O corte da madeira e a posterior venda ilegal é uma situação que dia-pós-dia vem ganhando espaço, em certos distritos da província de Cabo Delgado, segundo apurou a “Carta”. Os distritos de Montepuez e Ancuabe são palcos da saga que, mais uma vez, é liderada pelos chineses que, sob olhar impávido das estruturas locais, continuam a explorar florestas de forma desenfreada.
Uma investigação conduzida pela nossa reportagem, a nível daquela província, constatou que a acção dos furtivos acontece durante as madrugadas, na rota dos distritos acima mencionados, onde camiões, transportando aquele recurso natural, circulam e em conluio com os fiscais, que fingem não saberem do sucedido.
Passaram, nesta quinta-feira, 11 dias, após o assassinato dos dois agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), pertencentes à especialidade de Guarda Fronteira. E por o caso apresentar feições “atípicas”, tendo em conta o seu desenvolvimento, “Carta” procurou, na tarde ontem, o criminalista e antigo director da extinta Polícia de Investigação Criminal, a nível da cidade de Maputo, António Frangoulis.
Benício Guirruta e Faustino Monteiro foram, recorde-se, baleados no passado dia 16 Junho por militares sul-africanos na região da Ponta D’Ouro, distrito da Matutuíne, província de Maputo, alegadamente, durante uma confrontação armada com estes últimos.
O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, atribuiu na terça-feira o título de “Cidadão Honorário da República de Moçambique” ao jornalista escocês Iain Christie, fundador do serviço de Inglês da Agência de Notícias de Moçambique (AIM). A distinção de honrarias e títulos foi a peça central das cerimônias de terça-feira que marcaram o 44º aniversário da independência moçambicana em 25 de junho de 1975. Iain foi o primeiro a ser nomeado na lista de indivíduos e instituições que foram homenageados.
Iain Christie nasceu na capital escocesa, Edimburgo, em 1943. Depois de trabalhar em vários jornais britânicos, mudou-se para a Tanzânia em 1970. Trabalhou no "Daily News" em Dar es Salaam e especializou-se em reportagens sobre as lutas travadas pelos movimentos de libertação africanos contra o domínio colonial e racista.
Em Dar es Salaam, Iain encontrou líderes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e ajudou a editar a revista em língua inglesa da Frelimo, “Mozambique Revolution”. Em 1972, visitou as áreas libertadas na província nortenha de Cabo Delgado, na companhia do Presidente da Frelimo, Samora Machel.
Com a derrube do regime colonial-fascista português em 1974 e a independência de Moçambique no ano seguinte, foi natural que Iain se mudasse, com sua esposa Frances e seus dois filhos, Connor e Carol, de Dar es Salaam para Maputo, que se tornou sua casa nos últimos 25 anos de sua vida.
Inicialmente ele trabalhou na AIM, e em 1976 fundou seu serviço de inglês, mas foi-lhe pedido que montasse uma estação de rádio em inglês, em apoio à luta de libertação do Zimbabwe, entrando então em sua fase crítica.
Em 1976, Moçambique fechou as suas fronteiras com a colónia britânica rebelde da Rodésia do Sul e implementou sanções da ONU contra o regime de Ian Smith. Moçambique tornou-se um bastião de apoio ao movimento de libertação do Zimbabwe, e foi pedido a Iain que treinasse repórteres do Zimbabwe na “Voz do Zimbabwe”, o programa de rádio transmitido para o Zimbábwe, usando os transmissores da Rádio Moçambique.
Com a independência do Zimbabwé em 1980, “A Voz do Zimbabué” deixou de ser transmitida e, no seu lugar, a Rádio Moçambique estabeleceu o seu serviço externo, com Iain como seu director.
Inicialmente, o Serviço Externo considerava a África do Sul seu público-alvo, e vários jornalistas do Congresso Nacional Africano (ANC) trabalharam na estação durante os anos da luta contra o apartheid.
Depois de ter denunciado o recrudescimento do tribalismo, na sua formação política, a Frelimo, o ex-Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, voltou a defender a necessidade da união e auto-estima entre os moçambicanos, como condição sine qua non para um futuro melhor.
A tese foi defendida, esta terça-feira, à margem das comemorações dos 44 anos da independência nacional, quando questionado pelos jornalistas sobre o futuro do país, tendo em conta a actual situação política, social e económica do país.
Tal como estava previsto, o partido Renamo formalizou, esta quarta-feira, a candidatura de Ossufo Momade, presidente do partido, à Presidência da República, nas eleições de 15 de Outubro próximo. E como avançara “Carta”, na manhã de ontem, o novo timoneiro da “Perdiz” não se fez presente no Conselho Constitucional (CC) para, de perto, assistir à entrega da sua candidatura para a eleição presidencial, na qual, até aqui, vai disputar a corrida com Filipe Nyusi (Frelimo) e Daviz Simango (Movimento Democrático de Moçambique).
E porque a vinda de Ossufo Momade a Maputo para assistir ao processo de entrega do expediente, ao CC, era vista como de vital importância para dissipar todas as dúvidas que pairam à volta da “solidez” da sua liderança, a sua ausência, praticamente, dominou toda a cerimónia.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição em Moçambique, anunciou ontem ter identificado "possíveis" centros de acantonamento para os membros do seu braço armado, como sinal de compromisso com o processo de paz.
"O grupo [da Renamo] encarregue do DDR [Desarmamento, Desmobilização e Reintegração] rodou por todas as províncias a fazer a identificação das bases da Renamo e a identificar os possíveis locas para o acantonamento", declarou o secretário-geral da Renamo, André Majibire.