disse que a prova de que Moçambique é corredor de drogas começou a revelar-se quando foram apreendidas em Maputo 40 toneladas de haxixe provenientes de Nacala. Mas também merecem destaque os casos da fábrica de mandrax na Matola, o recente pedido de extradição para os Estados Unidos da América (EUA) do cidadão paquistanês Tanveer Ahmed, acusado de ser traficante de drogas. (Omardine Omar)            

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) promete apoiar Moçambique na criação de parques agro-industriais para absorver a produção agrícola adicional, agregar valor, produzir e comercializar interna e externamente os produtos resultantes da agricultura. O BAD também diz que irá apoiar o nosso país na redução da actual dependência externa, e abertura de espaço para negócios em toda a cadeia de valor do sector agrícola. Esta boa-nova foi anunciada quarta-feira última (13) pelo vice-presidente dos Recursos Humanos e Serviços Institucionais do BAD, Mateus Magala (antigo PCA da EDM) na abertura da XVI Conferência Anual do Sector Privado (CASP), evento que discute os passos necessários para acelerar o agronegócio.

 

Falando para uma plateia de empresários, instituições governamentais e de pesquisa, entre outros, Magala garantiu que a visão do BAD na industrialização da agricultura moçambicana passa pelo desenvolvimento de zonas especiais económicas de agricultura, e dos corredores especiais da actividade agrícola. Segundo aquele economista, desenvolver o sector do agro-negócio é fundamental para a diversificação da economia e criação de emprego, rumo ao desenvolvimento sustentável. Por isso, Mateus Magala salientou a necessidade de se investir na construção de vias de acesso, energia, transporte e portos (para permitir o acesso aos mercados regionais e globais), bem como nas infra-estruturas. Estas últimas, de acordo com Magala, são necessárias para uma agricultura competitiva “que alimenta a indústria através de produtos derivados, produzidos e processados localmente, e exportados com valor adicional”.

 

Na sua locução, o ex-PCA da Electricidade de Moçambique (EDM) garantiu que a nova abordagem do BAD centra-se na promoção de uma nova classe de empresários agro-industriais que possam trabalhar na cadeia de valor agrícola. Salientou que para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável definidos até 2030 será necessário sair dos ‘bilhões para trilhões de dólares’ de investimento, valores que na opinião de Mateus Magala “só serão alcançados com um investimento privado mas dentro de políticas bem definidas pelos governos, em concertação com os intervenientes económicos e sociais”. Dados do BAD no tocante a infraestruturas indicam que África tem uma lacuna de financiamento estimada em 60 a 100 mil milhões de dólares por ano. Tal facto, segundo Magala, levou o Presidente do BAD, Akinwumi Adesina, a promover o Fórum de Investimento Africano para criar uma plataforma continental, bem como um mercado de investimento e transacções no ‘continente negro’. Mateus Magala acrescentou ter sido nesse contexto que foram submetidos 25 projectos (moçambicanos) de investimento, dos quais apenas cinco mereceram uma discussão. O ex-PCA da EDM garantiu que há um projecto denominado COMPACTO Lusófono destinado aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), para facilitar o ambiente de negócios no sector privado. Outra finalidade do mesmo projecto é garantir a integração regional dos PALOP, num investimento de 400 milhões de euros acordados com Portugal.

 

Valor dos projectos da CASP

 

Por sua vez, falando igualmente na abertura da XVI CASP, o Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, referiu que o sector da agricultura possui um potencial enorme tendo em conta as suas condições agro-ecológicas, e pelo facto de estarem a ser usados apenas 10% de terra arável (36 milhões de hectares). A agricultura é considerada principal actividade económica em Moçambique, com um peso de 23% do PIB. O sector agrícola emprega mais de 60% da população activa, constituindo um atractivo devido ao rápido crescimento da demanda dos consumidores locais, estimado em 800 mil novas pessoas anualmente, e pelas oportunidades que proporciona para exportação de produtos como soja, milho, arroz, castanha de cajú, banana e manga.

 

Sobre a CASP-2019, o presidente da CTA revelou que o sector privado moçambicano leva àquele evento uma carteira de projectos (25) avaliada em 850 milhões de dólares, distribuídos em agro-negócio, agro-indústria, energia, mineração, infraestruturas e turismo. Agostinho Vuma afirmou que a CASP-2019 visa juntar o empresariado moçambicano com os diferentes investidores, para em conjunto discutirem negócios concretos em todos os sectores estruturantes da economia nacional.(Abílio Maolela)