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Por Luís Loforte

 

A partir do entendimento quase generalizado de que a mão externa aproveita-se das dissensões internas para os seus desígnios, fácil será entender o ponto de vista do João Bernado Hon'wana. Quem viveu o colonialismo e observou com atenção algumas das suas tácticas, há-de ter observado que os estigmas tribais foram fomentados pelo fascismo com o fito de "dividir para reinar". É um jargão, sim, mas era esse o objectivo.

 

No Sul e no Centro também abundam esses estigmas sociais. E, como sabemos, os estigmas conduzem sempre à marginalização. Aqui, falo do que julgo saber. No Sul, os estigmas foram sendo esbatidos pelas transferências massivas de funcionários públicos para o Centro e Norte, onde, num meio inicialmente estranho, as famílias foram desenvolvendo sistemas de solidariedade entre elas. Se rongas e manhambanes execravam os changanes, e estes vilipendiavam manhambanes e rongas (que estes até se casavam entre si sem problemas), os encontros no Norte e Centro foram aplacando e silenciando os ânimos. Tendo vivido em Cabo Delgado por muitos anos e à província me liguei para sempre por laços de sangue, posso com toda a segurança dizer que as dissensões entre macondes e mwanis estão a ser amplamente aproveitadas pela mão externa: no tempo colonial, o maconde era o "imundo inculto", e este, hoje (após a Independência), é a expressão da vingança. Só faltava o fósforo!

 

De resto, nem sempre negociar significa falar em volta de uma mesa, com mediadores ou sem eles. Só gastamos dinheiro com essas mediações!

 

Na minha modestíssima opinião, "negociar" passaria por implantar um ensino sério e profissionalizante, acabar com a polarização das oportunidades (quem não sabe a que mãos cai sempre toda e qualquer riqueza que por lá se descubra?), desfamiliarizar, despartidarizar e destribalizar as instituições, promover eleições sérias e convincentemente transparentes. Doutra forma, estamos a enganar-nos uns aos outros. Será isso que o João Hon'wana quis dizer?

 

Já não me lembro exactamente em que termos, mas foi mais ou menos isto que a brigada do primeiro recenseamento da população em Moçambique, em 1980, em Mocímboa da Praia e por mim chefiada, escreveu no relatório a que fomos obrigados escrever. A pobreza, o cansaço mental, a impaciência, a distribuição desigual, a concentração dos poderes nos mesmos, que se reproduziam, já eram, por então, sinais de que um dia seriam o combustível da insurgência. Em 2017/2018, posso ter concluído, exactamente, a mesma coisa, mas agora em fase bem avançada. Posso estar errado! (Luís Loforte)

quinta-feira, 02 julho 2020 07:43

Carta ao antigo combatente

Eu nunca quis escrever-te esta carta. Fui relutante todo este tempo, com receio de avivar as feridas abertas em todo o meu corpo. Acordava nas manhãs decidido a sentar-me diante do computador e dizer-te tudo o que sinto na minha dor, e não conseguia alinhar as palavras que saíam das teclas silenciosas. Vacilava perante o teu rosto que ressurgia, reflectindo-se no ecrã como lâminas a percorrerem-me toda a anatomia, e eu tremia de medo e de sofrimento. Parecia que tu próprio tinhas medo de qualquer coisa, e isso assustava-me. Os teus olhos sangravam no rosto aterrorizado, aterrorizando a mim também.

 

Mas já não podia suportar o padecimento de incubar as palavras que iam explondindo uma por uma para dentro de mim, por isso hoje decidi escrever-te, e não me importo com as consequências, nem que venham a ter o efeito de boomerang. O que dói é perceber que toda a aurora que andaste a alinhavar nas noites ecuras sem fim, ficou contigo, e com os filhos que saíram do ventre amaldiçoado da tua mulher. Isso é que me castiga. Mentiste para nós, e para ti próprio, dizendo que lutavas pela libertação do povo inteiro, porém o que vejo é a bazófia dos teus dias abastados.

 

Passei toda a noite em atalaia, arrotando o sangue das sílabas que desejavam ardentemente a liberdade. Fechava os olhos e via crianças com máscaras de papelão apanhado na gandaia, como se fossem foliões,  pedindo-te com os olhares despedaçados, as migalhas de pão que sobra todos os dias dos teus banquetes. Elas têm os pés descalços, enrijecidos pelas pedras do caminho que lhes leva a opacidade. Estão nuas, ou na melhor das hipóteses, usam saiotas de farrapos, e as barrigas avantajadas murmuram de fome.

 

É este o quadro de dor que nos ofereces no teu cinismo, desmentindo Samora no auge do poder,  as crianças são as flores que nunca murcham! Claro que isso não é verdade, estas crianças penduradas no caudaloso estendal da miséria, já nasceram murchas, sem o leite que não vai sair dos seios esfomeados das mães sem perspectiva. Elas foram vomitadas para a desgraça, e tu, meu caro antigo  combatente, habitas em mansões erguidas por cima de todas essas chagas. Insensível ao clamor slencioso de quem não tem nada.

 

Pois é, eu já queria dizer-te estas palavras que me engasgavam, mesmo assim não me sinto livre. Sei que és indiferente a todas as poeiras que levanto na minha revolta. O pior é que ainda tens a coragem de te dirigires às crianças famintas, com essa garrafa de água mineral que trazes nas mãos, e bebes à frente delas sem remorsos, enquanto o espampapanante carro aguarda-te para te devolver ao palacete, onde vais megulhar nas poltronas adquiridas a custa da miséria dos petizes.

 

Era só isto que eu queria dizer-te, meu caro antigo combatente. O resto está nos olhos dos meninos, e no vácuo das suas vidas. Um forte abraço!

quinta-feira, 02 julho 2020 07:03

O monólogo do apóstolo da desgraça

O Conselho Nacional da Juventude (Cê-Ene-Jota) recebeu cinco milhões de Meticais do Instituto Nacional da Juventude (I-Ene-Jota). 

 

- I-Ene-Jota: esperamos que este valor seja usado correctamente e de forma transparente e que a prestação de conta seja atempada.

 

- Cê-Ene-Jota: sim, sim, sim! Já ouvimos. Vamos usar esse dinheiro de forma muito transparente e vamos justificar logo logo. 

 

- I-Ene-Jota: uma parte desse dinheiro usem para realizar a vossa assembleia geral e a outra usem no que vocês bem entenderem.

 

- Cê-Ene-Jota: tá bom, tá bom! É isso aí! Falô, broder! 

 

Quando se diz "monólogo" é isso. Solilóquio. Na oratória ou no teatro, monólogo é um diálogo de um personagem consigo mesmo. Falar com o seu próprio "eu”. O monólogo é bonito e atraente quando é feito artisticamente. O melhor monólogo que já vi e me excitou bastante foi interpretado por Dadivo José. Não me lembro do título, mas é outro nível.  Já este monólogo que vi ontem é bastante enjoante. É que no fundo fundo, o Cê-Ene-Jota é o mesmo que o I-Ene-Jota. Não há diferença. Um é o outro e o outro é um. É a mão direita dando dinheiro a mão esquerda... da mesma pessoa. 

 

Na verdade, a questão é: o que é que estas duas instituições juvenis fazem em concreto em prol da juventude deste país? Fora os delírios, sonhos e burla de expectativas, o que fazem na vida real? Deixando de lado notícias do tipo "Cê-Ene-Jota realiza assembleia geral", "Cê-Ene-Jota elege novo presidente", "Cê-Ene-Jota satisfeito com desempenho do governo", "Cê-Ene-Jota condena os ataques no centro do país", Cê-Ene-Jota pensa em construir habitações para jovens", "Cê-Ene-Jota recebe 5 milhões do governo", "Cê-Ene-Jota e Ó-Jota-Eme unidos na mesma cama", etecetera, etecetera,... o que é que o Cê-Ene-Jota faz de concreto no seu dia-a-dia? Desculpa, a pergunta nem devia ser essa! Seria: o que é que o Cê-Ene-Jota já fez de palpável nessas quase três décadas de existência? Usar de forma transparente esses cinco milhões é como? 

 

E este tal de I-Ene-Jota o que é que faz na vida real? Fora entregar dinheiro ao Cê-Ene-Jota, o que mais fez antes? É uma instituição que sempre existiu ou foi criada ontem mesmo só para entregar dinheiro ao Conselho? Tem termos de referência? Tem plano? Tem orçamento? Tem funcionários? 

 

Como dizia, este foi o pior monólogo que já vi na vida. Convidar jornalistas para verem uma mão lavando a outra e as duas lavando a cara. Petersburgo esteve no Cê-Ene-Jota e não consigo ver algo de prático que tenha feito. Agora, é a vez do Formiga, que também não consigo ver nada de concreto, senão promessas de construir habitações que nunca se concretizam. Será que os jovens desta Pérola precisam mesmo dessas duas instituições? Muda alguma coisa, se elas não existirem? Ou estamos a gostar desses monólogos sem fim?

 

O que acabou de ler é um monólogo também... de um apóstolo da desgraça... para reflexão.

 

- Co'licença!

Filipe Nyusi anuncia, no domingo, o regresso faseado às aulas. E diz que caberá ao Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano garantir que isso seja feito. A Ministra da Educação, Carmelita Nhamashulua, sai do Conselho de Ministros, ontem, e atira a bola para o Ministro da Saúde:

 

“Ainda não há data específica para o retorno às aulas. Em todo o país existem cerca de 667 escolas secundárias e apenas 300 é que têm condições sanitárias adequadas, entretanto, independentemente do que for feito, cabe ao Ministério da Saúde autorizar a reabertura das escolas, dependendo também da evolução epidemiológica dos casos”.

 

Todos sabemos que Carmelita é uma maestrina na fuga às suas responsabilidades. Não diz o que vai fazer em cada uma das 367 escolas secundárias "sem condições sanitárias adequadas".

 

Onde estão os 309 milhões de USD do FMI? Ja passam dois meses, e ninguém diz nada. Aliás, sempre que o executivo abre a boca só fala em repressão, com gente morrendo de fome nas cidades.

 

Eis um Governo sem norte na crise do Covid 19. Filipe Nyusi anuncia um regresso faseado as aulas com "timing" improvável. A não ser que ele não equacionou a dimensão sanitária. Se é isso, então o caos está contemplado (basta olhar comparativamente para lá fora). Se não é isso, como é o Governo vai higienizar todas as escolas em menos de 1 mês?

 

Mas, voltando à ministra Carmelita, afinal tudo depende da "evolução epidemiológica". Só que, é claro que, ouvindo do Dr Ilesh e a OMS, a coisa ainda vai piorar.

 

Eis o Governo numa retórica contraditória, envolvendo até o PR. Eis o país em que vivemos!

“O Moçambicano é laborioso e tem capacidade para assegurar para si e para os seus dependentes um conjunto de condições básicas mínimas para a sua subsistência e bem estar , o que lhe falta é a oportunidade para o realizar (RAP, 2004:7)”. A citação é uma fotografia histórica da normalidade de Moçambique. Uma normalidade caracterizada pela luta diária do cidadão, famílias, associações e de empresas, e pela dificuldade e/ou impossibilidade do Estado em prover “o acesso às condições que lhes permitam satisfazer as suas necessidades básicas e perspectivar o seu crescimento e desenvolvimento no mais breve período de tempo possível (RAP, 2004:25) ”. Estes trechos - do Relatório Anual da Pobreza (RAP/2004), coligido pelo Grupo G20, um fórum da sociedade civil moçambicana -, tomaram a minha memória/consciência por conta de uma outra fotografia: a da actual anormalidade decorrente da pandemia da Covid-19.

 

Por acaso já teve a oportunidade de ver uma fotografia da nossa (a)normalidade? Depois do discurso do Presidente da República (PR), o da 3ª prorrogação do estado de emergência, encontrei uma, mas referente a realidade portuguesa. Foi numa leitura de uma crónica de João Miguel Tavares, Jornalista português, que à dada altura, e citando uma outra pessoa, dizia mais ou menos o seguinte: “Na reacção à epidemia, a única coisa bem-sucedida foi aquilo em que era preciso não trabalhar. Em tudo aquilo em que seria preciso trabalhar, falhou-se.” A partida, ocorreu-me que já vira uma fotografia semelhante, mas com alguma diferença e a retratar a Pérola do Índico. A diferença foi a falha em tudo: no que era preciso não trabalhar e no que seria preciso trabalhar. E esta é a fotografia responsável, conforme a justificativa presidencial, pela 3ª prorrogação do estado de emergência, pois, o país, no domínio do que era preciso não trabalhar, falhou como foi o caso da medida do confinamento. No que respeita ao que seria preciso trabalhar, o país também falhou, tomando de exemplo os sectores sociais (educação) e económicos (indústria, comércio e serviços), sobretudo no que tange a medidas que permitissem o seu funcionamento e com uma certa normalidade e em segurança.  

 

Contudo, nem tudo está perdido. Existem sinais positivos que contrariam a onda e o exemplo vem do comércio informal vis-à-vis autoridades públicas, lê-se Município de Maputo. Os vendedores informais, e fazendo jus da qualidade laboriosa dos moçambicanos e dos imperativos de sobrevivência, não se confinaram perante os riscos da pandemia e pressionaram que a sua actividade não fosse encerrada. Por sua vez, e diante dos riscos e fazendo jus do seu papel de provedor das condições necessárias, o Município encetou uma ofensiva de organização dos mercados informais, adaptando-os aos ditames da pandemia cujo grosso das medidas não passa de pura urbanidade. No lugar de fechar, o Município optou por organizar os mercados informais para que a sua actividade decorresse em melhores condições sanitárias e em segurança. E este é um exemplo, nosso e local, de resposta aos problemas e desafios, tanto em relação aos dos tempos da dita anormalidade quanto, em parte, aos da suposta normalidade. Agora a pergunta: e nos restantes sectores? O da educação, por exemplo, fora continuar encerrado, não é possível algo de diferente e funcional?

 

Em reacção da decisão do PR, a do regresso faseado do ensino, algumas vozes já se levantaram contra, registando, a propósito, de que o contrário - pressionar o regresso às aulas -, nunca foi posto à mesa, fora, e para o ensino privado, a questão do pagamento ou não de propinas. O argumento do não regresso é o de que o país não está ainda preparado. Sobre isto, e com todo o respeito, pergunto se em algum momento o país já esteve preparado? E o que nos leva a cruzar os braços na educação e a levantá-los no comércio informal? Certamente que a resposta será a de que no comércio informal são adultos e na educação é diferente (ou indiferente?) porque são crianças, no caso dos subsistemas mais abaixo. O que é (in)diferente é  o facto de não se estar a capitalizar a pandemia – que veio de repente e pelos vistos não partirá de repente e nem  tão já –,  no sentido de operar as  mudanças e melhorarias que se impõem no sector  da educação e afins ao seu funcionamento. Assim sinaliza ou acontece(u) com o comércio informal no Município de Maputo e um pouco por outras partes do país, o que me impele a defender de que a saída  passe por se pensar em que termos e condições podem ser ponderadas e sempre reavaliadas o regresso às aulas, e de que é esta a pauta do debate e não, necessariamente, a do fecho definitivo do ano lectivo.

 

Neste contexto, o cruzar de braços, o que contraria com a laboriosa particularidade dos moçambicanos, cola com a nossa fotografia da (a)normalidade, a referente a 3ª prorrogação do estado de emergência, decorrente ou não da Covid-19, mas, porventura, também decorra  de uma outra pandemia, a da apatia em pensar e fazer diferente. Felizmente, esta última, embora preocupante, o seu contágio é facultativo. Para terminar, quero acreditar de que os defensores do NÃO, quer o do regresso às aulas quer o do fim ou alívio de outras proibições e restrições, e em segurança, não estejam a pensar que o SIM, em particular o do regresso às aulas, só será possível com o fim da pandemia. E por acaso: quando é que será o fim da pandemia?

Minhas irmãs, mães e amigas, Camaradas da luta dos violência dos homens contra as mulheres. A sentença proferida há uma semana pelo Tribunal Superior de Recurso, declarando inocente o meu agressor Rufino Licuco, é um golpe na luta da violência dos homens contra mulheres. É um golpe para milhões de moçambicanas, sul-africanas, africanas e mulheres pelo mundo. Parafraseando meu pai, Samora Machel, "perdi uma batalha, mas não perdemos a guerra". Eu e minha família confiamos no sistema de Justiça. Apresentei evidências irrefutáveis (incluindo uma confissão e outras). 
 
 
Especialistas reconhecidos deram seu testemunho profissional à origem da ferida que carrego na minha cara, à perda de um olho. Rofino Licuco conhece a verdade absoluta! Muitas pessoas também, mas acima de tudo, Deus sabe. Quando gritei pela primeira vez e contei aos agentes da saúde e da polícia o que havia acabado de me ocorrer, eu estava sozinha e fiz isso pela verdade e não tinha a noção de que estava gritando por milhões de outras mulheres. 
 
 
Na decisão mais recente, a disputa contínua entre mulheres que ousam buscar justiça e a resolução de casos demonstra os paradoxos da interpretação e aplicação da lei. É um exemplo revelador das deficiências flagrantes da implementação de estruturas legais e legislação projetadas para servir e proteger sobreviventes de violência doméstica. Na busca pela justiça, a bravura das mulheres em tornar público as suas experiências de violência baseada no gênero exige a quebra do sigilo, vergonha e estigma, e a confiança depositada no uso da proteção da lei e do sistema judiciário.
 
 
Supõe-se que a lei seja a primeira e última fonte de refúgio e proteção, mas, como demonstra o "Caso Josina Machel", o sistema de Justiça criminal muitas vezes prejudica e perpetua ainda mais as vitimas e sobreviventes da violência doméstica. O sistema de Justiça demonstrou agora que trai à confiança do povo e é uma fonte de encorajamento para perpetradores continuarem a bater, mutilar e matar-nos, cobertos de impunidade. Este Sistema de Poder já tem o sangue de meu Pai em suas mãos, e uma vez mais, escolhe permanecer com meu sangue em suas mãos. 
 
 
Quero agradecer à minha família pelo apoio incondicional, inabalável e inquestionável. Para mim, como ativista, A luta Continua! Quero garantir aos milhões de mulheres e, em particular, às vítimas e sobreviventes de violência, que minha determinação foi fortalecida. Esta luta me escolheu e continuarei usando minha voz e meu rosto para advogar e lutar pela erradicação da violência baseada em gênero até o meu último suspiro. Juntos, somente juntos e com a força dos números, desafiaremos e desmantelaremos esses sistemas de opressão. Com um olho, continuo como soldado.
 
 
A Luta Continua Josina Z. Machel