Enquanto a indústria cinematográfica moçambicana desenvolve a um ritmo acelerado, a MultiChoice continua a influenciar e a desempenhar um papel de destaque no apoio ao crescimento da indústria criativa de Moçambique, através do forte investimento em iniciativas que visam impulsionar o desenvolvimento da indústria cinematográfica local.
Nesse sentido, e no âmbito do programa MultiChoice Talent Factory (MTF), o Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC) acolheu, esta terça-feira (5), em Maputo, um Masterclass sobre Assistência de Realização, totalmente financiado pela MultiChoice, em parceria com a Associação dos Amigos do Museu do Cinema em Moçambique.
Trata-se de uma capacitação ministrada pelo realizador moçambicano Fábio Ribeiro a cerca de 35 estudantes, do 3º e 4º anos do Curso de Cinema, onde foram partilhadas competências e técnicas que fazem o perfil de um assistente de realização.
Para além dos exemplos de diferentes tipos de rodagens, equipas de filmagens e mentalidades, este Masterclass foi preponderante para que os estudantes pudessem se familiarizar com os documentos usados em filmagens, nomeadamente, mapas de rodagem, folhas de chamadas, levantamentos do guião, entre outros.
Para Ribeiro, a Assistência de Realização é uma necessidade, porque é uma função muito importante na rodagem de filmes, principalmente em ficção, por ser de cariz organizacional, com o papel de coordenar as outras equipas e maximizar o tempo despendido.
A gestão e o cumprimento do plano de realização dentro do orçamento definido são alguns dos desafios de um assistente de realização. Aliás, de acordo com Ribeiro, são essas as dicas partilhadas com os estudantes, para que percebam ao pormenor como são as competências, mecanismos e documentos usados durante as filmagens.
Bless Ngonhama, um dos estudantes que participou do Masterclass, entende que foi uma oportunidade única à medida que não é fácil ter este tipo de conhecimento sobre cinema e “aqui tivemos este privilégio em menos de 24 horas”, assegura.
“Uma das coisas que me tocou é a leveza de como este conhecimento nos foi transmitido, pois não é da mesma forma como nós conhecíamos, para além de nos chamar à responsabilidade das tarefas de um assistente de realização”, conta Nilda Nkunda, outra estudante que participou deste Masterclass.
De acordo com Saquina Macane, Directora de Assuntos Corporativos da MultiChoice Moçambique, “como o contador de histórias mais querido de África, reconhecemos o importante papel que desempenhamos na indústria do entretenimento e este apoio, através das masterclasses MTF, tem o condão de capacitar os criativos da indústria para que, através dos seus trabalhos e obras, possam levar as histórias moçambicanas ao mundo.”
Importa realçar que o Masterclass sobre Assistência de Realização é uma iniciativa da MTF, incubadora de talentos que anualmente dá oportunidade a dois jovens moçambicanos de se formarem em cinema e televisão na Academia MTF na Zâmbia.
À medida que as populações globais envelhecem, África continua a ser um bastião de promessas juvenis, com cerca de 70% da população do continente com menos de 30 anos. Este grupo demográfico pode ser uma mais-valia – mas apenas se for desenvolvido – capacitando-o através da formação e dando-lhe espaço para participar no crescimento das economias dos seus países.
Em Moçambique, por exemplo, através da Secretaria de Estado e da Juventude, desde 2020, anualmente, o Governo promove o Prémio Jovem Criativo, e impulsiona projectos juvenis em três áreas: criação artística, inovação tecnológica e empreendedorismo.
No entanto, o desbloqueio do investimento do sector privado no desenvolvimento dos jovens continua a ser fundamental, existindo uma necessidade de intervenções específicas do sector. Ao mesmo tempo – com 72 milhões de jovens africanos desempregados – a tarefa de melhorar as competências e capacitar os jovens é enorme.
Isto é especialmente verdade no sector criativo. Aqui, o MultiChoice, assumiu a responsabilidade de desenvolver o seu próprio sector, através das suas academias MultiChoice Talent Factory (MTF) em todo o continente.
As academias MTF oferecem programas de treinamento de um ano para estudantes de 13 países, combinando instrução prática e teórica em disciplinas como cinematografia, edição, produção de áudio e storyteller, para além de oferecerem oportunidade aos estudantes africanos de aprimorar as suas habilidades ao lado de grandes nomes da indústria.
Desde a sua criação, em 2018, o programa da MTF graduou em toda a África mais de 300 profissionais, jovens cineastas que agora estão levando histórias africanas para o mundo. Em Moçambique, concretamente, já são oito graduados, que perfazem cinco turmas, cuja quinta iniciou recentemente os estudos na Zâmbia.
Trata-se de Gerson Amaral e Ludmila Mero (2019), Amarilis Gule & Maira Taucale (2020), Nelson Faquirá e Melissa Babil (2022), Dulany Sedemo e Genilson Matuca (2023) e Hidlson Valentim e Yurchade Machava (2024).
Actualmente, Gerson Amaral trabalha para o canal Maningue Magic e Ludmila numa Organização Não Governamental, tal como Maira Taucale, graduada como a melhor estudante da África Austral e quem recebeu uma formação de três meses em Nova Iorque. Já Amarilis Gule é empreendedora. Nelson Faquirá, por sua vez, venceu recentemente sessão de pitch de projectos ao Maningue Magic e está a produzir a sua segunda série para o canal que estreia em maio e Melissa, sua colega de formação, trabalha como freelancer. Dulany Sedemo e Genilson Matuca, os últimos graduados, encontram-se em estágio na TV Miramar.
Esta realidade moçambicana confirma a pesquisa da MTF, que cerca de 92% dos graduados da MTF Academy passam a trabalhar no sector criativo. Como parte da sua formação, muitos alunos de MTF começam a trabalhar em produções existentes em canais MultiChoice como Maningue Magic e Maningue Magic Kool, bem como Africa Magic, Maisha Africa ou Mzansi Magic.
E é assim que a MultiChoice contribui significativamente para a economia africana em geral – apostando na capacitação dos jovens e produção de conteúdos de qualidade para as suas audiências. A MultiChoice chega a 23,5 milhões de lares, e a mais de 100 milhões de pessoas, em 50 países africanos. Contar histórias africanas de qualidade tem sido a chave do seu sucesso. O investimento no desenvolvimento da indústria de entretenimento, através do MTF, desempenhará um papel crucial para perpetuar esse sucesso no futuro.
Maputo, 5 de Março de 2024
Sob a liderança de Mike Brown, CEO do Grupo Nedbank, e impulsionado por uma gestão focada na excelência, o Grupo Nedbank não apenas atingiu, mas ultrapassou todas as expectativas, não obstante o ambiente macroeconómico desafiador. Mike Brown, destacou que foram superadas todas as metas pós-Covid estabelecidas para 2023 e anunciadas em Março 2021. Os resultados líquidos aumentaram 11%, atingindo a marca de R15,7 mil milhões, impulsionados por um resultado operacional robusto, que cresceu 15%, e uma gestão prudente dos custos. O rácio de eficiência melhorou, tendo reduzido para 53,9%. A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) aumentou para 15,1%, mantendo rácios de capital e liquidez robustos. Além disso, a manutenção da posição líder do banco em satisfação do cliente (#1NPS) destaca a dedicação incansável para oferecer serviços de classe mundial.
Este desempenho financeiro beneficiou da diversificação da carteira de negócio do Grupo, com um contributo significativo (12,0%) do cluster Nedbank Africa Regions (NAR), onde se inclui o Nedbank Moçambique, que duplicou neste período.
Dr. Terence Sibiya, Director Executivo do Grupo Nedbank responsável pelo NAR, expressou a sua satisfação com o forte desempenho do Grupo e o contributo decisivo do NAR. Ele salientou os ganhos sólidos das operações na SADC, incluindo o contributo significativo de Moçambique, bem como os benefícios do investimento no Ecobank Transnational Incorporated (ETI). Os resultados líquidos do NAR aumentaram 94% para R1,9 mil milhões, alcançando um ROE de 25,2% (13,8% em 2022). O contributo das operações na SADC aumentou 80% em 2023, alcançando resultados líquidos de R662 milhões. O rácio de eficiência das operações na SADC melhorou para 53,6%, superando o rácio do Grupo.
Destaques para o Nedbank Moçambique em 2023:
Até às 20 horas, ainda era dúvida que, naquela sexta-feira e naquele edifício majestoso do Centro Cultural Moçambique – China, uma menina do bairro (Mavalane) faria história. Até às 20h30, quando os bancos do auditório começaram a encher sorrateiramente, a expetativa aumentou. Às 20h50, o batuque, no seu ranger de ecos, anunciou o início, transformando os gritos e sussurros em ondas sonoras que convidaram o público a momentos de delírios. E num piscar de olhos, entra a Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD) sacudindo tudo.
Não canta; grita, dança, manifesta gratidão e euforia. Assa Matusse, esplêndida, emerge entre os gritos e a fumaça do palco. E, naquela tonalidade singular, grita: “we Mutchangana…!”, clamando a versatilidade, persistência e resistência dos machanganas. O som repercute pela sala e leva os presentes a experimentar momentos de êxtase. E, assim, iniciou o “show”!
Assa Matusse vem da França, onde vive há dois anos. Ousada, depois de lançar, no ano passado em Paris, o segundo álbum “Mutchangana”, decidiu regressar ao país para “renovar as energias”, segundo contou dois dias antes do concerto, numa conferência de imprensa. A volta a Moçambique, sua terra natal, tem múltiplos significados na vida e carreira da artista, e o mais essencial traduz-se na reconexão com a sua espiritualidade, renovação das forças e da esperança.
O álbum “Mutchangana” (nome do espetáculo da sexta-feira) presta homenagem ao seu pai e a todos os povos Bantu [o maior grupo etnolinguístico de África] que, por muito tempo, foram privados de usar e expressar as suas línguas nativas. Foi, talvez, por isso que a CNCD abriu o palco, aos gritos, a impor ondem, atenção; a reconsolidar a moçambicanidade, através dos seus ritmos. Fez o seu “show”, relembrando os saudosos tempos de uma companhia sólida, estruturada e artisticamente sagaz! E se, realmente, o tempo molda, a companhia precisa reinventar-se, ser mais participativa e representativa. Ou…terá o mesmo destino de sempre: o esquecimento!
Quanto à Assa, não era preciso ser vidente para expectar que o seu concerto nunca seria qualquer coisa de vulgar. Dona de uma voz poderosa, a artista mostrou-se mais segura. Se calhar, o apreço do público – que se notabilizou através da adesão do mesmo ao concerto e dos aplausos desde o início – tenha a deixado mais confiante, criativa e, incrivelmente, mais decidida. “Pensei que pudessem me desapontar”, confessou, minutos depois de executar alguns temas.
Mas aqui ninguém defraudou ninguém! O publicou encheu a sala do novo centro cultural e ela fez mais do que um concerto; uma experiência de dança e canto imersivos, ou uma performance artística hipnótica. Na sexta-feira, Assa mostrou pertencer a outra dimensão de artistas moçambicanos, que se preocupam com o crescimento. Está mais madura, segura e com o timbre mais renovado – esse dom que a torna singular. A sua presença em palco, mostra outras formas de fazer música, de atuar.
Os elementos da luz, do som, complementaram o sucesso das atuações. O preto, o verde e o vermelho são as cores predominantes, com as luzes a instituírem sempre um ambiente misterioso. É como se o imaginário que corresponde ao luto, à esperança, ao amor, respetivamente – a incrível sensualidade, o negro e vermelho, duas linhas que separam a dor do prazer –, fosse transportado para o palco através de gestos sinuosos e voz encantadora e arrepiante.
Os temas sucederam-se uns aos outros de forma contínua ao longo de, quase, duas horas, com o palco ocupado, para além dela, por António Marcos, Deltino Guerreiro e da Companhia Nacional de Canto e Dança. O arrebatamento do espírito foi de tal sorte que todos entraram e saíram satisfeitos.
Texto: Reinaldo Luís
Jornalista e Editor de Cultura
A Maputo Port Development Company (MPDC), concessionária do Porto de Maputo, pretende certificar o Centro de Formação Portuária instalado por si em 2019 para passar a capacitar empresas de construção civil. A informação foi avançada há dias pelo Director Executivo da MPDC, Osório Lucas, num briefing a jornalistas.
Instalado no recinto do Porto de Maputo, o Centro de Formação Portuária está equipado de vários simuladores que oferecem aos formandos experiências próximas à realidade do funcionamento de diferentes máquinas utilizadas nas operações portuárias. Trata-se de simuladores de guinchos, empilhadeiras, carregadeiras em pá escavadoras e simuladores de guindastes. Desde o ano da sua inauguração, o Centro que adopta o equilíbrio do género já formou mais de 10 mil pessoas e algumas trabalham no Porto de Maputo.
Segundo informações partilhadas pela gestora do Centro, Madalena Peres, os formandos são geralmente oriundos de diferentes empresas, algumas das quais fornecem serviços ao Porto de Maputo, que solicitam à MPDC para formar actualizar conhecimentos da sua mão-de-obra. Para além das aulas teóricas e semi-práticas com os simuladores, o Centro oferece também aos formandos a oportunidade de aplicar os conhecimentos na prática.
Refira-se que, há uma semana, a MPDC e o Ministério dos Transportes e Comunicações assinaram a Adenda ao Contrato de Concessão, por mais 25 anos [de 2033 para 2058]. Até ao fim da concessão estendida, a MPDC vai executar investimentos para aumentar a capacidade de manuseamento portuário das actuais 37 milhões de toneladas por ano para cerca de 52 milhões e dos actuais 270 mil contentores para um milhão de contentores, num montante de mais de dois biliões de USD. Nesse período, a concessionária prevê ainda receitas ao Estado de mais de 8 biliões de USD. (Carta)
O Auditório do BCI, em Maputo, acolheu há dias o lançamento da obra Moçambiquero-te: Literaturas, culturas e outros textos’, da professora e ensaísta Sara Jona Laisse, que analisa textos literários de diversos autores moçambicanos.
Intervindo, o representante do BCI, Ivan Nhantumbo, na qualidade de anfitrião, felicitou a autora, por mais uma proposta literária, que “muito contribui para o enriquecimento da literatura moçambicana”. Salientou que ao longo dos anos, o BCI tem-se destacado no apoio à edição e divulgação de obras de referência de natureza diversa, e na promoção de autores moçambicanos.
A apresentação do livro esteva a cargo do docente Aurélio Ginja, que começou por esclarecer a razão do título. Falou do livro que arranca “criativamente de forma inusitada com uma declaração pública de amor: Moçambiquero-te”. Dissertou, a seguir, sobre a autora, e o que descreveu como uma escrita comprometida com causas. “Nesse sentido, por via das suas actividades de cidadania e acima de tudo pela escrita, através da pertinência dos temas que aborda, [Sara Jona] provoca uma mudança, mas não mudança de superfície. Motiva uma viragem, mas não apenas de modas ou de ventos. Cada escrito constitui um apelo em prol da transformação de forma total de ver. A maneira de nos vermos a nós próprios, a maneira de percepcionarmos o mundo, de interpretarmos a nossa relação com o real, de destrinçarmos o que pode ser portador de sentido, daquilo que em vez disso o anula” – disse Ginja. Para concluir: “nesse sentido, este Moçambiquero-te tem como pano de fundo, em muitos dos textos que o compõem, a questão premente da interculturalidade. Há a premência de se promover um diálogo intercultural contínuo e reiterado, não deixando que a lógica do medo ou do lucro ponha em causa as práticas múltiplas da hospitalidade, presentes na essência da nossa convivialidade sociocultural”. Enfim: “Moçambiquero-te é assim um exercício que nos remete à necessária experiência do encontro (...) o exercício solidário da inclusão”.
Para Sara Jona Laisse, e segundo as suas palavras, não lhe restava senão dizer obrigado aos presentes que lotavam a sala, aos amigos, aos confrades, à família, a todos. Em relação ao BCI disse seguinte: “eu sou escritora daqui, há 11 anos. Eu não tinha consciência de que este é meu terceiro livro daqui. Obrigada ao BCI, afinal eu sou daqui já há três obras”.