Ontem diziam que o país estava em boas mãos porque o Presidente da República era uma pessoa experiente que passou por provação temporária no Ministério da Defesa. Diziam que segurança era estrategicamente bastante importante para qualquer governo. Diziam que era um gestor de carreira. E nós dissemos "Okay! Tem razão".
Ainda ontem diziam também que o partido nunca esteve em melhores mãos do que naquele momento porque o novo secretário geral, saído do congresso, era um indivíduo muito experiente que passou por várias posições no partido desde os órgãos de nível distrital, provincial e nacional. Portanto, um indivíduo que conhece a casa. Diziam que era um político de carreira. Também dissemos "Okay! Okay!"
Ainda no mesmo dia de ontem diziam que o Ministério dos Negócios Estrangeiros estava em boas mãos porque o novo ministro era um fulano maningue conhecedor de negócios e que fez muitas viagens ao estrangeiro para vender tábuas. Diziam que o tal fulano estava há bastante tempo no governo num ministério maningue estratégico. Diziam que tinha carreira ministerial. E nós, como sempre, dissemos "Afinal!? Então Okay! Tá certo!"
Mas hoje, dizem que não precisa ter experiência de nada para ser embaixador. Carreira já não conta mais. Dizem que um domador de cães para morderem manifestantes também serve para embaixador. Dizem que um viciado em chambocos também dá. Dizem que o mais importante é conhecer o objectivo da cooperação com o país em causa. Dizem que, se o objectivo da cooperação for comércio, o embaixador tem de ser um comerciante; se for energia, um electricista; se for pesca, um pescador; se for venda de madeira, um carpinteiro; se for saúde, um enfermeiro; se for educação, um professor; etecetera. Agora é que estamos baralhados... "Aí é!"
Assim qual é o objectivo da nossa cooperação com aquele pedófilo desabotoado que pesou para a nomeação daquele especialista em gritaria e kung-fu gratuito? Digam-nos também com que país temos cooperação na área desportiva para mandarmos o Abel Xavier, e na área cultural para enviarmos a Mulher Melancia.
Pois é! Agora está explicado o porquê de termos recentemente uma embaixadora acusada de falcatruas levianas e banais como, por exemplo, depositar orçamento da embaixada na sua conta pessoal. As vezes é culpa da tal nomeação por recompensa... "job for the boys".
- Co'licença!
Compreender os moçambicanos é uma tarefa que ainda não iniciou
É minha forte intuição que a academia moçambicana, principalmente dos ramos da psicologia, comunicação e ciência política ainda não dedicaram a necessária atenção para compreender a cosmovisão dos moçambicanos. Este pode, provavelmente, ser a causa que justifique o desencontro entre a academia e sua produção com a política e suas respostas.
Mentiras. Vamos lá falar do Ministério da Cultura e do Ministério Juventude e Desportos. Não existe melhor homenagem a mentira do que estes dois ministérios juntos no mandato de um governo. Uma burla.
Mas, ouve lá, quando o sô Silva acorda, escova os dentes, toma um banho, põe creme dele de aloe vera, pentea, veste casaco dele e gravata, matabicha, bebe água e despede-se da família, diz que vai aonde e fazer o quê? Aliás, ele diz que faz o quê na vida? Onde é que está a tal Cultura que ele diz que está a trabalhar nela todos os santos dias de Cristo que lhe dá o direito de ser chamado "ministro"? A tal Cultura que lhe dá o direito de andar de Mercedes, Á-Dê-Cê e viver numa casa protocolar onde está? Sô Silva só aparece nos festivais da cultura, conselhos coordenadores e quando Yolanda astea bandeira do traseiro dela. Má-nada!
A juventude é esta mesmo igual ao seu desporto. Até agora os melhores resultados que os jovens conseguem alcançar tem sido nos desportos aquáticos... concretamente na modalidade de bebedeira. Portanto, é esta juventude e é este desporto pelos quais a mana Nyelete é ministra. Uma juventude que vive com a esperança moribunda de tanto aguardar promessas qual o seu desporto.
E aí eu pergunto: precisamos mesmo destes ministérios? Fazem-nos falta? Fazendo um exercício assim rápido, estou a ver o que pode acontecer se não tivermos um Ministério da Saúde, da Educação, etecetera, mas não vejo nada de anormal que pode acontecer se não tivermos ministérios da cultura ou da juventude e desportos. Aliás, só sei que, se não tivermos essas cenas, vamos poupar muito tako.
Estão a prometer aos nossos netos a mesma política de emprego e habitação que nos prometeram há quarenta anos, mas a única coisa que nos dão são cervejas. Outras mentiras que deviam acabar são malta Força Aérea e Marinha de Guerra. Vamos ser sérios, pessoal.
- Co'licença!
Dez dias depois da morte do Procurador Geral-adjunto da República, Januário dos Santos Necas, é escassa a informação sobre as suas causas. Isto não pode ser! Necas era um alto quadro da magistratura do Ministério Público e, por isso, sua morte deve ser investigada até às ultimas consequências. Dez dias depois e ninguém diz nada. A medicina legal tem a obrigação técnica de revelar o laudo da autópsia, para dissipar a enorme curiosidade da opinião pública sobre este caso. A PGR e o SERNIC têm o dever de dizer o que já fizeram até hoje.
Nasceu nos meados da década de oitenta quando a utopia da juventude parecia inabalável. Acabava de morrer o paradigma do povo, Samora Machel, seguido por quase todos, não propriamente - se calhar - por aquilo que ele fazia, mas pela capacidade de contagiar através dos seus discursos caudalosos. Samora era, por assim dizer, um grande actor projectado em palanques imensos que estravasavam para as ruas e mercados e todos os cantos, por isso não havia como não lhe seguir as peugadas. Ele vibrava de tal forma que parecia imortal, por debaixo da risada, porém, daqueles que o fariam sucumbir sem piedade.
Layitha foi dado à luz quando Samora estava no auge, mas pouco tempo depois a aurora de todos nós foi encoberta. Apagou-se o engajamento. O entusiasmo. Aquele que nos dava motivos para acordar sucumbiu aos algozes. E até hoje, depois dessa tragédia nacional, a impressão que subjaz é a de que ninguém tem a certeza do destino que nos espera. O pior ainda é que, mesmo sabendo das dúvidas que mais parecem a certeza de que vamos para lado nenhum, mostramo-nos incapazes de inventar um novo futuro.
-- País onde mulher é objecto decorativo é Nação condenada --
Quando foi dito "Por detrás de um grande homem está uma grande mulher", a moçambicana, acredito eu, auto-excluíu-se. Quando alguém aferiu que "o futuro de Moçambique está nas mãos dos jovens" deve ter sabido antes que a rapariga não quis essa responsabilidade que, no entender delas, é só dos rapazes. Conheço outros ditos e teorias importantes como o da ONU, através das suas agências, que acredita estar mais garantido o futuro da população (porque toda ela inicia na criança) quando se educa e privilegia. Mas a ONU deve ter auscultado as meninas moçambicanas, e elas pediram para não se preocuparem com elas. Não querem ser educadas.