O dinheiro que ganhavam não era o mote. Nunca pensaram nessa mola de impulsão antes de, com os pés descalços, dominarem o esférico. Nem nas massas que viriam a encher os estádios. Eles nasceram com a bola nos pés, então urgia que descessem aos campos onde ressurgia a luz da glória. E eles nem sabiam do brilho que lhes esperava. Não podiam saber porque a força que lhes movia era maior. De modo que só lhes incumbia obedecer aos impulsos até se tornarem na força motriz das vitórias.
Luís Suquice fazia parte dessa panóplia que reverberava mesmo em dias infaustos. Eles eram o testemunho dos ditos intemporais de Deus, segundo os quais muitos serão chamados e poucos escolhidos. É por isso que o delírio do povo começava antes de o juiz da partida apitar para dar início ao turbilhão. Havia crença nesse tempo. Uma fé inabalável que lhes dava a força dos bisontes. Tudo o que faziam era vertiginoso, os passes, as defesas no último reduto, as estiradas dos guarda-redes e o engodo pela baliza.
Luís Siquice não era o único, mas avultava entre os tigres. Era o algoz escolhido para matar em momentos cruciais, e o veneno aspergido nos pés ainda no ventre da mulher que lhe deu a luz, era inoculado sem piedade para o desespero dos guarda-redes. Luís era essa águia imparável, e a história nunca vai perdoar aqueles que não o deixaram planar até outros céus, onde iria exuberar no zénite. E agora só nos resta ovacionar com estrondo a alma da nossa estrela que se aparta de um corpo que nos últimos momentos da errância pela terra, parecia resignado.
Na verdade o cheiro de Luís Siquice anda impregnado por aí, no bairro do Chamanculo e no Xiphamanine onde se desumbilicou. É também nas adegas de thonthontho (aguardente caseira) que os bebedores inveterados, frustrados e destruídos, não observam um minuto de silêncio, mas desencadeiam memórias, contando histórias sem fim de um artilheiro de ouro, que passou toda a vida sem nada material nas mãos. Misturando-se com as massas para as quais se tinha tornado um pequeno deus. Mas não haverá palavras suficientes para exaltar o mortífero avançado. Porém ele não merece o silêncio, nem as lágrimas.
Escrevo este texto imaginando o caixão de Luís Siquice entrando pela porta da maratona do Estádio da Machava, carregado aos ombros dos colegas do seu tempo, e nas bancadas um público de pé, eufórico, ovacionando o craque que se despede para sempre.
Hamba kalhe (vai em paz)!
Quando alguém chega à uma residência e nesta, à partida, não se vislumbram sinais de alguma alma viva é normal que se pergunte “Alguém em casa?”. Depois de algum tempo, e perante o silêncio, é ainda normal que o visitante entre pela casa dentro. Diante do cenário de abandono e sem que ninguém interpele, o visitante, nos dias que se seguem, paulatinamente apodera de um e outro pertence até ao dia, e por força do silêncio, em que decide definitivamente assentar arraial como o todo poderoso.
O intróito foi a propósito de uma conversa de Chapa esta manhã. Um dos passageiros reclamava pelo destino de um país entregue aos antónimos dos nacionais. O tal passageiro, para fundamentar o seu protesto, contava que os seus gastos diários, incluindo os de construção, eram invariavelmente feitos em “vários países”. Disse ainda, em tom jocoso, de que os únicos locais em que os mesmos (gastos) eram intramuros a Covid-19 tratou de fechá-los. Insistido por outros passageiros para que revelasse os tais locais o passageio pronunciou bem alto “Barraca” e bem baixinho “Escondidinho”. Um outro passageiro, e com ares de um universitário em defeso forçado pela Covid-19, teorizou a tirada, denominando tais locais de “conclaves de soberania”, incorporando nestes o Chapa. Segundo ele, os ditos “conclaves de soberania” ainda não foram tomados pelos antónimos dos nacionais, um entendimento posto em causa por outros passageiros e até com recurso à exemplos concretos.
O debate foi prosseguindo à media do para e arranca do Chapa. Embora com uma enorme vontade de continuar a participar (em silêncio), tive que descer numa paragem junto à uma instituição pública que, por coincidência, era o meu destino. Já no interior e depois de uma hora ainda aguardava ser atendido. Infelizmente não era o único e até por mais tempo. Enquanto esperava veio-me à mente o episódio do “Alguém em Casa?”. Pelos vistos pouco ou nada mudou desde a penetração dos povos Bantu, passando pela dos árabes, a dos europeus e mais recentemente a de outras latitudes e a da própria renovação, em outras vestes, das primeiras penetrações. É a sina da hospitalidade da Pérola do Índico. E como diz um meu primo: “I'm telling you”.
Eu acredito inabalavelmente que as ideias possuem uma origem divina (com exclusão, obviamente, daquelas ideias macabras, maliciosas e imorais, cuja fonte é, indubitavelmente, diabólica ou, no mínimo, fruto da incapacidade da razão em sobrestar as maldosamente tentadoras sensações do nosso instinto selvagem).
Na tríplice classificação celebrizada por Sigmund Freud, o nosso intelecto é estruturado pelo inconsciente, subconsciente e consciente. A ideia pode brotar em qualquer um destes três compartimentos cerebrais.
Na minha mundividência, a partir do momento que ela se cria (quando induzida) ou surge (quando acidental), destina-se a cumprir um propósito. Um propósito divino pelo qual a pessoa proprietária do intelecto onde surgiu ou se criou a ideia foi chamada a executar. Isto significa que ela é singularizada; é fulanizada; é individualizada. Foi intencionalmente atribuída a determinada pessoa.
Nem sempre nos apercebemos da magnitude desta missão. Aliás, vezes há em que sequer imaginamos que se trata de uma missão. É por isso que as ideias, uma vez surgidas/criadas, são ignoradas, objecto de desinvestimento e evanescentemente abandonadas à sua sorte, chegando a falecer e se sepultar no intelecto de onde brotam, sem que tenham sido devidamente exploradas.
As pessoas não fazem ideia de que, se ela surgiu num determinado cérebro (e não noutros), é porque aquele determinado cérebro foi “escolhido” para desempenhar a missão de materializá-la, tornando-a real, palpável e de apreensão mundana, à merce, ou do próprio proprietário do cérebro pensante e/ou da comunidade onde que ele está inserido.
Atribui-se ao visionário Walt Disney a lapidar frase (sic) “se tu podes sonhar, tu podes fazer”, transformada em aforismo que se casa em perfeita comunhão geral de bens com a frase “primeiro o homem sonha e depois a obra nasce”, sendo ambas as frases demonstrativas do carácter poderoso que as ideias possuem.
A ideia não surge por acaso. Ela não pertence à ocasionalidade, mas sim à causalidade. É como se ela tivesse escolhido a pessoa detentora do cérebro onde ela se vai alojar, para que aquela pessoa lhe dê vida. A ideia suplica: “por favor, transforma-me em algo real”, todavia, aquele sujeito muitas vezes está longe de possuir a perspicácia necessária para intuir o que se passa no seu próprio cérebro, não fazendo, por isso, a mais diminuta “ideia” da bênção que se acometera sobre ele com a escolha e visita realizada pela “ideia”.
Isso torna-o ingrato (ainda que inconscientemente) pois aquela ideia poderia escolher outro cérebro apto a satisfazer-lhe o desígnio de se metamorfosear em “projecto” que, posteriormente, transmutar-se-ia em realidade visível e geradora de múltiplas utilidades. Não só é ingrato, como também chega a ser uma clamorosa injustiça ter consigo a ideia e não a transformar em realidade. É pecaminoso asfixiar e assassinar a ideia dentro de si, proibindo-a de florescer e fazer a diferença “cá fora”.
As ideias não nos surgem por acaso. Se a tens, possuis o dever de investir nela. Uma vez semeada, cabe-te cultivá-la e adubá-la. Na maior parte das vezes, ela não nos surge como produto acabado; aparece como um embrião carente de alimentação para que se forme e se substancie até se tornar consistente. E esta incumbência é tua. Por isso, traduz-se numa ingratidão incomensurável promoveres um aborto sobre a ideia – matando-a mesmo antes da nascença –, pois, ela, no fundo, não é tua; apenas surgiu no teu intelecto para que cumprisses a missão de a vivificar, de tal sorte que, através de ti, o mundo se beneficiasse das vantagens que ela, uma vez concretizada, proporcionaria.
Tu até podes morrer; mas a tua ideia deve perdurar para além da tua morte... imortalizando-te perenemente.
- Bom dia, mãe! Quanto custa uma 'cabeça de repolho'?
(Silêncio).
- Mãe, 'cabeça de repolho'... é quanto?
(Silêncio). A velhota levantou-se, endireitou a avental a riscas azul que cobria os seus seios fartos e virou-se para a vizinha da banca ao lado esticando o braço direito que segurava um copo de plástico com água fervente.
- Mãe de Djeri, peço um pouco de açúcar aqui.
- Acabou, tia. Era um plastiquinho de 5 meticais. Esses agora estão a piorar. Até val'apena começarmos a fazer chá com matoritori.
- Mas, este repolho não está a venda ou quê?! Afinal, estão a vender ou não estás 'cabeças'?!
- Meu filho, não me arranja problemas. Vai-nos arranjar problemas, meu filho. Você não viu aquele documento? Não ouviu 'pele-menos'?
- Não vi. Mas eu só queria comprar uma 'cabeça de repolho' só. É que documento, mãe?
- Estamos com problema aqui, meu filho. Aquele que chamar 'cabeça de repolho' vai na esquadra. Levaram mãe de Zenzi ali ontem porque falou 'cabeça de repolho' 80 meticais... apareceu polícia... levaram ela na esquadra... repolho também levaram no Mahindra.
- Não estou a perceber...
- Passou um documento que se chama 'circular'. O chefe do mercado mandou para todos assinarem. A 'circular' dizia que ninguém devia chamar repolho de 'cabeça'. O documento diz que é proibido dizer 'cabeça de repolho'. É proibido. Quem falar 'cabeça de repolho' vai parar à esquadra.
- Mas como assim, mãe? Quem fez esse documento... essa circular? Mas porquê? E vocês...
- Não sei, meu filho. Mãe de Djeri, quem escreveu aquele documento de repolho?
- Conselho de Ministros.
- É Conselho de Ministros, meu filho, que escreveu... que proibiu dizer 'cabeça de repolho'.
- Xi...
- É o governo. O governo está a proibir as pessoas chamarem 'cabeça de repolho' isto aqui (apontando para um monte de cabeças de repolho' sobre o balcão da dua banca). Agora é 'bola de repolho'. 'Cabeça de repolho' são umas pessoas que o governo foi buscar não sei aonde que andam nas rádios e televisões. Mas muito muito no 'feicibuque'. São pessoas especialistas em 'ensultar' os outros. São 3 jovens. Esses agora têm direitos sobre o nome 'cabeça de repolho', publicado no Boletim da República e tudo. Explicou a mãe de Djeri enquanto amamentava o seu bebê. Mãe de Djeri era uma jovem na casa dos 20. Parecia muito informada. Falava num à vontade pedagógico.
- Xiii... Afinal!!!
- Sim, mano! 'Cabeça de repolho' já não é para hortículas. Só pode chamar 'repolho' ou 'bola de repolho'. 'Cabeça de repolho' tem donos.
- Está certo! É quanto então essa 'bola de repolho' dele?
- 80. Mas podemos cortar ao meio, se quiser, meu filho. Era a velha com um sorriso meio reservado.
Diz a lenda que foi assim que tudo começou. O 'cérebro' foi substituído pelo 'repolho'. O termo 'cabeça de repolho' virou patente privada de 3 jovens da Pérola do Índico. Agentes à paisana e SISEs passaram a trabalhar na área de venda de vegetais dos mercados para controlo da linguagem verbal dos utentes. Mahindras fizeram história nos mercados grossistas de Zimpeto e Waresta. Bilibiza foi reativado para receber os infractores da etiqueta das culturas folhosas. Passados séculos, esses jovens ainda são lembrados com buquês de repolhos e couves na cripta. Na verdade, o projecto de transplante cerebral descoberto na quarentena pendémica de 2020 havia iniciado há um qüinqüênio atrás. Era o fim da geração depois da viragem e início da geração do repolho, quando o diploma passou a ser enfeite.
E nunca mais se ouviu falar de 'cabeça de repolho' no mercado. Era só na rádio ou na tê-vê ou muito muito no 'feici'.
- Co'licença!
Com a aproximação do julgamento do caso interposto pela PGR em Londres contra o Credit Suisse, marcado para 2021, o banco helvético não quer cair sozinho: quer arrastar também o Presidente Nyusi. Bizarro. Inócuo. A pura vingança servida friamente.
Para co-responsabiizar Nyusi, o CS baseia-se em evidências circunstancias carecendo de prova (a menção do famigerado “New Man” na planilha de subornos da Privinvest) e de um papel secundário do actual Presidente de Moçambique, enquanto Ministro da Defesa, no contexto da aprovação do projeto de defesa costeira que esteve na base da contratação da dívida da Proindicus. O anúncio de que o CS pretende envolver Nyusi como tendo tido participação política decisória e benefício económico irregular na contratação do crédito para a Proindicus tem dois significados.
Primeiro: O CS tem a noção de que cometeu irregularidades e não vai escapar a uma condenação judicial, com tremendos danos reputacionais. A 17 de Março deste ano, um despacho da Reuters mencionava que procuradores americanos estavam a investigar o papel do Credit Suisse Group AG no caso das “dívidas ocultas” de Moçambique e acreditavam ter evidências da culpabilidade do credor suíço depois que três ex-banqueiros se confessaram culpados, de acordo com duas fontes familiarizadas com o assunto.
De acordo com esse despacho da Reuters, os promotores acreditavam que o Credit Suisse podia ser considerado criminal e civilmente responsável pelos crimes dos seus funcionários se eles forem cometidos no âmbito de suas funções e beneficiarem, pelo menos em parte, o banco.
É provável que o CS tenha sedimentado, depois da investigação americana, a noção de que não escaparia a qualquer acção civil neste caso, interposta por entidades legítimas.
Não sabemos se a justiça americana avançou com uma acção contra o CS mas o caso interposto pela PGR moçambicana está a correr trâmites, e foi no âmbito dos quais seus representantes legais (do CS) manifestaram a vontade de envolver Nyusi, num feio golpe de chantagem e vingança: o caso da PGR em Londres terá tido a anuência do mais alto magistrado da nação, causando uma fúria tremenda nos corredores do banco helvético por causa de uma eventual condenação.
Segundo: Decorrendo dessa eventual condenação, o CS agarrou-se na estratégia da chantagem para tentar chegar a um acordo com Moçambique. Por outra palavras, a ameaça de alistar Nyusi como co-responsável num caso justamente interposto pelo Estado moçambicano era uma forma de acenar para uma negociação extra-judicial.
Geralmente, os grandes bancos sempre evitaram uma sentença judicial quando acossados perante uma quase condenação. Uma condenação judicial tem efeitos reputacionais desvastadores. Os bancos preferem um acordo extra-judicial e é isso que, provavelmente, procuram ao acenar a Nyusi.
De resto, os poucos mais de 600 milhões de USD do crédito à Proindicus são “peanuts” para o volume de danos de uma eventual condenação judicial e para os lucros anuais do CS. Os resultados do CS (lucro) para o segundo trimestre deste ano (um ano atípico dado a pandemia) fora de 1.27 bilhões de USD. Os lucros são função do valor por acção que, por sua vez, são função (também) da reputação do banco. Ora, o lucro de um trimestre do CS é dobro do crédito concedido à Proindicus.
Em face disto, é mesmo de esperar que este imbróglio termine num acordo extrajudicial. Para o CS seria ouro sobre azul. E para Moçambique? Dependerá. A PGR pretende a eliminação da dívida da Proindicus e suas garantias. Se se conseguir isso, ganha também o Estado moçambicano. (Marcelo Mosse)
Seguíamos pela EN380 numa motorizada da marca Xinthai quando sons de bombas e bazucas inundavam os nossos tipanos e chorávamos a alta velocidade. Pela estrada, cruzavamos com crianças, mulheres e idosos famintos, com trouxas na cabeça e pensando porque não foram dadas assas para que num instante estivessem num local seguro e sem medo de ser morto.
Naquela manhã, nosso coração palpitava a uma velocidade galopante. Aquela motorizada mesmo na velocidade máxima parecia que estava andar a 5km por hora. Choravámos juntos. Albertina Baptista, jovem corajosa que apenas procurava por uma oportunidade de emprego naquela rica província assolada pela guerra desde 2017 e de turbulências sociais, económicas e políticas há décadas.
Albertina Baptista e o seu corajoso taxista Martinho Macume, um homem corajoso que há anos tem arriscado a vida salvando outras e vivendo a história da guerra em Cabo Delgado desde os primeiros momentos. Voltando ao teatro das operações! Naquele dia corríamos há uma velocidade de um leopardo, mas pelo medo, sentíamos que estavamos em cima de um burro ou rinoceronte, porque não víamos a hora de chegar a Pemba são e salvos.
O medo era tanto. As lágrimas inundavam o meu rosto. O caminho parecia estar a ser acrescentado. As minhas preces intensificavam-se. A minha alma havia abandonado o corpo. A esperança por algumas horas não existia. O medo reinava em nós. Foi um dia doloroso. Foram segundos, minutos e horas de sufoco e desespero. Aquele dia jamais será esquecido por mim. Pelo que vi e ouvi do Martinho Macume. Das histórias de sangue e destruição. Da impiedade belicista e dos amigos e parentes que tombaram em Muidumbe, Macomia, Nangade, Meluco, Mocímboa, Palma, Ibo, Quissanga e Mueda.
Percebi que o meu sonho de trabalhar naquela multi-nacional não seria desta vez. "Que aquela guerra não era uma manifestação popular como alguns dirigentes apelidaram numa reunião realizada secretamente na África do Sul, onde países como Estados Unidos de América (EUA), China, Zimbabwé e outros pretendiam perceber qual seria o seu papel. Estranhamente, quando tudo parecia tender para o apoio, eis que um general, levanta e diz que Moçambique vai resolver o problema, sem precisar do armamento pesado dos americanos, porque tudo era uma insurreição popular".
Narrava Albertina Baptista, lembrando de uma conversa tida com um amigo de alta-patente presente na tal reunião realizada em Maio. As revelações caíram como bomba para mim, mas devido ao estado psicológico dele não levei em conta.
Durante aquela viagem na motorizada, percebi que aquilo não era uma insurreição popular armada, mas sim, terrorismo sem fim a vista. Contra todas expectativas salariais e de status sociais garantidos pela multi-nacional finalmente decidi desistir do sonho. A minha vida tinha mais valor que o salário e os benefícios que adviriam do mesmo.
O meu grito do medo foi maior naquele dia, mas entre os batões, perguntei-me, quantos gritos de medo estão a ser feitos neste momento em Mocímboa da Praia? Quantas crianças, mães e idosos choravam e lutavam pela vida naquele preciso momento? Os gritos do medo eram maiores e constantes e que mesmo saíndo do local ainda iriam intervir nos meus sonhos e que tal do Martinho Macume?
Criação do autor ...Omardine Omar...após uma conversa com uma sobrevivente do ataque a Mocímboa da Praia.