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EDM mautempo min

Cento e dez mil clientes da Electricidade de Moçambique (EDM) continuam ainda às escuras nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Zambézia, na sequência da passagem, ontem, da Tempestade Tropical CHIDO, que deixou um rasto de destruição na zona norte do país, em particular na província de Cabo Delgado.

 

De acordo com um comunicado de imprensa emitido esta segunda-feira pela EDM, dos 200 mil clientes inicialmente afectados pelo CHIDO, pelo menos 90 mil já voltaram a ter luz, nos distritos de Eráti e Memba, na província de Nampula; e nos distritos de Macomia, Meluco, Mocímboa da Praia, Muidumbe, Mueda, Nangade e Namuno, em Cabo Delgado.

 

Ainda continuam sem energia eléctrica, os distritos Mecúfi, Metuge, Montepuez, Ancuabe, Chiúre, Quissanga, do Ibo e a cidade de Pemba, na província de Cabo Delgado; Morrumbala e Dere, na Zambézia; e Maúa, Metarica e Nipepe, na província do Niassa.

 

A empresa assegura que as equipas técnicas estão no terreno, intervindo na rede para a reposição gradual do sistema, porém, explica que “as condições atmosféricas e a inacessibilidade de alguns locais têm sido os maiores obstáculos” e “concorrem para a demora na reposição do fornecimento da corrente eléctrica”.

 

Refira-se que, em comunicado emitido na manhã de hoje, o INAM (Instituto Nacional de Meteorologia) avançou a possibilidade de a Tempestade Tropical CHIDO atinja a província de Tete, com ventos de 70 Km/h e rajadas de até 100 Km/h, o que se antevê mais um rasto de destruição.

 

O evento climatérico, que o INAM garante ter enfraquecido novamente, tornando-se em uma Tempestade Tropical Moderada, deverá atingir os distritos de Macanga, Mutarara, Doa, Angónia, Tsangano, Moatize, Chiuta, Songo, Marara, Cahora Bassa, Changara e a cidade de Tete. Igualmente, deverá escalar os distritos de Guro, Tambara, Barué e Macossa, na província de Manica. (Carta)

segunda-feira, 16 dezembro 2024 08:31

Preços disparam em Novembro e elevam custo de vida

Inflacçao Subida

Durante o mês de Novembro passado, o nível geral de preços cresceu 2.8% em relação ao período homólogo de 2023. Em consequência dessa subida de preços, o custo de vida também cresceu naquele mês. Contudo, em relação ao mês de Outubro, a inflação subiu 0,72%, influenciada pela divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas, ao contribuir no total da variação mensal com cerca de 0,64 pontos percentuais (pp) positivos.

 

Desagregando a variação mensal por produto, o Instituto Nacional de Estatística (INE) destacou o aumento dos preços do tomate (16,5%), do carapau (5,2%), do óleo alimentar (3,9%), do feijão manteiga (3,8%), do coco (13,5%), do peixe fresco (1,6%) e da alface (11,3%). Estes contribuíram no total da variação mensal com cerca de 0,45pp positivos. Contudo, alguns produtos com destaque para o quiabo (9,7%), os sapatos para crianças (1,5%) e a lenha (2,0%), contrariaram a tendência de aumento de preços, ao contribuírem com cerca de 0,02pp negativos no total da variação mensal.

 

De Janeiro a Novembro do ano em curso, a Autoridade Estatística calculou que o país registou um aumento do nível geral de preços na ordem de 2,50%, influenciado pelas divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e de restaurantes, hotéis, cafés e similares, ao contribuírem com cerca de 1,53pp e 0,33pp positivos, respectivamente.

 

“Os dados do mês em análise, quando comparados com os de igual período de 2023, indicam que o país registou um aumento do nível geral de preços na ordem de 2,84%. As divisões de Alimentação e bebidas não alcoólicas e de Restaurantes, hotéis, cafés e similares, foram as que tiveram maior aumento de preços ao variarem com cerca de 7,36% e 4,10%, respectivamente”, refere o INE, em comunicado.

 

Desagregando a variação mensal pelos centros de recolha, que servem de referência para a variação de preços no país, a Autoridade notou que em Novembro último todas as Cidades registaram aumento de preços. A Cidade de Chimoio com 1,66%, foi a que registou o maior aumento de preços, seguida da Cidade de Xai-Xai com 1,00%, da Província de Inhambane com 0,97%, das Cidades de Maputo com 0,81%, de Nampula com 0,68%, de Quelimane e Tete com 0,47%, cada, e da Beira com 0,40%. (Carta)

Fematro

 

O Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, anunciou na semana passada uma série de medidas para atenuar o custo de vida, durante os próximos 30 dias. O destaque vai para o desconto de 10% para os transportes interprovinciais de 15 de Dezembro de 2024 a 15 de Janeiro 2025. Contudo, o que Magala não disse é que a medida não abrange a todos os passageiros.

 

Em entrevista exclusiva à “Carta”, este domingo, o Presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), Castigo Nhamane, esclareceu que a medida abrange apenas os jovens. “Estamos a par das medidas anunciadas pelo Ministro dos Transportes e Comunicações, mas em relação ao desconto de 10% para os transportes interprovinciais, a medida só abrange os jovens porque se fosse para todos os passageiros, o Governo teria de nos recompensar”, afirmou Nhamane.

 

Para mais detalhes, a fonte remeteu-nos ao vice-presidente da FEMATRO para a área do transporte interprovincial, Paulo Mutisse. Questionado sobre o impacto, Mutisse disse que a medida terá um impacto positivo, tanto para os passageiros jovens, quanto para os operadores de transportes, mas mostrou muitas reservas.

 

Quanto aos operadores, a fonte disse que a medida poderá estimular a camada jovem a viajar, apesar da tensão pós-eleitoral que começou no dia 21 de Outubro passado. Segundo Mutisse, quanto maior for o número de passageiros, melhor será a receita para os operadores, em plena época alta.

 

Em contrapartida, o vice-presidente da FEMATRO disse que o ideal era que a medida fosse tomada e vigorasse entre 01 a 15 de Dezembro, pois de 15 de Dezembro a 15 de Janeiro é o período de maior procura pelo transporte.

 

“Numa altura em que por vezes o transporte escasseia por causa da maior procura, não creio que os passageiros jovens vão querer perder tempo exigindo o desconto de 10%. Devido à maior procura, quem vai à Beira, por exemplo, saindo de Maputo, só pode esperar pelo autocarro que sair na terça-feira porque o autocarro para esta segunda-feira já está lotado”, disse Mutisse.

 

O nosso entrevistado também mostrou reservas quanto ao impacto da medida por causa das manifestações que em casos extremos levam ao bloqueio de estradas por várias horas ou dias.

 

Contudo, para que a medida em questão tenha efeito, a fonte desafia o Governo a tomar medidas para garantir a normal circulação nas diversas estradas do país. Se a medida for efectivamente aplicada, os benefícios para os passageiros jovens, olhando para as tarifas em vigor, irão variar de 30 Meticais a 600 Meticais. Esses benefícios correspondem aos descontos nas tarifas mínimas e máximas de 300 Meticais e 6000 Meticais, respectivamente.

 

Por exemplo, quem vai à província de Gaza, saindo do Terminal Interprovincial da Junta, na Cidade de Maputo, ao invés de pagar 500 Meticais irá viajar por 450 Meticais. Para quem vai à província de Inhambane, concretamente Maxixe, Panda e Inhambane-Céu só vai pagar 900 Meticais, contra 1000 Meticais, que é o preço do bilhete.

 

O jovem que vai a Vilankulo, ao invés de pagar 1500 Meticais, será cobrado (com desconto de 10%) 1350 Meticais e fica com 150 Meticais para lanche. A viagem para Beira custa actualmente 2.500 Meticais e para as cidades de Quelimane e Tete custa 3.500 Meticais. Nesses casos, o jovem terá um desconto de 250 e 350 Meticais, respectivamente.

 

De Maputo para Nampula e Maputo-Pemba, os bilhetes de viagem custam 4.500 e 5.500 Meticais, respectivamente. Nesses casos, os passageiros jovens só vão pagar 4050 e 4950 Meticais, ficando com 450 e 550 Meticais de desconto, respectivamente. (Evaristo Chilingue)

 

Americo Letela

 

 

O procurador-geral de Moçambique, Américo Letela, incentivou ontem a juventude a contribuir para o combate à corrupção e criação de lideranças mais transparentes, reafirmando o compromisso de intensificar as ações de combate ao crime através da educação.

 

"A corrupção, como nós sabemos, é uma praga que corrói as fundações de qualquer Estado (...), a juventude de hoje, mais conectada e informada do que nunca, tem a obrigação de contribuir na criação de lideranças mais transparentes e responsáveis", afirmou Américo Letela, acrescentando que este é um fenómeno que compromete o futuro das gerações vindouras.

 

O procurador-geral da República falava durante um seminário alusivo ao dia internacional contra a corrupção, que se assinalou na segunda-feira, sob o lema "unindo-se aos jovens contra a corrupção: moldando a integridade do amanhã".

 

"Devemos, portanto, fortalecer a cultura de integridade nos jovens, formando cidadãos comprometidos não apenas com o próprio bem-estar mas também com o bem-estar coletivo do país", disse.

 

Para o responsável, o combate à corrupção é uma "missão ética e social". "Igualmente, esse combate não é apenas das instituições judiciárias ou dos órgãos governamentais, é uma responsabilidade partilhada por toda a sociedade e os jovens em especial tem um papel de poder ", explicou.

 

Américo Letela reafirmou ainda o compromisso de intensificar as ações contra a corrupção, através de memorandos com o Ministério da Educação e outras instituições de educação. "Temos promovido a criação de núcleos anticorrupção nas escolas e a implementação de programas educativos. Paralelamente, estamos a reforçar a cooperação com escolas, universidades e outras instituições de ensino, desenvolvendo iniciativas voltadas para educação em cidadania e ética", avançou.

 

O responsável aponta ainda a parceria internacional e o reforço dos mecanismos de denúncia e proteção para denunciantes como um meio de combate. "Fortalecemos as parcerias internacionais implementando boas práticas e estratégicas eficazes no combate a corrupção. A troca de conhecimento e a cooperação global são indispensáveis pois a corrupção não respeita fronteiras, os seus impactos transcendem os limites nacionais", afirmou.

 

Sobre o reforço dos mecanismos de denúncia, Américo Letela defendeu que "quem tem a coragem de denunciar merece segurança e apoio". "Estamos determinados a implementar medidas que incentivam e protegem estes cidadãos, através da regulamentação da lei da proteção das testemunhas, denunciantes, vítimas e peritos em processos penais, pois só assim podemos promover uma cultura onde a verdade e transparência sejam valorizadas", concluiu procurador-geral da República de Moçambique.

 

O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) anunciou em agosto que recuperou, nos últimos seis meses, bens avaliados em cerca de 128 milhões de meticais (quase dois milhões de euros) em casos de corrupção em Moçambique.

 

No total, o Ministério Público recuperou, no primeiro semestre deste ano, seis imóveis, avaliados em pouco mais de 126 milhões de meticais (1,8 milhões de euros), e uma viatura, orçada em 1,3 milhões de meticais (18 mil euros), num período em que tramitou 1.328 processos. (Lusa)

Eswatini e Moçambique150923

A turbulência política e os protestos pós-eleitorais em Moçambique estão a afectar a indústria açucareira do Eswatini levando a interrupções nas cadeias de suprimentos e exportações e a busca de rotas alternativas para os seus produtos.

 

A indústria açucareira do Eswatini depende muito de um terminal no porto de Maputo, para enviar açúcar bruto para a União Europeia e os Estados Unidos. Este terminal, de propriedade conjunta de Eswatini, África do Sul, Zimbabwe e Moçambique, tem sido vital para a indústria açucareira do país desde meados da década de 1990.

 

Nontobeko Mabuza, da Associação de Açúcar do Eswatini (ESA na sigla em inglês), alertou que a agitação em Moçambique representa uma grave ameaça às exportações do Eswatini para os mercados regionais e europeus.

 

"A opção para a exportação do açúcar é o porto de Durban [África do Sul], mas isso representa um custo adicional de mais dez por cento devido à distância, para além de que causa tempos de resposta mais longos, pois as remessas são desviadas de Moçambique para a África do Sul”, disse Mabuza.

 

Em 2023, a ESA gerou US$ 305 milhões de mais de 26.000 toneladas de exportações de açúcar para os Estados Unidos e outros mercados por meio da Lei de Crescimento e Oportunidades para a África dos EUA.

 

Mas, de acordo com Bhekizwe Maziya, presidente executivo do conselho nacional de marketing agrícola, a instabilidade de Moçambique causou graves congestionamentos de tráfego e atrasos nas fronteiras com o Eswatini.

 

O que estava a acontecer, principalmente, disse Maziya, era o fechamento do posto de fronteira de Lebombo entre a África do Sul e Moçambique. "Então o transporte teve de ser redireccionado da África do Sul para o Eswatini a caminho de Moçambique. Os efeitos foram os congestionamentos nas nossas fronteiras e os atrasos que foram experimentados por importadores e exportadores".

 

O presidente do conselho da administração (CEO) da ESA, Banele Nyamane, também reiterou que, devido à agitação em Moçambique, é difícil transportar açúcar pelas rotas normais, resultando num aumento nos custos.

 

“Os custos aumentaram porque Durban é longe e os navios usados são aqueles que viajam para o Quénia, o que também causa atrasos para o produto chegar ao seu destino”, afirmou Nyamane.

 

No entanto, apesar dos desafios na rota para Maputo, Nyamane disse que a associação está a monitorar a situação e, ocasionalmente, recebe feedback quanto à segurança ou não da rota.

 

A fonte declarou que, como associação, eles já haviam previsto o que poderia acontecer em Moçambique e, por isso, estavam a trabalhar em conjunto com a Eswatini Railways para garantir que a exportação de açúcar continue.

 

Os relatórios financeiros da associação de 2023/2024 revelaram que os países europeus importaram açúcar do Eswatini em cerca de 16%.

 

Enquanto isso, durante o Dia do Sector Privado realizado recentemente, o Director Financeiro da ESA, Andreas Mendes, revelou que, para transportar açúcar, eles tiveram de usar rotas alternativas. Ela destacou ainda os desafios enfrentados pelo sector agrícola, afirmando que eles testemunharam um aumento nos custos dos insumos.

 

Ela acrescentou que também houve uma interrupção na cadeia de valor do fornecimento, causada pelas guerras geopolíticas emergentes. “Um exemplo é o que tem acontecido em Moçambique que tem impactado o sector do açúcar, pois tivemos de encontrar alternativas de transporte do açúcar para os mercados”, disse a fonte.

 

O activista político moçambicano Solomon Mondlane disse que a instabilidade pode ter consequências de longo alcance para as economias da África Austral, já que países sem litoral como Eswatini lutam para encontrar outras rotas de exportação para seus produtos.

 

"Como a agitação não mostra sinais de diminuição, é essencial que os países vizinhos avaliem a sua própria dependência comercial de Moçambique e identifiquem rotas alternativas, se necessário, para mitigar potenciais interrupções", disse Mondlane.

 

Outro analista político, Sibusiso Nhlabatsi, disse que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral deve fortalecer as suas estratégias de gestão de conflitos internos dentro dos estados-membros, como Moçambique, estabelecendo uma estrutura de responsabilização e garantindo que os estados-membros sejam responsáveis pelo seu impacto na estabilidade regional. (Swazi Observer/Times of Swaziland)

 

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A empresa mineira australiana South32 Ltd. retirou as orientações de produção para a sua fundição de alumínio em Moçambique, devido aos protestos generalizados e mortíferos no país do Sudeste Africano.

 

O transporte de matérias-primas para a fábrica da Mozal está a ser afectado por bloqueios de estradas, disse a empresa num comunicado divulgado na terça-feira, mas a força de trabalho está segura e não houve incidentes de segurança. A mineira previa uma produção de 360 mil toneladas de alumínio da fundição, que fica perto da capital, Maputo, no exercício financeiro até Junho de 2025.

 

Moçambique foi abalado por protestos devido às eleições contestadas no início de Outubro. Foram registadas pelo menos 100 mortes, a maioria delas são manifestantes baleados durante confrontos com a polícia. Outras centenas de pessoas ficaram feridas e milhares foram detidas.

 

“Há uma grande agitação civil ali, o que está a ter algum impacto na nossa capacidade de movimentar mantimentos”, disse o CEO da South32, Graham Kerr, em entrevista. “É controlável nesta fase. É algo que precisamos de observar.”

 

A South32 implementou planos de contingência para mitigar os impactos operacionais, afirmou no documento, sem adiantar mais detalhes. O alumínio é o terceiro maior produto de exportação de Moçambique, sendo a Mozal responsável por 1,1 mil milhões de dólares em exportações em 2023, de acordo com o banco central. (Bloomberg)

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