Director: Marcelo Mosse

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quarta-feira, 22 julho 2020 07:11

É curiosidade apenas!

Por questões de ignorância, eu nem devia entrar nesse debate sobre regravação, refilmagem e remix da música do Irmão Mbalua. Eu até que queria mesmo ficar calado no meu canto, mas fiquei curioso. Diz-se que o governo, concretamente a direcção provincial de Cultura e Turismo da Zambézia, vai regravar e vai dar um novo vídeo a música. Okey! A minha pergunta é: é essa a função do ministério da Cultura e Turismo? Regravar e fazer novos vídeoclipes para músicas mal gravadas e mal filmadas? 

 

É só curiosidade mesmo. Só quero saber. É perguntando que a gente aprende. O trabalho da ministra é esse mesmo de pedicure, manicure e depilação de 'hits'? E, quando regravarem essa música 'O Culupado', vão ficar a fazer o quê? Vão ficar no 'feici' a espera que Irmão Mbalua lance outra música mal gravada para maquiarem? O que fazem quando não há música mal gravada na praça? Ficam a rezar no pastor Onório para que alguém desafine? Assim, os directores provinciais da Cultura e Turismo são uma espécie de olheiros, especialistas em 'hits' mal gravados? Tipo maqueiros de cantores lesionados? Assim, tipo 'breki-dawan' de 'hits' acidentados na autoestrada da fama?

 

É simples curiosidade. Não me levem a mal. É que nem sempre regravação e novo vídeo são a solução. As vezes regravar e remixar não costuma a acabar bem. Está aí Mahel que regravou, refilmou e remixou todas as músicas dele que bateram, mas nunca sai do lugar... hoje, está aí no 'feici' a dar aulas de cagar. Sei não!!!

 

- Co'licença!

 

Na  área metropolitana de Maputo a notícia do dia é a paralisação do transporte semi-colectivo de passageiros, vulgo Chapa, cujo epicentro é o Município da Matola. Para a  paralisação, os Chapeiros alegam de que  o rigoroso cumprimento da lotação  da viatura (15 lugares), no quadro do estado de emergência,  não é economicamente viável e é injusto, comparando com a mesma medida em relação aos autocarros (70 lugares), vulgo FEMATRO/TPM.  Em defesa dos passageiros veio a terreiro o Edil da Matola, apelando para que os Chapeiros  regressassem à actividade. Em poucas palavras é  esta a fotografia cuja impressão trouxe, à superfície,  detalhes que não foram captados no momento do “Click”.  Por enquanto fiquemos com  três e destes a conclusão.  

 

O primeiro detalhe: à escassos dias do fecho da 3ª prorrogação do estado de emergência, declarado  por conta da Covid-19, fica confirmado de que a medida “Fica em Casa” não decola e se ela tivesse sido levada à letra a paralisação teria um outro espírito, certamente o da falta de utentes e não o da  proibição do transportador em responder à demanda que é alta, faltando saber se é por escassez  de meios ou do cumprimento da lotação; O segundo detalhe: o Edil da Matola mostrou-se contra a paralisação. Uma posição em contramão com a política  governamental do momento, a do “Fica em Casa”, pois, no mínimo, e em nome da coerência, o Edil teria igualmente dirigido aos seus munícipes, e de forma veemente,  um  apelo para que ficassem em casa, salvaguardando, claro,  as devidas excepções; Por último, o terceiro detalhe: a obrigatoriedade  do cumprimento da lotação.  Na verdade, não é nenhuma medida genuína (e nem adicional) do estado de emergência, mas apenas o cerco ao seu rigoroso cumprimento cuja intenção, suponho, foi a de servir de um mecanismo para desestimular a oferta e a procura por transportes, forçando assim o “Fica em Casa”. Debalde.

 

A experiência do que acontece(u), um pouco por todo o mundo, com o sub-sector da aviação pode ser um ponto de partida interessante  para reflexão. Aqui o lema foi: “Fique em Terra” e o seu cumprimento integral. De toda a maneira,  a posição tomada pelos Chapeiros força o cidadão  a fazer o que não fez nos últimos 04 meses: ficar em casa. Em síntese, a fechar, e no âmbito da prevenção da Covid-19, a paralisação voluntária dos Chapas pode ser vista como um indicador de sucesso da  medida  “Fica em Casa”. Um resultado que o  Governo fica a dever aos Chapeiros.

Eis a armadilha em que caímos. O mercenarismo do eixo Pretoria/Harare zombou dos russos da Wagner, acusando-os  de fracos. Quando se meteram a combater os terroristas por terra, em Cabo Delgado, os russos sofreram baixas. Na RAS e no Zimbabwe, isso foi motivo de chacota. E Moets! Os mercenarios africanos comentaram que o terreno em Cabo Delgado era demasiado selvagem, que não era coisa para russo. Foi um marketing negativo para a Wagner. Na verdade, eles, os que também matam legalmente por dinheiro mais não pertencem a qualquer Estado, queriam o negócio para si. E conseguiram! Quando chegaram, venderam para o mundo que o combate à insurgencia em Cabo Delgado era uma questão de semanas. Não é o que estamos a ver!

 

Agora, poucos meses depois, Lionel Dyck, dono do Dyck Advisory Group (DAG), o grupo de mercenários que defende nossa soberania em Cabo Delgado, diz que a guerra está longe de ser vencida; que os terroristas estão bem armados e motivados. O DAG só opera por ar com menos de 30 homens (ah sim! Porquê não fazem por terra como os russos?); e tem uma capacidade limitada de recolher informações (por isso a matança indiscriminada de civis, confundidos com rebeldes).

 

Mas é óbvio que toda esta ladainha é de quem veio cá para ganhar dinheiro. Quanto mais isto durar, mais mola entra nos bolsos do senhor Lionel (e de quem por cá ganha comissões e rendas), e nosso povo com suas culturas morrendo, perante um Presidente se esforçando para mobilizar umas impávidas serenas comunidades regional e internacional.

 

O DAG não passa de mais uma armadilha!

terça-feira, 21 julho 2020 08:55

Rosa Maria

Não podíamos encontrar um lugar melhor que este, onde podessemos nos despir por inteiro e deixar que a lua fizesse as suas vontades sobre os nossos corpos, dando-nos a luz em plenitude.  Foi antes desta invansão sem sentido, em que cada um construiu o seu casebre sem se importar com a natureza, passando a produzir o lixo que o mar está constantemente a devolver aos donos, e a nós que não temos nada a ver com isto. Agora o nosso local de encontro de outrora, de mim e da Rosa Maria, foi tornado um triste conglomerado, onde as pessoas convivem com a miséria. Aquilo parece um aterro santirário.

 

Mas alí era onde os nossos corações batiam ao mesmo ritmo, deitados na areia branca, absolutamente nus, cada um sentido a respiração do outro, até a catarse impetuosa. Tumultuosa. Faziamos isso com o testemunho das marés enquinociais ou da maré vaza, e dos pássaros marinhos que também entravam em cio ao verem nossos corpos assim mesmo, sem nada! E Rosa Maria sorria, completamente satisfeita, entrando em consonância com os meus sentimentos e com o meu corpo, arrasado pelo prazer.

 

Éramos livres, fugidos da casa de nossos pais para aqui, onde não passa ninguém a esta hora da noite. Não se ouve nenhum som, a não ser a música de magwilili (aves marinhas cujos nomes não cnhecemos em português)  que se transforma em catalisador para o galope que nos levará as estrelas reflectidas neste mar que se esbate na areia onde estamos estirados. É uma dádiva estar aqui, ainda por cima com o meu corpo dentro do corpo da Rosa Maria. Parecendo um único corpo.

 

Ainda nem tinhamos atingido o auge da juventude, porém o nosso envolvimento estava no zénite. Começamos tudo pelo cume, com rotações de alta voltagem, e nessas condições só tinhamos duas hopóteses, ou mantermo-nos alí por não haver outra montanha para subir, o caírmos.  E o fogo da Rosa Maria, no lugar de me tornar aceso também, consumia-me como as formigas fêmeas  que consomem o macho na cópula, até a morte cheia de prazer intenso.

 

Agora sou a guitarra sem cordas, que apenas se lembra de que alguma vez alimentou as festas sem fim da Rosa Maria, mulher que continua aqui ao meu lado, mas sem verve! Eu também estou ao lado dela....  sem verve!

Em Setembro de 2015, o economista Carlos Nuno Castel-Branco e o editor do mediaFax Fernando Mbanze, foram absolvidos num caso promovido pelo Ministério Público, que os acusava de calúnia e difamação contra a figura do ex-Presidente Armando Guebuza. Em 2013, Castel-Branco publicara um texto no Facebook e no mediaFax, dizendo, entre outras coisas, que Guebuza estava fora de controlo e que devia sair de cena, levando consigo seus patos. O juiz de direito do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, João Guilherme, desconstruiu eficazmente o libelo acusatório. O MP recorreu ao Tribunal de Recurso da cidade de Maputo, que acaba de confirmar a absolvição. Ou seja, a acusação perdeu redondamente. Os argumentos do colectivo de juízes defenderam veementemente a liberdade de expressão e de imprensa e frisaram que a figura de Presidente da República está nos holofotes do escrutínio público e isso era uma das essências da democracia.

segunda-feira, 20 julho 2020 08:15

Estamos a ser muito injustos!

Muito bom!!! Já falamos do corona que está a matar. Já falamos do Estado de Emergência que não acaba. Já falamos do Eme-Ci-Rodja que não vai mais apresentar na Tê-Vê-Eme. Já falamos de escolas que não têm condições. Já falamos da 'Estrela Polar' que fez anos. Já falamos da Edmilsa Governo que fugiu da casa da Alice Mabota. Já falamos do hit 'o kulupado é o namorado dela' do Irmão Mbaula que está a bater. Já falamos do Pê-Cê-A da É-Dê-Eme que caiu porque alguém subiu na torre. Já falamos do Real Madrid que é campeão. Já falamos do Porto que também é campeão. Já falamos de Jesus que vai ao Benfica. Enfim, já falamos de tudo e sobre tudo. 

 

Já falamos do mundo e das galáxias. Já falamos do Matias e do Veloso que descobriram o segredo que M'tumuke... digo, Estado, escondeu num banco comercial privado. Já falamos de Nenane que foi encontrado em flagrante a cometer o crime de simulação. Já falamos da água da Ponta Vermelha que se parece com gin-tonic. Já falamos de máscaras penduradas no microfone. Já falamos de tudo e mais alguma coisa.

 

Um dia esse corona que tanto nos gabamos de ter vai passar. Um dia esse Estado de Emergência de teimamos em prorrogar vai acabar. Um dia as escolas vão abrir e as crianças vão voltar a estudar normalmente. Um dia o verão vai chegar e Eme-Ci-Rodja vai voltar a cantar. Um dia o Irmão Mbaula vai descobrir que, afinal, a 'kulupada' é a própria moça. Um dia o campeão espanhol será o Barça. Um dia o Sporting é que será o campeão português. Um dia o Matias e o Veloso serão absolvidos. 

 

Um dia tudo isso vai acabar. Tudo isso vai acabar e a única coisa que nos vai orgulhar será, como sempre, o nosso tabuleiro de gatunos. Quando tudo isso passar, a única coisa de jeito que vai sobrar para levantar a nossa auto-estima será, inevitavelmente, a nossa coleção olímpica de gatunos. Essa é a única coisa que nunca nos abandona. É o único trunfo que temos e sempre está ali disponível. A nossa equipa de gatunos foi (é, e sempre será) o nosso assunto mais internacional. Os nossos gatunos de estimação. O nosso passaporte. Mas, hoje, estamos a desprezar. Não estamos a falar deles. É muita injustiça!

 

Ter uma bandeja de gatunos daquela envergadura não é fácil. É muito trabalho. Hoje fico triste quando não reservamos sequer um post para falarmos do Chopstick, quando não debatemos a tabela de Téo, quando não mencionamos os Lamborghinis do Júnior, quando não falamos do turbante da tia Helena, quando não temos informações dos piripaques da tia Leoa, etecetera. É triste, simplesmente! Vai que os gatunos decidam abandonar a seleção! (já que estão lá por amor à camisola). Vai que eles decidam deixar de ser gatunos e entrem todos para a Comissão de Ética Pública! Como vamos fazer? 

 

Estamos a ser muito injustos! Respeitemos o que de melhor temos como povo! Reservemos uma linha no 'feici' para falarmos desses espécimes! Falemos, pelo menos, do Chang, irmãos! Ele está lá fora no epicentro do corona hasteando a nossa bandeira. Tantos prisioneiros regressaram ao país, mas ele continua lá firme e decidido. Honremos a sua boa vontade e bravura! Falemos deles um pouco! Não nos esqueçamos desses heróis! Ser gatuno patriótico não é para qualquer um.

 

- Co'licença!