A 87 quilómetros da vila-sede do distrito da Moamba, na província de Maputo, encontramos o povoado de Mavunguane, localizado no Posto Administrativo de Sábiè, um povoado habitado por cerca de 1.200 pessoas, de acordo com os dados do Censo populacional de 2017.
Há dois anos, o povoado de Mavunguane era usado como um dos corredores predilectos dos caçadores furtivos, que usavam aquela parcela do país para chegar ao Sábiè Game Park, localizado no limite entre as Repúblicas de Moçambique e da África do Sul, assim como ao Parque sul-africano do Kruger, um dos mais procurados pelos caçadores ilegais.
Entretanto, graças a diferentes projectos sociais e económicos, que estão sendo implementados pelos parceiros do Governo, a povoação vê-se cada vez mais “livre” do pesadelo da caça furtiva, que causou luto e dor nas famílias locais, devido à morte e detenção de alguns “filhos locais” que optaram pela “vida fácil” para ganhar dinheiro. Os projectos, segundo Helena Chivite, Chefe do Posto Administrativo de Sábiè, incluem a integração de jovens locais nas fazendas de bravio e em outras actividades de rendimento, assim como desportivas, de modo a mantê-los ocupados.
A busca pelo marfim, assim como pelo corno de rinoceronte, já levou à morte de vários jovens, incluindo líderes tradicionais. Helena Chivite contou à nossa reportagem que, em Março do ano passado, um líder do povoado de Mafofine, naquele Posto Administrativo, terá perdido a vida no Kruger Park, após ter sido recrutado por um grupo de caçadores furtivos, provenientes do vizinho distrito de Magude.
Segundo a fonte, o referido líder local era membro dos grupos de sensibilização, criados para consciencializar a população local sobre os perigos da caça furtiva, porém, terá sido uma das vítimas deste crime ambiental.
Por seu turno, Gonçalves Fernando, Técnico do Sector de Florestas e Fauna Bravia, no distrito de Moamba, avançou que, há cinco anos, quase todos os jovens daquele Posto Administrativo dedicam-se à caça furtiva, porém, a tendência melhorou devido, por um lado, à implementação dos projectos sociais e económicos em curso e, por outro, à detenção e morte de alguns membros dos grupos criminosos.
A fonte garante, aliás, que algumas pessoas apontadas, pelos caçadores furtivos, como fornecedoras de armas usadas na caça do elefante e rinoceronte, durante o julgamento, são conhecidas pelas autoridades locais, mas nunca foram investigadas e muito menos responsabilizadas. (Omardine Omar, em Moamba)