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Economia e Negócios

Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO), entidade responsável pela importação de combustíveis ao país, procede, no final da tarde desta sexta-feira (08), em Maputo, à abertura de propostas de concorrentes para o fornecimento de combustíveis líquidos (Gasolina, Jet e Gasóleo) a Moçambique para os próximos seis meses (Janeiro a Junho de 2020.

 

De acordo com um comunicado enviado à nossa redacção, o processo de abertura compreende três fases, nomeadamente, a pré-qualificação (análise de documentos de prova de capacidade financeira, capacidade operacional e questões de ordem legal), a indicação dos pré-qualificados e o anúncio dos vencedores do concurso.

 

Actualmente, fornece ao país, mesmo com dificuldades no cumprimento de prazos, a empresa Fienergy. Refira-se que por causa desse comportamento, há poucos meses a companhia ia, por pouco, rescindir contrato com a IMOPETRO. A despesa anual de Moçambique com a importação de combustíveis é de aproximadamente 800 milhões de USD. (Carta)

Moçambique está a introduzir o debate sobre a mobilidade elétrica, tendo como um dos principais desafios a fiabilidade da rede elétrica no país, refere um estudo hoje divulgado em Maputo.

 

"Um dos desafios para Moçambique é a fiabilidade de oferta de eletricidade", disse Adriano Nhamona, investigador e docente da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo.

 

Adriano Nhamona foi um dos oradores numa reunião governamental que visava mostrar a viabilidade da mobilidade elétrica em Moçambique.

 

O investigador acrescentou que a falta de infraestruturas adaptadas, a inexistência de capacidade técnica e de financiamento são outros entraves para a mobilidade elétrica.

 

A mobilidade elétrica integra todos veículos alimentados por um motor a eletricidade, adquirindo energia da rede de distribuição pública e apresentando como vantagens a redução de poluição e de custos com combustíveis fósseis.

 

Do lado das desvantagens está o elevado preço dos veículos elétricos, o baixo nível de autonomia e riscos ambientais associados às baterias.

 

O Governo moçambicano entende que o país deve entrar numa fase de desenvolvimento da mobilidade elétrica, porque os combustíveis fósseis são um recurso finito.

 

"Moçambique não é uma ilha e deve embarcar neste comboio na perspetiva de se preparar para este período em que as viaturas serão movidas a energia elétrica", disse Moisés Paulino, diretor nacional de combustíveis e hidrocarbonetos do Ministério dos Recursos Minerais e Energia.

 

O dirigente entende que o país tem várias fontes para produzir energia, sejam recursos hídricos, solares e gás natural.

 

"O país deve embarcar [na discussão] tendo em conta esta riqueza energética", sublinhou.

 

Moisés Paulino argumentou ainda que o país pode usar a grafite que se extrai das suas minas para as baterias dos automóveis elétricos, beneficiando de preços mais baixos de produção local. (Lusa)

sexta-feira, 08 novembro 2019 04:27

Volume de negócios estagnou em Agosto passado

Os resultados dos “Índices das Actividades Económicas” do mês de Agosto de 2019, quando comparados com os do mês anterior, apontam para uma variação nula do índice geral de volume de negócios. Entretanto naquele mês, registou-se crescimento do índice geral de remunerações em 3 por cento e um crescimento ligeiro do índice geral de emprego em 0,2 por cento.

 

De acordo com o boletim, produzido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a variação nula do índice geral do volume de negócios deveu-se à variação negativa verificada no sector de outros serviços em 6,3 por cento, indústria em 4,0 por cento, os transportes em 0,9 por cento e o turismo com 0,1 por cento. No entanto, revela o documento, os sectores de comércio e energia registaram crescimentos de 3,0 por cento e 1,5 por cento respectivamente.

 

O boletim explica que o crescimento ligeiro no índice geral de remunerações registado no mês de Agosto foi influenciado pelos sectores da indústria, comércio e turismo que registaram variações positivas de 11,3 por cento, 9,3 por cento e 1,5 por cento respectivamente. Os sectores de transportes e outros serviços apresentaram variações negativas em 6,9 por cento e 0,4 por cento respectivamente.

 

Em relação ao índice geral de emprego, a fonte diz que registou uma variação positiva ténue, influenciada pela variação positiva nos sectores de comércio e outros serviços com 0,7 por cento, o sector da indústria e turismo com 0,2 por cento e 0,1 por cento respectivamente. O sector de transportes decresceu em 0,9 por cento.

 

Comparando os índices globais do mês de Agosto de 2019, com os de Agosto de 2018, registou-se um crescimento nos índices de volume de negócios e de remunerações em 1,3 por cento e 13,0 por cento respectivamente e de crescimento de índice de emprego em 2,8 por cento. (Carta)

A petrolífera francesa Total está a ponderar aumentar a capacidade de produção da fábrica de Gás Natural Liquefeito (GNL) que está a construir no Norte de Moçambique, anunciou ontem fonte da empresa.

 

A hipótese de, além das duas projectadas, acrescentar mais duas unidades de liquefacção de gás extraído da Área 1 da bacia do Rovuma, "está em estudo", referiu Mike Sangster, director de exploração e produção da Total na Nigéria.

 

Aquele responsável falava ontem numa conferência intitulada Semana do Petróleo em África, evento a decorrer na Cidade do Cabo, África do Sul, com a participação de vários investidores mundiais no sector.

 

A ambição da Total foi exposta por Sangster num painel sobre as perspectivas de investimento em África.

 

O plano de desenvolvimento aprovado e em implementação na península de Afungi, província de Cabo Delgado, prevê duas linhas de liquefacção de gás com capacidade total de produção de 12,88 milhões de toneladas por ano (medição para a qual se usa a sigla mtpa) a partir de 2024.

 

O plano antecipa já que o empreendimento pode crescer até oito linhas, uma vez que as duas unidades iniciais devem explorar pouco menos de um terço das reservas totais das jazidas.

 

A Total lidera o consórcio da Área 1 com 26,5%, ao lado da japonesa Mitsui (20%) e da petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo participações menores à indiana ONGC Videsh (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%).

 

Os projectos de gás natural devem entrar em produção dentro de aproximadamente cinco anos e colocar a economia do país a crescer mais de 10% anualmente, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras entidades. (Lusa)

O Governo de Moçambique assegurou ontem que o país dispõe de jazidas de diamantes com qualidade comercial e está empenhado na criação de mecanismos de venda legal para impedir a utilização do minério no financiamento de actividades ilícitas.

 

"Há garantias [de que o país dispõe de diamante comercial], porque temos algumas amostras tiradas em Mavue, na província de Gaza, que precisam ainda de testes adicionais, mas tudo indica que é diamante comercial", disse Carlos José Elias, secretário executivo da Unidade de Gestão do Processo de Kimberley, que segue os padrões internacionais.

 

Carlos José Elias falava após ser investido no cargo da entidade governamental moçambicana pelo Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário.

 

À Unidade de Gestão do Processo de Kimberley cabe a responsabilidade de certificação e controlo de pedras preciosas.

 

Mais de 40 operações de prospecção de diamantes estão em curso nas províncias de Gaza (Sul), Manica, Tete (Centro) e Niassa (Norte), o que mostra a confiança dos investidores no potencial do diamante moçambicano, afirmou Carlos José Elias.

 

Para impedir a venda ilegal de pedras preciosas e semipreciosas, o Governo moçambicano criou entrepostos em Maputo e em Nampula e vai mobilizar os garimpeiros para o licenciamento da sua actividade e certificação do produto extraído.

 

"Nós registamos em Moçambique a saída de muitos minerais [e metais]: basicamente estamos a falar de ouro, pedras preciosas e semipreciosas", assinalou Carlos José Elias.

 

Nesse sentido, prosseguiu, o país deve estancar o fluxo ilegal de minérios preciosos, juntando-se ao esforço internacional de combate ao financiamento de guerras e criminalidade transnacional.

 

Ao operacionalizar a unidade de gestão, Moçambique dá um passo para o cumprimento do chamado Processo de Kimberley, um mecanismo internacional que define as directrizes de venda de pedras preciosas visando impedir a entrada no comércio dos chamados "diamantes de sangue", extraídos em zonas de guerra.

 

O interesse no subsolo moçambicano surge em vários países.

 

Em Outubro, à margem da cimeira África-Rússia, a empresa russa de mineração de diamantes Alrosa manifestou interesse em avaliar o potencial diamantífero de Moçambique para um possível investimento. (Lusa)

O governador do Banco de Moçambique disse ontem em Luanda que pretende criar um Fundo Soberano que seja transparente e que "o povo se aproprie" dele e que por isso há lições a aprender com outros países, como por exemplo Angola. Rogério Zandamela, que participou ontem na apresentação do Relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as Perspetivas Económicas Regionais da África Subsaariana, disse que está em Luanda numa visita de troca de experiência com a congénere angolana.

 

Segundo o governador do banco central moçambicano, o seu país tem muito a aprender com Angola, salientando que Moçambique está num período de grandes transformações e ainda com "muito mais para vir". "É um país que está a entrar no clube pequeno de grandes produtores mundiais de gás, entre os maiores do mundo. Então isso implica transformações profundas na nossa estrutura produtiva, de exportações, de receitas do Governo", referiu.

 

Rogério Zandamela sublinhou que de um momento para o outro, o país vai ter muitos recursos, que vão "ter que aprender a gerir". "Isso requer desafios enormes, queremos que as coisas deem certo para o nosso país, como disse o Presidente da República. Para que dê certo temos que trabalhar de uma maneira inteligente, capaz e aí temos que aprender com os nossos irmãos para mão cometer os erros que foram cometidos na gestão e na mobilização desses recursos", frisou.

 

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, prosseguiu o responsável, deu a responsabilidade ao banco central de refletir sobre o Fundo Soberano, "que tenha regras de governação transparentes, em que esses recursos que vêm do gás possam ser usados para o benefício de todos".

 

"Que possam ser usados para criar infraestruturas suficientes, estradas, pontes para criar empregos bons, de qualidade, para investir em áreas como a agricultura, onde a maioria da nossa população vive, na pesca, no turismo, em outros setores que não seja o gás", disse.

 

"Então temos que investir num fundo soberano que seja transparente, que o povo se aproprie do fundo soberano, que se sinta dono, que se sinta orgulhoso", referiu.

 

Rogério Zandamela disse que nesta altura estão equipas moçambicanas no Alasca (Estados Unidos da América), em Trinidad e Tobago, na Noruega, no Chile e em Timor-Leste, onde há "lições a aprender, também do que não fazer". Questionado sobre se o Fundo Soberano de Angola poderá servir de exemplo do que não fazer numa gestão, Rogério Zandalema respondeu "claro que sim".

 

"Os angolanos vão saber como melhor fazer isso, fazer uma reflexão do que é preciso corrigir, se é necessário, mas isso compete a cada país, aos seus cidadãos, de refletir", enfatizou. Moçambique pretende criar um fundo soberano com as receitas dos recursos energéticos, nomeadamente gás natural.

 

Angola criou o seu Fundo Soberano, em 2012, com um valor de cinco mil milhões de dólares, de receitas provenientes do petróleo, com o objetivo de promover o crescimento, a prosperidade e o desenvolvimento económico e social do país, segundo anunciou o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

 

O Fundo Soberano de Angola, que em 2015 chegou a ser reconhecido, pelo Sovereingn Wealth Fund Institute (SWFI), com uma classificação de oito em 10 pontos, por ter uma gestão transparente, viu a sua atuação posta em causa, em 2016, por alegados esquemas de corrupção, levantado no caso conhecido por "Paradise Papers". (Lusa)