A Polícia da República de Moçambique disparou mortalmente, esta segunda-feira, contra uma criança no bairro de Magoanine B e alvejou outra que se encontrava com a sua mãe no bairro de Chamanculo C. Testemunhas contam que a criança assassinada no bairro de Magoanine B (vulgo CMC), regressava da escola, quando de repente se deparou com tumultos naquele bairro e acabou levando um tiro.
Já em Chamanculo C, testemunhas contam que um grupo de jovens saiu à rua logo nas primeiras horas desta segunda-feira para uma marcha pacífica. De imediato, a esquadra da Polícia mais próxima tratou imediatamente de repelir os jovens, impedindo que continuassem com a marcha. Todavia, mesmo sem estarem a criar nenhum tipo de tumultos, a Polícia começou a disparar e atingiu pessoas que estavam a passar.
“Quando eram 10h00, uma criança de pouco mais de seis anos de idade que estava na companhia da sua mãe para comprar pão numa padaria daqui do bairro Chamanculo C, na avenida Marcelino dos Santos, foi alvejada quando de repente apareceram cerca de 10 agentes da 9ª esquadra da PRM e começaram a atirar contra os manifestantes que contraíram ferimentos graves e ligeiros. No local, a própria Polícia levou os feridos na sua viatura para um dos hospitais da cidade de Maputo”, contou uma testemunha.
Testemunhas relatam ainda que a Polícia atirou com intenção de matar cidadãos inocentes que não portavam qualquer tipo de arma de fogo. Aliás, esta é a conclusão unanime dos médicos que, na semana finda, reportaram o baleamento de pelo menos 73 pessoas em todo país, no âmbito das manifestações, das quais 10 perderam a vida, todas vítimas das balas da Polícia.
Segundo o porta-voz da Associação Médica de Moçambique, Napoleão Viola, pelas regiões do corpo atingidas, tudo indica que os agentes da Polícia atiraram para matar os cidadãos que, em todas situações, estavam desarmados e indefesos. (Carta)
As atrocidades cometidas pela Polícia da República de Moçambique (PRM), através da sua Unidade de Intervenção Rápida (UIR), chegaram, na noite desta segunda-feira, aos prédios da cidade de Maputo, onde diversos cartuchos de gás lacrimogénio foram lançados para as varandas dos moradores.
Informações colhidas pela “Carta” indicam que tudo começou por volta das 22h00, quando estudantes da Universidade Eduardo Mondlane, hospedados no Lar Universitário Nº 8, na Avenida Karl Marx, começaram a bater as panelas, em mais um protesto à situação política e social do país.
Tal atitude inspirou moradores das Avenidas Karl Marx, 24 de Julho e Eduardo Mondlane que, em uníssono, também bateram as panelas a partir das varandas dos seus prédios. A situação tirou sono ao Comando-Geral da Polícia (que se localiza nas proximidades das avenidas em causa), tendo destacado uma brigada da UIR que, munida de armas de fogo e dispersão, começou a lançar gás lacrimogénio, primeiro, para um asfalto deserto e, depois, para as varandas dos prédios.
O lançamento de gás lacrimogénio às residências não é uma novidade nas manifestações em Moçambique. Vários vídeos amadores têm mostrado a Polícia a disparar cartuchos de gás lacrimogénio para as residências em muitos bairros suburbanos. Em algumas situações, chega até à invadir as casas atrás dos supostos manifestantes.
Para além de lançar gás lacrimogénio, a Polícia tem disparado balas reais para os cidadãos, tendo já matado pelo menos mais de 10 pessoas, incluindo crianças. Em algumas situações, a Polícia tem descarregado mais de três tiros sobre as pessoas, indefesas e desarmadas.
Até ao momento, nenhum membro do Governo veio condenar publicamente as atrocidades da Polícia. A Ordem dos Médicos disse, semana finda, que as lesões por balas apresentadas pelos manifestantes mostram que a Polícia tem atirado para matar e não que haja “balas perdidas”, tal como sempre alega a corporação. (Carta)
Continua instalado o caos na cidade de Maputo, na sequência das manifestações populares convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que estão, neste momento, na sua terceira e penúltima fase, conforme o cronograma anunciado pelo político.
Ontem, centenas de manifestantes, oriundos de diversos bairros suburbanos da capital do país, marcharam em direcção à Presidência da República, naquele que pode ter sido o teste para a marcha agendada para a próxima quinta-feira, 07 de Novembro.
Usando a Avenida Julius Nyerere, partindo da Praça dos Combatentes, o grupo foi impedido de continuar com a marcha nas proximidades do desvio para Escola Portuguesa, a menos de 3 Km da Presidência da República.
Mais de três dezenas de agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), dois BTR e pelo menos cinco viaturas de patrulha da Polícia foram mobilizados para o local para conter os manifestantes.
No início, parecia haver entendimentos entre a Polícia e os manifestantes sobre o curso que a manifestação devia tomar, mas de repente começou o festival de balas de borracha e de gás lacrimogénio, que habitualmente é servido pela Polícia aos manifestantes. Os invólucros foram atirados exatamente em direcção às pessoas, que se encontram a menos de cinco metros da Polícia. Há relatos de feridos.
O quinto dia das manifestações populares foi marcado ainda pelo bloqueio das vias públicas em quase toda cidade e província de Maputo. Manifestantes voltaram a colocar barricadas na Estrada Nacional Nº 4, junto à portagem de Maputo, e transportadores de minérios bloquearam a mesma via a 4 Km da fronteira de Ressano Garcia, a maior fronteira terrestre do país.
Na Estrada Nacional Nº 1 também houve colocação de barricadas e queima de pneus no bairro do Inhagoia, tal como na Avenida Dom Alexandre, no bairro das Mahotas, enquanto os tiros da Polícia feriam uma criança e sua mãe, no bairro do Chamanculo C e matavam outra criança no bairro de Magoanine B.
Igualmente, houve marchas pacíficas rechaçadas pela Polícia nas Avenidas Mao Tse Tung, no centro da Cidade de Maputo, Sebastião Marcos Mabote, no bairro de Magoanine B, e na Rua Beira, no bairro de Hulene A, todas travadas pela Polícia com recurso à violência.
Em Mahlampsene, no Município da Matola, um agente do Serviço Nacional de Investigação Criminal foi apedrejado até à morte pelos manifestantes, após supostamente ter baleado mortalmente uma criança. Aliás, o ódio entre a Polícia e os manifestantes parece estar ainda longe do fim, devido à brutalidade policial.
Nesta fase das manifestações, chama atenção a pouca intervenção da Polícia de Protecção, substituída em grande medida por agentes da Unidade de Intervenção Rápida encapuzados e armados até aos dentes e trajando coletes à prova de balas. Dezenas de BTR têm inundado a capital do país desde semana finda, num cenário típico de guerra. (Carta)
Moçambique viveu, sexta-feira, sábado e domingo, um dos fins-de-semanas violentos e sangrentos da sua história, com a Polícia da República de Moçambique, nas suas diversas especialidades, a fazer mais vítimas mortais e os manifestantes a atearem fogo em diversas infra-estruturas públicas e privadas.
Nem o encontro da última quinta-feira, entre o Comandante-Geral da Polícia e o Presidente do PODEMOS, partido que suporta candidatura de Venâncio Mondlane, foi suficiente para aproximar as posições extremadas entre a Polícia, através da sua Unidade de Intervenção Rápida, e os cidadãos, no âmbito das manifestações populares em curso no país desde 21 de Outubro e que se encontram, agora, na sua terceira fase.
Informações recolhidas pela “Carta” indicam que, só na província de Nampula, oito pessoas foram assassinadas pela Polícia, no sábado, sendo três na cidade de Nampula; quatro na vila de Namialo, distrito de Meconta; e uma no distrito de Mecuburi. Pelo menos 30 pessoas deram entrada no Hospital Central de Nampula, de acordo com os dados divulgados pelo CDD, uma organização da sociedade civil de defesa dos direitos humanos.
De acordo com o CIP Eleições, uma publicação do Centro de Integridade Pública, a província de Nampula foi o epicentro das manifestações, com três focos identificados, sendo que o primeiro foi testemunhado em Namialo, onde os manifestantes bloquearam a Estrada Nacional Nº 1, impedindo, por um lado, a comunicação entre a cidade de Nampula e todos os distritos costeiros e, por outro, entre a cidade de Nampula e os distritos da zona norte da província, incluindo a província de Cabo Delgado.
O segundo foco das manifestações, em Nampula, segundo o CIP Eleições, esteve localizado no distrito de Mecuburi. Neste local, foi baleado mortalmente um manifestante, após ter sido vandalizada a sede do partido Frelimo.
Em Mecuburi, os manifestantes partiram todas as janelas da sede da Frelimo e destruíram alguns bens, como computadores, material propagandístico e produtos alimentares. A Polícia foi ao local e efectuou vários disparos de gás lacrimogéneo, balas de borrachas e reais para dispersar os manifestantes, que atingiram mortalmente uma pessoa.
Em reacção, conta o CIP Eleições, os manifestantes foram incendiar a casa do Polícia que assassinou a tiros o cidadão que estava nas manifestações. Toda a casa, incluindo os bens no seu interior, foi reduzida a cinzas. “Perante a incapacidade da Polícia local para conter a fúria popular, foi destacado um contingente em três viaturas a partir de Nampula para ir reforçar a corporação que já se mostrava cansada e em risco de ficar sem munições e ser capturada pelos manifestantes”, sublinha.
O terceiro foco de manifestações, na província de Nampula, foi mesmo na cidade capital, no mercado Waresta e Trim Trim, saldando em três pessoas foram mortas e pelo menos 28 ficaram gravemente feridas.
Já na sexta-feira, no distrito de Pebane, província da Zambézia, uma pessoa foi morta pela Polícia, durante uma manifestação. Os manifestantes, que circulavam pelos arredores da vila, escalaram o edifício do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) para protestar contra os resultados eleitorais, tendo sido impedidos pela Polícia.
Enfurecidos, relata o CDD, os manifestantes invadiram o Comité Distrital da Frelimo e a Polícia respondeu, lançando gás lacrimogéneo para os manifestantes e efectuou disparos, o que resultou no baleamento de três pessoas, sendo que uma delas perdeu a vida.
Em Maputo, a Polícia impediu a conclusão de uma marcha pacífica no bairro de Intaka, no município da Matola. A marcha teve lugar na manhã de sábado, tendo partido do bairro Mukhatine e com destino à rotunda de Tsivene, no bairro Cumbeza, distrito de Marracuene.
O evento foi comunicado à Polícia e a diversas autoridades locais, tendo até contado com a escolta policial, mas faltando pouco mais de 500 metros para a rotunda de Tsivene, a Polícia começou a lançar gás lacrimogénio e a disparar balas reais. Não há relato de vítimas mortais e nem de feridos.
Como retaliação à actuação policial, os manifestantes começaram a paralisar o trânsito e a desembarcar passageiros e ordenaram o encerramento de estabelecimentos comerciais. Dois BTR foram estacionados entre Cumbeza e Boquisso desde quinta-feira. Aliás, em quase toda a Área Metropolitana de Maputo, as FDS (Forças de Defesa e Segurança) espalharam blindados, militares e agentes da Polícia armados com armas de guerra.
Refira-se que a terceira fase das manifestações convocada por Venâncio Mondlane termina na próxima quinta-feira, com a ocupação das principais avenidas e praças da capital do país. (Carta)
A porta-voz do Governo do Ruanda, Yolande Makolo, afirmou ontem que as forças armadas ruandesas não têm tropas em Maputo, nas operações que tentam controlar as manifestações pós-eleitorais, contrariando várias mensagens que circulam há vários dias.
“Não há tropas ruandesas em Maputo. As Forças de Segurança do Ruanda estão posicionadas apenas na província de Cabo Delgado, em operações conjuntas com as forças moçambicanas contra combatentes extremistas islâmicos que têm aterrorizado os residentes na província”, escreveu Yolande Makolo, na sua conta oficial na rede social X, numa resposta a uma mensagem de outro utilizador.
“Isso é uma mentira”, afirmou ainda, na resposta à mesma mensagem, sobre os rumores que circulam em Maputo sobre a mobilização de forças ruandesas e blindados para a capital, face às manifestações que continuam a realizar-se, de contestação aos resultados eleitorais.
Uma força de mais de 2.000 militares do Ruanda, que começou a ser reforçada em abril último, combate desde 2021 os grupos terroristas que operam há sete anos na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, protegendo nomeadamente a aérea em que francesa TotalEnergies tem um empreendimento para explorar gás natural, após acordo entre os dois governos.
Maputo registou este domingo o primeiro dia sem tumultos, após três dias consecutivos de manifestações, essencialmente de apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e intervenções das forças policiais, que recorreram sempre a disparos de gás lacrimogéneo para dispersar.
A capital moçambicana viveu assim o primeiro dia de alguma normalidade desde quarta-feira, após dias consecutivos com corte de ruas e avenidas com contentores do lixo, pneus a arder e arremesso de pedras por parte de manifestantes, travados pelas autoridades. Nos subúrbios, todos os mercados funcionam com elevada procura, até anormal para um domingo.
Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, a partir de 31 de outubro, e marchas em Maputo em 07 de novembro. O candidato presidencial designou esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro, que se segue aos protestos realizados nos passados dias 21, 24 e 25 de outubro, que provocaram confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional. (Lusa)
Por Marcelo Mosse
Os restos mortais de Bernardo Lidimba, Director Geral dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE), que encontrou morte violenta em alegado acidente de viação em Mpuzi, distrito de Mapai, no noroeste de Gaza, a poucos quilómetros da fronteira com o Zimbabwe, foram transladados por helicóptero no fim da manhã deste domingo para Maputo, concretamente para a morgue do Hospital Militar em Maputo.
O Ministério do Interior, que anunciou a fatalidade no fim do dia de ontem, disse que a viatura em que Lidimba seguia “despistou-se e capotou”. "Carta" apurou hoje que, com Lidimba, um maconde de Montepuez, estavam mais três pessoas, nomeadamente o motorista, o ajudante de campo e um assessor. Os três estão hospitalizados com ferimentos (não saíram ilesos como escrevi esta manhã num “post” no X), mas sem risco de vida.
Apesar da “normalidade” com que o Ministério do Interior encarou a morte de Lidimba na sequência de um acidente, informações recolhidas pelo nosso jornal apontam para elementos circunstanciais que mereceriam uma atenção particular em sede de uma investigação forense.
Ontem, por causa da instabilidade política que o país vive, Lidimba participou de uma reunião do Comando Conjunto das Forças de Defesa e Segurança (CCFDS), um órgão colectivo de coordenação operativa institucional cuja missão é “analisar, avaliar e delinear estratégias com vista a fazer face a diversas situações emergentes na garantia da segurança nacional”.
Após essa reunião em Maputo, Lidimba partiu para uma “missão” secreta, no norte de Gaza, junto da fronteira com o Zimbabwe.
Curiosamente, ele partiu sozinho para essa missão sem a companhia do Director da Divisão de Operações Internas do SISE e do Director Nacional na Divisão de Operações Internas do SISE, e que, por regra, participaram num evento semelhante de trabalho operativo.
Os dois directores são, por inerência, membros do Comando Operacional do Comando Conjunto Central, o órgão operativo do Comando Conjunto. Nos meandros das forças castrenses, colocam-se duas questões centrais: o carácter marcadamente enigmático da missão (aparentemente seus pares no Comando Conjunto Central não tinham conhecimento da missão); e, por outro lado e dada a distância do local da missão (a fronteira com o Zimbabwe), por que razão Lidimba não viajou de helicóptero.
Seja como for, Lidimba, Antigo Director Provincial (Cabo Delgado) do SNASP (o então temível Serviço Nacional de Segurança Popular, um serviço paramilitar e de inteligência do governo de Moçambique, desde a independência em 1975, até 1991, quando foi substituído pelo SISE; tinha poderes quase absolutos, incluindo a manutenção da detenção por período indeterminado e a negação do direito a habeas corpus, entre outros), desde o passado dia 20 que andava em constantes missões no terreno, designadamente visando manter os operacionais da “secreta” em prontidão em face dos tumultos por causa dos resultados eleitorais e da convocação da marcha para Maputo, com epicentro agendado para o próximo dia 7 de Novembro.
"Carta'" apurou que, em privado, Lidimba, cujo nome de guerra era “Tchombe”, andava preocupado essencialmente com duas coisas: a) a “deriva ideológica” da Frelimo e b) a convicção de ter sido “injectado muito dinheiro”, de fora e de dentro do país, para insuflar oxigênio nas manifestações em curso, que, para ele, visam essencialmente o “derrube” do regime da Frelimo.
Apesar do enigma da missão de Lidimba junto à fronteira do Zimbabwe, “Carta” apurou que o Governo estava a mandar vir daquele país “stocks” de artefactos de gás lacrimogéneo e munições para uso por parte das forças policias, uma vez que, no caso do gás lacrimogéneo, o “stock” existente está fora do prazo, segundo uma fonte bem colocada.
“Tchombe” foi o terceiro chefe da secreta do Nyussismo. Ele foi nomeado por Filipe Nyusi em Maio de 2022, em substituição de Júlio dos Santos Jane. Este tinha sido nomeado em 2017, em substituição de Lagos Lidimo. Antes da posição cimeira no SISE, Lidimba passou sucessivamente pelos cargos de Cônsul de Moçambique no Malawi (por regra, todos os chefes dos serviços consulares de Moçambique no estrangeiro são membros do SISE), Chefe do Protocolo Nacional e Embaixador no Quénia.
Após o anúncio da sua morte ontem, o Ministro do Interior, Pascoal Ronda, disse que as autoridades policiais abriram uma investigação, mas é bem provável que nada de substancial venha a ser revelado. Lembre-se, como Lidimba, o antigo Director o SISE, José Castiano de Zumbire, natural do Chimoio, perdeu a vida em circunstâncias estranhas em 2004, na transição entre o consulado de Joaquim Chissano e o do Armando Guebuza.
Foi Zumbire que fez a transição entre o SNASP e o SISE e, em 2004, logo após a tomada de posse de Guebuza, ele foi encontrado morto, tendo sido levantada a suspeita de “envenenamento”, alegação que nunca foi provada em sede da medicina legal. Na altura, o falecido médico legista do Hospital Central de Maputo, Eugénio Zacarias, que era afilhado de Zumbire, bem queria fazer o derradeiro exame ao cadáver do finado para esclarecer os motivos da sua morte, mas a família foi instruída para evitar o procedimento.
Tal como Zumbire, Lidimba morre em circunstâncias estranhas, aventando-se agora, em muitos círculos, a hipótese conspiratória da “queima de arquivo”. M.M