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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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O país registou no ano findo um crescimento dos efectivos de bovinos em 4%, facto que se reflectiu no aumento da capacidade interna de abate e processamento de carnes vermelhas. De acordo com o balanço sobre a produção pecuária, referente ao ano passado, o desempenho do sub-sector contribuiu para o alcance de uma produção de carnes de 181.792 toneladas, com crescimento de 5%.

 

No período em análise, a produção de carne de frango atingiu 152.784 toneladas, representando um crescimento de 4%. Destaque ainda para a produção de 28.667.207 dúzias de ovos, que corresponde a um crescimento de 8%.

 

Os resultados obtidos no ano passado foram igualmente impulsionados pela intensificação na implementação das medidas de controlo do movimento de animais, que contribuiu para a redução do roubo de gado e permitiu o registo de maior produção de carne bovina (21.136 toneladas), com crescimento de 5%.

 

Consta ainda o fomento de 250 touros para melhoramento genético das manadas e a introdução do sistema electrónico para tramitação dos processos de importação/exportação para a flexibilização e transparência dos processos.

 

O balanço pecuário do ano passado refere ainda a expansão do sistema electrónico para o registo de marca de criador em todos os distritos do País, o registo de 50 certificados de medicamentos e o aumento da produção nacional de vacinas em cerca de 10%, ao passar de 41.350.000 doses em 2022 para 45.478.377 doses de diversas vacinas em 2023. Ao nível regional, a SADC produz cerca de 4.250.682 toneladas de carnes vermelhas, onde se destaca a República da África do Sul com a produção de 1.520.890 toneladas.

 

Na avicultura, a produção anual de carne de frango é de 2.706.737,23 toneladas, sendo a África do Sul a maior produtora com 1.951.000 toneladas e Moçambique, em segundo lugar com 152 784 toneladas. Em Moçambique, a produção pecuária engloba as carnes vermelhas (bovina, de pequenos ruminantes e suína), avicultura (frangos de corte e ovos) e leite.

 

A criação de ruminantes é dominada pelo sector familiar, (89% de gado bovino e 96% de pequenos ruminantes) em regime extensivo com recurso à pastagem natural e um sector comercial (11% de gado bovino e 2% de pequenos ruminantes).

 

Nos últimos 10 anos, o cumprimento da obrigação de vacinação e banhos tem representado o principal desafio para o crescimento do sub-sector pecuário, uma vez que, ao longo deste período, vem se registando o incumprimento do requisito mínimo recomendável, para atingir a defesa sanitária do efectivo animal e o cumprimento das obrigações dos acordos ratificados com organismos internacionais sobre saúde animal e comércio.

 

No balanço anual, o sub-sector pecuário indica igualmente o aumento da produção de vacinas a nível nacional, de 41.350.000 doses em 2022 para 45.478.377 em 2023. O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural aponta ainda que se registou em 2023 uma cobertura vacinal média de 79%, sendo a mínima desejável de 80%.

 

Quanto aos surtos, o balanço pecuário recorda que, na região da SADC, a Influenza Aviária foi reportada na África do Sul, com registo de surtos recorrentes e, em Moçambique, a doença foi reportada pela primeira vez em Outubro de 2023. O surto ocorreu no distrito de Morrumbene, província de Inhambane, em poedeiras importadas da África do Sul.

 

Face ao surto da Influenza Aviária foram tomadas várias medidas, entre as quais, o uso de equipamento de protecção individual para os trabalhadores do aviário e restrição de movimento de aves e produtos avícolas do distrito de Morrumbene.

 

Foram igualmente incineradas 45.000 aves, destruídas rações, resíduos, cama de aviário e outro tipo de material utilizado ou gerado pela produção avícola e desinfectadas as instalações e equipamentos. A Influenza Aviária (IA) é uma doença infecciosa das aves causada pelas estirpes do tipo A do vírus da Influenza Aviária, que afecta aves e diferentes espécies de mamíferos, incluindo o homem.

 

As autoridades competentes recolheram e destruíram os ovos comercializados naquela província a partir do dia 15 de Setembro e restringiram as importações de aves e produtos avícolas da África do Sul.

 

Ainda no que diz respeito à sanidade animal, a febre aftosa constitui um dos maiores desafios para o país, tendo nos últimos 10 anos se alastrado rapidamente, passando de 48 distritos infectados para 87.

 

Em Moçambique a febre aftosa é endémica, e distribuída por todo o país. Ela constitui uma das maiores causas de rejeições nos estabelecimentos de abate de bovinos. A sua prevalência tem tendência a aumentar como consequência de fraca política de testagem e compensação dos reacto-positivos abatidos e fraca adesão dos criadores, apesar da disponibilidade da tuberculina.

 

Quanto ao surto de Newcastle, foram administradas no ano passado 30.243.844 doses de vacinas contra a doença, o que garantiu a cobertura vacinal de 78%. Comparativamente à campanha anterior, houve uma subida de 9% no número de aves vacinadas.

 

A Newcastle é uma das mais graves de todas as doenças infecciosas das aves. É causada por um vírus que se pode espalhar rapidamente, podendo matar milhares de espécies de aves nativas e exóticas, e pode afectar gravemente as indústrias de ovos, frango, carne de aves e a avicultura nacional no geral.

 

De um modo geral, foram reportados, em 2023, 436 focos de doenças contra 444 de 2022. A redução do número de focos é resultado das medidas de controlo sanitário que o subsector tem vindo a implementar com vista a evitar a eclosão e disseminação de doenças.

 

As doenças mais reportadas foram a Fasciolose (24%), Tuberculose (23%), Doenças Transmitidas por Carraças - DTC (12%), Equinococose (11%), Stilesia Hepática com 9%, Dermatose Nodular (6%), Febre Aftosa (3%), Newcastle (3%) e Peste Suína Africana (3%). (Carta)

  • Resultados líquidos aumentaram 11%, para R15,7 mil milhões.
  • Aumento da contribuição do NAR para os resultados líquidos para 12,0% (6,9% em 2022).
  • O lucro por acção diluído aumentou 14%.
  • Rentabilidade dos capitais próprios (ROE) aumentou para 15,1%, excedendo a meta estabelecida de 15,0%.
  • Melhoria do rácio de eficiência custos/proveitos para 53,9%, superando a meta de 54,0%.
  • Rácios de capital e de liquidez robustos, com um rácio de capital TIER1 de 13,5%.
  • Banco líder de mercado em nível de satisfação do cliente (#1NPS, net promotor score) em Moçambique, África do Sul e Eswatini.

 

 Maputo, 5 de Março de 2024

 

Sob a liderança de Mike Brown, CEO do Grupo Nedbank, e impulsionado por uma gestão focada na excelência, o Grupo Nedbank não apenas atingiu, mas ultrapassou todas as expectativas, não obstante o ambiente macroeconómico desafiador. Mike Brown, destacou que foram superadas todas as metas pós-Covid estabelecidas para 2023 e anunciadas em Março 2021. Os resultados líquidos aumentaram 11%, atingindo a marca de R15,7 mil milhões, impulsionados por um resultado operacional robusto, que cresceu 15%, e uma gestão prudente dos custos. O rácio de eficiência melhorou, tendo reduzido para 53,9%. A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) aumentou para 15,1%, mantendo rácios de capital e liquidez robustos. Além disso, a manutenção da posição líder do banco em satisfação do cliente (#1NPS) destaca a dedicação incansável para oferecer serviços de classe mundial.

 

Este desempenho financeiro beneficiou da diversificação da carteira de negócio do Grupo, com um contributo significativo (12,0%) do cluster Nedbank Africa Regions (NAR), onde se inclui o Nedbank Moçambique, que duplicou neste período.

 

Dr. Terence Sibiya, Director Executivo do Grupo Nedbank responsável pelo NAR, expressou a sua satisfação com o forte desempenho do Grupo e o contributo decisivo do NAR. Ele salientou os ganhos sólidos das operações na SADC, incluindo o contributo significativo de Moçambique, bem como os benefícios do investimento no Ecobank Transnational Incorporated (ETI). Os resultados líquidos do NAR aumentaram 94% para R1,9 mil milhões, alcançando um ROE de 25,2% (13,8% em 2022). O contributo das operações na SADC aumentou 80% em 2023, alcançando resultados líquidos de R662 milhões. O rácio de eficiência das operações na SADC melhorou para 53,6%, superando o rácio do Grupo.

 

Destaques para o Nedbank Moçambique em 2023:

 

  • Desempenho notável do Nedbank Moçambique contribui significativamente para o sucesso do Grupo. Indicadores financeiros sólidos sublinham o crescimento robusto e a satisfação dos clientes.
  • Melhoria da rentabilidade dos capitais próprios (ROE) para 14,3%.
  • Banco líder de mercado em nível de satisfação do cliente (#1NPS, Net Promotor Score).
  • Compromisso evidente com a digitalização, com um impressionante crescimento no número de clientes digitalmente activos, alcançando a marca de 60,5% da base de clientes activos.
  • Aumento do número de utilizadores de mobile banking (23,0%) e do número de transacções digitais (21,3%), tendo mais que duplicado em termos de volume de transacções, reflectindo a preferência dos clientes por soluções ágeis e convenientes.
  • Investimento contínuo no desenvolvimento de talentos, com iniciativas como o Leadership Academy e programa de trainees, reafirma o compromisso do Nedbank Moçambique com a excelência em todas as áreas.
  • Reconhecimento internacional do Nedbank Moçambique, com 6 prémios em 2023, que consideram o Nedbank Moçambique como um Banco Inovador e o melhor Banco Digital em Moçambique, é um testemunho da sua dedicação em elevar os padrões da indústria. Além disso, o reconhecimento pelo Banco de Moçambique pela qualidade da informação reafirma a reputação do Nedbank Moçambique como um líder confiável e respeitado no sector bancário.

Até às 20 horas, ainda era dúvida que, naquela sexta-feira e naquele edifício majestoso do Centro Cultural Moçambique – China, uma menina do bairro (Mavalane) faria história. Até às 20h30, quando os bancos do auditório começaram a encher sorrateiramente, a expetativa aumentou. Às 20h50, o batuque, no seu ranger de ecos, anunciou o início, transformando os gritos e sussurros em ondas sonoras que convidaram o público a momentos de delírios. E num piscar de olhos, entra a Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD) sacudindo tudo.

 

Não canta; grita, dança, manifesta gratidão e euforia. Assa Matusse, esplêndida, emerge entre os gritos e a fumaça do palco. E, naquela tonalidade singular, grita: “we Mutchangana…!”, clamando a versatilidade, persistência e resistência dos machanganas. O som repercute pela sala e leva os presentes a experimentar momentos de êxtase. E, assim, iniciou o “show”!

 

Assa Matusse vem da França, onde vive há dois anos. Ousada, depois de lançar, no ano passado em Paris, o segundo álbum “Mutchangana”, decidiu regressar ao país para “renovar as energias”, segundo contou dois dias antes do concerto, numa conferência de imprensa. A volta a Moçambique, sua terra natal, tem múltiplos significados na vida e carreira da artista, e o mais essencial traduz-se na reconexão com a sua espiritualidade, renovação das forças e da esperança.

 

O álbum “Mutchangana” (nome do espetáculo da sexta-feira) presta homenagem ao seu pai e a todos os povos Bantu [o maior grupo etnolinguístico de África] que, por muito tempo, foram privados de usar e expressar as suas línguas nativas. Foi, talvez, por isso que a CNCD abriu o palco, aos gritos, a impor ondem, atenção; a reconsolidar a moçambicanidade, através dos seus ritmos. Fez o seu “show”, relembrando os saudosos tempos de uma companhia sólida, estruturada e artisticamente sagaz! E se, realmente, o tempo molda, a companhia precisa reinventar-se, ser mais participativa e representativa. Ou…terá o mesmo destino de sempre: o esquecimento!

 

Quanto à Assa, não era preciso ser vidente para expectar que o seu concerto nunca seria qualquer coisa de vulgar. Dona de uma voz poderosa, a artista mostrou-se mais segura. Se calhar, o apreço do público – que se notabilizou através da adesão do mesmo ao concerto e dos aplausos desde o início – tenha a deixado mais confiante, criativa e, incrivelmente, mais decidida. “Pensei que pudessem me desapontar”, confessou, minutos depois de executar alguns temas.

 

Mas aqui ninguém defraudou ninguém! O publicou encheu a sala do novo centro cultural e ela fez mais do que um concerto; uma experiência de dança e canto imersivos, ou uma performance artística hipnótica. Na sexta-feira, Assa mostrou pertencer a outra dimensão de artistas moçambicanos, que se preocupam com o crescimento. Está mais madura, segura e com o timbre mais renovado – esse dom que a torna singular. A sua presença em palco, mostra outras formas de fazer música, de atuar.

 

Os elementos da luz, do som, complementaram o sucesso das atuações. O preto, o verde e o vermelho são as cores predominantes, com as luzes a instituírem sempre um ambiente misterioso. É como se o imaginário que corresponde ao luto, à esperança, ao amor, respetivamente – a incrível sensualidade, o negro e vermelho, duas linhas que separam a dor do prazer –, fosse transportado para o palco através de gestos sinuosos e voz encantadora e arrepiante.

 

Os temas sucederam-se uns aos outros de forma contínua ao longo de, quase, duas horas, com o palco ocupado, para além dela, por António Marcos, Deltino Guerreiro e da Companhia Nacional de Canto e Dança. O arrebatamento do espírito foi de tal sorte que todos entraram e saíram satisfeitos.

 

Texto: Reinaldo Luís

 

Jornalista e Editor de Cultura

Violência voltou a escalar na província moçambicana. Populações são alvo de ataques dos insurgentes, mas também das forças militares no terreno, treinadas pela missão europeia liderada por Portugal. Governo de Nyusi aparenta só ter um interesse: proteger projetos da Exxon Mobil e TotalEnergies.

 

Desde outubro de 2017, Cabo Delgado é palco de ataques de grupos de machababos (insurgentes). A partir de meados de 2019, a maioria dos ataques são reivindicados pelo Estado Islâmico na África Central.

 

Certo é que o alto nível de recrutamento entre as populações locais, principalmente entre a juventude local, tem, de acordo com várias organizações não governamentais, ativistas e especialistas, é justificado não apenas por questões religiosas, como também pelo descontentamento face à falta de oportunidades, à falta de investimento na região, às desigualdades geradas pelos projetos de exploração de gás na região.

 

O Governo moçambicano tem procurado a todo o custo garantir o relançamento ou a continuidade dos projetos estrangeiros de exploração de gás, em detrimento da segurança das populações. E tem-se recusado a atuar sobre as raízes do problema no que respeita à adesão dos jovens moçambicanos a esta onda de violência.(Esquerda.net)

Os professores da Escola Secundária Emília Daússe decidiram paralisar as aulas esta quarta-feira (06), devido ao atraso no pagamento das horas extras. Os docentes queixam-se da letargia da Direcção Provincial da Economia e Finanças, concretamente, do Departamento de Contabilidade Pública, que diz não saber quando será efectuado o pagamento.

 

Neste contexto, os professores afirmam que vão paralisar as aulas por um período indeterminado, até que a sua reivindicação seja resolvida. Entretanto, na semana finda, os professores da Escola Secundária de Nkobe, na Matola, província de Maputo, também paralisaram as suas actividades por alguns dias, alegadamente, porque tomaram o conhecimento de que a sua escola não constava da lista das instituições que iriam beneficiar do pagamento dos honorários referentes aos anos de 2022 e 2023.

 

Por sua vez, a Direcção Distrital dos Serviços de Educação, Juventude e Tecnologia reconheceu a dívida e prometeu que a mesma seria paga a qualquer momento. Recorde-se que o porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, Manuel Simbine, disse no início deste ano que estavam em curso actividades conjuntas com o Ministério da Economia e Finanças, visando pagar os subsídios de forma gradual. Na ocasião, Simbine garantiu que o governo criou uma plataforma de diálogo com os professores para esclarecer o processo de pagamento das horas extras. (M.A)

Reunido na sua sexta sessão ordinária do Conselho de Ministros, o Governo apreciou e aprovou o Decreto que aprova o Regulamento da Lei n.º 12/2023, de 25 de Agosto, que estabelece os Princípios e Normas que definem as bases gerais de criação, organização e funcionamento das Autarquias Locais e revoga a Lei n.º 6/2018, de 3 de Agosto, alterada e republicada pela Lei n.º 13/2018, de 17 de Dezembro.

 

De acordo com o Comunicado do Secretariado do Conselho de Ministros, o Regulamento visa enquadrar, no mesmo instrumento, matérias ligadas à gestão autárquica, que constam de dispositivos legais diversos e aperfeiçoar os aspectos resultantes da aplicação prática da Lei, nomeadamente, a criação, organização e funcionamento das Sub-unidades Territoriais, os procedimentos para a eleição da Mesa, os requisitos para a designação de Vereadores, às Comissões de Trabalho, as Bancadas e o Secretariado Técnico da Assembleia Autárquica.

 

Ainda na mesma Sessão, o Governo apreciou as informações sobre a situação da época chuvosa e ciclónica 2023/2024, bem como a situação epidemiológica da cólera e da conjuntivite hemorrágica e as respectivas medidas de prevenção e controlo. (Carta)

A Procuradoria da República, a nível da Cidade de Maputo, acaba de intentar uma acção junto do Tribunal Administrativo da Cidade de Maputo para solicitar a declaração de nulidade dos despachos do Conselho Municipal da Cidade de Maputo que atribuem o título de Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT) à Top Logística, SA, empresa que estava prestes a executar um luxuoso condomínio de 28 moradias e um circuito pedonal no mangal da Costa do Sol, na capital do país.

 

Numa nota de imprensa divulgada na noite de ontem, o Ministério Público defende ter tomado tal atitude por entender que “a área em alusão é uma zona de protecção ambiental sobre a qual o Estado moçambicano está vinculado internacionalmente a protegê-la, devido à sua importância na conservação da biodiversidade”.

 

Lembre-se que o projecto de construção de 28 moradias luxuosas e de um circuito pedonal de 1 Km no mangal da Costa do Sol, na capital do país, foi denunciado em Março do ano passado pelo Centro de Integridade Pública (CIP).

 

Na nota de imprensa partilhada esta terça-feira, o Ministério Público explica que, ao se aperceber que o processo estava inquinado de vícios de nulidade, intimou o Conselho Municipal da Cidade de Maputo a conformar-se com a lei.

 

Na referida intimação, lembre-se, a Procuradoria-Geral da República solicitava a revogação da Deliberação n.º 6/CM/2021, de 22 de Junho e todos os actos administrativos conexos que se seguiram, conducentes à atribuição do DUAT por entender que a Deliberação “está desprovida de fundamentação legal e viola os princípios da legalidade e da fundamentação dos actos administrativos (artigo 4 e 14, ambos da Lei nº. 14/2011 de 12 de Agosto e artigo 4 e 12, ambos do Decreto n. 30/2001, de 15 de Outubro)”.

 

Na altura, o Ministério Público sublinhou: “a atribuição de DUAT em áreas ecologicamente sensíveis traduz-se numa violação ao disposto no artigo 14 n.º 2, da Lei n.º 20/97, de 10 de Outubro e do PPU [Plano Parcial de Urbanização da área da marginal da Cidade de Maputo], pois é proibida a implantação de infra-estruturas habitacionais em áreas de protecção ambiental”.

 

Em resposta à intimação, diz o comunicado da PGR, o Conselho Municipal da Cidade de Maputo veio alegar que o acto praticado não estava inquinado de vícios, pois, no seu entender, foram seguidos todos os procedimentos para a emissão da respectiva licença.

 

Aliás, a Ministra da Terra e Ambiente defendeu, na altura, não haver quaisquer problemas com a execução daquele projecto. “Qualquer obra sobre o solo sempre terá impacto. Há alguns impactos sobre os solos, sobre a terra, mas os estudos de impacto ambiental e de pré-viabilidade ambiental avaliam estes impactos e recomendam que medidas devem ser tomadas. É por conta dessas medidas que nós, como sector, tomamos a decisão de emitir a licença ambiental”, disse Ivete Maibaze, sem avançar as recomendações dadas pelo referido Estudo.

 

Refira-se que este é o segundo caso ambiental a desaguar no Tribunal Administrativo da Cidade de Maputo, referente ao bairro da Costa do Sol. O outro foi submetido há dias por um grupo de moradores daquele bairro em contestação à construção de uma indústria de betão no meio de residências. (Carta)

terça-feira, 05 março 2024 08:36

Argélia apoia FDS no combate ao terrorismo

O governo argelino garante apoiar as Forças de Defesa e Segurança (FDS) no combate ao terrorismo na província nortenha de Cabo Delgado. Para o efeito, a Argélia disponibilizou-se a apoiar com o equipamento de treinamento às FDS.

 

O facto foi anunciado pelo Presidente Filipe Nyusi, durante o balanço da sua visita de trabalho de quatro dias à Argélia, onde também participou na VII Cimeira dos Chefes de Estado e Governo do Fórum dos Países Exportadores do Gás Natural.

 

“Isto vai acontecer, treinamento e, até, podemos falar de forma de equipar, troca de informação, etc. Essa foi uma conclusão que foi tomada imediatamente. Para tal, vamos tentar concluir o instrumento que orienta a cooperação na área de defesa e segurança”, disse.

 

Enquanto se trabalha nesse instrumento orientador, segundo Nyusi, o governo argelino prometeu um apoio imediato para a força local que combate o terrorismo, no que tange ao equipamento individual.

 

“Esperamos que dentro de algum tempo este equipamento possa chegar”, disse, para quem os argelinos ficaram sensibilizados após saber que esta força, que inclui antigos combatentes que tiveram preparação militar na Argélia, combatem sem equipamento, como capas de chuva, botas, entre outros materiais.

 

No que concerne ao combate ao crime, Nyusi revelou que a Argélia vai apoiar na formação de quadros e em outros esforços de combate à onda de raptos que tem assolado o país, com maior incidência nas cidades de Maputo e Matola.

 

“Falamos que há tendências de raptos em Moçambique e colocaram-se para nos apoiarem na formação e outros esforços contra os raptos ” disse.

 

O Chefe do Estado disse, ainda, que a Argélia vai financiar a construção de panteão nacional em homenagem aos heróis moçambicanos no antigo paiol de Malhazine.

 

Neste contexto, recordou que a actual Praça de Heróis foi concebida como sendo transitória. “Está numa posição em que, penso, que as almas não repousam em paz, os carros estão a toda a hora a passar. Então, nós já adiantamos com uma visão de construir um panteão nacional, vai ser no antigo paiol de Malhazine”, disse.

 

Nyusi revelou também que os dois governos decidiram reactivar a Comissão Mista Moçambique-Argélia e o Fórum Económico. “Essa é a ‘umbrela’ que vai permitir a discussão de tudo, a coordenação de tudo, a concertação de todos os instrumentos de trabalho”, afirmou.

 

Durante a visita, Moçambique e Argélia assinaram quatro acordos nomeadamente: acordo de isenção de vistos diplomáticos e de serviço, o acordo de cooperação no domínio de energia, no domínio sanitário e veterinário e protecção dos vegetais e quarentena vegetal, sendo que os outros ainda estão na fase de conclusão. (AIM)

Forte tiroteio das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) causou pânico aos munícipes da vila do Ibo, tendo maior parte passado a noite em “branco”. Em causa, segundo relatos, estava em curso uma operação militar para desactivar o ataque dos terroristas à ilha do Ibo na noite de domingo e madrugada desta segunda-feira (04), conforme tinham alertado a partir da ilha Quirimba.                                         

 

"Aqui houve muito susto por causa dos terroristas. Pelos relatos, eles querem entrar aqui na vila do Ibo. Toda a noite, só se ouvia som de armas, incluindo pesadas. Assim, esta manhã (segunda-feira), a conversa é a mesma, mas na verdade há medo generalizado", disse um funcionário da secretaria distrital local, que pretendia sair para a cidade de Pemba, se houver uma oportunidade para tal.

 

Devido à situação, alguns membros do governo e das organizações não governamentais na Ilha do Ibo foram evacuados de emergência no domingo, através de um helicóptero e de uma embarcação a motor para a cidade de Pemba.

 

"No cumprimento de um procedimento das Nações Unidas, faço parte do grupo das organizações e funcionários evacuados para a cidade de Pemba, tudo porque tínhamos um alerta de que os terroristas pretendiam atacar a ilha do Ibo, porque Quirimba fica perto de Ibo", disse à "Carta" um funcionário de uma ONG baseada na ilha do Ibo.

 

Entretanto, o presidente do Conselho Municipal da vila do Ibo, Issa Tarmomade, não aceitou ser evacuado, alegadamente, porque não pode abandonar a população. Alguns residentes do Ibo garantiram à "Carta" que, apesar do medo, a população começou a circular a partir do meio-dia desta segunda-feira, mas ninguém foi à pesca.

 

Até às 17h00 desta segunda-feira, relatos davam conta que os "mababus" ainda estavam na ilha Quirimba, onde além de dialogar com a população, compram diversos produtos alimentares. (Carta)

O governador de Nampula, Manuel Rodrigues, assegura haver condições para todas as crianças deslocadas da província de Cabo Delgado continuarem a estudar nos centros de acolhimento criados no distrito de Eráti. Para o efeito, segundo Manuel Rodrigues, estão a ser alocadas tendas para que os alunos deslocados continuem a estudar.

 

Enquanto isso, as autoridades em Cabo Delgado revelam que a nova vaga de violência armada ditou o encerramento de 40 escolas no distrito de Chiúre, o mais populoso da província. O Director Provincial de Educação e Desenvolvimento Humano em Cabo Delgado, Ivaldo Quincardete, tornou público esta segunda-feira (04) que em toda a província 157 escolas estão fechadas, destacando-se os distritos de Chiúre, Macomia, Mocímboa da Praia e Nangade.

 

Quincardete diz que o sector da educação está atento à situação dos alunos do distrito de Chiúre acolhidos em centros de deslocados de Eráti, anotando que, ao todo, no presente ano estão em funcionamento 921 escolas em toda a província de Cabo Delgado.

 

Refira-se que, nos centros de acolhimento de deslocados no distrito de Eráti, encontram-se 72 crianças desacompanhadas, não se sabendo o paradeiro dos familiares. Outras 29, inicialmente identificadas, foram conduzidas às respectivas famílias. (Carta)

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